Seria sempre uma questão de tempo. A dúvida sobre quando Stefanos Tsitsipas iria ganhar o primeiro Grand Slam era se seria ainda em 2018 ou apenas em 2019. A resposta chegou em Estocolmo, este domingo. E com ela tornou-se o primeiro grego a conquistar um torneio ATP.
Aos 20 anos de idade Tsitsipas já não é uma promessa. É uma certeza. Ao vencer Ernests Gulbis (duplo 6-4) na final do ATP 250 Estocolmo, El Greco colocou a cereja no topo do bolo de uma grande temporada. E bem se pode dizer que à terceira foi mesmo de vez. Recorde-se que o grego havia sido finalista vencido no Canadá e em Barcelona. Em ambas perdeu para Rafael Nadal.
Esta foi, de resto, uma semana de sonho para Tsitsipas. Para chegar à final deixou para trás John Millman (6-4, 3-6 e 6-3), Philipp Kohlschreiber (6-3 e 7-6) e Fabio Fognini (6-3 e 6-2). Nesse período apenas perdeu um set. Contra Gulbis converteu dois break points e confirmou 83% dos pontos disputados com o primeiro serviço.
Gulbis, vencedor de seis títulos ATP na sua carreira, continua o jejum que perdura desde 2014. Talvez se esperasse mais de John Isner. Número 9 mundial era um dos principais favoritos à sucessão de Del Potro na galeria de vencedores. O argentino, recorde-se, encontra-se a recuperar de uma lesão contraída em Xangai e só deverá regressar aos courts em 2019. Isner eliminou os compatriotas Bradley Klahn e Tennys Sandgren, mas acabou afastado por Ernests Gulbis nas semi-finais: 1-6, 6-3 e 6-3.
Tsitsipas regista a sua melhor classificação
Com esta vitória Tsitsipas saltará quatro posições no ranking mundial a partir desta segunda-feira. Será o 16º do mundo, um lugar acima do melhor desempenho na carreira, registado em 13 de agosto de 2018.
Classificado para o ATP Next Gen Finals em Milão, Tsistipas ainda joga no ATP 500 da Basileia nesta semana, onde estreia contra o francês Jeremy Chardy.
Tsitispas conquistou assim o seu primeiro título ATP
Novak Djokovic está irresistível. O tenista sérvio conquistou, este domingo, o Masters de Shangai pela quarta vez. É também o 32º título Masters 1000 daquele que é, desde esta segunda-feira, o número dois mundial. Apenas 215 pontos o separam agora do líder Rafael Nadal.
O ano, recorde-se, começou com mais interrogações do que certezas. A recuperar de uma lesão, Djokovic começou de forma tímida, sendo afastado na quarta ronda do Australian Open, por Chung Hyeon. Seguiram-se Indian Wells e Miami. Em ambos caiu nas primeiras rondas. Nolan questionava, por esta altura, se poderia voltar ao que fôra anteriormente. Na temporada de terra batida começou a subir de forma e a partir dos torneios em relva voltou aos títulos. E logo em Wimbledon. No piso rápido confirmou a subida de forma, vencendo Cincinnati e o US Open.
Agora, foi a vez de ganhar Shangai. Frente ao croata Borna Coric precisou de 1h36 para vencer por 6-3 e 6-4. Foi a quarta vez que Djokovic venceu em Shangai. As outras foram em 2012, 2013 e 2015.
Djokovic foi superior durante todo o jogo, nunca cedendo qualquer jogo de serviço. Por outro lado, o sérvio conseguiu quebrar o serviço a Coric no segundo set, para começar a construir a vitória por 6-3. Na segunda partida, Djokovic começou logo por quebrar o serviço do croata. Coric ainda conseguiu salvar três match points mas acabou por perder por 6-4.
É preciso realçar, contudo, o percurso de Coric, 22 anos, de idade. Vencedor de Halle, este ano, o croata jogava a sua primeira final Masters 1000 da carreira.
Para chegar à final deixou para trás, entre outros, jogadores como Stanislas Wawrinka (4-6, 6-4 e 6-3), Juan Martin Del Potro (o argentino desistiu por fratura no joelho e não tem previsão de regresso) e Roger Federer (duplo 6-4).
O ano de 2018 confirma, assim, todo o talento do croata e mostra que é um jogador que é preciso ter em conta em 2019. Recorde-se que Coric foi ainda semi-finalista em Indian Wells. A partir desta segunda-feria será 13 mundial.
