Arquivo de Vinicius Junior - Fair Play

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Renato SalgadoFevereiro 12, 202011min0

Brasil entra em campo sob pressão, joga bem e confirma vaga. A seleção brasileira masculina de futebol sub-23 venceu a Argentina por 3 a 0 na noite deste domingo (9), em Bucaramanga, na Colômbia, e conseguiu a classificação para a Olimpíada de Tóquio. Com o resultado, a equipa formada por jogadores com até 23 anos chegou aos 5 pontos e terminou o quadrangular final do Pré-Olímpico na segunda colocação, atrás justamente da campeã Argentina, que permaneceu com 6. Os dois países serão os representantes da América do Sul nos jogos.

A equipa brasileira entrou pressionada para a partida decisiva, já que só a vitória daria a vaga em Tóquio. Mais cedo, o Uruguai havia vencido a Colômbia por 3 a 1, chegado a quatro pontos ganhos e assumido provisoriamente a segunda colocação do quadrangular.

O time treinado por André Jardine jogou bem, e a vitória foi mais fácil do que se imaginava. Pelas chances criadas, o placar poderia ter sido ainda mais elástico. Logo aos 12 minutos, Paulinho recebeu dentro da área e tocou no canto direito do goleiro Cambeses para abrir o placar. Aos 29, Matheus Cunha aproveitou bobeira da zaga argentina, deu um chapéu no goleiro e ampliou o placar após duas tentativas — na primeira, o zagueiro tirou em cima da linha. Além da vantagem aberta, o Brasil conseguiu manter os adversários longe de seu gol na primeira etapa. As principais chances do rival foram criadas por meio de chutes de fora da área.

No segundo tempo, a equipe de Jardine conseguiu manter o domínio e ampliar a vantagem. Aos 9 minutos, Matheus Cunha tabelou com Reinier  dentro da área e chutou para fazer o terceiro. De quebra, ele se tornou artilheiro isolado da competição, ultrapassando o argentino Mac Allister, que terminou com 4.

O Brasil começou muito bem o Pré-Olímpico. Ganhou todos os jogos da primeira fase (Peru, Uruguai, Bolívia e Paraguai). No quadrangular final, porém, não conseguiu repetir o aproveitamento: antes da vitória deste domingo, empatou com Uruguai e Colômbia por 1 a 1, sem jogar bem. A situação acabou pressionando o time na reta final.

Além de Brasil e Argentina, Espanha, Alemanha, França, Romênia, Japão, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Austrália, Costa do Marfim, Egito, África do Sul e Nova Zelândia disputarão o torneio masculino de futebol na Olimpíada. Ainda há duas vagas em disputa, para representantes das Américas Central e do Norte. O Pré-Olímpico da Concacaf acontece em março, na Costa Rica.

Atual campeã olímpica, a seleção brasileira tentará o bicampeonato no Japão. O Brasil conquistou medalhas nas últimas três Olimpíadas (bronze em Pequim-2008, prata em Londres-2012 e ouro no Rio-2016). A última vez que a equipe ficou de fora da competição foi nos Jogos de Atenas, em 2004. Ao todo, o país tem seis medalhas olímpicas: uma de ouro, três de prata e duas de bronze. O futebol feminino brasileiro também estará em Tóquio. Diferentemente do masculino, não houve um torneio pré-olímpico específico. O Brasil se classificou porque venceu a Copa América, disputada no Chile em 2019. O histórico da seleção feminina em Olimpíadas tem duas medalhas, ambas de prata, em 2004 e 2008.

Bruno Guimarães (à dir.) com o troféu de melhor jogador e Matheus Cunha (à esq.) com o troféu de artilheiro do torneio Pré-Olímpico (Foto: Lucas Figueiredo/ CBF/ Divulgação)

O volante Bruno Guimarães, vendido recentemente pelo Athletico para o Lyon, da França, foi eleito pela Conmebol como melhor jogador do Pré-Olímpico. Ele terminou a competição como capitão da seleção brasileira sub-23.

