Fórmula 1: 2020 para trás, o que vem aí em 2021?

Gonçalo MeloJaneiro 7, 202111min0

Fórmula 1: 2020 para trás, o que vem aí em 2021?

Gonçalo MeloJaneiro 7, 202111min0
A época de 2020 terminou, e faltam pouco mais de 2 meses para se iniciar a próxima. Tudo o que vai mudar, desde motores, pilotos e nomes de equipas, está aqui.

Terminou mais uma temporada de Fórmula 1, provavelmente a mais suis generis dos últimos anos. A pandemia ameaçou fortemente o campeonato da rainha dos desportos motorizados, tendo acabado mesmo por provocar alterações no calendário que nos privaram de algumas corridas em traçados históricos como o Mónaco, Japão ou Canadá, tendo ainda adiado o esperado regresso ao técnico e complicado circuito de Zandvoort na Holanda.

No entanto, estas alterações permitiram a estreia do Autódromo Internacional do Algarve e o regresso do GP de Portugal, bem como o regresso da ação ao icónico circuito de Imola em Emilia Romagna, não esquecendo as provas em Mugello e no Istambul Park, tendo ambas proporcionado tremendos espetáculos.

Para a história ficam as primeiras vitórias na F1 de Pierre Gasly em Monza, e de Sérgio Pérez no Sakhir GP no Bahrain, e claro, mais um título para Hamilton, em novo passeio do britânico.

O que muda em 2021 na Fórmula 1?

As alterações nos regulamentos foram adiadas para a temporada de 2022, portanto, tudo o que não seja mais uma época de domínio da Mercedes será uma surpresa, sendo que a equipa alemã domina a seu belo prazer desde 2014, ano que marcou o início da era híbrida.

Ainda é cedo, naturalmente, para fazer previsões no que toca à competitividade das equipas, mas a Grid está praticamente completa, pelo que já dá para esboçar um pequeno desenho do que serão as várias lutas durante a próxima época.

Equipas e pilotos para 2021:

Mercedes

A equipa alemã é, curiosamente, a única que ainda não confirmou a dupla de pilotos para 2021, sendo que apenas Valtteri Bottas já foi oficializado. No entanto, a demora no anúncio da renovação de Lewis Hamilton tem alimentado algumas teorias que apontam para a possível subida de Russell à Mercedes, o que levaria à provável saída de Bottas.

O problema prende-se com o facto do jovem britânico demonstrar ser altamente competitivo e rápido, o que poderia por em causa o protagonismo de Hamilton dentro da equipa, algo que a Mercedes não viu com bons olhos quando Rosberg fazia parte da estrutura.

Ressalvar que o anuncio da renovação de Hamilton parece ser apenas uma cortina de fumo, pois não faria qualquer sentido o inglês sair quando tem oportunidade de ultrapassar Schumacher em numero de títulos no próximo ano.

Red Bull

A turma austríaca teve um 2020 estranho. Não competitiva o suficiente para lutar com a Mercedes, mas bem mais rápida que todas as outras equipas do “midfield”, os carros do touro vermelho sentiram dificuldades para lutar por vitórias, algo que só conseguiram por duas vezes, em Silverstone e em Abu Dhabi, ambas por Max Verstappen.

O parceiro do holandês, o jovem tailandês Alex Albon, nunca teve ritmo e capacidade para andar na frente a batalhar com os Mercedes, ficando apenas em 7º na classificação final. A sua má época levou a que não visse o seu contrato renovado.

Para o seu lugar entra o mexicano Sergio Pérez, de quem se espera mais pódios e mais competitividade para com o menino bonito da Red Bull, Max Verstappen. Albon vai ser o piloto de testes em 2021, ele que vai também competir na DTM (Deutsche Tourenwagen Masters).