A surpresa Mathew Ebden
O desaire de Roger Federer faz aumentar o alarme em torno do suíço. Nas temporadas de relva e piso rápido, manteve-se intermitente. Federer até começou bem a temporada, vencendo o Australian Open, mas depois da pausa feita na terra batida, não conseguiu retomar tão pujante quanto se esperava. Apesar da final de Wimbledon, tem vindo a acumular muitos erros que têm sido comprometedores. “Estou feliz com o meu jogo, mas Coric foi melhor”, assumiu o helvético. E a verdade é que Coric raramente permitiu qualquer recuperação ou crescimento de Federer na partida.
Neste torneio de Shangai há ainda a destacar Mathew Ebden. O autraliano caiu nos quartos de final, o seu melhor registo em 13 anos de carreira. Para isso, deixou para trás jogadores como Dominic Thiem (6-4, 6-7 e 7-6) e Frances Tiafoe (3-6, 6-4 e 6-3).
A vitória de Djokovic sobre Coric, foi a quarta do sérvio em Shangai.
Reconheçamos, a Russia sempre foi uma potência no ténis. Ex-números 1 como Yevegny Kafelnikov, Marat Safin ou o ex-número 3, Nikolay Davydenko ajudaram a levar o seu país ao topo do ténis. A estes nomes, a Russia soma também duas Taças Davis e quatro Fed Cup.
Mas, reconheça-se também, desde há uns anos que os russos têm vindo a perder preponderância no ténis masculino, andando sempre longe do top-10 mundial.
Há, contudo, uma nova geração a despertar com um nome, para já, a sobrepor-se. Daniil Medvedev. Aos 22 anos está a cumprir uma temporada muito consistente. O ponto mais alto teve lugar este domingo, com a vitória no ATP 500 Tóquio. Foi o seu terceiro título do ano e da sua carreira. Os outros dois foram Sidney e Winston-Salem.
Medvedev esteve longe de ser o favorito. Teve que entrar no qualifying e para vencer disputou nada mesnos do que sete jogos. Neste percurso o russo perdeu apenas um set, contra Gerasimov na qualificação, não tendo perdido qualquer parcial no quadro principal. Até chegar à final com o anfitrião Kei Nishikori, Medvedev deixou para trás Moriya, Gerasimov, Schwartzman, Klizan, Raonic, e Shapovalov.
Na final levou a melhor sobre Kei Nishikori (6-2 e 6-4). Esta não foi apenas a maior vitória da sua carreira. Foi o culminar da sua melhor semana de ténis que o coloca no 22º lugar no ranking ATP. É o seu melhor registo, para já. Para o nipónico foi um golpe duro. Vencedor de 11 títulos na carreira, Nishikori esperava quebrar, em casa, o jejum que dura desde 2016, em Memphis (EUA).
Este não foi um ano fácil para Nishikori, que começou 2018 a recuperar de lesão grave. Foram cinco meses de paragem. Ainda assim, chegou aos quartos de final em Wimbledon e às meias-finais do US Open. Em ambas perdeu para Novak Djokovic.
O meteoro Medvedev e a geração russa
Pode dizer-se que Medvedev é um meteoro no circuito. A sua primeira aparição remonta a 2015, na Kramlin Cup. No ano seguinte estreou-se no circuito ATP, em Nice (França), perdendo para Guido Pella. A sua primeira vitória aconteceu poucas semanas depois, no Open Ricoh, diante Horacio Zeballos. Em 2017 jogou a sua primeira final. Foi na Índia, no Open Chennai, diante Roberto Bautista Agut. Por esta altura, o russo já era top-100 e ascendera a 65 do mundo. Este tem sido o ano da confirmação, já com três títulos no bolso. A final de Sidney, contra Alex de Minaur, 19 anos, tornou-se a mais jovem do torneio desde 1989.
Mas Daniil Medvedev não é o único rosto da nova geração russa. Andrey Rublev e Karen Khachanov são outros nomes para seguir com atenção.
Rublev, 20 anos, é ex-número 1 mundial de juniores. O seu maior feito, para já, foi vencer em Umag, em 2017, num torneio em que entrou como melhor rankiado para cobrir uma desistência. Ainda o ano passado, no US Open, atingiu os quatros de final depois de eliminar Grigor Dimitrov e David Goffin.
Khachanov, 22 anos, também já tem dois título. Foi em Chengdu, na China, em 2016 e este ano em Marselha. Com uma saque poderoso é atualmente o 27º do mundo.
Medvedev, Rublev e Khachanov. As três novas jóias do Kremlin, que prometem relançar a Rússia no patamar mais alto do ténis. É cedo, para já, prever até onde podem chegar. É, contudo, um sinal forte dado pela Federação Russa de Ténis.
