Arquivo de Dominic Thiem - Página 3 de 4 - Fair Play

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André Dias PereiraMaio 13, 20192min0

Novak Djokovic conquistou, este domingo, em Madrid, o seu segundo título do ano. Mas não foi um título qualquer. Porque o sérvio vinha de uma crise de resultados, porque conseguiu ganhar pela terceira vez no país do seu maior rival em terra batida, e, também, porque igualou Nadal com 33 vitórias em Masters 1000.

Para isso, Djokovic teve que vencer na final Stefanos Tsitsipas (6-3, 6-4). O grego, 20 anos de idade, atravessa um momento inegavelmente bom. Depois de vencer o Estoril Open, El Greco reiterou que também é preciso contar com ele na terra batida.

A melhor prova, talvez, tenha sido as meias-finais. Tsitsipas deixou para trás nada menos que o favorito Rafa Nadal (6-4, 2-6 e 6-3). Prossegue assim o jejum de vitórias do espanhol na terra batida. Em Monte Carlo e Barcelona, o maiorquino também caiu nas meias-finais. Esta foi, de resto, a 70ª meia final de Nadal em um torneio Masters 1000.

Tsitsipas reconheceu ter sido uma das mais importantes vitórias da sua ainda curta carreira profissional. “Pode parecer estranho, mas prefiro defrontar Nadal na terra batida”, reconheceu o grego, que, no Australian Open, foi eliminado precisamente pelo espanhol.

Nos quartos de final de Madrid, Tsitsipas ultrapassou outro “master” da terra batida, Alexander Zverev (3-6, 6-4 e 6-4).

O adeus de Ferrer

Por seu lado, Djokovic também afastou Dominic Thiem nas meias-finais (7-6 e 6-4). O austríaco, igualmente um especialista na terra batida e vencedor em Monte Carlo, havia eliminado Roger Federer na eliminatória anterior (3-6, 7-6 e 6-4). Os quartos de final de Madrid, foram, aliás, um regalo para os apreciadores do ténis, juntando 5 vencedores de Major (Djokovic, Federer, Nadal, Cilic e Wawrinka) e três dos mais proeminentes tenistas mundiais (Tsitsipas, Thiem e Zverev). Aqui, destaque para a evolução de Stan Wawrinka. Está longe dos seus melhores tempos, mas parece, aos poucos, regressar a um nível alto. Nadal, contudo, acabou por levar a melhor sobre o suíço com naturalidade (6-1 e 6-2).

O Masters de Madrid também confirmou o final de carreira de David Ferrer. O espanhol, 37 anos, manteve uma carreira longa, sendo conhecido pela sua capacide física e mental. Alexander Zverev acabou por colocar o ponto final, ao vencer, na segunda eliminatória, por 6-4 e 6-1.

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André Dias PereiraAbril 29, 20193min0

Rafael Nadal é, indiscutivelmente, o rei da terra batida. Os onze títulos de Roland Garros, Monte Carlo e Barcelona ajudam a explicar esse epíteto. Nem mesmo outras lendas nesta superfície, como Bjorn Borg ou Thomas Muster, colocam isso em causa. “Continuarem a chamar-me rei da terra batida é um insulto a Rafael Nadal. Olhem o que ele já ganhou”, disse um dia o austríaco.

Aos 32 anos, Rafael Nadal parece, contudo, estar a abrandar. O seu estilo de jogo demasiado físico gerou lesões e uma sobrecarga que, depois dos 30, começa a fazer-se sentir. “Nadal não é mais um jogador de ténis. É uma pessoa lesionada a jogar ténis”, declarou o tio do espanhol e seu ex-treinador, Toni Nadal.

Mesmo lesionado, o maiorquino continua a ser o principal favorito a ganhar tudo na terra batida. Só que já não está só. Ou, pelo menos, Djokovic deixou de ser a única grande ameaça.

Este domingo, Dominic Thiem quebrou a hegemonia do espanhol em Barcelona e venceu o torneio catalão. Na final contra Daniil Medvedev ganhou por 6-4 e 6-0.

Só que a vitória do austríaco não foi tão surpreendente como a de Fábio Fognini em Monte Carlo. Recorde-se que na temporada passada, em Roland Garros, Nadal e Thiem disputaram um jogo muito equilibrado nos quartos de final.

Passagem de testemunho?

Desta vez, nas meias-finais de Barcelona, foi o austríaco a levar a melhor (duplo 6-4). O espanhol cometeu 5 duplas faltas, conseguiu apenas um ás e teve o saque quebrado duas vezes. Já Thiem, converteu 5 ases, não sofreu qualquer dupla falta e não teve o seu saque quebrado. “Thiem é candidato a vencer qualquer torneio de terra batida”, disse Nadal após a derrota.

