Arquivo de Borna Coric - Fair Play

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André Dias PereiraAgosto 26, 20223min0

Borna Coric sempre foi um dos mais talentosos e promissores tenistas do circuito. A verdade, porém, é que a sua carreira tem sofrido altos e baixos dos quais resultam dois títulos ATP. Um em Marraquexe, em 2017, e o último, em Halle, em 2018. E se é verdade que a posição 152 do ranking na qual entrou no Masters 1000 de Cincinnati não é condizente com o seu talento, a verdade, porém, é que reflete essa inconstância na carreira e também as lesões e longa recuperação que marcam os seus últimos anos.

Talvez por isso, a sua vitória em Cincinnati, no passado final de semana, seja vista como surpreendente mas também como a possibilidade de ser um ponto de viragem. Diante do favorito Stefanos Tsitsipas, Coric venceu por 2-0 em sets: 7-6 e 6-2.

“Há 5 dias não estava pronto para este discurso. Pensava que ia perder na primeira ronda”, assumiu Coric na hora da vitória. Mas não poderia estar mais errado. Após derrotar Lucas Musetti na ronda inaugural (7-6 e 6-3), na segunda ronda levou a melhor sobre ninguém menos que Rafael Nadal (7-6, 4-6 e 6-3) em um jogo de quase 3 horas de duração. Seguiram-se Bautista Agut (6-2 e 6-3), e Felix Aliassime (duplo 6-4). O canadiano tem confirmado a sua evolução no circuito conforme mostram os jogos com Jack Sinner e De Minaur.

Mas antes de chegar à final, Coric deixou ainda para trás o britânico Cameron Norrie (6-3 e 6-4). Por esta altura do torneio, o croata esbanjava a confiança que, por vezes, falta ao seu jogo.

Bonança após a tempestade

Com o triunfo sobre Tsitsipas, Coric tornou-se o jogador com a posição mais baixa no ranking a vencer em Cincinnati. E isso garante-lhe uma subida até ao 29 lugar da hierarquia mundial. Esta talvez seja a melhor coisa que aconteceu a Coric nos últimos anos. Em 2021 foi submetido a uma cirurgia que o atirou para fora do circuito, acabando o ano em 73 lugar.

Coric foi um dos primeiros jogadores a preparar-se para o Australian Open, já este ano. Mas foi outra vez traído pelo ombro. Regressou à competição em Indian Wells, em Março, mas caiu na primeira ronda.

Será, por certo, interessante entender como vai evoluir a partir de agora. A tendência é ir subindo no ranking mas ainda é cedo para saber se terá consistência suficiente para ser top-10 mundial. O ranking mais alto que já teve foi 12.

O torneio de Cincinnati também fica marcado pelo segundo lugar de Tsitsipas. O grego conta em 2022 com triunfos em Maiorca e Monte Carlo. Tsitsipas atravessa um bom momento de forma e deixou isso bem vincado com o triunfo sobre Medvedev nas semi-finais. Também Cameron Norrie voltou a mostrar que está em crescendo. O britânico alcançou também as semi-finais, tendo deixado para trás a sensação Carlos Alcaraz e Andy Murray.

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André Dias PereiraMarço 9, 20212min0

Andrey Rublev é, sem dúvida, um dos mais talentosos tenistas do circuito. Com apenas 23 anos soma 8 títulos ATP, tendo jogado o ATP Finals em 2020. Este domingo, o russo venceu em Roterdão, o seu quarto título ATP 500 consecutivo. A edição deste ano contava com nomes sonantes como Tsitsipas, Coric, Nishikori, Zverev, Medvedev, Chardy, Norrie ou Minaur.

Rublev acabou por levar a melhor diante um surpreendente Marton Fucsovics. O húngaro, 46 do ranking, tem como principal registo o título de Geneve, em 2018. Apesar de um jogo equilibrado, que o russo venceu por 7-6 e 6-4, passou a ideia de que Rublev teve sempre o controlo. Ao longo da semana, Rublev perdeu apenas um set. Aconteceu nos quartos de final contra Jeremy Chardy: 7-6, 6-7 e 6-4.

Rublev segue imparável com 20 vitórias consecutivas em torneios da categoria 500. Ao longo da semana, com maior ou menor dificuldade foi ultrapassando adversários valorosos. Entre eles, Andy Murrray (7-5 e 6-2) e Stefanos Tsitsipas (6-3 e 7-6), nas meias-finais.