Se há tenista que impactou o ténis dentro e fora dos courts, essa personalidade foi Jack Kramer. O norte-americano foi número 1 mundial em 1946, somou 35 títulos, entre os quais três Grand Slam. Mas foi o seu papel fora dos courts que deixou o nome para sempre ligado à modalidade. Ele foi um dos principais rostos da transformação da Era amadora para a Era profissional (Open), que aconteceu em 1968. Em 1972 ajudou a construír a Associação de Ténis Profissional (ATP) e tem o seu nome associado a uma das raquetes de ténis mais icónicas da história.
Mas vamos por partes. A ligação de Jack Kramer ao ténis começou ainda em criança. Apaixonado também por basquetebol, aos 13 anos, quando seus pais se mudaram para San Bernardino, Califórnia, Kramer concentrou-se exclusivamente no ténis, após ver um jogo de Henrry Ellworth Vines Jr.
No seu percurso amador começou por jogar na escola, mas as suas habilidades levaram-no rapidamente para Montebello, no sul da Califórnia, para jogar no LACT e no clube de ténis de Beverlly Hills. Ali jogou com nomes grandes como Ellsworth Vines, Bobby Riggs ou Bill Tilden. No final da década de 30 venceu vários torneios juniores, entre os quais o campeonato nacional da categoria.
Kramer completou, entre 1938 e 1947, sete Campeonatos Nacionais dos EUA. O seu primeiro Grand Slam foi em 1946, em Wimbledon. Nesse ano, acabaria por vencer o seu primeiro Major: US Open. Mas não se pense que foi fácil. Até chegar aqui, Kramer enfrentou várias adversidades. Uma apendicite afastou-o de dois torneios nacionais, também desenvolveu bolhas, entre outros obstáculos que adiaram o seu primeiro grande troféu.
Em 1947 voltaria a repetir esse feito, juntando ainda a vitória em Wimbledon. O seu sucesso levou-o a integrar a equipa norte-americana para a Taça Davis, vencendo nos anos 1946 e 1947. Em duplas, venceu quatro vezes o US Open (1940, 1941, 1943 e 1947) e duas Wimbledon (1946 e 1947).
O seu estilo de jogo agressivo, habilidade e equilíbrio levaram-no a número 1 mundial, em 1946.
O profissionalismo chegou em 1947, assinando um contrato de 50 mil dólares por ano. A sua estreia foi com Bob Riggs, no Madison Square Garden perante mais de 15 mil espectadores. Juntamente com Riggs, os dois convenceram outros nomes importantes a priorizarem o profissionalismo.
O impacto Jack Kramer
A mudança para o profissionalismo e a promoção do mesmo tinha por base uma visão. A de que o ténis amador não era sustentável. Por isso, convidou vários tenistas de outros países a jogarem no Madison Squere Garden. Em 1954 aposentou-se dos courts, mas não do ténis. Juntamente com Donald Dell e Cliff Drysdale, fundaram o ATP, em 1972.
Kramer foi ainda pioneiro do Grand Prix, um conjunto de torneios Master que viria, mais tarde, tornar-se na Masters Cup
Paralelamente, Kramer era um reputado comentador da BBC. Também deu nome a uma raquete de ténis da Wilson. A raquete Jack Kramer Wilson, lançada em 1948, foi a mais vendida da história, somando mais de 20 milhões de unidades.
Jack Kramer morreu em 2009, vítima de cancro. Tinha 88 anos de idade.
Bernard Tomic conquistou, este domingo, o ATP 250 Chengdu, na China. Foi o primeiro título do australiano desde 2015. O triunfo sobre Fabio Fognini (6-1, 3-6 e 7-6) representa mais do que um troféu. Representa a esperança do regresso de que Tomic, 25 anos, ao seu melhor nível. Outrora 26º do ranking ATP, o australiano entrou para este torneio como o 123 do mundo.
O seu talento é, contudo, inequívoco. E a prova disso é a forma como venceu o quarto troféu da sua carreira. Os outros foram em Sidney, em 2013 e Bogotá, 2014 e 2015.
Fábio Fognini, 13º do ranking, foi o adversário mais cotado na hierarquia que o australiano defrontou e 2018. Emocionado, Tomic não deixou de ser irónico rebatendo a má imprensa que tem vindo a ter face ao seu posicionamento e profissionalismo no ténis. “Venci com sorte. Era suposto ter perdido no qualifying quando perdia 3-0 e 4-0 frente a Egor Gerasimov”. Mais a sério, Tomic reconheceu que “jogou muito bem durante toda a semana”. E isso deve valer-lhe uma subida para o top-100 mundial, nomeadamente para a posição 77.
Estaremos perante um novo Bernard Tomic? Só o tempo o poderá dizer. E como estamos em final de época, será interessante acompanhar a preparação do australiano para 2019. Este triunfo tem, pelo menos, o condão de lhe garantir entrada no próximo Australian Open, situação que não conseguiu este ano.
