Novo episódio do Pausa Técnica com destaque para o título das NY Liberty, com uma revisão dos principais momentos da temporada
Novo episódio do Pausa Técnica com destaque para o título das NY Liberty, com uma revisão dos principais momentos da temporada
O New York Liberty enfim conquistou seu primeiro título da WNBA (sem contar a Comissioner’s Cup de 2023) após uma espera de 28 anos. Nada mais significativo para a liga, vez que o Liberty era a última das três únicas franquias originais (além de Los Angeles Sparks e Phoenix Mercury) a se manter em atividade, nem trocar de cidade, sem obter o troféu. A seca acabou e a cidade vê-se livre de uma sina nada auspiciosa para a franquia.
Após o boom inicial, nos anos finais dos anos 90, a liga viveu anos de queda na audiência e pouca valorização. Muitas trocas de cidade, franquias acabando, baixo investimento e um retorno financeiro pouco confiável, processo que começou a ser revertido a partir de 2020. O ‘ano da bolha’ engajou as jogadoras como nunca, mais ativas nas negociações e no planejamento da liga. O Liberty seguiu essa macro-tendência e após os vices em 1997, 1999, 2000 (derrotas para o mesmo adversário, o Houston Comets) e 2002 (perdeu para o Sparks), a franquia histórica passou por décadas de baixa.
O ostracismo coincidiu com o desleixo com que a franquia era gerenciada; a equipe chegou a ser deslocada para um ginásio minúsculo e mal localizado, onde jogou por duas temporadas. Mesmo contratações importantes, como a contratação de Tina Charles, ficavam isoladas em um mar de mediocridade, razão pela qual uma nova final foi atingida somente em 2023 – mas muita coisa havia mudado.
Fizeram um carro alegórico apenas para as lendas do New York Liberty. Isso é o que eu chamo de reconhecer o seu passado e respeitar quem fez parte dele! 🗽🤍
pic.twitter.com/NgIib3MZIg— NY Liberty Brasil (@nylibertybr) October 24, 2024
A franquia começou sua reconstrução em 2019, partindo do zero. Os novos donos (o casal Tsai) trocou tudo, desde o GM, passando pelo comando técnico, até chegar ao elenco. Em 2020, por exemplo, pela primeira vez o Liberty teve a escolha número 1 do draft, quando recrutaram Sabrina Ionescu, peça chave no título de 2024. Naquele ano, porém, com um time extremamente jovem, formado por jogadoras do draft, com pouca experiência, a campanha naufragou.
Gradativamente, a franquia foi se recolocando como contender, a partir de movimentos originados pelos donos de valorizar e investir na equipe. O time passou a sediar seus jogos no Barclay’s Center, construiu um centro de treinamentos, divulgou pesadamente e, na intertemporada entre 2022 e 2023, atraiu três jogadoras de primeira prateleira da WNBA: a pivô Jonquel Jones (MVP em 2021), a ala-pivô Breanna Stewart (1x MVP e bi-campeã) e a armadora Courtney Vandersloot (campeã em 2021). Elas se juntaram à ala-armadora Ionescu e à ala Betnijah Laney para formar um quinteto logo intitulado de ‘supertime’.
Para comandar o barco, nada menos que Sandy Brondello, campeã pelo Mercury e responsável por montar times competitivos anos após ano. Estava formada a espinha dorsal do elenco campeão. No primeiro ano juntas, a derrota na final (5ª derrota em final) para o Las Vegas Aces, o outro ‘supertime’ da liga, deixou marcas. O time precisaria melhorar ainda mais para atingir seu objetivo último. Veio a intertemporada, preparatória para 2024, e a direção trabalhou incansavelmente, buscando peças pontuais para bater seu arqui-rival Aces.
