Cyrille Aloísio convidou o José Andrade para fazer a antevisão da nova época da WNBA com destaque nas principais movimentações da offseason.
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Preparados para mais um March Madness? O Pausa Técnica fez a antevisão da super competição de basquetebol universitário e podes ver tudo aqui
Uma das maiores lendas do basquetebol mundial despediu-se das quadras com Lucas Pacheco a prestar uma homenagem a Diana Taurasi
Lucas Pacheco tratou de fazer um ranking das equipas da WNBA antes da competição começar, olhando para reforços e extensões de contrato
Continuamos com este power ranking da WNBA, agora para descobrir quem são os 6 que estiveram melhor durante o off season!
Greg Bibb segue por lá (péssimo sinal), mas aceitou uma redução em suas funções ao contratar Curt Miller como GM. De cara, ele contratou seu antigo assistente Chris Koclanes para técnico e conseguiu um bom retorno por Sabally. O time ganhou a escolha 1 do draft e aguarda ansiosamente que Paige Bueckers resolva o velho problema na armação do time. Se Koclanes conseguir melhorar a eficiência de Arike Ogunbowale e domar seu instinto ofensivo, será um baita ganho; ao seu redor, o elenco virou do avesso e adicionou peças promissoras (NaLyssa Smith, Luisa Geiselsoder, Mai Yamamoto, DiJonai Carrington, Ty Harris e Myisha Hines-Allen).
O Dallas patina desde que chegou no Texas, ao menos esta agência livre deixou um gosto saboroso, de mudança, na torcida. Difícil prognóstico de um elenco tão alterado, mas depois de temporadas de marasmo e continuidade, pelo menos vislumbramos uma luz no fim do túnel para esta WNBA.
A franquia pode ter dinheiro de sobra mas a falta de organização interna atrapalhou a agência livre. A franquia contratou uma GM, para demiti-la depois sem deixar legado. Becky Hammon assediou Dearica Hamby e ficou por isso mesmo. Tidas como retornos certos, as alas Alysha Clark (Seattle Storm) e Tiffany Hayes (Golden State) partiram, minando um banco já carente de opções. Até mesmo Sydney Colson preferiu a mudança (Indiana Fever)!
O resultado é, no momento, um elenco desbalanceado (das 9, 5 são pivôs, sendo a contratação de Cheyenne Parker-Tyus um dos poucos acertosda direção) e curto, curtíssimo. Bem verdade que Jewell Loyd chegou para repor a perda de Kelsey Plum, movimento que melhorará a defesa de forma imediata, mas a queda nas semis em 2024 deveria ter deixado lições. A offseason comprovou que não.
Para piorar, os dois principais assistentes técnicos de Hammon saíram para assumir como treinadores principais. O Aces saiu de um projeto de dinastia para um elenco cheio de lacunas. 2025 será um longo ano para Las Vegas.
Muitas críticas podem ser endereçadas à franquia de Phoenix, afinal perderam um de seus esteios, a pivô Brittney Griner. Porém, não faltou ousadia: o time correu atrás de Satou Sabally, um dos principais nomes no mercado, e formou um trio com Kahleah Copper e (queixos caídos) Alyssa Thomas. Candidata perene a MVP e uma das melhores defensoras da WNBA, AT assinou com o Mercury e alçou o time no ranking. Independente do restante do elenco, o técnico Nate Tibbetts em seu segundo ano terá um trio explosivo e cascudo.
Hoje, o elenco conta com 9 jogadoras, ou seja, a agência livre está longe de encerrada. O dono, o GM, o técnico, as jogadoras, todos em Phoenix devem estar, a essa hora, ligando para Diana Taurasi e clamando por seu retorno para uma temporada de despedida. Com menos responsabilidade ofensiva, com mais defensoras de elite a seu lado, é a chance de perseguir o quarto título. Se ela voltar e concordar com um papel menor, o time ganha um dínamo para seu banco – e convem não duvidar do talento e da resiliência de Taurasi.
Após um primeiro ano de caloura de Caitlin Clark já excelente, findando a seca de playoff, o time tornou-se ainda melhor. Chega a assustar o potencial do elenco, potencializado pela chegada (retorno) da técnica Stephanie White. O time acabou a conturbada relação com NaLyssa Smith e trouxe, para repor a posição 4, uma das melhores operárias da WNBA, a experiente Natasha Howard. Por melhor que seja o desenvolvimento de Lexie Hull, para a posição 3 o time incorporou a multi-campeã DeWanna Bonner, no topo de muitas estatísticas históricas da liga.