Verstappen e Pérez prometem vários duelos intensos em 2021 (Photo by Lars Baron/Getty Images)

McLaren

Grande época em 2020 para a histórica equipa de Surrey, conseguindo um extraordinário terceiro lugar no mundial de construtores, e um grande sexto lugar no mundial de condutores para Carlos Sainz Jr.

Para 2021, algumas mudanças. Desde logo no carro. A equipa passará a usar motores Mercedes, voltando assim a parceria que grandes resultados proporcionou no final do século passado e início deste, onde a equipa venceu dois mundiais com Mika Hakkinen, tendo somado vitórias, pódios e lutas renhidas pelo titulo até à mudança para a era híbrida em 2014.

A outra mudança acontece ao volante. Sainz sai para a Ferrari, e vai ser substituído pelo carismático e talentoso australiano Daniel Ricciardo, que chega proveniente da Renault, para fazer parelha com o jovem fenómeno das redes sociais, Lando Norris. Uma das duplas mais entusiasmantes para 2021.

Racing Point (Aston Martin em 2021)

A época começou bem para a Racing Point, uma vez que o monolugar RP20 se apresentava rápido e competitivo em todos os aspetos. No entanto, essa competitividade, a juntar ao facto de o carro parecer uma cópia cor de rosa do W10 que a Mercedes usou em 2019, levou a queixas da Renault e da Mclaren, que, no entanto, em nada resultaram.

A equipa continuou a somar pontos e grandes resultados, onde se destacam os pódios de Pérez e Stroll na Turquia e em Itália, e o grande resultado da equipa em Sakhir, com Pérez a vencer a corrida e Stroll a fechar em terceiro (Stroll conseguiu ainda a única pole da equipa na Turquia).

Para 2021, mantém-se Lance Stroll, filho do acionista maioritário da equipa, mas sai Sergio Pérez, que dá lugar ao tetra campeão do mundo Sebastian Vettel, proveniente da Ferrari, com o alemão de 33 anos à procura de redenção depois de uma época sofrível na turma italiana.

Teremos Vettel de volta ao seu melhor em 2021?

Renault (Alpine em 2021)

A turma francesa teve um belo ano em 2020, muito devido à superlativa condução de Daniel Ricciardo, que somou dois pódios e 7 tops 5, não esquecendo ainda as voltas mais rápidas em Spa e Abu Dhabi. Esteban Ocon teve um regresso à Fórmula 1com altos e baixos, ficando a 57 pontos do seu colega de equipa.

Para 2021 a equipa muda de nome, para Alpine, numa espécie de promoção e propaganda à marca de carros desportivos francesa criada em 1955. Além do nome, muda também um dos pilotos.

Ricciardo muda-se para a rival McLaren, e para o seu lugar chega o veterano espanhol Fernando Alonso, regressado à Fórmula 1 depois de outras experiências em 2019 e 2020, voltando assim à equipa pela qual venceu os mundiais de 2005 e 2006. Ao seu lado estará o menino da casa, o francês Esteban Ocon.

Ferrari

Época desastrosa para a histórica escuderia italiana de Maranello na Fórmula 1. Falhando completamente na conceção do SF1000, a equipa andou sempre atrás do prejuízo, e só em situações esporádicas conseguiu aproximar-se do topo, com pódios de Leclerc na Áustria e Reino Unido, e de Vettel na Turquia.

Os pilotos falharam de forma constante a Q3 (terceira fase de qualificação, onde fica definida a ordem dos 10 primeiros para a corrida), e por consequência o top 10 nas corridas durante diversas ocasiões, ficando num paupérrimo 6º lugar no mundial de construtores, sendo preciso recuar ao século passado para encontrar resultado semelhante.

Veremos o que trará a Ferrari em 2021, sendo que o chefe de equipa Mattia Binotto já revelou ser difícil a equipa voltar a ser competitiva antes de 2022. A próxima época marca a despedida de Sebastian Vettel depois de 6 anos com a equipa, entrando para o seu lugar Carlos Sainz, que fará parelha com o monegasco Charles Leclerc.

