Apesar do futebol estar parado em quase todo o planeta, a IFAB (International Football Association Board) continua seu trabalho a todo vapor. Na última terça feira, foram publicadas as novas regras da entidade, definidas no evento 134th Annual General Meeting realizado em Belfast, na Irlanda do Norte, na última semana de fevereiro, e que passarão a valer a partir do dia 01 de junho em todo o mundo. Vamos comentar as principais mudanças:
1. Nas cobranças de penalidades, os cartões amarelos e vermelhos aplicados durante o tempo normal e a prorrogação não serão considerados.
Aqui começa a primeira polêmica: então um jogador que eventualmente tenha sido expulso durante a partida poderá ser relacionado para bater uma cobrança na hora da definição por penalidades? Você considera isto justo? Imagine um jogador que tenha cometido uma agressão grave no decorrer do jogo e tenha sido punido por esta ação. Este jogador poderia se tornar um heroi nesta mesma partida, ao definir um eventual último pênalti decisivo.
2. Num pênalti, caso o guarda redes tenha se adiantado antes da cobrança e a bola bata na trave ou saia pra fora, a cobrança será validada. Somente se repetirá a cobrança se a bola tocar no guarda redes.
Outra polêmica. Sabendo dessa regra, os guarda redes poderão se adiantar à vontade para atrapalhar o batedor. Se eles não tocarem na bola e ela não entrar, isso vai favorecer a defesa. Ora, se o objetivo do futebol é o golo, essa regra tem tudo para não dar certo.
3. Infração por mão: o limite superior do braço coincide com o ponto mais baixo da axila. Ou seja, a região da manga curta da camisola é considerada válida. A IFAB cita como limite ¨o fim da manga da camisola¨.
IFAB considera manga da camisola como limite para validar mão na bola. Foto: Marcio Alves / Agencia O Globo
Essa regra, certamente, é a que mais vai causar problemas. Fabricantes diferentes confeccionam camisolas distintas. O comprimento de uma manga é diferente do comprimento da outra. Ora, como farão a definição do que é mão e o que não é mão? O VAR vai decidir? E se a camisola do fabricante X tiver a manga mais comprida que o fabricante Y? Aquela bola de lançamento longo que normalmente é matada no peito, poderá ter um ¨pequeno auxílio¨ do antebraço para o jogador fazer o domínio? Desde que a parte do antebraço esteja coberta pela camisola, a regra nova diz que isso será válido. Essa alteração poderá mudar radicalmente a forma com que o futebol é jogado atualmente.
Além destas regras, outras mudanças estão a ser estudadas pelo IFAB, entre elas a alteração da forma de medição do tempo de jogo, com paralisação do cronômetro em algumas situações, entre outras. Como se vê, o futebol está em constante evolução, mas nem sempre as regras mudam para melhor.
Vamos aguardar a bola rolar na relva para ver como estas mudanças ocorrerão na prática.
O Futebol é um movimento que transporta Cultura, Alegria e Festa e desta forma, é uma modalidade cujo o contexto desportivo desenvolve-se através de várias modificações quer a nível emocional, bem como, informacional. Deste modo, e devido ao aumento exponencial das academias de futebol e escolas de formação, o tema designado por "Futebol de Formação" tornou-se cada vez mais popular e familiarizado no mundo desportivo.
Os Campeonatos do Mundo são sempre um momento espectacular do calendário mundial desportivo mas que também tem os seus momentos negativos... recordamos os mais polémicos neste episódio dos Fut-Historiadores
Poucos assuntos são tão maltratados no futebol quanto o fair play financeiro. Quando não são as teorias da conspiração, vêm as conclusões equivocadas pelo desconhecimento de como o mecanismo funciona e para que serve – ainda mais depois que acontece um caso controverso e gigantesco, como o banimento do Manchester City da Liga dos Campeões pela Uefa por dois anos.
Quais são as regras? Haverá um sistema similar no Brasil? Caso tivéssemos as mesmas regras do futebol europeu, nossos clubes passariam pela prova? Baseado no estudo do economista e consultor Cesar Grafietti – que dedicou o último ano ao estudo do fair play financeiro a partir de Milão, na Itália, em contato direto com dirigentes do futebol europeu, o portal tenta esclarecer as principais dúvidas.
