Pela 4ª vez consecutiva, Portugal está na final do Europeu de sub-20 depois de derrotar a Rússia. Lê toda a análise no Fair Play
Pela 4ª vez consecutiva, Portugal está na final do Europeu de sub-20 depois de derrotar a Rússia. Lê toda a análise no Fair Play
Num jogo incontestado, Portugal passou às meias-finais (onde espera agora a Rússia, que teve de ir ao tempo-extra de 10 minutos para garantir a vitória) do Campeonato da Europa de sub-20 com uma vitória por 64-00 frente à Chéquia, com uma exibição de alta qualidade, frente a um adversário inferior, mas que lutou para tentar contrariar a superioridade dos lobos sub-20. A análise do Fair Play em três pontos, neste “offload do Europeu”.
Difícil escolher só um jogador para este destaque, já que vários atletas lusos destacaram-se a um excelente nível, seja José Paiva dos Santos (o polivalente 3/4’s foi desmontou os seus adversários directos uma e outra vez), Nuno Peixoto, Francisco Silva (o asa da Académica de Coimbra esteve intratável na ida ao contacto), João Vieira ou Diogo Salgado, com várias boas notícias a surgirem desta vitória descansada dos homens de Nuno Aguiar. Perante isto, escolhemos Domingos Cabral, o abertura, que mostrou bons detalhes tanto na condução da estratégia de ataque de Portugal, como não deixou de arriscar e liderar bem o processo de trabalho da equipa, impondo um jogo ao pé de alto perigo, que conquistou metros, espaço e tempo para os lobos sub-20 dominarem por completo os timings do encontro.
O nº10 conseguiu dar coerência à sua posição, abriu e criou as situações de jogo necessárias para que os seus centros brilhassem com total veemência, especialmente João Vieira, surgindo sempre numa segunda cortina de ataque, revelando aqui um posicionamento inteligente e que deixou a oposição perdida em como fazer pressão e defender, um elemento importante para o encontro da meia-final. Na conversão aos postes, o abertura somou 7 conversões em 9 oportunidades, alguns de difícil conversão e que apesar do desenho menos ortodoxo, a verdade é que estiveram sempre no ponto certo, permitindo a Portugal garantir a maior vitória nesta Europeu de sub-20, entre todas as participantes.
Uma exibição colectiva de grande impacto, lúcida, respeito pelo adversário e com vontade de manterem a mesma cadência de ataque constante, sem deixarem de se importar com a sua atitude e trabalho defensivo, deixando boas perspectivas para a meia-final seguinte.
10 ensaios, 6 quebras-de-linha, constantes boas movimentações e manobras do ataque, plataformas de jogo construídas com sentido e em que os jogadores se preocuparam com o colectivo, fornecendo uma continuidade de bola ao mesmo tempo segura e agressiva, que não concedeu qualquer oportunidade para os jogador checos tentarem algo mais mais. António Campos e Domingos Cabral foram uma dupla de médios fiável, mantendo índices altos de criação de situações de ataque perfurantes, com o combo de centros a ganhar uma dimensão dominante desde o início, isto enquanto o bloco de avançados ia empurrando os seus adversários quer nos rucks, mauls, formações-ordenadas, numa simbiose bem interessante para uma equipa que não efectuou qualquer jogo de preparação oficial contra uma selecção.
A segurança nas fases foi notória, e os poucos erros de ataque que foram vislumbrados advieram de offloads ou passes feitos sem olhar, numa tentativa de manter a imprevisibilidade de ataque e a fluidez de bola veloz, com o ritmo a ser extremamente alto em certos períodos deste encontro de abertura do Europeu de sub-20, notando-se a dificuldade da Chéquia para acompanhar as sinergias conjuntas das unidades de Portugal. Pormenores ofensivos bem adornados, encontrando uma eficácia quer em fases de ataque mais simples ou complexas, com destaque ainda para como Portugal variou as suas opções e movimentações.
Olhando para o encontro que virá a seguir, será fundamental não só ter a mesma atitude defensiva – placagens de alto impacto e rápida caça à oval no breakdown ou nas fases-estáticas -, mas de meter a Rússia desconfortável no seu trabalho defensivo, na procura constante por manter uma continuidade de jogo efectiva, sem deixar cair a parte do risco e criatividade espectacular, procurando uma 4ª final consecutiva no Europeu de sub-20.
