WNBA 2023: tudo igual entre New York Liberty e Las Vegas Aces

Lucas PachecoAgosto 8, 20238min0

WNBA 2023: tudo igual entre New York Liberty e Las Vegas Aces

Lucas PachecoAgosto 8, 20238min0
Continua a luta pelos 1ºs lugares das conferências Oeste e Este da WNBA 2023 com o jogo entre Liberty e Aces a merecer amplo destaque

Uma vitória que define caráter: assim pode ser resumida a partida mais aguardada da temporada até aqui, entre Las Vegas Aces e New York Liberty, disputada no últimoDomingo. Até ali, o Aces passeava e sua campanha na WNBA 2023 de 24 vitórias e 2 derrotas exemplifica a superioridade e a facilidade verificadas; se havia expectativa de algum oponente à altura, era pelo Liberty, outro super elenco formado no início de 2023.

O Liberty aparece em segundo na tabela, sem ainda uma vitória contundente para chamar de sua. Até domingo, quando a equipe da ‘Grande Maçã’ bateu o Aces em dó nem piedade. O resultado não traz mudança na tabela, mas recoloca as expectativas na temporada, reinsere a disputa na luta pelo título.

Muito se falou dos dois super times formados e finalmente tivemos uma mostra do tamanho do confronto. Qualquer final outra sem uma das equipes será surpreendente; até domingo, parecia que mesmo contra o poderoso Liberty, o Aces venceria com tranquilidade. As comandadas pela técnica Sandy Brondello tinham outros planos, entretanto. A crescente rivalidade deve ser encarada como um torneio dentro do torneio, os duelos da fase regular como uma mini-série de playoff. Aces vinha com a vantagem, após vencer a partida inaugural por 98 x 81. Tudo mudou depois de domingo.

A partida começou com uma verdadeira trocação de pontos, com ambas as equipes se movimentando bem e achando os arremessos. Vencido pelo Aces, por diferença de 5 pontos, o primeiro quarto mostrou os caminhos que levariam à virada no segundo e, principalmente, terceiro quartos. Sabrina Ionescu, pólo de opiniões apaixonadas e polarizadas, entrou disposta a calar os críticos, cujas opiniões aumentaram após o fracasso do primeiro duelo.

Becky Hammon explorou, na vitória em junho, as fragilidades defensivas da dupla de armadoras de New York, atacando Ionescu e Vandersloot em todos os ataques. Brondello propôs então o antídoto: se Sabrina será atacada, e será inevitável ceder pontos, ela terá que compensar no ataque. Com essa mentalidade, ela partiu rumo a um primeiro tempo primoroso, conduzindo sua equipe à virada no segundo quarto, com 20 pontos e 67% nos tiros de três pontos.

Era impossível brecar Ionescu. A equipe movimentava-se sem bola para liberar espaço para ela, que se movimentava fora da bola em busca dos arremessos (alguns bem longos). Imprimindo a velocidade da quinta marcha, o Aces não encontrou resposta. Se Ionescu fora visada no primeiro duelo, o mesmo aconteceu com Kelsey Plum no domingo; o Liberty venceu com sobras esse duelo individual e ainda dominou nas tábuas.

Porém, sem a defesa apresentada no terceiro quarto, a larga vitória não teria acontecido. Presenciamos um trabalho coletivo de ajuda e flutuação impressionante, e pela primeira vez vimos o potencial defensivo de um esquadrão com três excelentes defensoras (Betnijah Laney, Jonquel Jones e Breanna Stewart) atingir seu ápice. Sem vergonha de impedir os pontos de A’ja Wilson, a pivô deparou-se com dobras – num primeiro momento, buscou as companheiras, sempre bem monitoradas; no segundo momento, tentou individualizar, e a diferença aumentou.

Nada que o Aces tentou deu certo. Há um componente de sorte em todos os esportes e dias ruins acontecem. Mas cabe às atletas e comissão técnica detectar as razões. O terceiro quarto do Aces foi tenebroso, amplamente dominado pela parcial de 30 x 9. Ali, estava finalizada a partida, com o último período disputado pelas jogadoras de fim da rotação, que não devem ser utilizadas na hipotética (e tão aguardada) final.

Pesa a favor do Aces a ausência de Candace Parker, em recuperação de lesão e com expectativa de retornar para os playoffs. Com ela, o cenário muda de figura, embora Kiah Stokes venha fazendo uma excelente temporada. Outra ausência, esta aparentemente definitiva, é Riquna Williams, ala fundamental no título de 2022 que enfrenta problemas na justiça após diversas denúncias de agressão e violência doméstica.

Os arremessos de fora fizeram falta e, no domingo, o perímetro de elite do Aces não correspondeu ao ritmo imposto pelo Liberty. Com a pressão nas linhas de passe e a rápida recuperação, sobrou o jogo de 1×1, ao qual Plum sucumbiu, sem êxito. Chelsea Gray tentou se livrar da marcação individual de Laney, mas a defensora sempre se recuperava e retornava à frente da bola. Jackie Young, desafogo no primeiro tempo, foi misteriosamente relegada na segunda metade e o principal canal de pontuação cessou. De fato, o Liberty desmoronou o Aces, que não teve reação sequer para diminuir a vantagem. A tal ponto que Becky Hammon fez algo típico de playoff: sacou seu elenco principal e abriu mão do jogo ainda no terceiro quarto. 

Pelo Liberty, o conjunto funcionou muito bem e executou o plano de jogo à perfeição. A equipe já havia destravado o poderio de Jonquel, em crescente desde o All Star game; Breanna Stewart segue na disputa pelo MVP (tal qual A’ja Wilson). Se Laney mantiver o papel defensivo demonstrado domingo e ainda converter as bolas da zona morta, o time ganha outra dimensão. E, com essa engrenagem bem azeitada, Sabrina Ionescu fica livre para fazer o que mais gosta: arremessar de longe com confiança e atacar linhas de infiltração e achar companheiras livres.

Na micro-série de playoffs dentro da temporada regular, tudo igual entre Liberty e Aces. A bola estava com o Liberty, agora passou para o Aces, na obrigação de revidar logo no próximo duelo. A vitória impactou demais e trouxe novas perspectivas para o restante da temporada. Liberty e Aces enfrentar-se-ão na final da Comissioner’s Cup no próximo dia 15, com o troféu e a alta premiação sendo disputados em jogo único. Dois dias depois, teremos o terceiro confronto da temporada regular e o encerramento da mini-série no dia 28 de agosto.

Tudo aberto na temporada! Quem assiste a WNBA comemora, graças a uma vitória rediviva do Liberty. O time impôs a pior derrota da franquia de Las Vegas, em um duelo marcado na agenda por todos – não é pouco coisa. Como será a resposta do Aces à noite quente de Ionescu e do Liberty (quase 50% de três, em altíssimo volume)? Como Hammon planejará seu ataque para abrir brechas no garrafão? Kayla Thornton, Laney e Jonquel manterão a mesma intensidade defensiva? Qual candidata a MVP sairá vitoriosa? Plum terá outra noite desastrada? Os amantes da boal laranja devem estar contando as horas até o dia 15, novo capítulo dessa disputa.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS