WNBA 2023 e a grande final da WNBA entre Liberty e Aces

Lucas PachecoOutubro 5, 20239min0

WNBA 2023 e a grande final da WNBA entre Liberty e Aces

Lucas PachecoOutubro 5, 20239min0
A grande final da WNBA 2023 já está escolhida e será Nova Iorque Libery e Las Vegas Aces... mas será a melhor final?

A temporada 2023 da WNBA aproxima-se do fim. Como todos esperavam, o script e as expectativas se concretizaram e as duas ‘super equipes’ chegaram à final; cartas marcadas devido ao acúmulo de talento acumulado por Las Vegas Aces e New York Liberty, as remanescentes na busca pelo troféu. Faltam entre 3 a 5 partidas, uma vez que a final é disputada em melhor de cinco, mas a partir das semis, as probabilidades de acerto despencam e o equilíbrio promete dar o tom da grande final.

Las Vegas Aces almeja o bi-campeonato consecutivo, feito que não não acontece desde o distante 2002, ainda nos primórdios da liga. Poucas equipes na história produziram em nível tão alto após uma conquista: o Aces acrescentou Candace Parker e Alysha Clark, e a despeito da precoce contusão de Parker (não deve retornar neste ano) o time melhoru sua defesa e seu ataque. A técnica Becky Hammon, em seu segundo ano, sedimentou princípios táticos que propiciaram atuações individuais ainda melhores que em 2022. A franquia alcançou um objetivo e irá atrás da consagração definitiva; a bem da verdade, a equipe navegou em águas plácidas durante a temporada regular e playoffs. Pôde se preparar e adaptar para a provável rival na final – a hora chegou.

O New York Liberty, pelo contrário, revirou do avesso e inseriu no quinteto titular um trio de ouro – a MVP Breanna Stewart, a ex-MVP Jonquel Jones e a armadora Courtney Vandersloot. Para a segunda unidade, o GM obteve ainda a utilíssima wing Kayla Thornton. Apesar de iniciar um trabalho particamente do zero, a técnica Sandy Brondello conseguiu atingir o patamar desejado e conquistou a Comissioner’s Cup, justamente sobre o Aces, na casa das rivais. O primeiro título da franquia, ao qual elas desejam somar o da temporada.

A final da Comissioner’s Cup exemplifica o equilíbrio para a Final: em 4 duelos na fase regular, cada equipe venceu os jogos como mandante, deixando a série empatada. O título de meio de temporada de New York marca a exceção que confirma a regra e demonstra a imprevisibilidade da finalíssima. Ainda em junho, o Aces venceu com facilidade, por 98 x 81, em um momento de construção do plano tático e coletico do Liberty; foi, também, o único duelo com participação de Candace Parker. A partida deve ser encarada com muitas ressalvas, diferente dos demais confrontos, concentrados no mês de agosto, quando o Liberty já engrenara.

A partida do dia 06 de agosto deixou muita gente boquiaberta, com uma vitória expressiva do Liberty sobre o até então imbatível Aces; nada menos que 38 pontos de vantagem (99 x 61). O Aces equilibrou o primeiro tempo, porém acabou destroçado no segundo, tendo anotado módicos 17 pontos em 20 minutos. Os méritos do Liberty saltaram à vista: o time conteve um dos melhores ataques da história e trucidaram suas principais adversárias. O ânimo nova iorquino reverberou para a já citada final da Comissioner’s Cup, novamente reduzindo o poderoso sistema ofensivo de Hammon a pó. Jonquel Jones faturou o prêmio de MVP da partida, com um duplo-duplo e a imposição física perante o garrafão de Las Vegas – A’ja, na melhor temporada da carreira, sequer pontuou no segundo tempo.

Dois dias depois, no mesmo cenário, o Aces deu o troco, com placar final de 88 x 75. Não por coincidência, a vantagem foi construída no momento em que Jonquel sentou-se por problemas com falta no segundo quarto. Brondello experimentou uma formação menor, um small ball com Thornton ao lado de Stewart – sem sucesso. Quem brilhou por Las Vegas foi a armadora Chelsea Gray, a maior responsável pelo troco, com um triplo duplo. Por fim, na fase derradeira da temporada regular, o último duelo foi vencido pelas mandantes em Nova Iorque, por 94 x 85.

