Arquivo de NCAA - Página 6 de 6 - Fair Play

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Tiago MagalhãesOutubro 25, 20183min0

Darius Bazley. Reconhecem o nome? Provavelmente não. Mas este, poderá certamente ser o jogador mais incógnito deste futuro Draft da NBA, e porque? Porque Bazley realizou o seu último jogo competitivo em Abril de 2018 no Nike Hoops Summit e só voltará a actuar novamente, se tudo correr bem, em Julho de 2019, na Summer League.

Nascido a 12 de Junho de 2000, Bazley foi uma estrela do liceu no Estados Unidos da América nas últimas temporadas, um dos selectivos atletas com ranking de 5 estrelas pela maioria dos outlets de média americanos e com um acordo verbal para representar a universidade histórica de Syracuse nesta temporada que se avizinha de NCAA. Até que… Tudo mudou.

O extremo poste de 2,06m chocou tudo e todos com a retirada do seu acordo verbal com os “Orange” e assinando um contrato com a agência de Rich Paul, sim.. a mesma agência de LeBron James e outros atletas de relevo mundial.

Até aqui, não vimos nada de anormal. Outros atletas tomaram o mesmo caminho como Terrence Ferguson (agora nos Oklahoma City Thunder) que rumou a Austrália para o seu primeiro contrato profissional ou como Mitchell Robinson, que abdicou da sua bolsa de estudo pela universidade de Western Kentucky para trabalhar com um personal trainer no seu jogo indiviual com vista ao Draft deste ano onde acabaria por ser seleccionado na segunda ronda. Estes são apenas dois exemplos de “saídas alternativas”, algo que se iniciou há quase uma década atrás com a vinda de Brandon Jennings para o Virtus Roma com apenas 18 anos.

Darius Bazley no treino de observação dos jovens talentos dos EUA

Mas afinal, o que tem de tão diferente o caminho de Bazley?

A família de Bazley entrou em contacto com a agência de Rich Paul aquando da sua decisão de não representar uma universidade mas também não assinar um contrato com nenhuma equipa da G League onde na teoria “seria difícil evoluir contra jogadores mais fortes e experientes, com outras ambições e num ambiente complicado como a G League” confessou o agente a ESPN e a partir deste momento foi criado um plano de futuro com um objectivo, o Draft 2019 da NBA.

Numa parceria inovadora e que “quebra o sistema actual”, o jovem atleta assinou um contrato com a New Balance (que não possui qualquer atleta da modalidade no seu portefólio desde a década de 90 onde a estrela James Worthy endereçava a companhia) e será a cara da re-introdução da marca no basquetebol oferecendo um contrato de 1 milhão de dólares que pode chegar aos 14 milhões se Bazley atingir certos objectivos.

O que é mais raro disto tudo?

O americano terá de realizar uma espécie de “estágio profissional”  durante 3 meses em Boston pela companhia, onde para além de manter o regime de treinos rigoroso em preparação para a NBA, irá também aprender a parte criativa e de marketing da empresa no seu quartel geral como um “funcionário normal”.

O nativo de Ohio está em boas mãos, não fosse a agência uma das mais conceituadas do momento com atletas como LeBron James, John Wall e Ben Simmons, mas será esta a melhor solução para um jogador que neste momento aparece possivelmente na primeira ronda do Draft da NBA em 2019?

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Tiago MagalhãesMarço 14, 20187min0

Chegamos finalmente ao March Madness, e tudo o que se passou durante este ano ficará posto de parte. Quando digo tudo o que se passou falo dos escândalos relativos a Louisville e ao condecorado Rick Pittino, às insinuações pelas quais a universidade de Arizona mas sobretudo Sean Miller passou, à lesão de um dos melhores jogadores em Michael Porter Jr. que o afastou de toda a fase regular e às imensas questões éticas e económicas que assolam esta competição desde sempre sobre como geram tanto dinheiro através dos atletas mas que nunca recebem compensações (Será a bolsa de estudo total suficiente afinal de contas? No entanto, isso ficará para outro artigo).

Não me levem a mal, lendo o que está em cima parece que esta é uma competição em decadência quer ética quer competitiva, mas não bem pelo contrário. Tivemos imensas lufadas de ar fresco, algumas que nos fizeram saltar do sofá, outras que nos fizeram dizer que a sala onde estávamos tinha muito pó e por isso estávamos a chorar. Nenhuma competição tem a emoção de ver faculdades que acolhem miúdos (sim, estes são miúdos) durante 5 anos e vê-los a sair a chorar do campo agarrados ao treinador porque provavelmente a sua carreira na modalidade acaba ali, ver Cameron Indoor completamente a abarrotar com fãs em cima de repórteres a tentar distrair o jogador que está a pôr a bola em jogo, sentir provavelmente uma das maiores rivalidades de sempre separada por menos de 10 kilómetros quando Duke recebe North Carolina ou vice versa, ou ver estrelas a nascer em várias arenas do país que serão o futuro da NBA. E o March Madness, é o epítome disto tudo.