Fucsovic, a sensação

Já Fucsovic escreveu um conto de fadas. Arrancou na primeira qualificação vencendo Artur Rinderknech (6-2 e 6-4), seguindo-se outro francês, Pierre Herbert (6-4 e 6-3), Reilly Opelka (7-6, 6-7 e 7-6). Eliminou ainda Alessandro Fokina (6-3 e 6-2), Tommy Paul (6-4 e 6-3) e Borna Coric (6-4 e 6-1).o

Esta foi, de resto, uma edição com algumas surpresas. Daniil Medvedev caiu ainda numa fase inicial contra o sérvio Dusan Lajovic (7-6 e 6-4). O russo é o número 2 do mundo e se tornou o primeiro não pertencente ao Big-4 (Federer, Nadal, Djokovic e Murray) a consegui-lo nos últimos 16 anos. Quem também caiu nos 32 avos de final foi Alexander Zverev. O alemão foi eliminado por Alexander Bublik. O cazaque, 44 do ranking, está a fazer uma boa temporada. Apesar de nunca ter vencido qualquer título, Bublik 23 anos, já atingiu este ano duas finais: Singapura e Antaliya.

Ainda longe do seu melhor tempo, Kei Nishikori foi afastado nos quartos de final por Borna Coric. O japonês, porém, disputou um bom jogo com Alex de Minaur (6-3, 2-6 e 7-5). Desde Brisbane, em 2019, que o nipónico não vence um torneio ATP.

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André Dias PereiraFevereiro 24, 20201min0

Nem Dominic Thiem, nem Borna Coric ou Pablo Cueva. O vencedor do ATP 500 Rio Open, o maior torneio da América Latina, foi Cristian Garin. O chileno, 23 anos, conquistou assim o seu segundo título em 2020 e quarto nos últimos 2 anos.

Numa final inédita contra Gianluca Magner, Garin venceu por dois sets a zero – 7-6 e 7-5. Um resultado que catapulta o chileno para 18 da hierarquia mundial.

Certamente, esta não era a final esperada. Dominic Thiem, o grande favorito e que concentrou a atenção dentro e fora dos courts, caiu nos quartos de final para Gianluca Magner. O italiano, agora 77 da hierarquia mundial, alcançou no Rio de Janeiro a sua primeira final na carreira, depois de vir do qualifying. Para trás deixou jogadores como Andrea Collarini, Attila Balazs, Casper Ruud o português João Domingues. Apesar do segundo lugar, a ascensão Mager foi impressionante, já que chegou ao Brasil na condição de 128 do mundo. Pela primeira vez, entra no top-100.

Já Garin deixou para trás Andrej Martin, Fededico Delbonis, Frederico Coria, ou Borna Coric, outro grande favorito. O croata caiu nas meias-finais por 6-4 e 7-5.

O chileno sucede a Diego Schwartzman e Dominic Thiem, vencedores nas últimas duas edições.

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André Dias PereiraJunho 24, 20192min0

Roger Federer conquistou, em Halle, este domingo, o 102º título da sua carreira. O suíço não deu chances a David Goffin. Com os parciais de 7-6 e 6-1 o helvético ganhou o torneio alemão pela 10ª vez (2003, 2004, 2005, 2006, 2008, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2019). Este foi também o terceiro título de Federer em 2019. Recorde-se que Roger venceu também os torneios de Dubai e Miami.

Ainda no arranque da temporada de relva, Federer entrou da melhor maneira, mostrando o porquê de, mesmo aos 37 anos, ser o grande favorito neste piso. O primeiro set da final foi muito equilibrado, com o suíço a definir tudo no tie-break: 7-2. O segundo set já começou com uma quebra de serviço por parte de Federer. A partir daí Goffin não mais se encontrou e o suíço venceu por 6-1.

Ao longo do seu percurso esta semana Federer perdeu apenas dois set. Um contra Tsonga e outro diante Bautista Agut. O primeiro a cair foi o australiano John Millman (7-6, 6-3). Seguiu-se Tsonga (7-6, 4-6, 7-5) e Bautista Agut (6-3, 4-6, 6-5). Nas meias-finais levou a melhor sobre a sensação Pierre-Hugues Herbert (6-3, 6-3).