É certo que ainda falta Roland Garros, o principal torneio de terra batida, mas podemos estar a assistir a uma passagem de testemunho? É cedo para dizer. Contudo, parece claro que o número 5 mundial é mesmo candidato a ganhar o torneio de Paris.

Dos 13 títulos já conquistados pelo austríaco 9 foram na terra batida. Este domingo, tornou-se o primeiro tenista do seu país a vencer em Barcelona desde 1996. Precisamente quando Thomas Muster se tornou bicampeão. Este foi, de resto, o segundo título de Thiem em 2019, igualando Roger Federer. O primeiro, recorde-se, foi em Indian Wells. Diga-se, de resto, que Thiem começa também a ameaçar o suíço no quarto lugar do ranking.

A ascensão de Medvedev

Não se pense, contudo, que a final com Medvedev foi um passeio. Thiem começou mal, com muitos erros não forçados e saque cobrado. Chegou a estar a perder por 3-0 mas conseguiu reverter para 6-4. O segundo set foi mais assertivo para o austríaco, que aplicou um pneu no russo.

É preciso, todavia, ressalvar a evolução do russo que, nas meias-finais, deixou para trás Kei Nishikiri (6-4, 3-6, 7-5). Antes, havia eliminado Albert Ramos-Vinolas, Mackenzie Mcdonald e Nicolas Jarry.

Recorde-se que, em Monte Carlo, o russo eliminou também Novak Djokovic, que buscava o “tri” no principado. O sérvio não jogou em Barcelona.

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André Dias PereiraAbril 8, 20193min0

Está à porta mais uma temporada de terra batida. E a pergunta que se impõe, outra vez, é se alguém pode superar Rafael Nadal neste piso. Desde que se tornou profissional o espanhol tem detido a hegemonia nesta fase da temporada. E não é à toa que é apelidado de rei da terra batida. Dos seus 17 Major, 11 foram conquistados em Paris. Nunca, antes dele, um jogador havia vencido 11 torneios de terra batida. Na temporada passada o maiorquino conquistou esse número em três provas: Monte Carlo, Barcelona e Roland Garros.

Para se perceber melhor a importância que a temporada de terra batida tem para Nadal, na época passada 63% dos seus pontos foram conquistadas neste piso. O espanhol terá de gerir 4680 pontos alcançados em 2018. É, por isso, visto como o grande favorito para vencer todos os torneios em que participa. Apesar de as lesões condicionarem o seu jogo El Toro Miura prepara as suas temporadas precisamente para atingir o pico de forma nesta fase da temporada. É também a oportunidade para alcançar o 18º Grand Slam e encurtar distâncias para Federer (20) nesse capítulo.

Mas não se pense que será um passeio. Até porque Novak Djokovic é o atual líder mundial e o sérvio mantém constância exibicional independentemente do tipo de piso. No confronto direto, a vantagem pertence a Djokovic (27-25) mas nas duas vezes que ambos se encontraram na final de Roland Garros, a vitória foi para o espanhol. O único triunfo de Djokovic em Paris s aconteceu em 2016 contra Andy Murray. Diga-se, também, que se o sérvio ganhar completará pela segunda vez o carreer Grand Slam de forma consecutiva.

A temporada de terra batida de 2018 foi para Djokovic esquecer. O sérvio encontrava-se a recuperar forma após longa paragem por lesão e foi afastado nas meias-finais de Roma e quartos de final de Roland Garros. Depois disso, emplacou Major atrás de Major, regressando à condição de número 1 mundial. Este ano tem tudo para ser diferente e tudo indica que a diferença para Nadal na terra batida está mais curta.

Zverev e Thiem à espreita

Se Nadal e Djokovic são os grandes favoritos a ganhar os principais torneios, Alexander Zverev e Dominic Thiem são, porventura, dois dos mais proeminentes jogadores neste piso. O alemão é aquele jogador de quem sempre se espera muito mas que nem sempre corresponde à expectativa. A idade joga a seu favor. Para o bem e para o mal. Aos 21 anos é número 3 mundial, já conquistou nada menos que 10 títulos ATP, entre eles três Master 1000. O piso de terra batida é o seu preferencial e, não por acaso, teve a sua melhor prestação de Major, em Roland Garros. O alemão vai jogar o torneio de Marraquexe como cabeça de série e direito a Wild Card. Na primeira ronda jogará com o uzbeque Denis Istomin.

