Arquivo de Sporting - Página 2 de 11 - Fair Play

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André CoroadoOutubro 20, 20208min0

Numa temporada marcada pela pandemia, o campeonato de elite realizou-se com sucesso e acabou por coroar o Sporting CP como o novo campeão nacional, 4 anos volvidos sobre a derradeira conquista. Deitamos um olhar ao que foi a principal prova do futebol de praia nacional em 2020.

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Bruno Costa JesuínoOutubro 17, 20205min0

Hoje é dia “Clássico”. O primeiro da época. Frente-a-frente o campeão nacional em título e um leão rejuvenescido. Sentado no sofá, a quatro horas do jogo, vou fazer as minhas previsões a partir do meu sofá. Quem serão os onze titulares? Que equipa vai pegar no jogo? Que jogadores podem resolver?

Quem irá jogar de início?

Ponto 1. Com vários jogos internacionais e muitos jogadores de ambas as equipas nas respectivas seleções, pode proporcionar a que os treinadores surpreendam laçando algum jogador que tenha ficado a trabalhar a equipa durante esta paragem.

Porto mantendo a mesma linha

No lado do Porto, Sérgio Conceição tem integrado os reforços sempre de forma gradual. Sendo assim é expectável que aposte nos jogadores que melhor conhecem a dinâmica da equipa. E no 433 que tem usado nos últimos tempos, em detrimento do 442. Se no eixo central, Marchésin, Pepe e Mbemba, têm o lugar garantido, nas laterais surgem as primeiras dúvidas. Manafá tem sido indiscutível à direita mas, com a saída de Alex Telles, poderá também ser hipótese para o lado esquerdo. No entanto será mais expectável manter-se na posição habitual, estreando-se o reforço Zaidu como titular no lugar do novo jogador do Manchester United. Não é de descartar, embora pouco provável, a hipótese de Diogo Leite jogar à esquerda. Nanú, será o plano B para lateral direito.

No meio campo, o cada vez mais influente Sérgio Oliveira deverá fazer dupla com Uribe, jogando Octávio mais solto. A surpresa que poderia surgir na entrada de Loum para o lugar do colombiano.

Na frente, Marega deverá ser a referência, com o indiscutível Corona à direita e Luis Díaz à esquerda. A espreitar a titularidade estarão Filipe Anderson, Nakajima e Taremi.

Sporting à procura da afirmação

No Sporting a expectativa é muita face à capacidade de Rúben Amorim construir uma equipa à sua imagem. Um treinador que ainda no Sporting de Braga, levou a melhor sobre os três grandes nos confrontos directos. Indiscutivelmente o plantel está mais forte que a época passada, e nomes muito interessantes como Pedro Gonçalves, Pedro Porro, Nuno Santos, Palhinha e o grande “regresso” de João Mário. A juntar isto a expectável explosão do miúdo Nuno Mendes lançado na época passada e a confirmação (ou não) que Jovane consegue manter o nível do final da campanha anterior.

Na baliza, deverá manter-se o experiente Adán, atrás de uma linha de 3 centrais – Neto, Coates e Feddal – secundada pelos laterais Pedro Porro e Nuno Mendes.

No zona nevrálgica do terreno Rúben começou por optar por um duplo pivot constituído por Matheus Nunes e Wendel. No primeiro jogo após a saída do brasileiro para à Rússia, recuou Pedro Gonçalves para o lado de Matheus. Para este jogo, e com integração total de Palhinha, a hipótese deverá recair em Palhinha.

Na frente, como falsos alas, maiores dúvida, embora com algumas retiradas com a conferência de imprensa face à não inclusão de João Mario entre os titulares. Na esquerda, Pedro Gonçalves (Nuno Santos, se Pedro recuar), Jovane mais solto, e na direita Tiago Tomás ou Vietto.

O que esperar do jogo?

Provavelmente será um jogo muito táctico e até haver golos não deverá ser muito ritmado. O Sporting tentando fazer recuperações de bola altas para as transições rápidas que a equipa tanto gosta. O Porto, a tentar pegar no jogo, apostando na profundidade de Marega e nas diagonais de Corona e de Luis Díaz.  A equipa de Sérgio vai tentar pressionar a saída de bola do Sporting, uma vez que os centrais não são especialmente bons com bola, apostando na agressividade de Marega, Corona e Octávio na pressão em zonas altas. A equipa de Rúben, a tentar ultrapassar rapidamente essa primeira fase de pressão deixando o adversário exposto e desequilibrado.

Com o jogo a zeros, as equipas vão dar primazia à coesão da equipa, deixando a criatividade para segundo plano e para zonas de terreno em que uma eventual perda de bola deixe a equipa menos exposta.