O quinteto titular melhorou e adicionou experiência; o banco terá a própria Hull e Sophie Cunningham, egressa do Phoenix Mercury, reforçando as alas (principal lacuna em 2024), e trazendo flexibilidade e variedade nas formações (Bonner na 4, por ex). A defesa, penúltima em 2024, ganhou novos ingredientes para mesclar e só tende a evoluir; o vistoso ataque passará por ajustes, mas a renovação de Kelsey Mitchell garante a explosiva dupla com Clark no perímetro.
O céu é o limite para a franquia, já no segundo ano de Clark na WNBA.
A franquia optou, depois de ficar a milímetros do título em 2024, por uma agência Livre tranquila, sem grandes movimentos. Tal qual o Liberty, o time manteve o quinteto titular e as principais peças do banco. O maior movimento foi a contratação da pivô francesa Marieme Badiane, para ocupar o lugar deixado pela partida de Myisha Hines-Allen (Dallas Wings). Badiene encaixa-se, em teoria, como uma luva na proposta: ágil, móvel, que compensa a baixa estatura com muita disposição e atenção aos detalhes.
Ela não será protagonista e poderá se dedicar aos pequenos detalhes, essenciais em uma quadra de basquete. Se Diamond Miller voltar à forma dos tempos de universidade, adicionará uma fagulha na ala na segunda unidade, fundamental para as ambições (título) do Lynx. Detalhe: o elenco conta no momento com 10 atletas e novos nomes devem chegar antes da temporada para o caldo da exigente técnica Cheryl Reeve.
O excelente trabalho do GM Jonathan Kolb nos anos anteriores resultou no inédito título de 2024; ele forneceu as peças para a técnica Sandy Brondello formatar um time campeão e o trabalho foi tão bem feito que ainda rende dividendos. É certo que as saídas de Kayla Thornton (Golde State Valkyries) e Courtney Vandersloot (Chicago Sky) serão sentidas, mas o time seguirá com o quinteto titular intacto, na esperança de que outras peças acessórias supram a ausência. Na ala, Rebekah Gardner e Kennedy Burke repõem as funções de Thornton; na armação da segunda unidade, aposta no desenvolvimento das jovens Jaylyn Sherrod e Markesha Davis. Brondello terá a temporada regular inteira para esse desenvolvimento e, em último caso, diminuir a rotação na armação para as titulares.
O time perdeu peças importantes do título da WNBA do ano passado – fato – mas está bem situado na busca do bicampeonato, largando a frente de todas as concorrentes mesmo com uma pacata agência livre.
Happy to welcome our KB back! 💪 pic.twitter.com/xZytnsIIOA
— New York Liberty (@nyliberty) February 1, 2025
Eliseu Brito faz uma última retrospectiva do ano 2024 para o basquetebol feminino, olhando para a WNBA, NCAA e Jogos Olímpicos
Lucas Pacheco olha para as movimentações offseason da WNBA com várias novidades a merecerem destaque neste artigo
Novo episódio do Pausa Técnica com destaque para o título das NY Liberty, com uma revisão dos principais momentos da temporada
O New York Liberty enfim conquistou seu primeiro título da WNBA (sem contar a Comissioner’s Cup de 2023) após uma espera de 28 anos. Nada mais significativo para a liga, vez que o Liberty era a última das três únicas franquias originais (além de Los Angeles Sparks e Phoenix Mercury) a se manter em atividade, nem trocar de cidade, sem obter o troféu. A seca acabou e a cidade vê-se livre de uma sina nada auspiciosa para a franquia.
Após o boom inicial, nos anos finais dos anos 90, a liga viveu anos de queda na audiência e pouca valorização. Muitas trocas de cidade, franquias acabando, baixo investimento e um retorno financeiro pouco confiável, processo que começou a ser revertido a partir de 2020. O ‘ano da bolha’ engajou as jogadoras como nunca, mais ativas nas negociações e no planejamento da liga. O Liberty seguiu essa macro-tendência e após os vices em 1997, 1999, 2000 (derrotas para o mesmo adversário, o Houston Comets) e 2002 (perdeu para o Sparks), a franquia histórica passou por décadas de baixa.