Quem também pode surpreender é Dominic Thiem. O austríaco já venceu oito títulos em terra batida e, na temporada passada, jogou um autêntico clássico com Nadal em Roland Garros. De resto, Thiem é o único jogador, nos últimos dois anos, a vencer o espanhol na terra batida. Aconteceu em Roma (2017) e Madrid (2018). Será que não há duas sem três?

Entretanto, há ainda Roger Federer. Depois de um interregno estratégico de dois anos, o suíço volta a jogar a temporada de terra batida. Dificilmente veremos o helvético a jogar pelo título de Paris, contudo, Federer quer aproveitar cada torneio para se tornar o maior campeão de sempre de torneios ATP. Jimmy Connors é maior campeão, com 109 títulos e Federer tem 101. Conseguirá reduzir essa distância na terra batida?

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André Dias PereiraMarço 18, 20192min0

Dominic Thiem conquistou, este domingo, a mais importante vitória da sua carreira. O austríaco surpreendeu Roger Federer (3-6, 6-3 e 7-5) na final de Indian Wells, sucedendo a Del Potro. E não fez por menos. Thiem conseguiu uma vitória  de virada contra Federer, que perseguia o 101º título da carreira.

O suíço entrou a pressionar muito, conseguiu quebrar o serviço a Thiem para fechar o jogo em 6-3. Só que, aos poucos, o austríaco foi-se reencontrando e foi equilibrando a partida, consumando a reviravolta que lhe garantiu o título.

Apesar de já ter vencido Federer, Nadal e Djokovic anteriormente, uma vitória como esta eleva o austríaco a outro patamar. Não só porque ascende ao 4º lugar do ranking, mas porque reforça a sua confiança e lhe garante maior estatuto. Há muito, de resto, que o austríaco perseguia uma vitória importante.  No último US Open, Thiem fez um dos melhores jogos da sua carreira contra Nadal, mas acabou afastado pelo espanhol nos quartos de final.

O título coroa uma grande semana de Thiem. Deixou para trás jogadores como Jordan Thompson, Ivo Karlovic, Gael Monfils e Milos Raonic. Já Federer eliminou John Isner, Peter Gojowczyk, Stan Wawrinka, Kyle Edmund e Herbert Hurkacz.

Thiem olha para Roland Garros

Este é o 12º troféu da carreira de Thiem. Desde 2015 que o austríaco vem colecionado títulos e a galgar posições no ranking. Este foi o primeiro de 2019. Aliás, nos 19 torneios ATP realizados esta temporada todos tiveram campeões diferentes. Federer venceu em Doha. Contudo, o suíço cai agora para quinto no ranking ATP.

Dominic Thiem tem, na terra batida, o seu piso preferencial. Agora como número 4 mundial e com um Masters 1000 sobre Federer, será interessante acompanhar o que poderá fazer em Roland Garros.

André Dias PereiraFevereiro 25, 20193min0

Laslo Djere inscreveu, este domingo, o seu nome na lista de vencedores ATP. O sérvio, 23 anos de idade, conquistou, no Rio de Janeiro, o seu primeiro título. E bem se pode dizer que foi uma final de esperança para a modalidade. Do outro lado estava Felix Auger-Aliassime. O canadiano tem sido, por assim dizer, a grande sensação do ATP. Aos 18 anos de idade tornou-se o mais jovem jogador a jogar uma final ATP. O sérvio acabou por levar a melhor em dois sets, por 6-3 e 7-5.

Mas não se pense que a precocidade de Aliassime ofuscou Laslo Djere. O sérvio tornou-se apenas o segundo tenista do seu país a conquistar um torneio ATP-500. No final, não conseguiu travar a emoção que sentia e abriu o coração. Djere dedicou a vitória aos pais falecidos vítimas de cancro.

Djere começou por surpreender ao eliminar o favorito Dominic Thiem por duplo 6-3. Seguiu-se uma vitória sobre o japonês Taro Daniel (6-4 e 6-2). Nos quartos de final venceu o norueguês Casper Ruud (6-4 e 7-5). Nas meias-finais beneficiou da lesão de Aljaz Bedene para atingir a inédita final.

Do outro lado, Felix Auger-Aliassime afastou os favoritos Fábio Fognini (6-2 e 6-3) e Pablo Cuevas (6-3, 3-6, 6-3).