O francês, 38º do mundo e 28 anos de idade, ainda não venceu qualquer torneio ATP. Contudo, já chegou a três finais, uma delas este ano, em Montpellier. Em Halle deixou para trás jogadores como Borna Coric, Sergiy Stakhovsky ou Gael Monfils. Acabou por cair nas meias-finais.

Connors à vista

Já David Goffin, 23 do mundo, continua o seu jejum de títulos desde 2017. O belga não atingia uma final desde 2017. Outrora um dos mais promissores tenistas do mundo, aos 28 anos de idade não atravessa a melhor fase da carreira. Ainda assim, pode ser um adversário duro para qualquer um. Para trás deixou Matteo Berretini nas meias-finais. O italiano atravessa um ótimo momento. Recorde-se que chega a Halle depois de vencer em Estugarda. Também Alexander Zverev caiu aos pés de Goffin, nos quartos de final.

Com este título, Federer soma agora 19 na relva, um record. E por falar em record, faltam “apenas” sete títulos para que o suíço iguale Jimmy Connors como maior campeão de sempre do circuito ATP. A questão não é saber se Federer conseguirá, mas sim quando o vai conseguir.

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André Dias PereiraJaneiro 28, 20194min0

Novak Djokovic tornou-se, este domingo, o maior campeão da história do Autralian Open. Ao vencer pela sétima vez em Melbourne, o sérvio destacnou-se de Roger Federer e Roy Emerson, ambos com seis conquistas.

Nolan  não fez por menos. Diante Rafa Nadal o sérvio conquistou uma das mais consistentes vitórias da sua carreira. Com os parciais de 6-3, 6-2 e 6-4, Djokovic mostrou o porquê de ser o grande favorito e que está vários passos à frente da concorrência. Mesmo que essa concorrência seja Nadal ou Federer. Ao contrário do que aconteceu na final entre os dois em 2012, que durou quase seis horas, desta vez Djokovic precisou apenas de duas horas e quatro minutos.

Djokovic foi superior em quase todos os capítulos. Mais ases, maior percentagem de colocação de primeiro serviço ou maior percentagem de vitórias no primeiro e segundo serviços. Mas, acima de tudo, impressiona a supremacia de jogo na rede. Djokovic conquistou 89% dos pontos contra 50% de Nadal. Também em erros não forçados, o espanhol cometeu 28, contra 9 do sérvio. É certo que o maiorquino estaria reduzido físicamente, mas reconheça-se que Djokovic esteve a um nível raramente visto na história do ténis e que deixa uma pergunta no ar. Pode o sérvio tornar-se o maior de sempre?

Aos 31 anos, Djokovic soma agora 15 Grand Slam, contra 17 de Nadal e 19 de Federer. O número um mundial parece, todavia, bem à frente dos rivais, físicamente e mentalmente. Sendo mais novo dos três, é de acreditar que, talvez ainda esta temporada, se possa aproximar ainda mais do espanhol. Nadal é, contudo, o grande favorito para Roland Garros. Mas Djokovic pode também ter uma palavra a dizer. Além disso, há ainda Dominic Thiem e Alexander Zverev, cuja a terra batida, é o seu piso preferencial.

E agora, 2019?

Mas se há lição que Melbourne nos trouxe é que apesar do crescimento da NextGen, a velha escola ainda dita regras. É preciso recuar até 2005 para encontrar uma final que não inclua Federer, Nadal ou Djokovic.

Quem parece mais distante dos grandes títulos é Federer. O suíço, vencedor das últimas duas edições, caiu aos pés de Tsitsipas, na quarta ronda: 6-7, 7-6, 7-5 e 7-6. Não que o suíço tenha feito uma má partida, mas o grego mostrou ter outro andamento, sobretudo em jogos de cinco sets. Veremos o que o helvético poderá fazer, sobretudo em Wimbledon. Vencer o 20º Major parece mais improvável do que ultrapassar Jimmy Connors como o maior campeão de títulos ATP.

Da nova geração, Stefanos Tsitispas e Lucas Pouille foram os melhores, ao atingirem as meias finais. O grego parece confirmar o grande 2018, não se amedrontando com nenhum adversário. Também Frances Tiafoe atingiu pela primeira vez os quartos de final. Outros nomes, como Zverev ou Borna Coric cairam precocemente nos quartos de final. De todos, o alemão representou a maior desilusão. Porque é número 4 do mundo, mas sobretudo porque tem sentido dificuldades em progredir em Grand Slams. Os quartos de final de Roland Garros, em 2018, continua a ser o seu melhor registo.

