O Sporting160 analisa o impacto da derrota do Sporting CP frente ao SC Braga e qual será o impacto para a Taça da Liga
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É óptima aquela sensação de ‘amor à primeira vista’. Mas como todas as histórias, até chegar a um final feliz, há uma sem número de ‘vistas’ que vão mensurado esse ‘amor’, que passa de bestial a besta num piscar de olho. E falamos de Rúben Amorim. Que nestes primeiros jogos tem sido um caso amor(im) à primeira, segunda e terceira vista.
Na realidade já 5 vistas. Leia-se 5 jogos. E em todos eles fez o pleno de vitórias. Destacam-se três delas porque foram contra dois dos dos ‘grandes’ do futebol português. Duas com o Porto e uma com o Sporting. Mas vamos ao antes disso. Rúben Amorim pega na equipa de Sá Pinto, que com um brilhante percurso europeu, estava a desiludir a nível interno. Muitos pontos perdidos e a claudicar nos jogos com os grandes. Mais que os resultados, sentia-se que nesses duelos o Braga não se impunha com equipa ‘grande’ que quer vir a sair. Aliás, isto não só com Sá Pinto, pois salvo raras excepções, o saldo e as exibições com os grande deixaram algo a desejar para a nação bracarense.
A estreia não podia ser melhor. Na deslocação ao Jamor uma goleada das antigas por 7-1. Mas, como se costuma dizer, “o futebol é o momento” e na recepção ao Tondela foram muitas as dificuldades para vencer. Nesse jogo chegou-se a ouvir assobios na bancada. Depois, mostrou-se uma equipa mais consistente (com e sem bola) no Dragão, e com a sorte do jogo venceu onde não ganhava há muitos, muitos anos.
Chegado o momento da ‘final four’ da Taça da Liga, onde uma vez mais foi anfitrião, o Braga superiorizou-se ao Sporting na meia final. No cômputo geral demonstrou ser mais equipa, tanto a jogar contra 11, como depois contra 10. Mais pressionante e com muita dinâmica acabou por marcar perto do fim e dar justiça ao resultado, onde tinha sofrido o golo do empate num momento de distracção numa reposição de bola de Bruno Fernandes. Na final, um jogo mais equilibrado, onde a defesa se superiorizou o ataque. Mas o resultado aceita-se, o Braga mostrou-se quase sempre mais confiante e compacto, acabando o jogo a pressionar o Porto. Pressão essa que acabou por dar frutos com o golo de Ricardo Horta aos 95 minutos, o penúltimo dos descontos.
Ah e tal foi uma carambola que acabou por ir parar aos pés do Ricardo Horta. E foi. Mas o que antecedeu a jogada do golo esteve longe de ser só sorte. No lançamento lateral longo de Sequeira para a área do Porto, de destacar a forma como a equipa bracarense se posicionou (e bem) ainda com bola. Preparando a transição defensiva, marcou Soares em cima, o jogador seria o ponto de partida para ligar um possível transição ofensiva dos ‘dragões’. Assim foi. O central do Braga ganha no duelo com o avançado, e depois a classe de Paulinho a colocar a bola entre linhas e o instinto de Ricardo Horta fizeram o resto. Ah, claro. E a sorte também.
Rúben, dividiu a formação de jogador entre Benfica e Belenenses. Como jogador, não sendo um daqueles considerado fora de série, destacou-se acima de tudo pela sua polivalência. E para desempenhar várias funções com sucesso, muito se devia à sua inteligência. Sempre se entendeu que percebia o jogo como poucos. Saber sempre onde devia estar com e sem bola, fosse a jogar na “posição 8”, a mais natural face às suas características, num duplo pivô, a falso ala e até a defesa direito.
O factor mais negativo da carreira foi o facto de ter sido sempre muito propenso as lesões, muitas vezes, em fases em que estava a crescer. Como por exemplo aquela lesão grave (mais uma) joelho no sintético do Bessa. A sua personalidade forte fazia dele um dos líderes em campo, tanto para puxar pela equipa como para ajudar a corrigir posicionamentos dos colegas.
Como treinador, pegou no Casa Pia e deixou a sua marca, nos jogadores, no clube e na comunicação social. Devido a alguns problemas disciplinares, foi afastado, e depois do convite para assumir a equipa de sub23 do Benfica (que rejeito) assumiu o Braga B.
Quando o contratou, António Salvador já deveria ter na ideia um dia ‘dar-lhe o lugar’ o treinador principal, até porque também já o conhecia bem pela sua passagem pelo Braga. Assumiu a posição mais cedo do que era esperado (por todos), mas até tem deixado a sua marca, tendo em conta os grandes resultados, as boas exibições, as ideias positivas e, por agora. a sorte… que protege os audazes.
Rúben pegou na equipa e foi logo criticado por não ter o curso de treinador. Mas isso é uma outra história que agora não será esmiuçada. Com uma forma de perceber o futebol muito própria, implementou rapidamente as ideais que já lhe reconhecia nas passagens pelo Casa Pia e pelo Braga B.
Um sistema assente em três centrais, mas com muitas dinâmicas, que consoante as nuances do jogo, tanto defende numa linha com três, quatro ou cinco. Mas mais que o sistema, é a nova ideia que o treinador trouxe para a equipa. Um modelo que tem apresentado mais soluções ofensivas, algo que a equipa vinha sentido dificuldades diante de adversário que se fecham mais.
Se calhar, mais até que os resultados e exibições é a postura e a personalidade da equipa que tem surpreendido. Todos sabemos que são resultados que mandam, e uma fase má pode quase apagar o que de bom Rúben Amorim trouxe para Braga, mas que o início é prometedor, lá isso é.
Muito já se elogiou o plantel do Braga por ser muito homogéneo, com duas opções de valor semelhante para cada posição. Basta pensar que no duplo pivot do meio campo, tem sido usados Palhinha e Fransérgio, estando no banco André Horta e João Novais! Jogadores que poderiam caber no plantel dos três grandes. Na frente Ricardo Horta e Francisco Trincão têm feito companhia a Paulinho. Mas a concorrência é forte, com Wilson Eduardo, Galeno, Rui Fonte. E ainda há Bruno Xadas.
O dinamismo e toda aquela basculação que a equipa vai fazendo, permite entre outras coisas, dar maior liberdade aos principais desequilibradores (por norma os extremos Horta e Trincão) que lhes permite, por exemplo, recuperar mais tarde na transição defensiva.
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