Mas a partir do primeiro golo, muito pode mudar…

Gritos de Guerra

Basta uma derrota para a confiança cair e isso é normal nos clubes grandes. Uma derrota nestes clubes e ainda para mais no Sporting tem um impacto muito grande. Nós não nos podemos desviar do nosso caminho com base num resultado. Nós vamos dar a mesma resposta ao FC Porto, caso ainda estivéssemos na Europa. Nada vai mudar. Temos confiança no nosso trabalho. – Rúben Amorim

Poderá haver surpresa na caraterística do jogador que se encaixa num modelo de jogo. Um Nakajima e um Felipe Anderson são diferentes de Corona ou Otávio, por exemplo. A diferença é dada pelas caraterísticas. Mas existe um conhecimento coletivo e também individual, cada vez mais, dos jogadores que compõem o onze. Estamos preparados para isso. – Sérgio Conceição

E agora os famosos prognósticos de sofá

O Porto, mesmo jogando fora, será favorito. Equipa mais estruturada com valores mais afirmados no futebol português e, ainda por mais, vindo de uma derrota caseira, não quererá deixar os “seus créditos por mãos alheias”. Do outro lado, o Sporting, eliminado das provas europeias, quer provar que pode ser mais que “outsider” na luta pelo título e que se pode bater de igual para igual.

Prognóstico: 1-2.

Jogadores em destaque: Nuno Mendes e Corona

E por agora é tudo, aqui do meu sofá.

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Bruno Costa JesuínoJaneiro 20, 20207min0

Rivalidade. Rivalidade não é guerra. Embora pareça que no futebol há uma linha, demasiado ténue, que as separa. Felizmente, os protagonistas, ou pelo menos aqueles que o deviam ser, ainda nos dão muitos bons exemplos. Um desses casos é o badalado “Bruno Fernandes”, que nos últimos tempos tem dado bons exemplos de fair play fora de campo. Além disso, vamos falar no futebol. Mas daquela parte que interessa.

Bom exemplo, um que está sempre a reclamar durante os 90 minutos?

É um facto. O seu perfil em campo faz com que passe muito tempo a reclamar com árbitros e adversários durante os 90 minutos. Mas não é essa parte que o artigo quer destacar. É a capacidade de Bruno Fernandes não ter receio em falar sem tabus de assuntos que muitos não têm coragem de o fazer. Os elogios públicos aos “inimigos”. Ah, espera, isso é a forma como muitos pensam. Vou reformular. O capitão dos ‘leões’ elogiou publicamente a qualidade de vários rivais. No final da época passada, em declarações à RTP, no final da época passada, elogiou a capacidade um jogador portista.

Não vou dizer que sou eu. Não é uma questão de humildade a mais, mas não me consigo ver dessa maneira. Há um jogador que este ano até pode não ter sido tão preponderante, mas que gosto muito: o Brahimi. Para mim, quando quer, é o melhor jogador do campeonato.

As palavras estenderam-se ainda a outros destaques do rival da segunda circular, pelas excelentes época que fizeram.

Dos portugueses… Temos a surpresa João Félix, que fez um grande campeonato, mas pela influência que tem diria o Pizzi. Talvez até o possa colocar no mesmo patamar que o Brahimi.

Mas não se ficou por aqui, ainda esta época, o capitão do Sporting, fez um comentário nas redes sociais a elogiar a excelente prestação do benfiquista diante do Zenit.

Adivinhem o que aconteceu?

Se calhar não é preciso muito para se adivinhar o que aconteceu. Pois bem, no futebol, o elogio a rivais tem sempre o reverso da medal. Para grande parte dos adeptos ser simpático para um adversário é algo proibido, e quem o faz é considerado pelos mais radicais, como ‘traidor’. Inclusive por aqueles adeptos ‘famosos’ que vão à televisão. Lembro-me quando o Benfica ganhou ao Porto, um desses em adeptos, no Prolongamento, ter criticado por no fim do jogo Ricardo Quaresma ter dado um abraço a Jorge Jesus. Para ele, é inconcebível depois de uma derrota ser ‘simpático’ com um adversário. Óbvio que anos depois, também apoiou o ‘não cumprimentar’ que Sérgio Conceição fez a João Félix no mesmo estádio, e também após um desaire.

It’s  footbal, not war

O futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes das nossas vidas.

Esta famosa frase é da autoria do ex-jogador e treinador italiano Arrigo Sacchi, e devia ser lembrada todos os dias. Lembrada e levada à letra. E após o apito final não eternizar guerras sem sentido e com base num clubismo exacerbado, que mais se aproxima de ódio. E tudo começar quando se odeia mais um rival do que se gosta do seu clube.

It’s football, not war. E sigam o exemplo, dos jogadores. Que por vezes não demonstram mais devido às más reacções de parte significativa dos adeptos. Por isso, parabéns Bruno. E que o teu ‘grande’ futebol continue a acompanhar a tua ‘grande’ postura. Seja onde for.