Outrora um dos mais promissores tenistas do circuito, a queda de Tomic atirou-o para fora do top-100. Por isso, teve que jogar o qualifying. Em Chengdu, derrotou, primeiro, Renta Tokuda (6-3, 6-4) e depois Egor Gerasimov (6-7, 6-3, 7-6). Já no quadro principal, venceu Bradley Klahn (6-7, 7-6,6-2), e depois Lloyd Harris (7-6, 2-6, 7-6). Nos quartos de final afastou Felix Auger-Aliassime (6-2, 6-4) e nas meias-finais elimiou o português João Sousa, por duplo 6-4. O encontro com o português foi o quarto da história, sendo que Tomic ganhou todos. O tenista luso mostrou, outra vez, estar a fazer um grande ano, ficando perto de vencer novo torneio do circuito.
E agora, Tomic?
Aos 25 anos de idade, Bernard Tomic ainda vai a tempo de escrever uma bonita história no ténis. Talento tem de sobra. Agora que entrará outra vez no top-100 veremos se consegue aproximar-se do top-30 onde já esteve. E o que poderá fazer em outros torneios. É, pelo menos, seguro afimar que o australiano tem condições para se afirmar no top-50. Contudo, a resposta para estas perguntas dependerão da sua postura perante o ténis, os treinos e como encararará os desafios.
O ano de 2018 parece querer mostrar que o autraliano pode regressar ao seu melhor. No Rosmalen Grass Court Championship, na Holanda, conseguiu também atingir as meias-finais. Um resultado supreendente, uma vez que há dois anos não atingia um fase tão avançada de um torneio. Esse resultado catapultou-o para o top-150.
Com o título na China, Tomic ganha a oportunidade, pelo menos, de voltar a ser encarado como um nome a ter em conta no circuito. Assim o faça por continuar a merecer.
Bernard Tomic venceu na China o seu quarto título ATP
Não foi exatamente uma surpresa, mas a Europa experimentou dificuldades acrescidas para conquistar, este domingo, pela segunda vez a Laver Cup. A segunda edição do torneio inter-continental, pensado por Roger Federer, voltou a confirmar a ideia de que o Velho Continente continua a liderar o ténis planetário. Não apenas em termos individuais – sete jogadores do top-10 do ranking ATP são europeus, bem como todo o top-3 – como em termos colectivos – desde 2000 só por três vezes um país não europeu venceu a Taça Davis.
Ainda assim, este ano se a Europa confirmou ser mais forte individualmente – e isso valeu-lhe o título – mas em duplas, a equipa Mundo não deu hipóteses. E por isso os europeus precisaram de sofrer para revalidar o triunfo de 2017, quase sofrendo uma reviravolta. No final, o triunfo de Alexander Zverev sobre Kevind Anderson (6-7, 7-5 e 10-7) selou a vitória europeia por 13-8.
Mas vamos por partes. A equipa europeia chegou a Chicago como uma autêntica constelação. Roger Federer, Novak Djokovic, Alexander Zverev, David Goffin, Grigor Dimitrov e Kyle Edmund. Mesmo sem Rafa Nadal, Marin Cilic e Dominic Thiem (presentes na edição de 2017) a Europa tinha quatro jogadores top-10. A equipa mundial tinha Kevin Anderson e John Isner. Mesmo com a desistência de última hora de Del Potro, a equipa Mundo também impunha respeito. Para além de Anderson e Isner, havia Diego Scwartzman, Jack Sock, Nick Kyrgios e Frances Tiafoe. As lendas Jonh McEnroe e Bjorn Borg lideraram, respectivamente, as equipas Mundo e Europa.
Tal como o ano passado, o primeiro jogo de duplas era o momento mais aguardado. A isso se deve os nomes no court. Se em 2017 Federer fez uma dupla de sonho com Rafa Nadal, este ano o suíço jogou ao lado de Novak Djokovic. Só que a força de uma dupla é mais do que a soma da qualidade individual. E, diga-se, Novak Djokovic raramente joga nesse vertente do ténis. Apesar de algumas jogadas bonitas, a dupla Anderson e Sock impôs-se: 6-7, 6-3 e 10-6.
Por esta altura, a equipa Europa liderava por 3-1 em partidas. Dimitrov vencera Tiafoe no jogo inaugural (6-1, 6-4) e Kyle Edmund venceu Jack Sock (6-4, 5-7, 10-6). Depois, foi a vez de David Goffin se impor a Diego Scwartzman (6-4, 4-6, 11-9).