É certo que o ano acabou de começar. Tudo está, por isso, em aberto. E há vários factores que podem influenciar como o ano vai progredir. Há um ano, por exemplo, Federer dominava o circuito e Djokovic colocava em causa a sua continuidade na competição. E, claro, há sempre o factor de lesões. Mas, em condições normais, Djokovic terá neste momento como motivação aproximar-se de Connors, Lendl, Sampras e Federer com maior número de semanas como número 1 mundial. Mas, acima de tudo, ambiciona ultrapassar Nadal e Federer como maior campeão de Grand Slams. Para já, é o tenistas que mais vezes vencer torneios Masters 1000. E, olhando o momento que atravessa, tudo dependerá das lesões e gestão que fizer de seus torneios. Aos 31 anos, Djokovic assume que esse objetivo “é muito difícil, mas não impossível”.

Veremos o que a temporada nos reserva.

André Dias PereiraJaneiro 22, 20193min0

O Australian Open, que arrancou no dia 13, avança já para os quartos de final. E do que se viu na primeira semana, surge a pergunta. Após 15 anos de hegemonia, terá finalmente chegado a oportunidade da nova geração tomar conta dos courts mundiais?

Ainda é muito cedo para tirar conclusões. É certo que Djokovic continua a ser o grande favorito para vencer Melbourne e se tornar o maior campeão do torneio. Também é certo que falta uma e decisiva semana para o fim do torneio. E há ainda uma temporada inteira pela frente.

Mas os indicadores estão aí. Stefanos Tsitsipas, 20 anos de idade, já afastou Roger Federer de Melbourne, e vai agora defrontar Baustista Agut. O grego mostra que a temporada passada não foi obra do acaso. Um dos segredos é a sua confiança. Jogou olhos nos olhos com o campeão em título, serviu com mestria e salvou os 12 break points que teve de enfrentar. Apesar da idade, parece ser um veterano em court. E isso valeu-lhe uma vitória por 6-7, 7-6, 7-5 e 7-6. Diga-se também que Tsitsipas conquistou, este ano, as primeira vitórias no Australian Open. A primeira foi com Nikolz Basilashvili: 6-3, 3-6, 7-6 e 6-4.

Para Federer, a derrota diante o grego foi um golpe duro. O ano 2019 terminou de forma inconsistente, depois de um bom arranque com a vitória no Autralian Open. O suíço espreita Wimbledon, mas, antes disso, deverá voltar a jogar a temporada de terra batida após dois anos de interregno.

Também Francis Tiafoe, 21 anos, surge nos quartos contra Rafa Nadal. Tiafoe será, porventura, a maior promessa e esperança norte americana para voltar ao topo do ténis mundial. Os quartos de final são, para já, o seu melhor resultado em Major. Para trás deixou Andrea Seppi (6-7, 6-3, 4-6, 6-4 e 6-3) e Grigor Dimitrov (7-5, 7-6, 6-7 e 7-5).

Zverev volta a desiludir

Zverev volta a desiludir em Melbourne. Foto: Fox Sports

Mas nem tudo foram rosas para a nova geração. Os oitavos de final contaram com Deniil Medvedev, Alexander Zverev e Borna Coric, mas nenhum conseguiu passar para a fase seguinte. A maior desilusão terá sido mesmo o alemão. Outra vez, o número quatro mundial volta a cair precocemente em um Major, desta vez perante Milos Raonic: 6-1, 6-1 e 7-2. Apesar do estatuto de número 4 mundial e ser apontado como o futuro líder da hierarquia, a verdade dos Grand Slam é outra. A sua melhor prestação continua a ser os quartos de final de Roland Garros. Pouco para quem já conquistou 10 títulos ATP, entre eles um Masters Final.

Se Medvedev não era favorito diante Djokovic (4-6, 7-6, 2-6, 3-6), Borna Coric tinha boas chances diante Lucas Pouille (7-6, 6-4, 5-7, 6-7). O francês igualou o seu melhor registo em um Major, como acontecera em Wimbledon e US Open, em 2016.

Djokovic continua a ser o grande favorito para se tornar o maior campeão da história de Melbourne. Mas para isso, terá que ultrapassar Nishikori. O japonês, que eliminou João Sousa na ronda inagural (7-6, 6-1, 6-2) vem de uma autêntica maratona com Carreño Busta (6-7, 4-6, 7-6, 6-4 e 7-6). Por outro lado, Nishikori atravessa um bom momento, com a vitória em Brisbane.