Cada vantagem deverá ser maximizada pelas equipes, assim como cada mínimo deslize poderá ser fatal. Os dois times ocupam a liderança da temporada em quase todos os quesitos, embora o ritmo de Las Vegas seja superior. À similaridade estatística, os confrontos individuais trazem mais equilíbrio. As duas melhores armadoras da liga (do mundo), as duas melhores jogadoras da liga (do mundo), duas chutadoras prolíficas com problemas defensivos (Kelsey Plum e Sabrina Ionescu), duas alas exímias marcadoras e capazes de pontuar aos montes em boas noites (Jackie Young e Betnijah Laney), duas técnicas excepcionais.

O ponto de desequilíbrio recai sobre a posição 5, com boa vantagem para New York. Tudo depende de Breanna Stewart, o motor que faz o time girar, mas quando Jonquel Jones desempenhou em alto nível, nem sequer Las Vegas teve chance. Dentre as 10 titulares, a pivô do Aces é disparada a pior em quadra. Nas três vitórias do Liberty sobre o Aces, Jonquel dominou a zona pintada, principalmente nos rebotes ofensivos, oferecendo segundas e terceiras chances, além da defesa sobre A’ja Wilson. Novamente, a queda na pontuação de A’ja contra o Liberty não é fortuito – de 22,8 na temporada cai para 15,2 nos 5 duelos contra o Liberty.

A mudança de chave no domínio do Aces aconteceu quando o Liberty congestionou o garrafão e obrigou A’ja a chutar de média distância. Travando o ataque fluido de Las Vegas, com boas estratégias defensivas para esconder ao máximo Ionescu, o Liberty adotou antídoto ofensivo semelhante ao proposto de Becky Hammon: se Ionescu era o alvo, NY passou a replicar contra Plum a estratégia, e deu muito certo. Com menos jogadas de isolamento que Las Vegas, NY explorou os mismatches oferecidos pela defesa de muitas trocas (várias preventivas) do Aces.

Particularmente os bloqueios na zona morta, paralelos às linhas laterias, trouxeram imensas dificuldades ao Aces e abriram diversos chutes de três. Se a cobertura chegava, havia uma chutadora de elite posicionada no lado contrário. As impressões dos confrontos pendem para o Liberty, que possui ainda mais profunidade no elenco e mais variação tática. Por exemplo, para diminuir o domínio de Jonquel no garrafão, o Aces pode adotar uma formação mais baixa – e NY possui as armas para contra-atacar.

Parte disso provem da ausência de Candace Parker; a violência doméstica praticada por Riquna Williams, levando ao seu afastamento, tampouco ajudaram o Aces; e há a parcela de Becky Hammon em usar uma rotação bem diminuta. Diferente do plano de jogo de Brondello, que pode inserir Marine Johannes e abusar dos chutes longos, ou fortalecer a defesa com Thornton, ou ainda variar a pivô com Stefanie Dolson, menos móvel mas tão inteligente quanto a pivô titular.

Talvez nada dessa prévia surta efeito e o Aces mostrou, em 2022, ser capaz de sair de adversidades e situações difíceis; Becky Hammon conduziu sua equipe de forma magistral ao título, com inovações táticas que serão fundamentais na disputa do bi. Las Vegas passou por muita dificuldade nas semis de 2022, contra o Seattle Storm de Breanna Stewart, e encontrou meios de vencer. Não soa improvável que Chelsea Gray reproduza as atuações do ano passado e elas serão fundamentais.

New York sofreu com aas dobras na bola contra o Connecticut Sun, na semi-final, e esse recurso pode aparecer em alguns momentos da final. A evolução gradual do Liberty será testada contra uma das melhores equipes da história da WNBA.

As partidas da Final ocorrem em formato melhor de cinco, com as duas primeiras (8 e 11 de outubro) e a última (dia 20, caso necessário) em Las Vegas. A terceira (dia 15) e quarta (dia 18, caso não ocorra uma surpresa e uma das equipes conquiste o título com uma improvável varrida) serão disputadas em Nova Iorque. A partir de agora, é tudo ou nada no duelo das duas ‘super equipes’. Vale o título da WNBA e o equilíbrio vai enfim aparecer na temporada 2023.


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