No segundo dia de competição, Alexander Zverev e Roger Federer aumentaram a vantagem europeia. O alemão venceu John Isner (3-6, 7-6, 10-7) e o suíço ganhou a Nick Kyrgios (6-3, 6-2).
O triunfo europeu parecia inexorável, contudo, a equipa Mundo começou a recuperar. Primeiro, com Anderson a ganhar sobre Djokovic (7-6, 5-7, 10-6). Depois, outra vez em duplas, Sock e Kyrgios levaram a melhor sobre Goffin e Dimitrov (6-3, 6-4).
Pelo segundo ano, a Europa levou a melhor sobre a equipa Mundo (Foto: Laver Cup)
Lavers Cup: bons jogos num evento pensado para o entretenimento
No arranque do terceiro dia, a equipa Mundo colocou-se, pela primeira vez, em vantagem na prova (8-7). A dupla Isner e Sock, mais rotinada, ganhou (4-6, 7-6 e 11-9) a uma dupla que, no futuro, poderá ser vista como uma passagem de testemunho: Federer e Zverev.
Só que ainda faltavam os jogos individuais de Federer e Zverev. O suíço venceu de forma consistente John Isner (6-7, 7-6, 10-7) e Zverev consolidou o triunfo europeu sobre Anderson.
No final do dia pode dizer-se que a Laver Cup é uma celebração do ténis. Reúne alguns dos maiores protagonistas mundiais, que mostraram, amiúde, levar a sério os seus jogos, contudo, sem o cariz do ATP Finals, ou a chancela ITF, que garante pontos. Os detalhes e a organização mostram que é, acima de tudo, uma competição pensada para o público, o seu entretenimento, e mais uma forma de promover, e gerar receitas, com uma modalidade que vive, porventura, os seus anos dourados.
A forma como os jogadores no banco reagem ao que se passa no court, vibrando ou brincando, e a possibilidade de juntar na mesma equipa lendas como Federer e Djokovic, são gatilhos que envolvem o público e os fans. E com imagens que ficam para a posteridade. Como aquela, em 2017, em que Federer e Nadal correm para os braços um do outro para festejar a vitória.
Resta saber como a Lavers Cup resiste à prova do tempo e à capacidade de ir conseguindo reunir os melhores de cada continente, de forma a manter este torneio de exibição apelativo para o público e comercialmente atrativo.
A Laver Cup de 2018 fica marcada pela reunião entre Roger Federer e Novak Djokovic
Stanley Roger Smith. O nome pouco diz à maioria. Mesmo entre o público do ténis, Stan Smith, como ficou popularizado, não está entre os primeiros nomes no que toca a referências da modalidade. Provavelmente, a sua icónica linha feminina de ténis da Adidas será, hoje, o seu melhor bilhete de identidade.
Contudo, Smith é mais do que um nome de calçado da marca alemã. Foi também o primeiro tenista a vencer o 1º Torneio Masters Cup, que atualmente se disputa no final do ano e reúne os melhores tenistas da temporada. Juntamente com Bob Lutz formou, nas décadas de 70 e início de 80, uma das melhores duplas da história. Em 1971 e 1972 venceu, respetivamente, o US Open e Wimbledon. Feitos que o levaram, em 1987, a entrar no International Tennis Hall of Fame.
Treinado por George Toley, Stan Smith começou por jogar na universidade, na Califórnia, vencendo, em 1968, os campeonatos universitários de NCAA, em singulares. O seu talento fê-lo integrar por três vezes o All American, uma equipa composta pelos melhores desportistas norte-americanos.
Mas foi com o treinador Pancho Segura, tenista de referência nas décadas de 40 e 50, que Smith atingiu outro patamar. O início dos anos 70 foi o seu período dourado, ou pelo menos, o mais titulado. Em 1971 ganhou o seu primeiro Grand Slam. Foi o US Open, diante Jan Kodes (3–6, 6–3, 6–2, 7–6). No ano seguinte ganhou Wimbledon frente a Ilie Nastase (4-6, 6-3, 6-3, 4-6, 7-5). Ainda em singulares não foi tão bem sucedido no Australian Open (nunca passou da terceira ronda) mas em Roland Garros foi duas vezes finalista vencido (1971 e 1972).
Stan Smtih dá nome a uma das mais icónicas linhas de ténis feminino. Foto: .afew-store.com
Tetracampeão em Wimbledon
Stan Smith fica, contudo, na história como sendo o primeiro vencedor do torneio Masters, disputado em Tóquio. O adversário da final era nada menos que Rod Laver: 4–6, 6–3, 6–4.