Nadal, de regresso à competição desde o US Open, também é sempre um nome a ter em conta, mas o seu sucesso dependerá da sua condição física.

Até domingo tudo está em aberto. E apesar da ‘velha guarda’ ser favorita, parece cada vez maior o equilíbrio de forças da nova geração. Veremos como evolui o ano, ainda que, por agora, pareça difícil que um novo rosto vença o primeiro Major do ano.

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André Dias PereiraDezembro 13, 20187min0

Um ano que começou por ser de sonho terminou com mais interrogações do que certezas. Foi assim o 2018 de Roger Federer. Aos 37 anos, o multicampeão suíço não tem nada a provar. É o jogador com mais Grand Slam (20), o mais velho a vencer um Major e também a ser número um mundial. Mas até onde pode chegar o suíço? Tem condições para continuar a aumentar o seu legado em 2019?

Depois de um 2017 arrebatador, com sete títulos ATP, a expectativa era alta para saber se o helvético poderia recuperar a condição de número 1 mundial. Ou, pelo menos, voltar a ganhar um Grand Slam. E a resposta não poderia ter sido mais assertiva. Em Janeiro conquistou o Australian Open pela sexta vez, revalidando o título do ano anterior.  No mês seguinte regressou à condição de número 1 mundial. Tornou-se o mais velho de sempre a conseguir esse feito, após nova vitória (a terceira) em Roterdão. Federer estava em estado de graça. E as paragonas dos jornais eram retumbantes perante o crescimento da sua lenda.

Com Nadal em crescendo, mas longe do seu melhor, e Djokovic ainda há procura da melhor forma, Federer tinha em Del Potro e Cilic, nesta fase do ano, os seus grande rivais. E foi precisamente diante o argentino que perdeu o seu primeiro jogo do ano, na final de Indian Wells. Ainda assim, as 17 vitórias consecutivas em início de temporada representaram um record para o suíço. Foi, contudo, sol de pouca dura. E os primeiros sinais de que Federer já não tem o fulgor de outros tempos, deu-se em Miami. Caiu surpreendentemente na primeira ronda para Thanasi Kokkinakis.

Em boa verdade, voltar a alcançar a liderança mundial nunca foi uma obsessão para Federer. O próprio assumiu que, aos 36 anos, seria difícil consegui-lo, ou pelo menos, manter essa condição. E, talvez seja bom reconhecer que se tratou de algo circunstancial. Não que Roger Federer não o pudesse conseguir. O ano de 2018 mostrou que Federer, Nadal e Djokovic continuam dominantes no circuito. E com o espanhol ainda em fase de calibração e Djokovic a reccuperar confiança, Federer soube, com profissionalismo, gerir os torneios para reconquistar o topo da hierarquia.

A gestão na terra batida

Em 2017, a ausência na terra batida foi uma fórmula de sucesso para um retumbante segundo semestre. Só que essa fórmula não resultou em 2018, mesmo falhando Roland Garros. É certo que esse piso nunca foi o seu ponto forte, ou uma prioridade. Sobretudo depois de completar o carreer Grand Slam e se ter destacado como o maior campeão de Major. Só que essa gestão também lhe trouxe críticas. Ion Tiriac, diretor do Open de Madrid, foi um deles, comparando o suíço a Lewis Hamilton. “Ele não opta por não competir depois de disputar apenas cinco corridas de F1”.

E em boa verdade, Federer nem precisou da terra batida para voltar a ser líder mundial. O suíço não tinha qualquer ponto a defender e no regresso aos courts venceu em Roterdão e Estugarda, voltando a ser número 1. Outra vez, mais elogios. Agora de John McEnroe. “Não entendo como pode, nesta idade, jogar ainda a este nível”, disse.

Estávamos, por esta altura, a meio da temporada. Wimbledon aproximava-se e Federer era o grande favorito. Mesmo aos 36 anos. Mesmo já tendo atravessado diferentes gerações, de Sampras e Dimitrov. Mesmo, uma semana antes, ter perdido para Borna Coric a final de Halle, que lhe retirou a liderança mundial. Poucos levaram a sério esse aviso. Não que Federer tenha estado mal. Mas teve mais dificuldades em converter pontos no primeiro serviço (74) e converteu apenas um break point.

