Thiem, o sucessor do rei Nadal
Rafael Nadal é, indiscutivelmente, o rei da terra batida. Os onze títulos de Roland Garros, Monte Carlo e Barcelona ajudam a explicar esse epíteto. Nem mesmo outras lendas nesta superfície, como Bjorn Borg ou Thomas Muster, colocam isso em causa. “Continuarem a chamar-me rei da terra batida é um insulto a Rafael Nadal. Olhem o que ele já ganhou”, disse um dia o austríaco.
Aos 32 anos, Rafael Nadal parece, contudo, estar a abrandar. O seu estilo de jogo demasiado físico gerou lesões e uma sobrecarga que, depois dos 30, começa a fazer-se sentir. “Nadal não é mais um jogador de ténis. É uma pessoa lesionada a jogar ténis”, declarou o tio do espanhol e seu ex-treinador, Toni Nadal.
Mesmo lesionado, o maiorquino continua a ser o principal favorito a ganhar tudo na terra batida. Só que já não está só. Ou, pelo menos, Djokovic deixou de ser a única grande ameaça.
Este domingo, Dominic Thiem quebrou a hegemonia do espanhol em Barcelona e venceu o torneio catalão. Na final contra Daniil Medvedev ganhou por 6-4 e 6-0.
Só que a vitória do austríaco não foi tão surpreendente como a de Fábio Fognini em Monte Carlo. Recorde-se que na temporada passada, em Roland Garros, Nadal e Thiem disputaram um jogo muito equilibrado nos quartos de final.
Passagem de testemunho?
Desta vez, nas meias-finais de Barcelona, foi o austríaco a levar a melhor (duplo 6-4). O espanhol cometeu 5 duplas faltas, conseguiu apenas um ás e teve o saque quebrado duas vezes. Já Thiem, converteu 5 ases, não sofreu qualquer dupla falta e não teve o seu saque quebrado. “Thiem é candidato a vencer qualquer torneio de terra batida”, disse Nadal após a derrota.
É certo que ainda falta Roland Garros, o principal torneio de terra batida, mas podemos estar a assistir a uma passagem de testemunho? É cedo para dizer. Contudo, parece claro que o número 5 mundial é mesmo candidato a ganhar o torneio de Paris.
Dos 13 títulos já conquistados pelo austríaco 9 foram na terra batida. Este domingo, tornou-se o primeiro tenista do seu país a vencer em Barcelona desde 1996. Precisamente quando Thomas Muster se tornou bicampeão. Este foi, de resto, o segundo título de Thiem em 2019, igualando Roger Federer. O primeiro, recorde-se, foi em Indian Wells. Diga-se, de resto, que Thiem começa também a ameaçar o suíço no quarto lugar do ranking.
A ascensão de Medvedev
Não se pense, contudo, que a final com Medvedev foi um passeio. Thiem começou mal, com muitos erros não forçados e saque cobrado. Chegou a estar a perder por 3-0 mas conseguiu reverter para 6-4. O segundo set foi mais assertivo para o austríaco, que aplicou um pneu no russo.
É preciso, todavia, ressalvar a evolução do russo que, nas meias-finais, deixou para trás Kei Nishikiri (6-4, 3-6, 7-5). Antes, havia eliminado Albert Ramos-Vinolas, Mackenzie Mcdonald e Nicolas Jarry.
Recorde-se que, em Monte Carlo, o russo eliminou também Novak Djokovic, que buscava o “tri” no principado. O sérvio não jogou em Barcelona.