Em termos de títulos, o norte-americano notabilizou-se ainda mais em pares. Venceu quatro torneios US Open, (1968, 1974, 1978, 1980). Em Wimbledon bateu na trave por outras quatro vezes, tendo sido finalista vencido (1972, 1974, 1980, 1981), tal como no Australian Open (1970).
A sua carreira de sucesso levou-o, mais tarde, a ser treinador na Associação de Ténis dos EUA. Atualmente, tem uma Academia de Ténis e é presidente do International Tennis Hall of Fame.
Diz o adágio que a festa não se faz quando a temporada começa mas sim quando acaba. Que o diga Novak Djokovic, que este domingo conquistou pela terceira vez o US Open. Depois de uma longa paragem por lesão, que arrancou em Wimbledon, 2017, o sérvio regressou oficialmente à competição no Australian Open. Foi em Janeiro deste ano. Caiu na terceira ronda perante Chung Hyeon. Seguiu-se nova operação e Djokovic regressou mais cedo do que se pensava, para jogar Indian Wells e o Miami Open. Outra vez, caiu nas primeiras rondas. Seguiram-se muitas interrogações, até para o sérvio. Por esta altura, Roger Federer, vencedor do Australian Open, passeava a sua classe e aumentava a sua lenda. Ao mesmo tempo, Rafael Nadal continuava afinar a sua máquina, regressando ao seu melhor. Até vencer Roland Garros.
É por isso que a vitória de Novak Djokovic no US Open é, acima de tudo, a vitória da persistência. É, por assim dizer, o apogeu num ano com muitos baixos, no arranque da época, e grandes picos, no final. É também a consolidação do título em Wimbledon e da vitória recente em Cincinnati.
E o triunfo (6-3, 7-6 e 6-3) em Nova Iorque chegou curiosamente sobre outro jogador que entre 2014 e 2016 atravessou também o calvário de uma lesão no pulso: Juan Martin Del Potro. O argentino, que cedeu o terceiro lugar do ranking a Djokovic, chegou a questionar o seu futuro no ténis. O ano de 2018 está, no entanto, a mostrar que valeu a pena chegar até aqui. O campeão do US Open de 2009 não voltou a repetir o feito, contudo, tem-se mantido entre o top-5, conquistando os títulos de Acapulco e Indian Wells. Este domingo, não resistiu a um Djokovic que fez jus ao seu melhor período de número 1 mundial. Nolan encostou Del Potro às cordas, soube explorar a esquerda do argentino, conseguindo ainda anular o seu serviço. E com tranquilidade foi construindo a sua vantagem.
Este foi o 14º Grand Slam para o sévio, que iguala Pete Sampras. Melhor, só Rafa Nadal (17) e Roger Federer (20).
Quando passei pela cirurgia, senti o que Juan Martin (Del Potro) passou quando esteve fora. Quando ficas fora, tentas fazer as coisas darem certo, mas elas não acontecem. Foram tempos difíceis, mas aprendemos com as dificuldades, com os tempos de dúvida.
Novak Djokovic, após a vitória sobre Del Potro, que confimou o título do US Open
Para chegar à final, Del Potro deixou para trás, nas meias-finais, nada menos que Rafael Nadal. O espanhol acabou por sair lesionado, mas garantiu a continuidade na liderança mundial. Uma dor no joelho direito precipitou a desistência do maiorquino quando perdia por 2-0 em set: 7-6 e 6-2.
Tal como no Australian Open, Nadal saiu lesionado. Uma situação à qual não será alheia o grande esforço feito nos quartos de final contra Dominic Thiem, naquele que foi um dos grandes jogos do ano. O autríaco confirmou diante o espanhol que subiu o seu ténis a outro patamar e que, em breve, repetirá o feito de Paris, onde atingiu a sua primeira final de Grand Slam. Foram mais de 5 horas de jogo, com a vitória a sorrir ao número 1 mundial pelos parciais: 0-6, 6-4, 7-5, 6-7 e 7-6. Tal como ocorrera em Roland Garros.
João Sousa histórico. Federer, que futuro?
João Sousa perdeu pela quarta vez para Djokovic, mas fez história para Portugal. Foto: Record
Não será atrevimento dizer que o US Open de 2018 confirmou a reabilitação de jogadores tidos como proscritos. Tal como Djokovic e Del Potro, também Kei Nishikori tem tido um ano difícil. Depois de uma paragem de 5 meses, o japonês regressou à competição, em Fevereiro, em Nova Iorque. Foi, gradualmente, aumentando a sua competitividade até alcançar os quartos de final em Wimbledon. Agora, no US Open, só caiu nas meias-finais contra Novak Djokovic: 6-3, 6-4 e 6-2. O nipónico, finalista vencido em 2014, só pode sentir-se feliz com a sua prestação este ano.