Roger Federer poderá voltar à terra batida em 2019. Foto: Independent.co.uk.

Federer cai com estrondo em Wimbledon

Uma semana depois, o choque. Roger Federer é eliminado nos quartos de final de Wimbledon perante Kevin Anderson. “Senti-me bem, mas não foi o meu dia”, justificou o octacampeão do All England Club. Como em Halle, o suíço pareceu displicente e distraído. Foi assim ao cancelar um serviço por um avião passar, ou ao falhar completamente uma direita depois de um fã ter gritado. Por algum motivo, Federer nunca esteve no total comando da partida, não dando sequência a pontos importantes.

Essa falta de consistência prolongou-se por outros torneios, já na temporada de piso rápido. Em Cincinnati perdeu a final para Djokovic. Mas a grande desilusão deu-se no US Open, onde perdeu para John Millman na quarta ronda, num jogo onde cometeu 77 erros não forçados, 10 duplas faltas e finalizando apenas 49% de primeiros serviços. Foi um dos piores registos da sua carreira, mas ainda assim, garantiu os pontos suficientes para jogar o Masters Final, onde cairia nas meias-finais diante Alexandre Zverev. Nos Masters de Shangai e Paris caiu para Borna Coric e Novak Djokovic, os carrascos de 2018. Pior que as derrotas, a forma como foram alcançadas fizeram soar os alarmes sobre o que esperar ainda de Federer.

E agora, 2019?

Federer tenta, em 2019, tornar-se o maior campeão de torneios ATP. Foto: BBC.com

Aos 37 anos parece claro que Roger Federer tem ainda capacidade para gerir o seu prestígio nos courts, vencer alguns torneios e ir longe em Grand Slam. O suíço refere que nesta idade é impossível prever o que vai acontecer dentro de dois anos, mas sente-se bem no circuito e, nesta fase da carreira, tudo depende da sua família.

Numa temporada muito pode acontecer e 2018 é uma boa prova disso mesmo. Mas a ideia que fica do ano que agora acaba é que, por exemplo, Novak Djokovic está à frente do suíço. É número 1 mundial e com o regresso do sérvio ao mais alto nível é praticamente utópico pensar que Federer poderá recuperar a liderança na hierarquia.

Tal como em 2016 e 2017 o sucesso da temporada do suíço dependerá da gestão dos torneios que fizer. E ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, tudo aponta para que o helvético volte a jogar a terra batida em 2019. “É uma hipótese em cima da mesa. Tenho avaliado e há várias ofertas, mas vamos ver”, explicou. Uma dessas hipóteses é jogar o ATP Barcelona. A prova tem sido dominada por Nadal (11 títulos) e nunca contou com a participação do suíço nos últomos 10 anos. A organização tem feito agora um esforço para recuperar a participação de Federer.

Com Djokovic ainda a um nível excepcional, Nadal intermitente devido a lesões, e com a consolidação de Zverev e Thiem, para além de outros jogadores da nova geração, é pouco provável que Federer volte a erguer Majors. Wimbledon será por certo o foco da sua temporada e a razão de toda a sua preparação. E, em boa verdade, é no All England Club que tem mais chances de ser feliz. Mas mais depressa, talvez, consiga quebrar o último recorde que lhe resta. Ultrapassar Jimmy Connors como o maior campeão de torneios ATP. Connors somou 109 e Federer está com 102.

André Dias PereiraNovembro 26, 20182min0

Marin Cilic foi elevado à categoria de herói nacional. Ao vencer o francês Lucas Pouille (7-6, 6-3 e 6-3), o número sete mundial carimbou o terceiro ponto  sobre a França (3-1) e o segundo título da Croácia na Taça Davis, a mais importante competição de selecções de ténis.

Jogado no estádio Pierre Maruoy, em Lille, a França apresentava-se como a grande favorita. Não só pela tradição – 10 títulos – mas também porque jogava em casa e tinha um elenco recheado de estrelas. Entre outros, Lucas Pouille, Jo Wilfred Tsonga e Jeremy Chardy. Já a Croácia, tinha Marin Cilic e Borna Coric como principais trunfos.