Curioso que Aces e Liberty representam os dois lados da mesma moeda; ambas franquias, com donos novos, se revitalizaram e ampliaram os investimentos. Por mais que tenham montado verdadeiros esquadrões, repletos de estrelas, ambos só conquistaram seu troféus devido às jogadoras coadjuvantes. Sem coletivo afiado, sem plano e estratégia tática, sem reservas capazes, não se conquista título na WNBA – demonstrando os limites da narrativa dos ‘supertimes’. Em uma liga pequena, de apenas 12 equipes, com tamanho talento, sempre houve esquadrões.
HOLY COURTNEY WILLIAMS pic.twitter.com/JYKu6P2L02
— CJ Fogler 🫡 (@cjzero) October 11, 2024
Quando a engrenagem começa a rodar, tudo se ajusta. NY já havia assegurado a chegada da ala alemã Leonie Fiebich (como moeda de troca em uma negociação) e convenceu-a a estrear na liga. Com uma ala desse quilate disponível, vinda de MVP na liga espanhola, estreia olímpica para seu país e um quase-MVP na Euroliga, Sandy Brondello fez a mudança crucial nos playoffs: sacou Vandersloot do quinteto titular e inseriu Fiebich, entregando a armação para Ionescu.
O ajuste repercutiu como raras vezes na liga: Brondello desmontou a dupla Ionescu/Sloot, maior vulnerabilidade defensiva de sua equipe no vice de 2023, deu liberdade para Ionescu comandar o show e abusar de suas infiltrações e inseriu uma verdadeira sniper no quinteto titular. Não à toa, a alemã assinalou estatísticas históricas (plus/minus essenciais para a vitória na semi sobre o Aces, além do aproveitamento bizarramente bom nas bolas de três pontos), acrescentando ainda a melhor defensora de perímetro do elenco, capaz de defender qualquer posição.
SABRINA IONESCU WITH THE DAGGER! 🗡️
She gives Sandy Brondello's New York Liberty a 2-1 lead heading into game 4 of the WNBA Finals! 🗽
WHAT. A. SHOT. 🤩
Get your WNBA action right here on ESPN! 🏀 pic.twitter.com/SHLOiIxW7g
— ESPN Australia & NZ (@ESPNAusNZ) October 17, 2024
Com tudo encaixado, a final (6ª da franquia de Nova Iorque) foi o momento de brilho de Brondello. A série contra o Minnesota Lynx (maravilhosamente descrita em New York Liberty: O grande campeão de 2024 da WNBA) entrou para a história, pelo equilíbrio nunca antes visto na história da liga. O desfecho veio somente na prorrogação do jogo desempate! Aqui, precisamos elogiar o tradicionalíssimo Minnesota: sem tantas estrelas individuais, a equipe de Cheryl Reeve apostou em um jogo coletivo e altruísta, construído em volta do talento indescritível de Napheesa Collier. A ala-pivô era cercada de jogadoras ágeis; uma das melhores defesas da temporada, com cobertura e comunicação acima da média, pareado por um ataque espaçado, com abuso de pick-and-roll.
Se o jogo 1, vencido pelo Lynx nos instantes finais, teve as digitais de Reeve, que apostou na formação baixa (small ball), Brondello deu o troco nas partidas seguintes. O duelo tático das técnicas foi um capítulo a parte na temporada, Reeve e Brondello seguiram ajustando durante a série: a técnica do Liberty praticamente obrigou a saída de Myisha Hines-Allen da rotação do Lynx ao torná-la uma nulidade ofensiva, liberando Breanna para cobrir o restante da quadra. No jogo 3, após um primeiro tempo fraco, Brondello simplificou o jogo e deixou a ala-pivô Breanna Stewart como principal condutora de bola e iniciadora do ataque (Ionescu estava mal até os minutos finais, quando acionou seu modo clutch).