O Rio Open teve as suas primeiras edições em 1989 e 1990, ambas vencidas pelo brasileiro Luiz Mattar. Depois teve um interregno até 2014. E desde então nunca um campeão se repetiu. Diego Schwartzman e Dominic Thiem, respetivamente, vencedores das últimas duas edições, caíram logo na ronda inaugural. Já Cuevas foi afastado nas meias-finais.

O futuro passa por Djere e Aliassime.

Laslo Djere cumpre a sua terceira temporada como profissional. E, gradualmente, tem vindo a progredir no circuito. Esta vitória no Rio de Janeiro é o seu melhor registo, que lhe vale uma grande subida no ranking. À entrada para a prova era 90º mundial e a partir desta segunda-feira é 37º.

No seu percurso destaque para os quartos de final em Umag, em 2018, e as meias-finais em Budapeste, em 2017. Ainda o ano passado conquistou, no US Open, a primeira vitória em um Grand Slam. A vítima foi o argentino Leonard Mayer.

Felix Auger-Aliassime, 18 anos de idade, mostrou no Brasil que também pode ser levado em conta no futuro. O canadiano viveu uma semana de sonho. Chegar a uma final de um torneio ATP no segundo ano de profissional não é para todos. Mas para os mais atentos Aliassime não é um nome totalmente desconhecido. O ano passado tornou-se o primeiro tenista nascido em 2000 a vencer um jogo em Indian Wells. Em Chengdu também atingiu os quartos de final.

É provável que, no futuro, ainda vamos ouvir falar muitos nestes dois jogadores. De uma forma ou de outra, só o facto de terem atingido a final do Rio Open já é motivo para festejar e ser optimista para o que aí vem.

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André Dias PereiraNovembro 19, 20184min0

Aos 21 anos de idade Alexander Zverev já tem muitos títulos para contar um dia aos seus netos. Desde que começou, em 2016, com uma vitória na Russia, em São Petersburgo, não mais parou. O ano passado venceu 5 (Canadá, Washington, Roma e Montpellier) e este ano venceu três. De todos, nenhum foi tão relevante quanto o Masters Final conquistado este domingo.

No torneio que reúne os oito melhores tenistas do ano, e entre algumas polémicas pelo meio, Zverev venceu Novak Djokovic por 6-4 e 6-3, tornando-se o terceiro alemão a conseguir essa proeza. Os outros foram Michael Stich (1993) e Boris Becker (1995).

Zverev mostrou-se muito sólido, confirmando todos os seus serviços no primeiro set. O alemão aproveitou o único break point cedido pelo sérvio para fazer o 5-4 e depois servir para o 6-4.

No segundo set o alemão quebrou o serviço a Djokovic logo no início por mais de uma vez, mas o sérvio respondeu bem. Só que Zverev soube manter Nolan encostado às cordas levando-o a cometer erros suficientes para consolidar a vitória final.

A precocidade de Zverev torna-o o mais jovem a vencer o ATP Finals desde, precisamente, Novak Djokovic. O sérvio também venceu a prova pela primeira vez com 21 anos de idade. Aliás, Nolan, hoje com 31 anos, falhou a possibilidade de igualar Federer com seis títulos.

Zverev, o maior da nova geração

Não é por acaso que Zverev é o nome maior da nova geração. Com 10 títulos já conquistados leva vantagem de sobra, nesse capítulo, sobre os jogadores com idade até 21 anos. Stefanos Tsitsipas, que na semana passada venceu a Next Gen Finals, é segundo classificado com dois títulos. Zverev passa também a integrar o restrito lote de jogadores que conseguiu eliminar nas meias-finais e final Roger Federer e Novak Djokovic. Os outros são Rafael Nadal, Andy Murray e David Nalbandian. De resto, diga-se que o alemão leva vantagem de 2-1 nos confrontos diretos com Djokovic.

Integrado num grupo com Djokovic, Cilic e Isner, o alemão perdeu apenas para Djokovic (6-4 e 6-1). Diante Isner ganhou (7-6, 6-3), repetindo o feito com Marin Cilic (7-6, 7-6). Por seu lado, o sérvio venceu os três jogos, confirmando ser o grande favorito à vitória final.

No outro grupo, Roger Federer e Kevin Anderson dominaram Dominic Thiem e Kei Nishikori. Federer confirmou, contudo, que não está no seu melhor, perdendo o jogo inaugural para o japonês (7-6 e 6-3). O suíço acabou por se redimir com Thiem (6-2 e 6-3) e Anderson (6-4 e 6-3).