Nota de abertura deste terceiro e último ponto: é praticamente impossível criticar ou encontrar algum erro constante da exibição de Portugal na vitória de 64-00 frente à Chéquia, ou seja, o que iremos aqui escrever é um simples preciosismo, perante uma prestação tão contundente e dominante do primeiro ao último minuto. Que erros ou falhas podem ser encontradas? Duas formações-ordenadas perdidas e que acabaram em penalidades, alguns excessos no breakdown, ou passes esboçados à pressa quando conseguiram uma quebra-de-linha ou tirar um grupo de adversários da frente.
Porém, e apesar de termos apresentado três elementos, a verdade é que estes jovens Lobos sub-20 foram sérios, não olharam para nomes ou historial do adversário, preocuparam-se em apresentar o seu melhor rugby, conseguindo expor o seu colectivo a um nível imenso, mas que agora terá de ser realmente testado frente a uma equipa mais dura, resiliente e de capacidades superiores. Esse rival será a Rússia, e é esperar agora para ver como vão reagir os jogadores liderados por Nuno Aguiar, e capitaneados pelo asa António Cerejo, nesta meia-final do Europeu de sub-20.
Ensaios: José Paiva dos Santos (2), Duarte Portela (2), António Cerejo, António Campos, Nuno Peixoto (2), João Vieira e ensaio de penalidade
Conversões: Domingos Cabral (8)
?? v ?? | A comfortable win for @PortugalRugby as they register 10 tries against Czechia this evening. pic.twitter.com/Jb4t5h9Gd7
— Rugby Europe (@rugby_europe) November 7, 2021
Os lobos sub-18 estão na final do Rugby Europe Championship e nós explicamos como aconteceu esta vitória frente à Espanha. Lê tudo aqui
Portugal entrou a ganhar no Europeu de sub-18 com uma vitória por 26-15 frente aos Países Baixos, seguindo agora para as meias-finais da competição. A breve análise ao que se passou dentro de campo neste artigo.
Não foi o jogo mais positivo nos termos de rugby contínuo, já que os Países Baixos fecharam consecutivamente o espaço no jogo ao largo, impedindo que a maior velocidade de Portugal ganhasse vida e fizesse o dano do costume que se espera de uma selecção nacional portuguesa de formação, surgindo, no entanto, alguns raros momentos de brilhantismo ofensivo como aconteceu no excelente ensaio de Henrique Cortes. Porém, o ataque foi o suficientemente eficaz para garantir a passagem às meias-finais deste Campeonato da Europa, sendo que foi na defesa onde esteve a chave para garantir a vitória, evidenciando-se a técnica de recuperação de bola no breakdown, parâmetro em que Portugal garantiu 9 penalidades no decurso dos 70 minutos, e isto impediu uma reacção mais eficaz por parte dos seus adversários neerlandeses.
É sabido que a cultura de bem defender é algo próprio do rugby português, tendo imposto algumas das melhores exibições neste aspecto nos últimos anos, seja em Europeus (no Europeu de 2019 frente à Rússia por exemplo) ou Mundiais (a vitória frente ao Uruguai em 2017 é uma excelente mostra disso) de formação, onde o compromisso colectivo é inspirador e um garante para obter uma vantagem mental sob o adversário. Neste ponto, Miguel Leal e João Uva, foram capazes de manter (pelo menos já para este primeiro jogo) esta atitude e capacidade, que possibilitou fechar certos avanços dos Países Baixos, como aconteceu na parte final da segunda parte, altura em que Manuel Meneres atirou-se e capturou a oval num ruck, pondo fim a uma das melhores incursões dos seus adversários para estes quartos-de-final.
Manteve-se a tradição de bem defender e os Lobos sub-18 estão na antecâmara à final do Europeu, sendo que o adversário seguinte, a Espanha, é alguns níveis acima, especialmente na fisicalidade imposta nos avançados e na conexão ofensiva.