“a) Para melhorar a capacidade econômica e financeira dos clubes, aumentando a transparência e a credibilidade deles;
b) Para colocar a proteção necessária a credores e garantir que clubes cumpram suas obrigações com funcionários, impostos e outros clubes;
c) Para introduzir mais disciplina e racionalidade nas finanças dos clubes de futebol;
d) Para encorajar clubes a operar com base nas receitas deles;
e) Para encorajar o gasto responsável pelo benefício de longo prazo do futebol;
f) Para proteger a viabilidade e a sustentabilidade do futebol europeu no longo prazo.”
O sistema tenta reequilibrar o futebol?
Não. A desigualdade financeira é um problema evidente no futebol europeu, com a concentração de dinheiro em alguns poucos clubes em detrimento da maioria, tendo como consequência mais grave a perda da competitividade e a previsibilidade de campeonatos nacionais. Mas esta não é uma questão endereçada pelas regras do fair play financeiro.
Fair play financeiro é novidade?
Não. A Alemanha adota regras para estimular a boa administração financeira desde 1962, por meio da Bundesliga. Na Itália, o sistema começa a vigorar em 1981 por força de legislação. Na Holanda, o fair play financeiro surge em 2003 pelas mãos da KNVB – a federação nacional.
A Uefa cria seu próprio sistema de licenciamento e fair play financeiro em 2009, a partir daí com regras para todo o continente europeu, num momento em que os clubes passavam por mau momento financeiro. O mundo inteiro passava por uma crise econômica, na verdade.
Quais são as regras ditadas pela Uefa?
Prejuízo máximo de 5 milhões de euros por no máximo três anos, podendo chegar a 30 milhões de euros, se houver aporte de recursos por parte do acionista para cobrir a diferença. Custos com infraestrutura, categorias de base e futebol feminino são desconsiderados do cálculo para incentivar esse tipo de investimento
Acionistas ou empresas que façam parte do mesmo conglomerado – leia-se: partes relacionadas – podem injetar dinheiro na operação desde que o aporte não seja maior do que 30% sobre a receita bruta
A auditoria externa precisa concluir, em seu parecer sobre o balanço financeiro, que não existe risco de descontinuidade operacional
O patrimônio líquido deve ser positivo. Ou seja, o clube precisa ter mais ativos (bens) do que passivos (dívidas)
O endividamento não pode ser maior do que 30 milhões de euros. A quantia também não pode representar mais do que sete vezes o EBITDA – isto é, a diferença entre receitas e custos operacionais, antes de considerar impostos, depreciações e amortizações
O investimento na contratação de jogadores não pode ser maior do que 100 milhões de euros na diferença entre compras e vendas
Por que o Manchester City foi punido?
O Manchester City foi comprado pelo atual proprietário em 2008 e pertence majoritariamente à Abu Dhabi United Group, conglomerado dos Emirados Árabes que tem como controlador o sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, por sua vez membro da família real de Abu Dhabi.
Eis que o clube recebeu patrocínio da Etihad Airways, companhia aérea que pertence ao mesmo conglomerado. A Uefa entendeu que o patrocínio, muito acima do valor praticado no mercado, foi feito para burlar a regra que limita o aporte de recursos por parte de acionistas.
Manchester City — Foto: Reuters
Por que o PSG não foi punido?
O caso é muito parecido com o anterior. O Paris Saint-Germain foi comprado em 2010 e pertence ao Qatar Sports Investiments, um braço esportivo do Qatar Investiment Authority (QIA), que por sua vez representa o governo do Qatar nos negócios que realiza pelo mundo.
Quando o PSG comprou os direitos de jogadores como Neymar e Mbappé por valores muito elevados, contou com dinheiro vindo do Qatar por meio de um patrocínio acima de mercado da Qatar Tourism Authority, supostamente para divulgar o país como destino turístico.
O clube deveria ser punido pela Uefa. Sem o dinheiro do patrocínio, o PSG teria prejuízo maior do que o permitido pelo fair play financeiro, além de ter superado o limite para aportes de partes relacionadas. Mas a confederação bateu cabeça e perdeu os prazos para impor as sanções.
No geral, o fair play financeiro funcionou?
A Uefa deu um tempo razoável para que os clubes se ajustassem às regras sobre as finanças. O fair play financeiro foi formulado em 2009 e aprovado no ano seguinte, mas a fiscalização e a penalização só começariam para valer em 2012. A partir deste ponto, o futebol europeu viu seus clubes reduzirem prejuízos gradativamente. O primeiro lucro só aconteceria em 2017. A confederação credita a melhora ao fair play.
