Segunda parte da entrevista a Miguel L. Pereira que fala agora sobre a herança de Queiroz e Mourinho no futebol português
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O Euro 2000 continua a ser recordado por muitos como um dos melhores europeus de sempre e recordamos o espectáculo que foi
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Um miúdo de 7 anos que sonhava dia e noite com futebol. Nenhuma ou pouca outra coisa o fazia vibrar tanto. Teve como primeiro ídolo o internacional português, de seu nome Paulo Sousa. Esse mesmo que entre outras camisolas também brilhou com a da seleção portuguesa. E é de Portugal que vamos falar através das 7 melhores memórias de um adepto do desporto rei.
Como bem sabemos, Portugal não era presença habitual nas grandes provas internacionais e, após muitos anos viver a experiência por fora vendo outras seleções brilhar, finalmente em 1996 chegou o meu primeiro grande verão futebolístico. Mas para isso, foi importante a recordação nº1
Decorria o ano de 1995. A geração de ouro estava à beira de conquistar o que poucas conseguiram. Mas faltava vencer a República da Irlanda, para voltar a Inglaterra 30 anos depois de Eusébio e os magriços brilharam. Paulo Sousa, cá está ele, ladeado de nomes como Vitor Baía, Fernando Couto, Luís Figo, João Vieira Pinto e claro, Rui Costa. E claro porquê? Porque mais que um Portugal – Irlanda foi o jogo “do golo do Rui Costa”. O minuto 60 foi tão espectacular, importante e inesquecível, que ao ir revê-lo é que me apercebi que depois deste golo houve mais dois.
Dois anos antes Portugal falhou a qualificação para o Campeonato do Mundo 1994, ficando atrás da Itália e da Suíça. Após um empate na Escócia na primeira volta, no 28 de Abril de 1993, assisti pela televisão a primeira grande exibição de Portugal da qual me recordo. Numa altura em que a geração de ouro na equipa principal, a seleção tinha como grandes figuras o capitão Paulo Futre, bem secundado por Rui Barros. E foram exactamente estes dois que com todo o seu virtuosismo derrubaram os escoceses uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Na minha memória Rui Barros tinha feito um hattrick. Mas não. Infelizmente devido ao um falhanço escandaloso, pois acabou por ser o homem do jogo tudo que jogou. Paulo Sousa, com muita classe, e Cadete, com duas finalizações, também brilharam a grande nível.
Pode parecer um cliché, mas lembro-me tão bem deste dia como se tivesses sido há um ano. Mas já foi há 20. Até por razões que vão além do jogo. Pelo clube da minha terra – Estrela de Santo André – tínhamos estado num torneio de futebol em França e tínhamos vencido diante de equipas melhor preparadas e favoritas.
Pois bem. Regressámos vitoriosos a Portugal no dia do jogo de estreia de Portugal. A geração de ouro, com muitos jogadores no auge das suas carreiras. Estava ansioso. Mas o cansaço era tanto e adormeci no sofá. Acordo com o golo logo no início de Paul Scholes. Começou mal. No entanto, mesmo com um segundo golo inglês, lembro-me de sentir orgulho da prestação portuguesa e confiar que a jogar assim iam dar a volta. E não é que deram mesmo! Um dos jogos mais lendários que já vi, com emoção do início ao fim, jogadas espectaculares finalizadas de forma ainda melhor. Foi o início da afirmação de Portugal entre os melhores.
Ainda sobre o Euro 2000. Anos e anos sempre a ouvir (e ainda se ouve): “são 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha”. Mas, depois da reviravolta épica com a Inglaterra, um golo tardio com a Roménia garantiu a passagem aos quartos-de-final. A Alemanha ainda tinha hipóteses matemáticas de passar o grupo mas precisava vencer. O seleccionador Humberto Coelho rodou 9 jogadores e o que aconteceu foi: “São 11 para 11 e no fim goleia Portugal”. A sensação foi óptima. Só de pensar ainda a consigo sentir.
Portugal pela primeira vez como anfitrião Campeonato da Europa, a expectativa era muita. Ainda com Figo como grande figura, a seleção contava ainda com os veteranos Rui Costa e Fernando Couto e a classe de Deco bem apoiados pela base do Porto campeão europeu. E claro, uma tal jovem promessa (mas já certeza) Cristiano Ronaldo. Não, não me esqueci de Nuno Gomes. Mas já lá vamos.
Portugal tinha perdido jogo de estreia, e mesmo vencendo a Rússia, havia muitas dúvidas sobre a capacidade de bater Espanha. Num jogo muito disputado, Nuno Gomes entrou ao intervalo para marcar mais um golo decisivo que fez toda uma nação voltar a acreditar.
Nuno Gomes, acaba por estar associado a vários momentos decisivos na seleção. O golo descrito na “recordação 3” mas também também o golo da meia final diante da França. Lembro-me de festejar de raiva. Porquê? Pela arrogância francesa. Antes do jogo, numa pergunta sobre o avançado português, o central francês Dessaily disse: “Não o conheço”. Pois bem, Nuno Gomes, ainda antes de o relógio os 20 minutos, marcou um golaço na cara do defesa gaulês e do colega Laurent Blanc.
NOTA: Vejam só os primeiros 20 segundos, pois isto é apenas para relembrar momentos felizes. Se bem que Abel Xavier continua a dizer que não foi penálti, e eu acredito nele.
Após várias tentativas e várias meias-finais, Portugal voltava a uma final de um europeu. Começou a prova gerando muita desconfiança mas, jogo a jogo, foi-se tornando mais forte. Podia não jogar o melhor dos futebóis, mas os jogadores, de certa forma, começaram a sentiam-se imbatíveis. E isso notava-se pelo seu comportamento. Mas tal como na História mais lendárias foi preciso passar o Cabo das Tormentas. Um início de prova mais agitado e vai jogar a final, em casa do anfitrião, super-favorito. Os tais franceses, muitas vezes arrogantes, e que gostam fazer piadas com os portugueses. Os tais franceses que 16 anos antes nos tiraram o sonho da final.
Se já parecia difícil imaginem a grande estrela, líder e grande esperança lesionar-se logo início e sair da sua missão em lágrima. Ver os rostos dos colegas desalentados também doeu. Mas subitamente, Nani os restantes uniram-se, e todos eles se transcenderam pelo seu capitão e por todo um país. E isso também se sentiu nos rostos. Para a história ser melhor só faltava golo do patinho feio mais ‘bonito’ do futebol português.
Obrigado pelo remate final, Éder.
Assinado: Portugal.
E assim, como nos livros de História passou a Cabo da Boa Esperança.
Foram 7 momentos de boas recordações mas felizmente poderiam ser muitos mais. Tive e vou tendo o privilégio de ter crescido numa geração que se habitou a ver a seleção consecutivamente em todas as grande competições. Apenas como excepção de 1998 com um empurrou (nada) ‘precioso’ de um senhor árbitro de seu nome Marc Batta (expulsou ridiculamente Rui Costa quando Portugal vencia na Alemanha).
Todos acreditamos que com a geração de talentos que temos actualmente, alguns deles ainda muito jovens, o futuro será risonho.
Uma menção honrosa, para a vitória de Portugal na primeira edição da Liga das Nações. Ainda não se lhe é dado o verdadeiro valor, pois é uma prova nova, mas não apaga a forma brilhante com que Portugal se bateu jogo após jogo até à vitória final.
Aliás, vitória essa que batizou o meu primeiro artigo aqui no Fair Play: Que venham mais feriados! E que estes signifiquem vitórias, que começava assim: “Amanhã é feriado c******!” Sim, é verdade. Podem confirmar aqui.
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