Coric abriu vantagem para a Croácia, vencendo Chardy por 3-0 (6-2, 7-5 e 6-4). Cilic ampliou a vantagem ganhando ao experiente Jo Wilfred Tsonga (6-3, 7-5 e 6-4). O melhor que os gauleses conseguiram foi reduzir a desvantagem no jogo de duplas. Herbert e Mahut levaram a melhor sobre Dodig e Pavic (6-4, 6-4, 3-6, 3-6 e 7-6).

Cilic foi depois chamado de novo a jogar. E contra Pouille o croata fez jus ao seu favoritismo para fechar a final por 3-1 e devolver um título que fugia desde 2005. O treinador Yannick Noah tinha optado, à última hora, por trocar Jeremy Chardy por Pouille. Uma estratégia que se revelou infrutífera e que visava recrear o heroico triunfo sobre Steve Darcis o ano passado. A França não conseguiu, porém, tornar-se a primeira equipa a recuperar de uma desvantagem de 2-0.

Por seu lado, a Croácia revisitou a vitória de 2005. Os croatas eram, então, liderados por  Ivan Ljubicic e Mario Ancic. Em 2016, estiveram perto de voltar a vencer, contudo a Argentina levou a melhor por 3-2.

Taça Davis muda em 2019

“Não é todos os dias que te tornas campeão mundial. É um sonho tornado realidade”, disse Cilic. O troféu finaliza com chave de ouro um ano de altos e baixos para o gigante, em que venceu também o torneio de Queens.

Esta foi a última edição da Taça Davis antes da mudança de figurino. A partir do próximo ano os jogos, ao invés de serem jogados ao longo de todo o ano, deverão ocorrer todos em uma semana, em Novembro. Alguns jogadores, como Zverev, estão relutantes quanto a essa possibilidade.

Os paíse serão divididos em seis grupos, onde todos jogarão entre si. Dos 18 finalistas,12 são definidos através de uma fase de qualificação, envolvendo 24 países, e que será jogada em Fevereiro. Também participam da fase final os quatro semi-finalistas de 2018 e dois convidados. Os seis vencedores dos grupos, mais os dois segundos melhores classificados, apuram-se para os quartos de final.

André Dias PereiraOutubro 15, 20183min0

Novak Djokovic está irresistível. O tenista sérvio conquistou, este domingo, o Masters de Shangai pela quarta vez. É também o 32º título Masters 1000 daquele que é, desde esta segunda-feira, o número dois mundial. Apenas 215 pontos o separam agora do líder Rafael Nadal.

O ano, recorde-se, começou com mais interrogações do que certezas. A recuperar de uma lesão, Djokovic começou de forma tímida, sendo afastado na quarta ronda do Australian Open, por Chung Hyeon. Seguiram-se Indian Wells e Miami. Em ambos caiu nas primeiras rondas. Nolan questionava, por esta altura, se poderia voltar ao que fôra anteriormente. Na temporada de terra batida começou a subir de forma e a partir dos torneios em relva voltou aos títulos. E logo em Wimbledon. No piso rápido confirmou a subida de forma, vencendo Cincinnati e o US Open.

Agora, foi a vez de ganhar Shangai. Frente ao croata Borna Coric precisou de 1h36 para vencer por 6-3 e 6-4. Foi a quarta vez que Djokovic venceu em Shangai. As outras foram em 2012, 2013 e 2015.

Djokovic foi superior durante todo o jogo, nunca cedendo qualquer jogo de serviço. Por outro lado, o sérvio conseguiu quebrar o serviço a Coric no segundo set, para começar a construir a vitória por 6-3. Na segunda partida, Djokovic começou logo por quebrar o serviço do croata. Coric ainda conseguiu salvar três match points mas acabou por perder por 6-4.

É preciso realçar, contudo, o percurso de Coric, 22 anos, de idade.  Vencedor de Halle, este ano, o croata jogava a sua primeira final Masters 1000 da carreira.

Para chegar à final deixou para trás, entre outros, jogadores como Stanislas Wawrinka (4-6, 6-4 e 6-3), Juan Martin Del Potro (o argentino desistiu por fratura no joelho e não tem previsão de regresso) e Roger Federer (duplo 6-4).

O ano de 2018 confirma, assim, todo o talento do croata e mostra que é um jogador que é preciso ter em conta em 2019. Recorde-se que Coric foi ainda semi-finalista em Indian Wells. A partir desta segunda-feria será 13 mundial.