O ostracismo coincidiu com o desleixo com que a franquia era gerenciada; a equipe chegou a ser deslocada para um ginásio minúsculo e mal localizado, onde jogou por duas temporadas. Mesmo contratações importantes, como a contratação de Tina Charles, ficavam isoladas em um mar de mediocridade, razão pela qual uma nova final foi atingida somente em 2023 – mas muita coisa havia mudado.
Fizeram um carro alegórico apenas para as lendas do New York Liberty. Isso é o que eu chamo de reconhecer o seu passado e respeitar quem fez parte dele! 🗽🤍
pic.twitter.com/NgIib3MZIg— NY Liberty Brasil (@nylibertybr) October 24, 2024
A franquia começou sua reconstrução em 2019, partindo do zero. Os novos donos (o casal Tsai) trocou tudo, desde o GM, passando pelo comando técnico, até chegar ao elenco. Em 2020, por exemplo, pela primeira vez o Liberty teve a escolha número 1 do draft, quando recrutaram Sabrina Ionescu, peça chave no título de 2024. Naquele ano, porém, com um time extremamente jovem, formado por jogadoras do draft, com pouca experiência, a campanha naufragou.
Gradativamente, a franquia foi se recolocando como contender, a partir de movimentos originados pelos donos de valorizar e investir na equipe. O time passou a sediar seus jogos no Barclay’s Center, construiu um centro de treinamentos, divulgou pesadamente e, na intertemporada entre 2022 e 2023, atraiu três jogadoras de primeira prateleira da WNBA: a pivô Jonquel Jones (MVP em 2021), a ala-pivô Breanna Stewart (1x MVP e bi-campeã) e a armadora Courtney Vandersloot (campeã em 2021). Elas se juntaram à ala-armadora Ionescu e à ala Betnijah Laney para formar um quinteto logo intitulado de ‘supertime’.
Para comandar o barco, nada menos que Sandy Brondello, campeã pelo Mercury e responsável por montar times competitivos anos após ano. Estava formada a espinha dorsal do elenco campeão. No primeiro ano juntas, a derrota na final (5ª derrota em final) para o Las Vegas Aces, o outro ‘supertime’ da liga, deixou marcas. O time precisaria melhorar ainda mais para atingir seu objetivo último. Veio a intertemporada, preparatória para 2024, e a direção trabalhou incansavelmente, buscando peças pontuais para bater seu arqui-rival Aces.
Curioso que Aces e Liberty representam os dois lados da mesma moeda; ambas franquias, com donos novos, se revitalizaram e ampliaram os investimentos. Por mais que tenham montado verdadeiros esquadrões, repletos de estrelas, ambos só conquistaram seu troféus devido às jogadoras coadjuvantes. Sem coletivo afiado, sem plano e estratégia tática, sem reservas capazes, não se conquista título na WNBA – demonstrando os limites da narrativa dos ‘supertimes’. Em uma liga pequena, de apenas 12 equipes, com tamanho talento, sempre houve esquadrões.
HOLY COURTNEY WILLIAMS pic.twitter.com/JYKu6P2L02
— CJ Fogler 🫡 (@cjzero) October 11, 2024
Quando a engrenagem começa a rodar, tudo se ajusta. NY já havia assegurado a chegada da ala alemã Leonie Fiebich (como moeda de troca em uma negociação) e convenceu-a a estrear na liga. Com uma ala desse quilate disponível, vinda de MVP na liga espanhola, estreia olímpica para seu país e um quase-MVP na Euroliga, Sandy Brondello fez a mudança crucial nos playoffs: sacou Vandersloot do quinteto titular e inseriu Fiebich, entregando a armação para Ionescu.
O ajuste repercutiu como raras vezes na liga: Brondello desmontou a dupla Ionescu/Sloot, maior vulnerabilidade defensiva de sua equipe no vice de 2023, deu liberdade para Ionescu comandar o show e abusar de suas infiltrações e inseriu uma verdadeira sniper no quinteto titular. Não à toa, a alemã assinalou estatísticas históricas (plus/minus essenciais para a vitória na semi sobre o Aces, além do aproveitamento bizarramente bom nas bolas de três pontos), acrescentando ainda a melhor defensora de perímetro do elenco, capaz de defender qualquer posição.