O Brasil vai ter fair play financeiro?
A CBF tem planos para implementar seu próprio sistema ainda em 2020, mas o anúncio oficial ainda não foi realizado pela entidade. Cesar Grafietti, inclusive, foi contratado como consultor para estudar os mecanismos europeus e desenhar um modelo para o futebol brasileiro.
Quais clubes poderiam ser punidos?
Enquanto a CBF não anunciar as regras do fair play financeiro para o país, não haverá clareza sobre ajustes necessários e riscos enfrentados pelos clubes brasileiros. Num exercício de lógica, caso as mesmas regras europeias fossem aplicadas aqui, muitos teriam problemas.
A maioria dos clubes possui pareceres de auditorias externas que apontam para o risco de descontinuidade operacional
A maioria dos clubes possui patrimônio líquido negativo – quando dívidas são maiores do que todos os bens, contratos etc
Apesar de ser uma exigência do Profut, muitos clubes registram deficits (prejuízos) superiores ao limite imposto pela legislação
No caso do Bragantino, os investimentos feitos pela Red Bull, com dinheiro vindo da Áustria, quebrariam a regra que limita em 30% do faturamento os aportes de partes relacionadas. A empresa precisaria repensar sua estratégia se houvesse esse mecanismo no Brasil
Especificamente no quesito sobre o patrimônio líquido, tendo como base os balanços patrimoniais referentes a 2018, os mais recentes disponíveis, mais da metade dos clubes do Campeonato Brasileiro reprovaria.
O Desporto e em específico a modalidade do Futebol domina o mundo, tendo sido designado por Desporto-Rei. No entanto, o apoio das claques aos clubes desportivos que deveria demonstrar Cultura, Alegria e Festa , por vezes, acarreta também a Violência, a Xenofobia, o Racismo, os Distúrbios...
Após uma pesquisa ouvindo atletas e treinadores negros de 60 clubes das Séries A, B e C. E do futebol brasileiro o levantamento, feito sob a condição de anonimato por parte dos entrevistados, aponta: 48,1% afirmam terem sido vítimas de racismo no futebol. A histórica falta de punição das entidades que organizam as competições é um ponto a ser destacado. Afinal, somente nesta temporada Fifa e CBF criaram protocolos minimamente rígidos relacionados a casos discriminatórios.
O problema não começa nem acaba nos estádios. A comoção causada após os insultos a Taíson, na Ucrânia e a agressão verbal proferida contra um segurança no estádio do Minerão no final do ano passado, expõem ainda mais uma ferida aberta há séculos na humanidade e, em particular, em nossa sociedade.
Foto: Infografia GloboEsporte.com
“Embranquecimento” nos campos
Esporte destinado às elites, até então, o futebol não era palco para negros nas primeiras décadas do século passado. Em 1914, Carlos Alberto, que trocou o America-RJ pelo Fluminense, tinha por hábito passar pó de arroz no corpo para disfarçar a pele parda. Dez anos depois, foi a vez do Vasco da Gama sentir o peso social ao se ver obrigado a recusar o convite da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (Amea) de ingressar no Campeonato Carioca de 1924, por insistir em manter em seu elenco 12 atletas negros. Em um país que escravizou cinco milhões de indivíduos, 40% do total que foi trazido às Américas, ser negro era visto como algo inferior.
No documento que ficou conhecido como Resposta Histórica, o Vasco se negou a aceitar o corte dos atletas. Veja trecho:
“Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um acto pouco digno da nossa parte, sacrificar ao desejo de fazer parte da A.M.E.A., alguns dos que luctaram para que tivessemos entre outras victorias, a do Campeonato de Foot-Ball da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores, jovens, quasi todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que elles com tanta galhardia cobriram de glorias.”
Foto: Reprodução site oficial do Vasco
Falta engajamento?
Nem mesmo o maior atleta do esporte, Edson Arantes do Nascimento, passou incólume.Antes de se tornar Pelé, o principal nome que encantou os gramados do mundo era chamado de Gasolina (derivado do petróleo), Alemão, Crioulo… alcunhas que tinham como intuito ironizar a cor da pele do atleta. A questão racial, deixada de lado pelo Rei do futebol, enquanto atleta, segundo consta na biografia “Pelé: estrela negra em campos verdes”, de Angélica Basthi, veio à tona quando maior o nome do desporto mundial virou Ministro Extraordinário dos Esportes, no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995.
Se com a bola nos pés Pelé colocou por terra qualquer ideia de inferioridade negra, afinal, que suposta supremacia não se curvou ao 10? Na posição de ministro, Edson Arantes do Nascimento direcionou os holofotes para a falta de representatividade política dos negros.
Foto: Marcos Arcoverde/Ag. Estado
“É bem mais fácil você eleger um negro para discutir o problema do negro. Se o negro quer que se tenha uma melhora na sua posição social e uma melhora do Brasil de uma maneira geral, temos de botar a gente no Congresso, para defender a nossa raça. Onde o Pelé chega, está chegando um cidadão brasileiro de cor negra. A minha bandeira é a do exemplo, da coisa séria,” disse o Rei, à Rádio CBN, após reunião com a Executiva do Movimento Marcha contra o Racismo
Vinte e quatro anos depois, o panorama segue alarmante: três das 81 cadeiras do Senado são ocupadas por negros. Governadores? Nenhum.
Vítima direta de racismo, em 2005, durante o jogo entre São Paulo e Quilmes, pela Libertadores, o ex-atacante Grafite diz entender os ex-companheiros de profissão e traz, consigo, um argumento que mostra mais um fator para a falta de engajamento em torno do tema: o reducionismo das vítimas.
Foto: Eryck Gomes
“No Brasil, o engajamento é pequeno. Não só dos jogadores, mas também das pessoas que trabalham na mídia. Quando aconteceu o meu caso, em 2005, ninguém mais falava sobre o que eu representava para o futebol. Eu passei a ser o Grafite do caso do racismo. Ninguém falava sobre os gols que eu fazia, o fato de eu ser convocado para defender a Seleção, de ir bem no futebol alemão”
O comentarista do Grupo Globo ressalta que esse tipo de repercussão diminuiu sua vontade de ir além na denúncia. E que pode afetar outros jogadores.
– Isso me incomodou muito, e eu realmente não gostava. Tanto que não dei prosseguimento. Precisamos falar, mas não tratar as pessoas como se elas fossem só isso. Talvez por isso muitos atletas não gostem de falar sobre o tema.
Posicionamento e representatividade
Uma das vozes mais ativas contra o racismo no futebol nacional, o técnico do Bahia, Roger Machado, acredita que a naturalização do preconceito e a falta de oportunidades para que negros ascendam além das quatro linhas, assumindo cargos de liderança, são dois fatores que contribuem para o problema. A fala do treinador é um reflexo de um país em que 12,8% dos negros chegam ao ensino superior, segundo o IBGE.Número ainda mais alarmante quando vemos que apenas 6,3% dos cargos de gerência nas grandes empresas são ocupados por pessoas de pele escura, de acordo com o instituto Ethos – que aponta indicadores de Responsabilidade Social Empresarial. Panorama que, segundo Roger Machado, também tem reflexo no futebol.
Foto: DUDU MACEDO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
“Nós nos posicionamos mais, muito mais do que em outros momentos. Mas isso gera enfrentamento. Quando você se posiciona, dizem que você está legislando em causa própria ou que você não pode falar, porque somos todos iguais. Somos todos humanos. Todos somos humanos, mas temos oportunidades bem diferentes. Quantos têm oportunidade que eu tenho de falar e ser falado?”, questiona Roger Machado.
O treinador do Bahia também levanta a importância do seu papel, como comandante negro de um clube de futebol. Para dar voz e quebrar paradigmas.
– O meu lugar é um lugar de resistência e protesto, para que outros possam se ver treinadores de futebol, em posição de comando e liderança. Liderança que se denota que o atleta de futebol só tenha virtude na arte do futebol, e não tenha capacidade intelectual. Falaram que não sei gerir grupo. Isso é um preconceito estrutural, que vem há 300 anos, sendo colocados a conta-gotas. Temos que descolonizar o Brasil. Temos que ter educação formal. O maior preconceito é estrutural. Quando você não conhece a história através do estudo, é difícil de as pessoas entenderem e se sentirem parte disso tudo.
Ídolo do Wolfsburg-ALE, Grafite traça um paralelo entre Brasil e Alemanha, país marcado pelo Nazismo, que com base no pensamento eugênico pregava a supremacia da raça arianaentre os anos de 1933 a 1945. Com a expertise de quem atuou no clube por quatro temporadas, o ex-jogador acredita que o fato de os alemães reconhecerem o passado, além de aceitar o problema como algo não setorizado, faz com que o país tenha um debate mais aberto sobre o tema.