Nas meias-finais, Zverev acabou por cravar o fim do percurso do suíço (7-5 e 7-6). Mas não sem polémica. No segundo set, quando Fed vencia o tie-break por 4-3, na sequência de uma troca de bolas, o alemão desistiu de um ponto, alegando que havia uma bola solta por um dos apanha-bolas. O juíz acabaria por devolver o ponto a Zverer, para irritação de Federer e do público que começou a vaiar. Zverev venceria por 7-5.

Na outra meia-final, Djokovic não teve dificuldade para ultrapassar Anderson por duplo 6-2. A derrota do sérvio, contudo, não apaga a grande temporada que fez e que o deixa como número 1 mundial.

Com o final do ATP Finals, chega também ao fim os grandes torneios de ténis. Com os títulos já alcançados e o estatuto de top-5 mundial, será importante acompanhar a evolução de Zverev em Grand Slam, onde até aqui não tem convencido. Por todos os motivos e mais alguns é um jogador de quem é esperado que um dia atinja a liderança mundial. Alia uma grande capacidade técnica a pujança física, sendo forte em todos os pisos de jogo. Até onde poderá ir?

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André Dias PereiraSetembro 12, 20186min0

Diz o adágio que a festa não se faz quando a temporada começa mas sim quando acaba. Que o diga Novak Djokovic, que este domingo conquistou pela terceira vez o US Open. Depois de uma longa paragem por lesão, que arrancou em Wimbledon, 2017, o sérvio regressou oficialmente à competição no Australian Open. Foi em Janeiro deste ano. Caiu na terceira ronda perante Chung Hyeon. Seguiu-se nova operação e Djokovic regressou mais cedo do que se pensava, para jogar Indian Wells e o Miami Open. Outra vez, caiu nas primeiras rondas. Seguiram-se muitas interrogações, até para o sérvio. Por esta altura, Roger Federer, vencedor do Australian Open, passeava a sua classe e aumentava a sua lenda. Ao mesmo tempo, Rafael Nadal continuava afinar a sua máquina, regressando ao seu melhor. Até vencer Roland Garros.

É por isso que a vitória de Novak Djokovic no US Open é, acima de tudo, a vitória da persistência. É, por assim dizer, o apogeu num ano com muitos baixos, no arranque da época, e grandes picos, no final. É também a consolidação do título em Wimbledon e da vitória recente em Cincinnati.

E o triunfo (6-3, 7-6 e 6-3) em Nova Iorque chegou curiosamente sobre outro jogador que entre 2014 e 2016 atravessou também o calvário de uma lesão no pulso: Juan Martin Del Potro. O argentino, que cedeu o terceiro lugar do ranking a Djokovic, chegou a questionar o seu futuro no ténis. O ano de 2018 está, no entanto, a mostrar que valeu a pena chegar até aqui. O campeão do US Open de 2009 não voltou a repetir o feito, contudo, tem-se mantido entre o top-5, conquistando os títulos de Acapulco e Indian Wells. Este domingo, não resistiu a um Djokovic que fez jus ao seu melhor período de número 1 mundial. Nolan encostou Del Potro às cordas, soube explorar a esquerda do argentino, conseguindo ainda anular o seu serviço. E com tranquilidade foi construindo a sua vantagem.

Este foi o 14º Grand Slam para o sévio, que iguala Pete Sampras. Melhor, só Rafa Nadal (17) e Roger Federer (20).

Quando passei pela cirurgia, senti o que Juan Martin (Del Potro) passou quando esteve fora. Quando ficas fora, tentas fazer as coisas darem certo, mas elas não acontecem. Foram tempos difíceis, mas aprendemos com as dificuldades, com os tempos de dúvida.

Novak Djokovic, após a vitória sobre  Del Potro, que confimou o título do US Open

Para chegar à final, Del Potro deixou para trás, nas meias-finais, nada menos que Rafael Nadal. O espanhol acabou por sair lesionado, mas garantiu a continuidade na liderança mundial. Uma dor no joelho direito precipitou a desistência do maiorquino quando perdia por 2-0 em set: 7-6 e 6-2.

Tal como no Australian Open, Nadal saiu lesionado. Uma situação à qual não será alheia o grande esforço feito nos quartos de final contra Dominic Thiem, naquele que foi um dos grandes jogos do ano. O autríaco confirmou diante o espanhol que subiu o seu ténis a outro patamar e que, em breve, repetirá o feito de Paris, onde atingiu a sua primeira final de Grand Slam. Foram mais de 5 horas de jogo, com a vitória a sorrir ao número 1 mundial pelos parciais: 0-6, 6-4, 7-5, 6-7 e 7-6. Tal como ocorrera em Roland Garros.

João Sousa histórico. Federer, que futuro?