“A gente sabia que era um clássico, uma decisão em todos os sentidos. Fizemos um grande jogo. Nos outros, tínhamos falhado um pouco na finalização. A gente tomou porrada de todos os lados, mas nos classificamos e fomos o único time invicto. Isso nos deixa muito feliz”, disse Bruno Guimarães, em entrevista ao Canal Sportv.”

O agora ex-jogador do Athletico admitiu que espera fazer parte do grupo de jogadores que disputará os Jogos Olímpicos em Tóquio.

“Agora é rumo a Tóquio. Estou muito feliz e espero estar lá”, disse.

O técnico André Jardine terá que convocar 18 jogadores para o torneio no Japão e três deles podem ter mais de 23 anos. O treinador ainda tem pouco mais de quatro meses para definir a lista, mas sabe que encontrará muita dificuldade para contar com os principais atletas. A Olimpíada acontece durante os mata-matas da Libertadores e da Copa do Brasil e no início da temporada europeia.

Dez jovens que podem reforçar o Brasil em Tóquio-2020

  • Geração conta com jogadores importantes do futebol mundial que não participaram do Pré-Olímpico, mas têm idade para jogar as Olimpíadas

A seleção pré-olímpica passou por dificuldades, mas conseguiu uma das duas vagas para a América do Sul do torneio de futebol masculino dos Jogos de Tóquio 2020. A vida do técnico André Jardine poderia ter sido mais tranquila se ele tivesse contado com todos os jogadores abaixo do limite de idade estabelecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Alguns clubes recusaram-se a liberar seus atletas pelo fato da competição não fazer parte do calendário da Fifa.

O Fair Play separou uma lista de atletas de até 23 anos e que, portanto, podem participar da próxima Olímpiada (se forem liberados por seus clubes, claro). A geração conta com muitos jogadores que já são destaque no futebol mundial e até já foram titulares da seleção principal do técnico Tite. Esse é outro fator a ser considerado na convocação para Tóquio: entre junho e julho deste ano acontece mais uma edição da Copa América. Ou seja, não basta a boa vontade dos clubes. Dificilmente quem for convocado para o torneio sul-americano disputará também os Jogos de Tóquio. Em 2016, o atacante Neymar preferiu defender o Brasil na Olimpíada do Rio de Janeiro do que participar da Copa América Centenário.

Confira a lista dos dez jogadores que podem reforçar a seleção brasileira para a disputa da Tóquio-2020:

Gabriel Jesus

Foto: Henry Romero/Reuters

O atacante do Manchester City é um dos jogadores com idade olímpica que já estão estabelecidos na seleção principal. O camisa 9 do Brasil na última Copa do Mundo nasceu em 1997 e faz 23 anos em abril, liberado, portanto, para atuar em Tóquio se Guardiola deixar.

Richarlison

Foto: Buda Mendes/Getty Images

O “Pombo” ganhou espaço na equipe de Tite em 2018, quando fez três gols nos poucos minutos que atuou em seis partidas. A boa fase fez com que o atacante tivesse mais chances e ele fez parte da seleção que conquistou a Copa América ano passado.  O jogador completa 23 anos em maio e pode reforçar o time olímpico.

Eder Militão

Foto: Eurasia Sport Images/Getty Images

A seleção principal também tem um zagueiro com idade olímpica. Contratado por 50 milhões de euros por Zinedine Zidane para o Real Madrid, o jogador formado nas categorias de base do São Paulo conquistou seu espaço e passou a ganhar chances com Tite. É difícil imaginar que os Galácticos liberem Militão para Tóquio, mas poderia evitar que o Brasil gastasse um chamado de jogador com mais de 23 anos em um zagueiro.