Menos feliz estará Roger Federer. O suíço, que começou o ano a ganhar em Austrália e a recuperar a liderança mundial, foi surpreendido por John Millman: 3-6, 7-5, 7-6 e 7-6. O australiano, 55 do mundo, soube tirar proveito daquele que terá sido um jogos menos conseguidos da carreira do helvético. Federer teve nada menos do que 76 erros não forçados, errando ainda 70% no primeiro serviço. A final de Wimbledon e Cincinnati já tinham demonstrado um Federer abaixo da sua real capacidade. Aos 36 anos, e com uma participação reduzia em torneios – recorde-se que falhou toda a temporada de terra batida, incluindo Roland Garros – há quem questione o futuro de Federer.
Roger Federer deve jogar mais torneios ou considerar retirar-se
Pat Cash, ex-tenista australiano, vencedor de Wimbledon em 1987
Mas se há jogador que já desafiou a história e as probabilidades, é Federer. Matts Willander, ex-tenista e comentador, refere que o suíço deverá jogar até não conseguir ganhar mais jogos. E isso, apesar de tudo, parece estar longe de acontecer. Agora, ameaçado no ranking por Djokovic, Federer é ainda número dois mundial.
E por falar em história, João Sousa escreveu mais uma página dourada para o ténis luso. Ao atingir os oitavos de final, o Conquistador tornou-se o primeiro português a alcançar esse patamar em um Grand Slam. “Resultados como este ajudam a que a modalidade se torne maior no nosso país”, admitiu Sousa, que arrecadou 230 mil euros de prize money. Os 180 pontos averbados no US Open permitiram-lhe subir 19 lugares na hierarquia, regressando ao top-50. É agora 49º.
Por tudo isto (mas não só) a edição deste ano do US Open deixará saudade. Consagra campeões como Djokovic ou Del Potro, relança Nishikori, eleva Thiem a outro nível e vê Portugal entrar nas história dos Major. Mas também lança dúvidas sobre o futuro de Federer e Nadal. Apesar de campeoníssimos, até quando terão fulgor físico para se manter na disputa de Major? Pode Djokovic, agora numa nova fase, ultrapassar Sampras, ou Nadal e aproximar-se de Federer? E a nova geração? Thiem e Isner, nos quartos de final, foram os melhores, mas continuam longe das lendas que ainda predominam no circuito. A John Millman coube a surpresa, que também caiu nos quartos de final. O momento Andy Warholiano que, com 29 anos, dificilmente se repetirá. O que não nos importamos que se repita são torneios jogados a este nível.
Foi assim que Novak Djokovic venceu pela terceira vez o US Open
Aos 20 anos de idade, Naomi Osaka fez história para o seu país. Desde este sábado, dia 9, o Japão já se encontra entre os países vencedores de um Grand Slam feminino. Foi o primeiro título WTA para a nipónica e logo sobre o seu ídolo: Serena Williams. A norte americana contudo acabaria por não aceitar a forma como perdeu “explodindo” contra o juíz português, Carlos Ramos, acusando-o de ser sexista.
Williams, 23 vezes campeã de Grand Slam, acabou por perder um jogo de serviço, devido a três advertências de Carlos Ramos. Osaka ganharia por 6-2 e 6-4, ao fim de 1h19 de jogo.
Osaka, que também cidadania norte-americana, iniciou o seu percurso no ténis em 2013. Em 2015 venceu o torneio Rising Stars Invitational e jogou pela primeira vez um Grand Slam. Foi o Australian Open, atingindo a terceira ronda. Ainda nesse ano ascendeu ao top-50. À entrada para este US Open, Osaka era 19 do mundo. Com este título subirá para sete mundial a partir desta segunda-feira.
Para atingir a final, Naomi Osaka deixou para trás, Laura Siegemund (6-3, 6-2), Julia Glushko (6-2, 6-0), Aliaksandra Sasnovich (6-3, 2-6, 6-4), Lesia Tsurenko (6-1, 6-1) e Madison Keys (6-2, 6-4).
Esta é a primeira conquista para um atleta do Japão em qualquer Major. Kei Nishikori, em 2014, foi quem havia chegado mais perto ao ser vice-campeão, também no US Open. Este ano caiu nas meias-finais perante Novak Djokovic, que este domingo joga a final com Juan Martin del Potro.
Para Serena Williams, fica o amargo. A norte-americana volta a falhar o recorde de Margaret Court como a maior campeã de Grand Slam, com 24 títulos.