João Sousa perdeu pela quarta vez para Djokovic, mas fez história para Portugal. Foto: Record

Não será atrevimento dizer que o US Open de 2018 confirmou a reabilitação de jogadores tidos como proscritos. Tal como Djokovic e Del Potro, também Kei Nishikori tem tido um ano difícil. Depois de uma paragem de 5 meses, o japonês regressou à competição, em Fevereiro, em Nova Iorque. Foi, gradualmente, aumentando a sua competitividade até alcançar os quartos de final em Wimbledon. Agora, no US Open, só caiu nas meias-finais contra Novak Djokovic: 6-3, 6-4 e 6-2. O nipónico, finalista vencido em 2014, só pode sentir-se feliz com a sua prestação este ano.

Menos feliz estará Roger Federer. O suíço, que começou o ano a ganhar em Austrália e a recuperar a liderança mundial, foi surpreendido por John Millman: 3-6, 7-5, 7-6 e 7-6. O australiano, 55 do mundo, soube tirar proveito daquele que terá sido um jogos menos conseguidos da carreira do helvético. Federer teve nada menos do que 76 erros não forçados, errando ainda 70% no primeiro serviço. A final de Wimbledon e Cincinnati já tinham demonstrado um Federer abaixo da sua real capacidade. Aos 36 anos, e com uma participação reduzia em torneios – recorde-se que falhou toda a temporada de terra batida, incluindo Roland Garros – há quem questione o futuro de Federer.

Roger Federer deve jogar mais torneios ou considerar retirar-se

Pat Cash, ex-tenista australiano, vencedor de Wimbledon em 1987

Mas se há jogador que já desafiou a história e as probabilidades, é Federer. Matts Willander, ex-tenista e comentador, refere que o suíço deverá jogar até não conseguir ganhar mais jogos. E isso, apesar de tudo, parece estar longe de acontecer. Agora, ameaçado no ranking por Djokovic, Federer é ainda número dois mundial.

E por falar em história, João Sousa escreveu mais uma página dourada para o ténis luso. Ao atingir os oitavos de final, o Conquistador tornou-se o primeiro português a alcançar esse patamar em um Grand Slam. “Resultados como este ajudam a que a modalidade se torne maior no nosso país”, admitiu Sousa, que arrecadou 230 mil euros de prize money. Os 180 pontos averbados no US Open permitiram-lhe subir 19 lugares na hierarquia, regressando ao top-50. É agora 49º.

Por tudo isto (mas não só) a edição deste ano do US Open deixará saudade. Consagra campeões como Djokovic ou Del Potro, relança Nishikori, eleva Thiem a outro nível e vê Portugal entrar nas história dos Major. Mas também lança dúvidas sobre o futuro de Federer e Nadal. Apesar de campeoníssimos, até quando terão fulgor físico para se manter na disputa de Major? Pode Djokovic, agora numa nova fase, ultrapassar Sampras, ou Nadal e aproximar-se de Federer? E a nova geração? Thiem e Isner, nos quartos de final, foram os melhores, mas continuam longe das lendas que ainda predominam no circuito. A John Millman coube a surpresa, que também caiu nos quartos de final. O momento Andy Warholiano que, com 29 anos, dificilmente se repetirá. O que não nos importamos que se repita são torneios jogados a este nível.

Foi assim que Novak Djokovic venceu pela terceira vez o US Open

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André Dias PereiraSetembro 4, 20184min0

O futuro dirá o legado que João Sousa deixa ao ténis português. Não será agora e também não será quando se aposentar. O impacto do “conquistador” estará, com toda a certeza, na influência que deixa aos que hoje o vêem brilhar e ambicionam repetir as suas proezas.

No US Open Sousa voltou a abrir caminhos e fazer história para o ténis português. Pela primeira vez, um tenista luso atingiu os oitavos de final de um Grand Slam.

João Sousa começou por vencer o espanhol Marcel Grannolers (6-2, 6-2 e 6-3). Seguiu-se outro espanhol, Pablo Carreño Busta: 4-6, 6-3, 5-7, 6-2 e 2-0. Busta acabou se afastar do jogo por lesão, permitindo a Sousa alcançar pela terceira vez a terceira ronda da prova. Esta foi também a terceira vez que os dois tenistas se enfrentaram. Na primeira, em 2014, Sousa venceu no Masters de Miami. No ano seguinte, foi o espanhol a levar a melhor em Winston, também nos EUA.

