Quão alto pode (ou deve) sonhar o Sporting em 2020/2021?

José Nuno QueirósSetembro 21, 20204min0

Quão alto pode (ou deve) sonhar o Sporting em 2020/2021?

José Nuno QueirósSetembro 21, 20204min0
Sporting comete todos os anos o erro de criar expectativas demasiado altas para aquilo que pode efetivamente lutar. Terá a equipa leonina corrigido isso este ano ao assumir apenas como objetivo a qualificação para a Chmapions?

A gigante crise do Sporting no que à conquista de grande títulos diz respeito parece não ter fim à vista, o clube não é campeão nacional desde 2002, não chega a uma final europeia desde 2005 e não faz uma campanha entusiasmante na Europa desde 2012 com Sá Pinto a ser o maestro que conduziu a equipa às meias finais da competição.

Ano após ano os sócios e simpatizantes do clube discutem o que será ou não será possível conquistar, mas afinal quem é que tem razão nas discussões? É o Sporting de facto um candidato ao título? Pode o Sporting competir de igual para igual com os dois maiores rivais?

A resposta é “Não”. Já é altura dos adeptos leoninos perceberem que não se podem queimar etapas no crescimento do clube. Pela primeira vez em muitos anos a direção apresenta um projeto realista para a realidade do clube. Um projeto que é triste para a história do clube mas que é realista: A entrada na UEFA Champions League!

Isto é muito fácil de explicar. A entrada na principal prova de clubes é responsável por uma verba assinalável na estabilidade financeira dos clubes e apenas entrando de forma consistente nesta prova pode o Sporting ganhar folga financeira para reforçar o seu plantel e competir com Porto e Benfica. Até lá, vai ser sempre uma luta de David contra Golias e o Sporting vai perder e defraudar os adeptos que acreditaram nas palavras proferidas antes da época começar que apontavam ao título.

Numa época atípica como esta o Sporting vai ter como primeiro objetivo a chegada até à fase de grupos da UEFA Europa League e para isso vai ter que eliminar o Abeerden em Alvalade. Passando este difícil adversário terá depois uma dupla jornada de playoff para decidir se consegue ou não atingir o primeiro objetivo. São os 3 jogos mais importantes da época do Sporting.

No campeonato, que já está condicionado pelo adiamento da primeira jornada o Sporting deve pensar jogo a jogo e retirar dos atletas a pressão do título sob pena de chegar a Dezembro e já ser um fracasso completo, pura e simplesmente por ter colocado falsas expectativas.

Mais uma vez o campeonato vai-se decidir nos jogos contra os ditos “pequenos” e é aqui que o Sporting não pode vacilar como fez na época passada onde perdeu com Tondela, Famalicão e Rio Ave e empatou com o Marítimo e o Boavista. São estes os jogos que não se pode perder e não os derbies e os clássicos, porque aí o adversário é de uma valia superior sendo por isso normal e esperado que triunfem.

Nas Taças o clube tem que ser pragmático e perceber que não vai ganhar tudo. Não vamos passar de 18 anos sem ser campeão para fazer um triplete. No entanto isto não significa que o clube não possa sonhar, até porque é possível sonhar dando oportunidade aos atletas menos utilizados e que são mais que suficientes para fazer melhor que o ano passado, nomeadamente na Taça de Portugal.

Muita atenção à Taça da Liga que nos últimos 3 anos tem sido o descalabro do clube em Janeiro e Fevereiro, fruto do enorme cansaço e pouca rotatividade do plantel, um erro que tem obrigatoriamente que parar de ser cometido.

Para as competições europeias a ideia tem que ser tentar chegar o mais longe possível por força da ajuda financeira que traz aos clubes. Não chegar longe dá prejuízo e prejudica o clube naquilo que serão as participações futuras do clube fruto do mau posicionamento no ranking da UEFA.

É também importante referir que o Sporting não vai chegar ao nível do Porto e do Benfica da noite para o dia. Vai ser preciso tempo e estabilidade. Nenhum treinador ou presidente pega no clube e faz com que ele ganhe campeonatos de forma consecutiva. O Sporting não vai ser candidato, no mínimo, durante os próximos 5 anos. Claro que isto não significa que não posso lutar numa destas épocas ou até ganhar num conjunto muito especial de circunstâncias, mas não vai ser de forma categórica e consecutiva um candidato temido e com fortes aspirações. Primeiro há que crescer e organizar a casa e só depois competir, mas aí já com as mesmas armas e não com “a knife to a gunfight” (faca para uma luta de armas).

Conseguirá Amorim cumprir com a exigência dos adeptos? (Fonte: Tribuna Expresso)

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