5 contratações de Verão comprados baratos e vendidos a peso de ouro

Francisco IsaacJulho 5, 20217min0

5 contratações de Verão comprados baratos e vendidos a peso de ouro

Francisco IsaacJulho 5, 20217min0
Que transferências de Verão resultaram no maior ganho possível para alguns clubes? Escolhemos 5 exemplos de negócios que renderam milhões

O mercado de transferências do Verão é o momento em que se dão as principais transações de jogadores à escala global, com valores a volutados a serem dispensados na aquisição de grandes estrelas. Contudo, nem todos os clubes entram em loucuras orçamentais, escolhendo a via de contratar barato (este conceito tem sofrido uma evolução constante devido à inflação do mercado desde a viragem para o século XXI) para depois rentabilizar um retorno extremamente positivo, como aconteceram nestes casos escolhidos para este artigo.

Para a elaboração desta pequena lista (há pelo menos duas dezenas de negócios nesta situação) colocámos algumas condicionantes: os jogadores tiveram de ser transferidos pelo menos uma vez antes da maior transferência paga; mesmo que a ida para o clube A se tenha dado durante os anos como juvenil, tem de estar implicado um valor pela sua contratação (caso de Raheem Sterling, por exemplo).

JOHN STONES (EVERTON -» MANCHESTER CITY)

Em Julho de 2013, o FC Everton ouviu os conselhos do departamento de scouting e avançou para a contratação de John Stones, central que à altura tinha 19 anos e pertencia aos quadros do modesto FC Barnsley. O crescimento auspicioso prometia oferecer algo de diferente aos toffees, que desejavam encontrar uma unidade de referência para a defesa, tendo gasto 3,5M€ no então internacional sub-21 que desde os 18 anos já jogava como sénior.

Afirmação total logo na primeira temporada, Stones foi mexendo aos poucos com os titãs da Premier League, rubricando excelentes exibições na maioria dos 95 jogos efectuados pelo 2º maior clube da cidade de Liverpool, com a conquista da sua primeira internacionalização pelos The Threee Lions a chegar em Maio de 2014, iniciando aquilo que seria uma corrida ao “ouro”. Passado mais um ano, e no término da sua terceira época como atleta do Everton, chegou finalmente uma proposta que os “forçou” a deixar Stones sair: 55M€ por 100% do passe. O central tinha custado uns meros 3,5M€ e volvidos três anos garantiu um encaixe extraordinário de 51,5M€ (47M€ se juntarmos o salário de Stones às despesas), numa das transferências mais rentáveis da história do FC Everton.

LUÍS FIGO (FC BARCELONA -» REAL MADRID)

O antigo astro da selecção portuguesa foi um dos melhores produtos das escolas de formação do Sporting CP, tendo capturado a atenção do FC Barcelona em 1996, isto depois no Verão anterior a Juventus ter estado muito próxima de contratá-lo aos verde-e-brancos. Depois de excelentes temporadas ao serviço do clube de Alvalade, Luís Figo gerou cerca de 2,5M€ numa transferência que vista com os olhos actuais poderá parecer pena, mas que na realidade, pois nesse ano a transferência mais cara do mercado de transferências de Verão foi de Alan Shearer para o Newcastle United a troco de 16M€, ficando em 2º lugar a ida do Ronaldo O Fenómeno para Barcelona por 14M€. Outras épocas, outros mercados e outras vantagens/desvantagens.

Regressando a Luís Figo, o internacional português tornou-se um dos activos mais importantes dos blaugrana, participando em diversas conquistas como o bicampeonato de 1995-1997, duas Taças do Rei, duas supertaças, uma Taça das Taças e uma Supertaça Europeia, atingindo o topo do futebol espanhol e europeu. Mas a Julho de 2000, e depois de uma excelente prestação no Euro desse ano (meias-finais), Joan Laporta e Luís Figo, com Luís Veiga à mistura, envolveram-se numa novela quente que acabou com a saída do português para o arquirrival do Barcelona, o Real Madrid, transferindo-se a troco de 60M€, o maior valor de então aplicado num jogador de futebol, que seria batido novamente no Verão seguinte quando Zinedine Zidane se juntou aos galáticos. O Sporting CP pode ter lucrado “pouco” em comparação com o dinheiro arrecado pelo Barcelona, mas ambos os emblemas garantiram uma venda de alto quilate.