Para garantir um lugar na história do ténis luso, João Sousa precisou de levar a melhor sobre o luxamburguês Lucas Pouille. O Conquistador venceu em quatro sets: 7-6, 4-6, 7-6 e 7-6. “Sabia que tinha que jogar bem e foi perfeito”, declarou Sousa, naturalmente feliz por voltar a escrever uma página de ouro no ténis português.

Já nos oitavos de final, Sousa acabou por cair perante o favoritismo de Novak Djokovic. Foi a quarta vez que ambos se enfrentaram, sempre com vitória do sérvio. Esta segunda-feira, Nolan venceu por 6-3, 6-4 e 6-3. Ainda assim, Djokovic salientou que “o resultado não espelha a dificuldade do jogo”, sublinhando a qualidade do português e as dificuldades que este lhe impôs.

João Sousa, recorde-se, tornou-se em 2013 o primeiro jogador português a entrar no top-50. No ano seguinte foi o primeiro tenista luso a jogar exclusivamente no ATP World Tour durante uma temporada. Ainda em 2014, foi o primeiro português a ser cabeça de série num Grand Slam, precisamente o US Open. É o jogador português com maior número de vitórias em Grand Slam, maior prize money e o tenista luso com mais títulos ATP: Kuala Lumpur (2013), Valência (2015) e Estoril (2018). A vitória no Estoril Open foi também a primeira de um português na única prova nacional incluída no calendário ATP. Por tudo isto, João Sousa é, pelo menos, o tenista português mais bem sucedido.

John Millman espanta o mundo

Nadal precisa de atingir as meias-finais para manter a liderança mundial.

O US Open chega agora aos quartos de final. E pode-se dizer que tudo está em aberto, com os quase todos os favoritos em acção. Quase, porque Roger Federer caiu com estrondo perante John Millman. O australiano fez um jogo muito assertivo e beneficiou dos 76 (!!!) erros não forçados por parte do suíço, que se despede precocemente dos EUA. Millman, 29 anos de idade, atinge pela primeira vez este patamar em um Grand Slam. Pela frente terá agora outro peso pesado: Novak Djokovic.

Roger Federer tinha deixado para trás Yoshihito Nishioka (6-2, 6-2 e 6-4), Benoit Paire (7-5, 6-4 e 6-4) e Nick Kyrgios (6-4, 6-1 e 7-5). Ainda não foi desta que o Kyrgios conseguiu brilhar em um Grand Slam. Os oitavos de final são agora o seu melhor registo no US Open. Melhor que isso, só os quartos de final em Wimbledon (2014) e Roland Garros (2015).

E há que lembrar também que Rafa Nadal está em prova. O espanhol jogará com Dominic Thiem. O maiorquino precisou de quatro sets na ronda anterior para vencer Nikoloz Basilashvili (6-3, 6-3, 6-7 e 6-4). O georgiano está a ter um ano de sonho. Em Hamburgo venceu não só o seu primeiro título ATP, como esse foi também o primeiro troféu para o seu país.

Nadal é claramente favorito contra Thiem, numa reedição da final de Roland Garros deste ano. Dos restantes jogos, Del Potro (3) detém algum favoritismo face a John Isner (11), enquanto Marin Cilic (7) e Kei Nishikori jogam também por um lugar nas meias-finais.

André Dias PereiraAgosto 13, 20183min0

Nadal conquistou, este domingo, em Toronto, o seu 80º título da carreira. O espanhol fez jus ao estatuto de número 1 mundial para vencer Stefanos Tsitsipas por 6-2 e 7-6(4). Apesar da derrota o grego tem motivos para sorrir. Afinal, o torneio de Toronto serviu para confirmar todo o seu potencial. Durante a semana deixou para trás nada menos do que quatro jogadores do top-10 mundial: Dominic Thiem, Novak Djokovic, Alexander Zverev e Kevin Anderson.

Foi por isso com natural otimismo que Tstsipas, que este domingo completou 20 anos, encarou Nadal. E o grego até começou por confirmar o seu primeiro jogo de serviço. Contudo, Nadal mostrou que não é apenas um número 1. É um dos maiores da história do ténis. O maiorquino fez jus à sua experiência e qualidade para controlar Tsitsipas conseguindo vencer o seu jogo de serviço e quebrar, depois, o jogo do grego. Nadal controlou, depois, o primeiro set. Cedeu apenas um ponto, enquanto sacou e ainda beneficiou dos erros de El Greco.