– Na Alemanha, que é um país marcado por isso, o debate sobre o racismo é o ano todo e vai além do futebol. A gente fala do futebol, mas imagina o que acontece todos os dias com pessoas anônimas… Aqui, as pessoas falam quando acontece um caso, no dia 20 de novembro e 13 de maio, que são datas simbólicas. Não existe um trabalho mostrado na mídia a esse respeito. É algo espalhado pelo país, mas que a gente não fala e não busca uma melhora efetiva.
Ouvindo os jogadores
O problema não está restrito a casos isolados. Segundo o relato dos jogadores, há casos de injúrias raciais em 14 estados, espalhados pelas cinco regiões do país.
– Entender que o futebol tem o racismo estrutural muito grande e entender que isso é algo espalhado por todo país é fundamental para que possamos minimizar as questões raciais. É o caminho que precisamos seguir. A educação é importante, mas precisamos punir e entender que, no geral, o torcedor teme a punição. O medo de ver o seu clube punido inibe – disse o pesquisador Marcelo Carvalho.
A fala anônima de um dos atletas a responder o levantamento traz uma vertente dos atos racistas dentro dos estádios, onde 63% das ofensas partem da torcida adversária. Essas ofensas fazem com que 39% dos jogadores peçam punição aos agressores. Mas outro fator chama a atenção: 27,7% dos entrevistados acreditam que campanhas educativas, que mostrem a origem do problema, podem reduzir os casos.
– Eu não posso ser julgado pela minha cor, e sim pelo que aprendi e posso fazer. O futebol, como esporte de massa, pode ajudar nisso. A rede de apoio é muito falha para negros – ressalta Grafite.
Pesquisa do Observatório da Discriminação Racial no Futebol registrou 44 ocorrências racistas contra brasileiros só em 2018. O número, aliado a uma ameaça de punição por parte da CBF – de multa a perda de pontos, de acordo com o Art. 243 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva – fez com que os clubes intensificassem as ações educativas
O Vasco usou o histórico de luta contra o racismo como mote para o lançamento de uniforme. O Bahia, que vem ampliando o engajamento nos debates sociais, aderiu à campanha contra o racismo junto ao Gêmio. E o Santos, que teve um torcedor acusado de injúrias racistas e xenofóbicas durante a partida contra o Ceará, pela 26ª rodada do Brasileiro, fez uma ação pedindo para que racistas deixem de torcer pelo clube – responsável pelo surgimento de Pelé.
O racismo nos estádios, que reflete uma sociedade em que a população foi conduzida a silenciar negros e pardos, precisa ampliar o debate para além da culpabilidade individual e das hashtags solidárias, tão comuns nas redes sociais a cada caso. É preciso entender e aceitar que, em um país onde 12,8% dos negros, entre 18 e 24 anos, estão no ensino superior – de acordo com dados do IBGE – e em que brancos recebem salários 72,5% mais altos que negros, a responsabilidade para uma mudança de paradigma é de todos. E, diante deste cenário, nada mais pertinente que o futebol, responsável por prender a atenção de milhões de brasileiros, use seu poder popular para combater um problema que vai muito além das quatro linhas e não se limita a uma data no ano.
Conclusão
Ao que tudo indica, esse cenário no mundo do futebol só deverá ter alguma mudança, quando a FIFA e todas as outras entidades passarem à ter tolerância ZERO. Suspendendo as equipas das competições nacionais e internacionais.
A Argentina foi a grande campeã do Mundial FIFA de 1978, mas o Brasil foi declarado pelo seu treinador como o "Campeão Moral", por haver terminado o torneio de maneira invicta e por outros factos que ocorreram durante aquela Copa do Mundo. Afinal, por que aquele torneio é ainda polémico?
É uma daquelas discussões que poucas sabem a sua origem... é soccer ou football? E será que soccer é uma palavra derrogativa para com o football? Uma tentativa de esclarecimento da nossa parte!
A Caderneta dos Cromos traz três historietas de algumas estrelas do futebol mundial. Cruyff, Jairzinho e Higuita. Qual deles gostavas de ter visto a jogar futebol?
A Enciclopédia do Desporto em Português traz à baila o nome de duas jogadores e operárias e equipas femininas inesquecíveis e que marcaram uma era no futebol inglês. Conhecias a história de Parr e Reay?
É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.