A cereja do bolo veio no jogo 5, quando novamente o Liberty estava atrás do placar e sem poder de reação. Brondello partiu então, em um movimento arriscado, para o tudo ou nada, apostando em uma formação inédita nos playoffs, um big ball que vai na contramão da cartilha atual do basquete. Deu certo: com apenas uma “pequena” e 4 “altas”, o time voltou a ser competitivo, se recolocando na partida. Nyara Sabally (draftada em 2022) e Kayla Thonton (contratada como moeda de troca) mudaram o jogo, aliado ao evidente cansaço do Lynx (com menos peças a disposição). A formação escondeu as péssimas sequências de arremesso das suas protagonistas (Breanna com 9/36 e Ionescu, 6/34 combinados os dois jogos finais da série) e demonstrou, uma vez mais, o trabalho coletivo de New York.
Outros fatores influíram na série, como a contusão de Allana Smith no jogo 3, ou decisões questionáveis da arbitragem. Tampouco ajudou a péssima atuação de Courtney Williams na última partida, ou o calendário apertadíssimo das finais (série final esprimida em míseros 10 dias, impactando na condição física das atletas) mas nada apaga o trabalho formidável do Liberty, cujo título foi mais que merecido.
Antes de pensarmos nos próximos passos da liga, louvemos e exaltemos o indiscutível campeão. O New York Liberty enfim conquistou seu primeiro título e a hora é toda de comemoração. A liga e uma de suas poucas franquias originais fecham um ciclo, com promessas de mais crescimento para os próximos anos. Por ora, deixemos a mascota Ellie ditar as regras e colocar todo mundo para dançar ao ritmo da Big Apple.
In the final Ellie Stomp of 2024, Lil Mama crashes the party and performed her 2008 smash “Lip Gloss” alongside Ellie the Elephant and her dancers. pic.twitter.com/zWWjK6bFYB
— Jackie Powell (she/her) (@ClassicJpow) October 25, 2024
E um novo campeão se ergue na WNBA... New York Liberty! Eliseu Brito revê as finais da WNBA e como as nova-iorquinas chegaram ao título
A grande final da WNBA 2023 já está escolhida e será Nova Iorque Libery e Las Vegas Aces... mas será a melhor final?
Continua a luta pelos 1ºs lugares das conferências Oeste e Este da WNBA 2023 com o jogo entre Liberty e Aces a merecer amplo destaque
Lucas Pacheco traz mais algumas notas sobre a WNBA 2023, que tem tido grandes momentos desde o início da época
Lucas Pacheco tem estado atento ao início da WNBA 2023 e deixa algumas reflexões sobre o que tem sido mostrado até agora
Vamos para a nossa segunda-parte deste nosso guia de lançamento da temporada na WNBA que vai começar já neste dia 6, vamos falar um pouco de mais algumas equipas e do que podemos esperar nesta espetacular competição, por isso venham connosco porque esta temporada promete muito.
One last ride?#WNBATipoff presented by @CarMax starts on Friday, May 6th! pic.twitter.com/mVtWJg7Nd0
— WNBA (@WNBA) May 5, 2022
Vamos até Los Angels para falar das Sparks, uma equipa que apostou forte para não voltar a ficar de fora dos playoffs. O primeiro e principal ponto chave desta equipa é a defesa, vai ser uma dor de cabeça para os ataques tentar ultrapassar um conjunto tão bem organizado, a chegada de Liz Cambage trouxe centímetros e ainda ajudou a reforçar uma já ótima defesa. A juntar ao poderio no jogo interior, está a chegada da base Chennedy Carter, ela que não terminou a época passada por ter sido suspensa e que nesta temporada acabou por render pouco tanto em Israel como na Polónia, mas que em 2020 se mostrou como uma das jogadoras mais dinâmicas e uma das melhores scorers da WNBA. A questão é como estas estrelas vão funcionar ao longo da temporada, mas tudo para conseguirem uma época bem mais acima que a anterior.
Mudando para as Lynx, esta é a equipa mais difícil de analisar e de fazer qualquer previsão, isto porque Napheesa Collier a estrela da equipa pode falhar grande parte da temporada, a juntar a isso Damiris Dantas está a regressar depois de lesão, Angel McCoughtry chega de uma lesão no ligamento cruzado anterior, por isso mesmo muitas duvidas em relação a esta equipa e ao que podem conseguir. Sylvia Fowles, futura hall of famer vai ser preponderante neste conjunto pela experiência e muita qualidade, tal como Aerial Powers e Kayla McBride, mas as ambições estão condicionadas pelas lesões e limitações físicas.
