Portugal está na final! – o “offload” do Europeu de sub-20

Francisco IsaacNovembro 10, 20215min0

Portugal está na final! – o “offload” do Europeu de sub-20

Francisco IsaacNovembro 10, 20215min0
Pela 4ª vez consecutiva, Portugal está na final do Europeu de sub-20 depois de derrotar a Rússia. Lê toda a análise no Fair Play

Depois de 80 minutos de algum sofrimento e espectáculo, Portugal confirmou presença na final do Campeonato da Europa, a 4ª nos últimos cinco anos (lembrar que em 2020 não houve torneio devido à pandemia), isto depois de derrotar a Rússia por 23-10, jogo analisado neste artigo do Fair Play de acompanhamento.

O DESTAQUE: JOSÉ PAIVA DOS SANTOS

Não marcou nenhum ensaio nesta vitória de Portugal, mas a capacidade física imposta na muralha defensiva russa foi essencial para dar outra “voz” à manobra de ataque dos comandados de Nuno Aguiar, com o centro do Belenenses Rugby a ser um dos principais instigadores dos Lobos sub-20 nesta vitória que garantiu a 4ª final consecutiva para as cores nacionais. Umas estonteantes 10 placagens, três das quais dominantes (forçou o recuo do portador de bola), 12 entradas no contacto, tendo criado 3 quebras-de-linha, garantindo um avanço fundamental para a operação ofensiva portuguesa, que impôs constantes dificuldades ao bloco russo em termos de como parar eficientemente o par de centros lusos, e de amordaçar a manobrabilidade de José Paiva dos Santos.

Para além dos pormenores defensivos e ofensivos, o centro teve ainda outro impacto e papel neste difícil e duro encontro, o exemplo dado em cada acção, e a voz de exigência, o que deu outra dimensão ameaçadora a Portugal, impondo assim um elemento que acabou por ser essencial nesta vitória por 23-10, pois a Rússia nunca se sentiu confortável em nenhum momento ou período do encontro, mesmo quando esteve perto de um perigoso 2º ensaio aos 65 minutos.

O papel de aríete com explosão e velocidade, dotado de uma mentalidade vencedora e de querer sempre mais, somando ainda a dureza física que impõe em cada encaixe com o ombro, foi mais do que suficiente para considerar o internacional “A” por Portugal como o melhor em campo.

O MELHOR PONTO: RESISTÊNCIA MENTAL FACE A PRESSÃO CRESCENTE

Entre os 60 e 70 minutos, a Rússia conquistou uma série de penalidades a seu favor que pareciam estar a abrir caminho para um possível ensaio e, talvez, empate no marcador, colocando os sub-20 de Portugal sob uma pressão imensa e que lançou uma onda de nervos a quem estava fora-de-campo, para além do temor de um acreditar por parte do bloco russo em conquistar essa tal recuperação. Porém, e felizmente, esse cenário nunca chegou a acontecer, e isso deveu-se à forma como os atletas lusos mantiveram o foco nesse período menos positivo e estável, conseguindo pôr fim a todos os mauls adversários sem consentir qualquer penalidade, fazendo o mesmo na defesa em cima da linha da área de ensaio, o que foi criando uma dúvida crescente na selecção russa, já que não encontravam soluções para penetrar uma extraordinário defesa contrária.

António Cerejo, Nuno Peixoto, José Paiva dos Santos, João Vieira, Pierre Fernandes, Nuno Peixoto ou Pedro Vicente (grande entrada do talonador suplente, não falhando em nenhum alinhamento ou placagem, numa entrada quase a frio devido a lesão de Miguel Seone) foram intransponíveis na maioria das vezes que foram chamado a intervir, com todos os jogadores a assumirem um compromisso colectivo de não temer a pressão e/ou consentir espaço de manobra à Rússia e esperando pelo momento oportuno para atacar o breakdown ou forçar um erro de transmissão de oval dos seus opositores.

Numa selecção que não conseguiu realizar qualquer jogo de preparação no caminho para o Campeonato da Europa, a verdade é que ficou patenteada várias das mesmas credenciais mostradas pelas anteriores gerações, seja no acreditar conjunto, no querer estar no limite sem temer a pressão do adversário e de combater os medos de uma reviravolta no resultado.

PONTO A MELHORAR: MATAR O JOGO QUANDO HÁ OPORTUNIDADE

Podíamos falar da disciplina, já que Portugal consentiu algumas penalidades escusadas e/ ou contraditórias (a equipa de arbitragem revelou um par de dificuldades para explicar o que pretendia em certos pormenores técnicos) em momentos críticos do encontro, e que poderia até ter custado pontos caso a defesa lusa não tivesse estado ao nível do costume, mas o ponto a centrar é o facto de os jogadores de Nuno Aguiar não terem aproveitado certas oportunidades para dilatar o resultado e colocar um fim às tentativas da Rússia em procurar a reviravolta.

É difícil falar de um ponto de vista exterior, pois a pressão dentro de campo acaba por ser vivida de outra forma, contudo, Portugal podia ter feito mais pontos em períodos onde estava em completa ascensão mental, técnica e física, com Francisco Meneres e Domingos Cabral a coordenarem bem as acções de ataque, faltando talvez uma ponta de sorte ou de melhor execução para os lobos sub-20 terem chegado à área de validação com outra cadência.

No próximo sábado, na final frente à Espanha (3ª vez consecutiva), todas as oportunidades têm de ser transformadas em pontos, não podendo haver falhas quer de pontapés (ficaram 6 pontos por converter, apesar dos excelentes pontapés de Domingos Cabral), de execução de combinações ofensivas (aproveitar a qualidade física e técnica de José Paiva dos Santos e João Vieira, duas excelentes unidades no conquistar da linha-de-vantagem), de conseguir fazer ensaios nos momentos de maior superioridade numérica, e de ter, por vezes, um pouco mais de paciência para chegar ao objectivo final.

PLACARD

Ensaios: Duarte Portela e Domingos Cabral
Conversões: Domingos Cabral (2)
Penalidades: Domingos Cabral (3)


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