Arquivo de Charles Leclerc - Fair Play

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Luís MouraNovembro 3, 20244min0

Uma semana depois o filme voltou a repetir-se. A Ferrari venceu, desta vez com Sainz e sem dobradinha. Max Verstappen e Lando Norris tornaram a exceder os limites de pistas na luta por um campeonato que parece decidido. O México, em suma, foi a repetição do Texas, mas com um desfecho mais severo. Ao final de contas, o que se passou? Carlos Sainz foi, sem dúvida, o piloto mais completo do fim-de-semana. Conquistou a pole position sem grande discussão, todavia, contra as expetativas.

Depois do domínio de Leclerc, as fichas recaiam sob o monegasco, pelo menos nas hostes da Ferrari. A juntar à boa performance do Brasil, estava o facto de Sainz estar de saída da equipa em 2025. Ainda assim, o espanhol não se intimidou, e, perante o seu companheiro de equipa dominou o grande prémio e trouxe a vitória para casa. O adjetivo correto para caracterizar a performance do espanhol é mesmo domínio, principalmente na corrida, na qual não deu qualquer hipótese à concorrência. Esta vitória do Sainz poderá mesmo ser a última pela Ferrari. A faltar apenas quatro corridas esta época, e dada a concorrência entre os pilotos da frente do pelotão, é difícil que Sainz volte a vencer. É ainda importante destacar a falta de apoio dada ao espanhol. A Ferrari mal festejou o triunfo, inclusive Leclerc, que se mostrou pouco empático com o seu companheiro de equipa na hora da vitória.

Contudo, novamente, o destaque da corrida não foi o vencedor, mas sim Max Verstappen e Lando Norris. É caso para questionar: o que se passa na cabeça destes dois?

Por um lado, Verstappen. Os três campeonatos do mundo que conquistou parece não lhe terem dado mais tranquilidade e prova disso são as disputas que tem travado com Norris esta temporada, o único piloto que nos últimos anos ameaçou verdadeiramente a sua liderança. Vivemos na Áustria o primeiro episódio de uma longa que série que ainda não terminou. Quando bateu em Norris, na curva três, abriu um precedente de comportamentos, especialmente no seu campo, que prejudicam o desportivismo da competição. Repetiu-se no Texas e agravou-se no México. Verstappen foi penalizado em 20 segundos e arruinou a sua corrida, única e exclusivamente por culpa própria. A primeira penalização é discutível, no entanto, o seu comportamento no segundo incidente com Norris é altamente condenável. Verstappen não quis travar e, por pouco, não causou uma grave colisão com Norris, que poderia ter consequências indesejáveis. A atitude de Max foi irresponsável, o que não se justiça num piloto três vezes campeão do mundo. Talvez Max nunca venha a mudar.

Por outro lado, Norris. Foi uma mera vítima no último grande prémio, mas tem entrado numa luta que muito provavelmente não é dele. Quando teve a oportunidade de confortavelmente ameaçar a liderança de Max não foi capaz, e, agora, vê-se obrigado a correr atrás do prejuízo. Claro que nenhum piloto, em nenhuma circunstância, deita a toalha ao chão, mas Norris continua a entrar em confusões, nas quais é o único perdedor.

Segue-se o Brasil. Um fim-de-semana especial para a Fórmula 1. Vem à memória dos adeptos os tempos de Senna, a sua glória e ambição, mas também o seu desportivismo. Para quem nunca viu o brasileiro a correr, como eu, restam as histórias de quem teve esse privilégio. É descrito como um campeão, na verdadeira ascenção da palavra. Era importante que Max, como Hamilton, se inspirasse em Senna, e luta-se para trazer ao de cima o que de melhor há no desporto motorizado.


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