RAHEEM STERLING (LIVERPOOL -» MANCHESTER CITY)

Chegou com 16 anos a Liverpool, depois de ter causado imenso furor ao serviço do histórico Queens Park Rangers, razão pelo qual custou cerca de 700m€ aos cofres dos Reds quando ainda não havia certeza se o retorno seria positivo. Fast forward para Julho de 2015 quando o Liverpool chegou a acordo com o Manchester City para a venda do passe de Raheem Sterling a troco de 64M€, transformando-se um dos negócios mais rentáveis e melhor trabalhados das últimas três décadas do futebol inglês. O pulsante extremo, que alimenta qualquer jogo com um ritmo intenso e uma capacidade especial para criar distúrbios defensivos ao seu adversário, mostrou sempre uma elegância espectacular, afirmando-se rapidamente tanto em Anfield Road como no Etihad, seja pelos golos (137), assistências (103), dribles ou expressão técnica que confere ao corredor esquerdo. Um negócio de alta categoria, numa nova acção extraordinária por parte de um dos melhores departamentos de scouting do Desporto-Rei.

RIYAD MAHREZ (LEICESTER CITY -» MANCHESTER CITY)

Reconhecido como um fantasista de grande qualidade, Ryad Mahrez fez parte do plantel que levou o Leicester City a um improvável título de campeão na Premier League, isto em 2016, para depois chegar ao elenco dos citizens no Verão de 2018, numa venda que rendeu aos foxes um lucro ao redor dos 67M€. O internacional argelino chegou a Inglaterra em 2014 através do Le Havre (clube que chegou a deter uma ligação ao FC Liverpool), depois do Leicester ter desembolsado cerca de 700m€ nos serviços do extremo que não era conhecido a nível internacional, transformando-se numa das maiores surpresas do mercado de transferências passados só quatro anos.

Os pormenores de “ilusionismo” e a vertente técnica para dilacerar laterais que subiam à pressa começaram a fazer furor a partir de 2015, altura em que efectivamente se tornou uma das estrelas do campeonato inglês sem estar envolvido em nenhum dos clubes de maior dimensão, com 17 golos e 10 assistências realizadas em 2015/2016, ou seja, no ano do título. O rendimento que os foxes conseguiram por um jogador de 27 anos ainda hoje é visto como um dos negócios mais interessantes dos últimos anos.

PAUL POGBA (JUVENTUS -» MANCHESTER UNITED)

Um negócio pingue-pongue, uma vez que Paul Pogba saiu do Manchester United para a Juventus aos 19 anos a custo-zero, para depois regressar quatro anos depois a troco de uns incríveis 105M€, sendo a venda mais lucrativa de sempre quando consideradas as condicionantes mencionadas no início desta lista. O internacional francês saltou do Le Havre para os Red Devils em 2009, sendo sempre visto como um dos principais talentos da sua geração, apesar de nunca ter somado um jogo oficial na Premier League (alguns na Taça de Inglaterra ou na Taça UEFA/Liga Europa) durante a sua primeira passagem pelo Manchester United. A afirmação total na Juventus deu-se desde o primeiro momento e valeria a chamada para a selecção francesa logo em 2013, impondo-se num par de anos como um dos principais médios a nível europeu. 4 anos e 6 dias depois, Pogba recebeu a chamada para retornar à “casa” de partida, numa operação que forçou o clube inglês a desembolsar 105M€, fervendo o mercado desse Verão de 2016, conseguindo a Vecchia Signora a lucrar espetcacularmente por um jogador que lhe custou praticamente nada.


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