Gabriel Martinelli

Foto: Stuart MacFarlane/Arsenal//Getty Images

O fenômeno do Arsenal podia ter feito parte até mesmo do Pré-Olímpico. O técnico André Jardine chegou a convocá-lo, mas o clube inglês não liberou o atleta. Enquanto a seleção lutava pela vaga, marcou um golaço contra o Chelsea (foto acima) e se tornou o primeiro jogador com menos de 20 anos a fazer 10 gols com a camisa da equipe londrina desde Anelka em 1999. É justamente o destaque que pode afastá-lo de Tóquio.

 Rodrygo

Foto: Oscar del Pozo/AFP

O atacante formado no Santos têm idade para jogar as próximas duas Olimpíadas. Por não ser titular do Real Madrid, havia a expectativa que pudesse participar até do Pré-Olímpico, algo que acabou não se concretizando. A vontade de participar da competição em Tóquio e o fato de não ser indispensável no clube podem jogar à favor para uma liberação no meio do ano.

Vinicius Júnior

Foto: Vinícius Júnior CBF/Divulgação

O Real Madrid já impediu que o ex-jogador do Flamengo participasse de torneio da base para preservar o atleta. Quando chegou à Espanha em 2018, impressionou pelos dribles e chegou a ser intocável. Acabou sofrendo uma lesão na Liga dos Campeões e ainda não se firmou desde a sua volta. O que pode ser bom para a seleção, que pode ganhar um reforço de peso para a Olimpíada.

 Lucas Paquetá

Foto: Quality Sport Images/Getty Images

O Brasil pode ter o camisa 10 da seleção principal em Tóquio. Não estamos falando de Neymar – apesar do jogador do Paris Saint-Germain ter manifestado a vontade de participar dos Jogos mais uma vez. O meia formado no Flamengo utilizou o número eternizado por Pelé em amistosos no ano passado e é mais um com idade olímpica. Em má fase e fora do time titular do Milan, poderia acabar liberado.

David Neres

Foto: Heitor Feitosa/VEJA

O atacante ex-São Paulo foi um dos destaques do Ajax que surpreendeu o mundo ao chegar nas semifinais da última Liga dos Campeões. Os bons jogos o colocaram como titular da seleção no início da Copa América passada, mas ele não conseguiu retribuir. Neres recusou propostas de mercados maiores, permaneceu na Holanda, mas não repetiu a boa fase e perdeu o status de intocável. Resta saber se o clube têm interesse na “vitrine” de Tóquio-2020.

Gerson

Foto: Marcio Machado/Eurasia Sport Images/Getty Images

O único representante da lista que joga no Brasil chegou a ser consultado pela CBF para participar do Pré-Olímpico. Sem férias há mais de um ano, porque se transferiu da Itália no meio do ano para o Flamengo, o meia decidiu repousar após a disputa do Mundial de Clubes e não aceitou o chamado. A recusa parece não ter caído bem entre os dirigentes da entidade, mas deixar Gerson de fora de Tóquio-2020 por ego só serviria para entrar para lista de erros da CBF.

Emerson

Foto: Quality Sport Images/Getty Images

Ele era nome certo para disputar o Pré-Olímpico, já que fez parte de todo o processo de formação da equipe que conseguiu a vaga para Tóquio, mas o Betis acabou não o liberando. Não é por menos: emprestado pelo Barcelona até o meio do ano que vem, o lateral-direito já marcou três gols e deu cinco assistências nos seus primeiros 19 jogos. E isso como um defensor. Emerson Royal, como é conhecido, assistiu todas as partidas do time que conquistou a classificação nas madrugadas da Espanha.

 

Agora, é esperar para ver quais equipas irão liberar seus jogadores para os jogos Olímpicos de Tóquio e Copa América 2020. Eu acredito que por não ser uma data Fifa, as principais equipas da Europa não liberarão seus jogadores facilmente para as Olimpíadas… Será preciso muito jogo de cintura e argumentos para conseguir tal liberação!


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