As equipas são seleccionadas no Selection Sunday, ou seja, a noite em que são escolhidas as melhores 68 equipas durante toda a fase regular em todas as conferências da Division 1 para jogar os playoffs com base em critérios específicos como: o seu recorde final, o seu RPI ranking, os resultados que obtiveram frente a equipas de top 25, o seu BPI ranking e por último os resultados que obtiveram dentro da sua conferência. Após isto o bracket é escolhido conforme as “posições finais” e o playoff funciona de forma “win or go home” – vencendo avançam para a ronda seguinte, perdendo acaba ali a temporada, mais simples e mais contagiante que isto era impossível.

Claro que com tantos critérios que podem ser susceptíveis existem escolhas que poderiam ter sido melhores e sendo assim as equipas que ficaram de fora mas poderiam muito bem ter estado no lote foram Illinois State, USC e Notre Dame.

(Fonte: NCAA)

Agora que temos o bracket completo, vamos tentar dissecar cada região.

SOUTH

Esta é provavelmente uma das zonas mais equilibras em equipas de topo. Temos a #1 Virginia (os favoritos a vencer este ano a competição) que liderados por Tony Bennett tentam chegar a um título baseado num estilo muito próprio, defendendo defendendo defendendo. Sâo a melhor equipa do país neste aspecto e poderão ter a vida tranquila até ao Sweet Sixteen onde poderão encontrar a #4 Arizona da possível primeira escolha do draft da NBA em DeAndre Ayton e do slasher Alonzo Trier ou a #5 Kentucky, os jovens de Calippari chegam ao seu melhor nível no momento mais importante da temporada. É impossível não falar da #2 Cincinnati que também faz da defesa o seu forte e da possível surpresa do torneio na #11 Loyola Chicago que chega pela primeira vez ao March Madness.

WEST

Esta é provavelmente a região mais equilibrada porque a #1 Xavier é talvez das equipas menos fortes com melhor posição dos últimos anos e não seria de todo impossível imaginar uma surpresa frente a uma das escolhas dos especialistas em #9 Florida State e a sua enorme capacidade atlética (que defrontam Michael Porter Jr e #8 Missouri na Round of 64). Gonzaga e a sua #4 será sempre uma equipa incomodativa com destaque para o francês  Killian Tillie, #6 Houston é a melhor equipa que ninguém fala, #12 South Dakota State poderá chatear #5 Ohio State com Mike Daum a liderar com tremendo talento ofensivo. Claro que as escolhas para sair desta região caem em #2 North Carolina com o seu experiente líder Joel Barry II e uma das equipas mais irregulares do país em #3 Michigan de Jim Bellien.

EAST

Nesta região temos provavelmente as equipas com basquetebol mais atrativo para o fã comum da modalidade com #1 Villanova liderada por Mikal Bridges e Jalen Brunson nas posições exteriores a ser o alvo a abater devido a serem a melhor equipa ofensiva do país. #9 Alabama tem o seu “one man show” Collin Sexton mas não deverá passar disso. #12 Murray State é a equipa mais escolhida para fazer a surpresa nesta primeira ronda ao vencer #5 West Virginia, E ainda temos a equipa que mais triplos lança nesta competição na #6 Florida e a segunda melhor equipa a nível ofensivo do país em #2 Purdue.

MIDWEST

O Midwest é a região mais “controversa” porque muitas das equipas poderiam ter sido outras nas escolhas do comité. #1 Kansas de Bill Self é talvez a equipa que mais dúvidas criou aos experts o ano todo, mas acabaram por conseguir o 13º título consecutivo da conferência liderados por DeVonte Graham. #6 TCU avançando na Round of 64 poderá ser um matchup complicado na ronda seguinte frente a #3 Michigan State encabeçados por Tom Izzo como timoneiro e uma dupla que deverá estar nas primeiras 10 escolhas do draft deste ano em Jaren Jackson Jr e Miles Bridges. #10 Oklahoma é a equipa a abater mas por outras razões, os Sooners só estão na competição devido a toda a exposição à volta do possível jogador do ano em Trae Young (melhor marcador e jogador com mais assistências da NCAA este ano, mas também com recorde de bolas perdidas) e poderão encaixar com #2 Duke e sua defesa zona pressionante com nomes como Grayson Allen, Marvin Bagley III e Wendell Carter Jr que também estarão no draft deste ano.

Existem alguns dados curiosos que podem ajudar também a preencher o vosso bracket em busca do vencedor.

– Nenhuma equipa que tenha lançado abaixo de 35% de 3 pontos conseguiu chegar ao título, o mesmo aplicasse a quem lance menos de 70% de lances livres.

– Equipas que não tenham cor azul no seu equipamento não vencem o título desde 2014 (sim, Lousville não conta já que o título foi-lhes retirado).

– Desde 1997 que a equipa campeã tem sempre um treinador com a letra “i” no seu primeiro ou último nome (atenção com Tony Bennett este ano sobretudo).

Os dados estão lançados para uma das competições mais abertas dos últimos anos mas tudo se resume a estas perguntas. Quantas vezes iremos ver e rever no fim o One Shinning Moment? Quem será a Cinderella Story deste ano? Quem irá cortar a rede do cesto no Alamadome no dia 2 de Abril? Não percam.


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É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


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