Portugal edged out in today's match against the Netherlands for the @rugby_europe U18's Euro, and the breakdown played a massive role
Three examples of how the Portuguese were good on it (all backline players)#REU18Championship pic.twitter.com/iZXX06g8ax
— Francisco Isaac (@francisaac87) October 3, 2021
Dois ensaios de maul dinâmico garantiram 12 pontos para a hoste portuguesa, que mesmo tendo sofrendo um dos neerlandeses da mesma forma, acabou por ser largamente mais dominante nesta opção de ataque, marchando com eloquência e sempre em frente, sem esquecer que forçaram quatro penalidades aos seus rivais deste encontro. Apesar da diferença de dimensão física entre ambas as equipas (sobretudo notada na 3ª linha e centros), os jogadores lusos foram superiores no embate no alinhamento, operando em harmonia, com nota alta para os dois segundas-linha, Henrique Cortes e Guilherme Valente, no combate no ar, obstruindo legalmente os alinhamentos adversários, o que garantiu algumas falhas ao pack neerlandês (5 no total, duas das quais dentro dos últimos 5 metros defensivos de Portugal), com esta a sentir dificuldades para garantir vantagem nas suas próprias fases-estáticas.
A maior manobrabilidade dos avançados portugueses permitiu aplicar uma intensidade importante nos primeiros 35 minutos, acabando por garantir uma resposta eficaz no momento em que os Países baixos pareciam estar a aplicar uma pressão problemática e ficou assim claro a força mental destes novos Lobos (para todos foi estreia em torneios internacionais da Rugby Europe), que não olharam para dimensões físicas, mas sim para aptidão de fazer valer a sua técnica e experiência.
Faltou, talvez, aproveitar melhor certas penalidades, sem que isso tenha sido um problema de maior, compreendendo bem, por exemplo, a decisão de Portugal em optar por chutar aos postes quando o relógio já batia no minuto 70, invés de ir novamente ao alinhamento e permitir que os Países Baixos tentassem inferir qualquer dano (certas acções defensivas já roçaram a ilegalidade) aos jovens jogadores portugueses.
Os Países Baixos, a par da Bélgica (derrotaram a Rússia neste Europeu), têm sido uma das selecções em alto crescimento no aspecto táctico e técnico, desenvolvendo bons sistemas defensivos para evitar sofrer problemas devido à maior capacidade ofensiva na fluidez de jogo de selecções como Portugal, Espanha ou Geórgia, que apresentam outra arte e categoria no handling e aproveitamento dos espaços. Posto isto, a selecção neerlandesa estudou bem a lição e aplicou uma espécie de blitz defensivo (alta pressão nos centros, limitando também o raio de acção do médio-de-abertura, forçando o embate ou o uso do jogo ao pé pressionado), que criou sérias dúvidas em como sair a atacar por parte da linha de 3/4’s de Portugal, com o par de centros, Alfredo Almeida e Vasco Silva, a não terem margem de manobra para manobrar a oval e criar outro tipo de espaço para lucrar com a velocidade do seu três-de-trás.
Este “garrote” neerlandês acabou por oferecer a primazia e iniciativa de jogo a Portugal, esperando que Manuel Meneres e Manuel Vareiro tivessem de recorrer ao jogo ao pé para tentar criar espaço, algo que os Países Baixos souberam trabalhar num primeiro momento, tendo depois sucumbido quando não garantiam um ruck seguro ou um apoio ao portador da bola compacto. Com a Espanha, a pressão defensiva vai ser ainda maior, assim como o aumento da agressividade física e velocidade de jogo, não podendo os sub-18 nacionais deixar os seus adversários gerir o ritmo e intensidade a seu bel-prazer na meia-final do Europeu sub-18.
Ensaios: Mateus Ferreira (1 aos 5:28), Ensaio de Penalidade e Henrique Cortes (1 aos 35)
Conversões: Manuel Vereiro (1)
Penalidades: Manuel Vereiro (3)
Segunda vitória consecutiva para os Lusitanos e Francisco Isaac explica o que se passou neste jogo da 2ª ronda da Super Cup da Rugby Europe
A análise à vitória dos Lusitanos na 1ª jornada da Super Cup, com destaque para Nuno Sousa Guedes, o jogador em mais evidência do encontro
Portugal prepara-se para entrar em campo pelos Lusitanos XV na Super Cup e fomos tentar perceber quem são os adversários na fase-de-grupos
O internacional português, José Madeira, esteve em directo no Fair Play para falar da sua carreira de jogador. Fica a conhece-lo melhor no Up&Under
Querer outro patamar mas sem olhar para a evolução interna, este é um problema do rugby português neste momento. Qual será o passo seguinte?
Portugal garantiu três vitórias em cinco jogos, e analisamos a campanha dos Lobos no Rugby Europe Championship neste artigo