Derrota pouco Serena
Serena Williams criticou o juíz Carlos Ramos e o supervisor do torneio teve que intervir. Foto: Fox
Estalou a polémica entre Serena Williams e o juíz Carlos Ramos. A norte-americana levou três advertências e chegou mesmo a acusar o português de “ladrão”, pedindo a intervenção do supervisor do torneio.
A confusão começou no início do segundo set, quando foi advertida por Carlos Ramos por supostamente ter recebido instruções do seu treinador, Patrick Mouratoglou. A segunda advertência aconteceu por a norte-americana ter partido a sua raquete. Williams acabou por chamar o português de “ladrão”, o que gerou a terceira advertência. Esse facto levou Serena Williams a acusar o juíz luso de sexismo. “Ele nunca tirou um jogo de serviço de um homem que o chamou de ladrão. Vou continuar a lutar por igualdade.
No final, a japonesa pediu desculpas ao público. “Estavam todos a torcer pela Serena. Desculpem-me. Sempre foi um sonho jogar com a Serena em uma final do US Open. Estou muito honrada por ter conseguido isso”.
Este foi um torneio que fica marcado por algumas surpresas. Como a eliminação de Simona Halep logo na ronda inaugural perante Kaia Kanepi (6-2 e 6-4). Na segunda ronda caiu Garbine Muguruza perante Karolina Muchova (3-6, 6-4, 6-4). Na terceira ronda, Serena Williams afastou a irmã, Vénus (6-1 e 6-2). Foi o 30º confronto entre as duas manas, com 18 vitórias para Serena. Neste mesma ronda, Sloane Stephens afastou Victoria Azarenka (6-3, 6-4).
Anastasija Sevastova foi outra agradável surpresa do torneio. Natural da letónia, Sevastova atingiu as meias finais, deixando para trás, entre outras, Elina Svitolina (6-3, 1-6 e 6-0) e Sloane Stephens (6-2, 6-3). Sevastova acabaria por ser afastada por Serena Williams (6-3, 6-0). Aos 28 anos a letã é um exemplo de persistência. Aos 23 anos chegou a parar de jogar devido a lesões. Este foi o seu melhor resultado em Grand Slams.
O ano era o de 1881. Ainda no século XIX. Foi o ano do nascimento, por exemplo, de Pablo Picasso. No desporto, o ano fica também marcado pelo nascimento de um torneio em cuja final, no próximo domingo se joga pela 127º vez. O US Open.
Mas nesse período a competição ainda não tinha essa nomenclatura. Era o US National Championships. Uma competição nacional jogada em singulares e pares masculinos. Disputado entre 31 de Agosto e 7 de Setembro, a prova começou por ser jogado em relva. Bem diferente do piso rápido em que se joga desde 1978.
Naquela época, apenas membros da Associação de Ténis dos EUA (actualmente, USTA) poderiam jogar a prova. E apenas em 1887 as mulheres começaram a participar. Dois anos depois, a competição foi aberta a pares femininos e em 1892, a pares mistos.
A primeira edição do que viria a ser o US Open jogou-se em Newport. Richard Sears foi o primeiro campeão numa final contra William E. Glyn (6-0, 6-3 e 6-2).
Isto, claro, numa época totalmente amadora. O norte-americano venceu, de resto, as sete primeiras edições da prova. Importa dizer, contudo, que naquela época o campeão apurava-se automaticamente para a final da edição seguinte. Sears começou por jogar ténis dois anos antes, em 1979. E ainda era estudante de Harvard quando venceu a primeira edição do US National Championships. Entre 1881 e 1987, ano em que se retirou, Richard Sears esteve 18 jogos sem perder.
Em pares, a dupla Clarance Clark e Fred Taylor levou a melhor sobre Arthur Newbold e Alexander Van Rensselaer (6-5, 6-4 e 6-5).
Os recordistas nas Eras Amadora e Open
Ao longo dos anos muitas foram as adaptações até se transformar no US Open. Apenas em 1978 se mudou para Flushing Meadows, onde ainda hoje se joga. De resto, a competição já foi jogada em todas as superfícies. Entre 1881 e 1974, na relva, entre 1975 e 1977, na terra batida, e desde 1978, em piso rápido.
Em 1968, Arthur Ashe consagrou-se como o primeiro campeão do US Open na era Open. O finalista vencido foi o holandês Tom Okker (14–12, 5–7, 6–3, 3–6, 6–3). Na Era Amadora, os norte-americanos William Larned, Richard Sears e Bill Tilden são os recordistas de vitórias, somando sete títulos cada. Na Era Open, Jimmy Connors, Pete Sampras e Roger Federer, são os maiores campeões, com cinco troféus cada. Mas o suíço já está fora de prova. Conseguirá Rafael Nadal, com três títulos, aproximar-se do trio? Até domingo saber-se-à a resposta.
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