SABRINA IONESCU WITH THE DAGGER! 🗡️
She gives Sandy Brondello's New York Liberty a 2-1 lead heading into game 4 of the WNBA Finals! 🗽
WHAT. A. SHOT. 🤩
Get your WNBA action right here on ESPN! 🏀 pic.twitter.com/SHLOiIxW7g
— ESPN Australia & NZ (@ESPNAusNZ) October 17, 2024
Com tudo encaixado, a final (6ª da franquia de Nova Iorque) foi o momento de brilho de Brondello. A série contra o Minnesota Lynx (maravilhosamente descrita em New York Liberty: O grande campeão de 2024 da WNBA) entrou para a história, pelo equilíbrio nunca antes visto na história da liga. O desfecho veio somente na prorrogação do jogo desempate! Aqui, precisamos elogiar o tradicionalíssimo Minnesota: sem tantas estrelas individuais, a equipe de Cheryl Reeve apostou em um jogo coletivo e altruísta, construído em volta do talento indescritível de Napheesa Collier. A ala-pivô era cercada de jogadoras ágeis; uma das melhores defesas da temporada, com cobertura e comunicação acima da média, pareado por um ataque espaçado, com abuso de pick-and-roll.
Se o jogo 1, vencido pelo Lynx nos instantes finais, teve as digitais de Reeve, que apostou na formação baixa (small ball), Brondello deu o troco nas partidas seguintes. O duelo tático das técnicas foi um capítulo a parte na temporada, Reeve e Brondello seguiram ajustando durante a série: a técnica do Liberty praticamente obrigou a saída de Myisha Hines-Allen da rotação do Lynx ao torná-la uma nulidade ofensiva, liberando Breanna para cobrir o restante da quadra. No jogo 3, após um primeiro tempo fraco, Brondello simplificou o jogo e deixou a ala-pivô Breanna Stewart como principal condutora de bola e iniciadora do ataque (Ionescu estava mal até os minutos finais, quando acionou seu modo clutch).
A cereja do bolo veio no jogo 5, quando novamente o Liberty estava atrás do placar e sem poder de reação. Brondello partiu então, em um movimento arriscado, para o tudo ou nada, apostando em uma formação inédita nos playoffs, um big ball que vai na contramão da cartilha atual do basquete. Deu certo: com apenas uma “pequena” e 4 “altas”, o time voltou a ser competitivo, se recolocando na partida. Nyara Sabally (draftada em 2022) e Kayla Thonton (contratada como moeda de troca) mudaram o jogo, aliado ao evidente cansaço do Lynx (com menos peças a disposição). A formação escondeu as péssimas sequências de arremesso das suas protagonistas (Breanna com 9/36 e Ionescu, 6/34 combinados os dois jogos finais da série) e demonstrou, uma vez mais, o trabalho coletivo de New York.
Outros fatores influíram na série, como a contusão de Allana Smith no jogo 3, ou decisões questionáveis da arbitragem. Tampouco ajudou a péssima atuação de Courtney Williams na última partida, ou o calendário apertadíssimo das finais (série final esprimida em míseros 10 dias, impactando na condição física das atletas) mas nada apaga o trabalho formidável do Liberty, cujo título foi mais que merecido.
Antes de pensarmos nos próximos passos da liga, louvemos e exaltemos o indiscutível campeão. O New York Liberty enfim conquistou seu primeiro título e a hora é toda de comemoração. A liga e uma de suas poucas franquias originais fecham um ciclo, com promessas de mais crescimento para os próximos anos. Por ora, deixemos a mascota Ellie ditar as regras e colocar todo mundo para dançar ao ritmo da Big Apple.
In the final Ellie Stomp of 2024, Lil Mama crashes the party and performed her 2008 smash “Lip Gloss” alongside Ellie the Elephant and her dancers. pic.twitter.com/zWWjK6bFYB
— Jackie Powell (she/her) (@ClassicJpow) October 25, 2024
E um novo campeão se ergue na WNBA... New York Liberty! Eliseu Brito revê as finais da WNBA e como as nova-iorquinas chegaram ao título