A surpresa Mathew Ebden

O desaire de Roger Federer faz aumentar o alarme em torno do suíço. Nas temporadas de relva e piso rápido, manteve-se intermitente. Federer até começou bem a temporada, vencendo o Australian Open, mas depois da pausa feita na terra batida, não conseguiu retomar tão pujante quanto se esperava. Apesar da final de Wimbledon, tem vindo a acumular muitos erros que têm sido comprometedores. “Estou feliz com o meu jogo, mas Coric foi melhor”, assumiu o helvético. E a verdade é que Coric raramente permitiu qualquer recuperação ou crescimento de Federer na partida.

Neste torneio de Shangai há ainda a destacar Mathew Ebden. O autraliano caiu nos quartos de final, o seu melhor registo em 13 anos de carreira. Para isso, deixou para trás jogadores como Dominic Thiem (6-4, 6-7 e 7-6) e Frances Tiafoe (3-6, 6-4 e 6-3).

A vitória de Djokovic sobre Coric, foi a quarta do sérvio em Shangai.

 

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André Dias PereiraJulho 2, 20183min0

Arranca esta segunda-feira mais um torneio de Wimbledon. É preciso recuar até ao ao ano de 1877 para lembrar a primeira edição, então vencida por Spencer Gore. Mas de então para cá ninguém foi mais bem sucedido do que Roger Federer. Foram oito vitórias, a última das quais o ano passado.

A questão levantada é se aos 36 anos o tenista suíço vai ampliar a sua lenda no All England Club. Federer parte como favorito, mas a sua condição de número 2 mundial obriga-o a um percurso mais espinhoso para atingir a final. A estreia será feita diante Dusan Lajovic (57º). Mas poderá encontrar Borna Coric – com quem perdeu a final de Halle – ou Marin Cilic, a partir dos quartos-de-final.

Roger Federer repete a fórmula de sucesso de 2017. Este ano falhou novamente toda a temporada de terra batida, regressando em Estugarda. O helvético venceu o torneio germânico e perdeu, depois, a final de Halle. Ganhar Wimbledon é o grande objetivo de Federer para 2018. Foi o próprio quem o disse, explicando que para isso “é importante estar mentalmente forte e em boas condições físicas”.

Como grande rival o suíço terá, como sempre, Rafael Nadal. O espanhol decepcionou nas últimas edições mas, este ano, chega com outra pujança. E com confiança reforçada. Nadal, recorde-se venceu há um mês Roland Garros. O maiorquino arranca no torneio britânico diante o israelita Dudi Cela. Ser número 1 do mundo garante-lhe também um percurso melhor para atingir uma eventual  final. Ainda assim, Del Potro, Denis Shapovalov e David Goffin são alguns possíveis rivais.

Murray ausente, Edmund é a esperança da casa

Quem está fora de Wimbledon é Andy Murray. O britânico desistiu de disputar o torneio britânico na véspera do seu início. A recuperar de uma lesão no quadro, Murray diz não estar em condições de jogar. Aos 31 anos, o bicampeão de Wimbledon atingiu os quartos de final o ano passado. Parado há onze meses por lesão e com uma cirurgia em Janeiro, o seu regresso estava apontado para Wimbledon.

Quem também corre por fora é Novak Djokovic. Com uma temporada irregular o sérvio pode jogar com Nadal nas meias-finais. O início será, contudo, diante Tennys Sandgren. Mais difícil poderá ser Kyle Edmund (18º), que, desde a ausência de Murray se tornou a grande esperança britânica. No Australian Open foi semi-finalista. Em Marraquexe, foi finalista vencido. Agora, a jogar em casa, será interessante acompanhar o seu percurso. Djokovic e Edmund porderão medir forças na terceira ronda.

Jogadores como Alexander Zverev, Nick Kyrgios e Denis Shapovalov são outros jogadores da nova geração que correm por fora. Tal como o já citado Borna Coric, que, na relva, tem evoluído a um nível capaz de conquistar Halle sobre Federer.

Contudo, o jogo mais atraente da ronda inaugural coloca frente a frente Stanislas Wawrinka e Grigor Dimitrov. O suíço está a ter um ano de pesadelo, longe da sua melhor forma e fora do top-200. O búlgaro, número seis mundial, ainda não conquistou qualquer troféu este ano.

Mais do que um torneio, Wimbledon é o mais importante evento de ténis do ano. Tradição, glamour e prestígio aliados a ténis de alto calibre. O torneio dos cavalheiros vai começar.

 

Wimbledon, 2018. O trailer


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