Nélson Semedo e Bruno Fernandes:

João Félix responde a Bruno Fernandes:

O nosso futebol: ponto de situação

Acabou a primeira volta do campeonato e em pouco mais de quatro meses muitas coisas há destacar. Vamos pegar em dois pontos positivos e um negativo.

A ‘dança’ dos treinadores ja dava (quase) para fazer um ‘onze’

Começar por um menos positivo. Desde o início houve dez mudanças de treinador. Quer dizer onze, com  saída de Folha do Portimonense durante o fim de semana. O Sporting, contando com o interino Leonel Pontes, e o Belenenses, já vão na terceira escolha. Não será por acaso as épocas conturbadas e abaixo das expectativas que ambas as equipas têm tido. Aliás, curiosamente, Silas, actual treinador do Sporting, começou a época no Belenenses (ou será que deverei B Sad ou Code City!).

Mas mais que a mudança de treinadores é a mudança de estratégia em poucos meses. O Marítimo começou a época com Nuno Manta Santos (agora no Aves), um treinador de transição, e ao fim de alguns meses mudou para José Gomes, um treinador que aposta num jogo de posse. O mesmo com Vitória Futebol Clube, que depois de Sandro, que montava a equipa centrada na segurança defensiva, apostou no espanhol Júlio Velasquez.

Em sentido oposto, o Belenenses que depois de Silas e Pedro Ribeiro, apostou em Petit. Treinador que se tem especializado em assumir salvar da descida equipas que assume a meio da época, mas que ao contrário dos antecessores, apresenta uma forma de jogar antagónica.

O grande Fama, o Gil de Oliveira e os recordes de Lage

A grande sensação da época tem sido o Famalicão, ainda por cima neste regresso à primeira liga depois de algumas décadas de ausência. Um projecto que está a ser criado há alguns anos e que está a dar frutos. Uma aposta em jogadores jovens, que têm tudo ainda para mostrar. Reforçou-se tanto no verão como agora no mercado do inverno. Até ver ainda não deixou sair nenhum dos principais jogadores, e está no sensacional terceiro lugar. Será que vai continuar a surpreender?

Quase tão surpreendente, o também regressado Gil Vicente. Com um plantel por montar a partir do zero, escolheu o experiente Vitor Oliveira, o mestre das subidas de divisão. Uma missão difícil nas mãos certas. Destaca-se a vitória sobre o Porto e Sporting, e mesmo depois de alguma séries negativas, encontra-se no 8º lugar, seis pontos acima da linha de água.

Mesmo com algumas fases negativas, principalmente após a derrota com o Porto, o Benfica de Bruno Lage teve a força de ir ganhando quando jogou mal. Com o regresso Gabriel e depois de Chiquinho, e a explosão de Vinícius a equipa estabilizou, mesmo quando perdeu o jogador que em melhor forma: Rafa. Em 51 pontos, conquistou 48, apresentando o melhor ataque e a melhor defesa (+7 golos e -5 que o Porto, respectivamente).

Uma palavra para a qualidade de jogo do Vitória Sport Clube, apesar de alguns resultados menos positivos do que as exibições adivinhavam.

Do trio benfiquista ao incontornável Bruno Fernandes

A prova quase imaculado do Benfica tem tido em Pizzi, desde o início, e melhoria exibicional com a entrada de Chiquinho e Vinícius. O primeiro porque é aquele que mais aproximou o Benfica das dinâmicas da época passada (quando tinha João Félix) e o brasileiro pelas novas soluções que deu à equipa, além da excelente média de golos.

No Porto o maior destaque tem sido Corona. O mexicano, jogue em que posição jogar é actualmente o mais imprescindível. Os reforços Marchesin, entrou muito bem na equipa, e Luis Diaz, embora a espaços, tem oferecido à equipa aquilo que Brahimi tinha de melhor.

No Braga, Ricardo Horta tem sido o mais influente na frente, enquanto Palhinha tem crescido muito. A capacidade de equilíbrio de dá a equipa faz lembrar a influência que Fejsa já teve no Benfica.

Na cidade de Guimarães, com um plantel bem recheado, Ivo Vieira tem rodado muito a equipa de jogo para o jogo. No entanto, o jogador mais utilizado, tem sido Tapsoba, um dos melhores centrais do nosso campeonato. No Sporting, Bruno Fernandes. Sempre, Bruno Fernandes.

Outros destaques: Kraev (Gil Vicente), Davidson (Vitória SC), Nehuén Perez, Pedro Gonçalves, Fábio Martins (Famalicão), Taremi (Rio Ave), Pepelu (Tondela), Filipe Soares (Moreirense) e Mehrdad Mohammadi (Aves).


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É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


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