O segundo parecia ser mais do mesmo, com Nadal a quebrar o serviço de Tsitsipas e  chegouar ao 5-3. O jogo parecia sentenciado, mas a semana em Toronto mostrou que o grego consegue jogar sob pressão de set points. E não apenas conseguiu quebrar Nadal, como virou o jogo para 6-5. Por esta altura Tsitsipas era mais agressivo. Só que, outra vez, Nadal mostrou grande tranquilidade, força mental e experiência para confirmar a vitória.

Este foi o 33º título de Nadal em Masters 1000 e o quarto em Toronto. Há 10 anos que o espanhol não jogava o torneio canadiano.

Tsitsipas como Bjorn Borg

Tsitsipas continua em busca do primeiro título ATP. O grego, que em Janeiro era 91 do mundo, será a partir desta segunda-feira 15º, a sua melhor classificação de sempre. “Foi a semana da minha vida”, concordou o grego. Para isso contribuiram épicas vitórias sobre Damir Dzumhur (6-3 e 7-6), Dominic Thiem (6-3 e 7-6), Novak Djokovic (6-3, 6-7 e 6-3), Alexander Zverev (3-6, 7-6 e 6-4) e Kevin Anderson (6-7, 6-4 e 7-6).

Esta foi a segunda vez que Tsitsipas e Nadal se encontraram. A primeira foi na final do ATP Barcelona. Tal como em Toronto, também aí o grego fez uma semana de sonho, perdendo para Nadal. Aos 20 anos, contudo, ninguém dúvida que pode em breve chegar a top-10 mundial. Ambição, saque e a sua esquerda são pontos fortes do seu jogo, contudo, também pode fazer diferença com golpes de direita, como aconteceu esta semana em Toronto.

Greg Rusedski, selecionador do Canadá, compara o estilo de Tsitsipas ao lendário Bjorn Borg. “Ele faz tudo bem. É espectacular como tenista e muito calmo nos momentos de maior tensão”.

Se o futuro pode passar pelo grego, o presente ainda é de Rafael Nadal. O espanhol soma 910 pontos na liderança do ranking e abre uma diferença ainda maior para Federer (10.220 pontos contra 6.480).

Foi assim que Nadal venceu pela quarta vez em Toronto

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André Dias PereiraJulho 30, 20182min0

O georgiano  Nikoloz Basilashvili conquistou este domingo, pela primeira vez, um troféu ATP. E logo em Hamburgo, de categoria 500. A conquista, inédita para o seu país, surgiu precisamente sobre o campeão do ano passado. O argentino Leonardo Mayer: 6-4 0-6 7-5.

Poucos apostavam, no início do torneio, que o georgiano pudesse levar a melhor na Alemanha. Até porque entrou ainda no quadro de qualificação. Basilashvili era o 81º do ranking antes do início da prova e a partir desta segunda-feira é 35º do mundo. O torneio contou com nomes como Dominic Thiem, Pablo Carreño Busta, Fernando Verdasco, Diego Scwartzman, entre outros.

Basilashvili começou por vencer Phillip Kholschreiber (7-5, 1-6, 6-4), seguindo-se Fernando Verdasco (7-6, 6-4) e Carreño Busta (6-2 e 4-0), numa partida marcada pela desistência do espanhol. Nas meias-finais levou a melhor sobre Nicolas Jarry (duplo 7-6). A grande desilusão da prova foi o favorito Dominic Thiem, afastado nos quartos de final precisamente por Nicolas Jarry (duplo 6-2).

Com 26 anos de idade, Nikoloz Basilashvili iniciou a carreira senior em 2015. O seu percurso junior ficou notabilizado por torneios de pares, não tendo jogado qualquer Grand Slam em singulares. Participou ainda em alguns torneios ITF. Em 2008 venceu o seu único título: o G4 Tennis Express.

Vitória histórica para a Geórgia

Em 2015 jogou pela primeira vez Roland Garros já como senior. Foi eliminado na ronda inaugural por Thanasi Kokkinakis. Ainda nesse ano atingiu a terceira ronda de Wimbledon e foi afastado na estreia do US Open. Em 2016 estreou-se no Australian Open, mas perdeu para Federer na primeira ronda. Foi também nesse ano que chegou à sua primeira final. Foi no ATP 250 Áustria, em Kizbuhel. Ali, acabaria por perder para Paolo Lorenzi.

O título chegou em 2018, em Hamburgo, num torneio onde entrou via qualificação. Mais do que o seu primeiro torneio ATP foi também o primeiro para o seu país.

Basilashvili consolida-se como o segundo maior atleta de ténis da história da Georgia. Fica atrás de Leila Meskhi, dona cinco títulos na WTA e da medalha de bronze, em duplas, nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992. Ela atingiu a 12ª posição do ranking em 1991.


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