Em NY existiram muitas mudanças, chegou Sandy Brondello que neste ano vai construir o que se espera que seja um futuro risonho em NY. Conseguiram contratar a experiente poste, Stefanie Dolson que garante o aumento da experiência e da profundidade desta equipa que é muito jovem e que vai ter no regresso Sabrina Ionescu a melhor notícia, uma das melhores jogadoras da liga passou dois anos a sofrer com uma lesão no tornozelo e com todos esses problemas ultrapassados vai de certeza ajudar a elevar esta equipa. A presença nos playoffs é algo real e provável, vai depender muito da química desta equipa e principalmente de como vão render nos duelos com as outras favoritas. Será o primeiro passo para futuras conquistas com Sandy ao leme das Liberty.
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— NBA Cares (@nbacares) May 5, 2022
As finalistas da temporada passada conseguiram reforçar a equipa, mas a grande questão vai ser Brittney Griner, a jogadora que se encontra presa na Rússia e que era uma das peças determinantes na equipa. Este conjunto conseguiu a líder ofensiva da temporada passada, Tinha Charles que vai ajudar a que a ofensivamente a equipa cresça muito, juntando-se a Diamnond Shields que no ataque vai também ajudar muito. A grande questão é perceber que impacto pode ter toda a situação de Griner nas suas colegas, sendo que em jogo vai obrigar a grandes mudanças, uma vez que a poste era a peça fulcral porque garantia o domínio nas tabelas e no jogo interior, sem ela Vanessa Nygaard vai ser obrigada a mudar a sua estratégia numa época que pode marcar o adeus a uma das melhores de sempre, Diana Taurasi que pretender terminar com o tão desejado título. Skylar Diggins-Smith irá continuar a ser uma das figuras maiores da liga e terá de subir ainda mais na hierarquia da equipa sem Griner.
Na época passada sofreram na segunda metade da temporada depois de um ótimo início, principalmente com as limitações física de Breanna Stewart. Este ano poderá ser o último do trio de luxo das Storm, falamos de Jewell Loyd, Sue Bird e Breanna, uma vez que uma das melhores de sempre, Bird poderá também ela estar a partir para a sua última temporada. Loyd é uma scorer de elite, Bird quer terminar em beleza, Breanna está saudável e ainda chegou Gabby Williams, MVP da Euroleague e a base Briann January. Com as estrelas saudáveis e com a chegada de jogadoras que aumentam a qualidade de uma das melhores equipas, podemos esperar uma temporada na luta pelo anel e de domínio na WNBA.
Chegamos a uma equipa que mais estou curioso para ver jogar, chegam de uma temporada onde as lesões foram as estrelas e onde Tyna Charles e Ariel Atkins tentaram de tudo para segurar e levar esta equipa que teve muitos problemas físicos. Elena Delle Donne está de volta, depois de dois anos complicados com vários problemas físicos, a MVP por duas vezes, está recuperada e pronta para brilhar e ajudar as Mystics a surpreender nesta temporada. Ole Miss e Shakira Austin adicionaram estatura e peso, além de irreverência a este conjunto, juntam-se a Natasha Cloud a máquina de assistências e com Elena recuperada o domínio no jogo interior é garantido, por isso mesmo podemos estar a falar de uma equipa de playoffs, desde que não voltem a ter novos problemas físicos.
Catch @S10Bird and the @seattlestorm as they take on the @minnesotalynx this Friday at 10pm/ET pic.twitter.com/r8P2SjjLvW
— WNBA (@WNBA) May 4, 2022
Ficou aqui um guia para a temporada, estrelas de regresso, mais jogos, mais animação, numa temporada que pode ser o fim de duas das maiores de sempre, por tudo isto, temos os dados lançados para uma época que promete muito.