Sainz chega à turma de Maranello para ser parceiro de Leclerc

Alpha Tauri

A antiga Toro Rosso ficou em sétimo lugar no campeonato de construtores, um lugar abaixo do que tinha conseguido em 2019. Pierre Gasly teve um excelente ano, com 9 classificações dentro do top 10 e a cereja no topo do bolo em Monza, com a sua primeira vitória na Fórmula 1, depois de uma corrida perfeita (foi apenas a segunda vitória da equipa italiana, tendo a outra acontecido já no longínquo ano de 2008, ainda Toro Rosso, depois de uma exibição monumental de Vettel, curiosamente também em Monza).

O seu parceiro Daniil Kvyat esteve uns furos abaixo, ficando a 43 pontos do seu colega na classificação. A sua irregularidade levou a equipa satélite da Red Bull a prescindir dos seus serviços, contratando para o seu lugar o japonês Yuki Tsunoda, o primeiro piloto nascido nos anos 2000 a competir na F1, ele que ficou em terceiro lugar no mundial de F2 este ano.

Gasly irá manter o seu lugar no próximo ano, numa época que pode definir se o francês tem ou não capacidade para almejar um carro superior ao Alpha Tauri.

Gasly venceu uma corrida em 2020. O que esperar em 2021?

Alfa Romeo

Ano muito fraco da equipa suíça, que somou apenas 8 pontos (o ano passado tinha somado 57), 4 para Kimi Raikkonen e 4 para Antonio Giovinazzi. Apesar da fraca temporada, a equipa mantém a confiança na sua dupla de pilotos, que transitará para a época 2021 da Fórmula 1.

O finlandês Kimi Raikkonen continua assim a ser o mais velho da grelha, com 41 anos, mais 21(!) que Tsunoda, o mais novo.

Haas

A equipa norte americana, tal como a Alfa Romeo, teve uma época para esquecer. Coincidência ou não, ambas têm motor Ferrari, o que pode explicar o falhanço em 2020. Apenas 3 pontos somados, um 9º lugar para Romain Grosjean, e um 10º para Kevin Magnussen. O francês Grosjean teve como grande highlight da temporada a forma como saiu quase ileso do seu grave acidente no Bahrain, considerado por muitos um milagre. Em síntese, uma época ao lado para a turma liderada pelo alemão Gunther Steiner.

Para 2021, total mudança de paradigma. Magnussen e Grosjean estão de malas feitas depois de 4 épocas juntos na equipa.

Para os seus lugares entram o campeão de F2, Mick Schumacher, filho do lendário Michael Schumacher, que muitos apontam como futuro piloto da Ferrari. O seu parceiro será o russo, também jovem, Nikita Mazepin, apenas quinto no mundial da F2 e aparentemente ainda longe do nível exigido na F1, mas dotado de um poderio financeiro e patrocinadores que a Haas não pôde ignorar.

Teremos novamente um Schumacher a triunfar na F1? (Photo by ANDREJ ISAKOVIC / AFP)

Williams

Terceiro ano consecutivo no último lugar da classificação da Fórmula 1 para a histórica equipa britânica de Grove. Ano de mudança, pois a equipa foi comprada pela Dorilton Capital, estando assim pela primeira vez desde a sua fundação fora da chefia da família Williams.

O conhecido gestor ligado aos desportos motorizados Jost Capito é o novo CEO da equipa, enquanto o experiente e ex-McLaren Simon Roberts é o novo chefe de equipa.

Depois de um ano em que a equipa não conquistou pontos (Russell somou 3, mas foi na corrida em que substituiu Hamilton na Mercedes), a confiança nos seus pilotos mantém-se, pois a dupla George Russell e Nicholas Latifi continua em 2021, isto se não existir ainda um golpe de teatro que catapulte o britânico para um lugar na Mercedes.


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