Arquivo de Cruzeiro - Página 2 de 4 - Fair Play

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Marcial CortezFevereiro 28, 20217min0

Palmeiras e Grêmio vão decidir a 32a final da Copa do Brasil, o campeonato mais democrático do país e que conseguiu o incrível feito de manter a mesma fórmula de disputa desde o seu início. Conheça um pouco mais da História desse fantástico certame que, entre outras coisas, leva o campeão à cobiçada fase de grupos da Copa Libertadores

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Marcial CortezOutubro 5, 20206min0

O Cruzeiro foi o primeiro Campeão Brasileiro após a reorganização do futebol brasileiro em 2003, com um esquadrão histórico sob o comando do técnico Vanderley Luxemburgo. Naquela época, implantou-se o campeonato de pontos corridos e regras claras de acesso e descenso entre as séries. No entanto, somente a partir de 2006 é que os formatos das Series A e B do Brasileirão foram alinhados com 20 clubes, dos quais 4 sobem e 4 descem.

Durante todo esse período, 8 equipas consideradas grandes passaram uma ou mais épocas no calvário da Série B. O Vasco lá esteve por três oportunidades – em 2009, 2014 e 2016; Palmeiras e Botafogo participaram duas vezes – o primeiro em 2003 e 2013, o segundo também em 2003 e 2015. Além destes, disputaram a Série B as equipas do Corinthians (2007), Grêmio (2005), Atlético Mineiro (2006) e Internacional (2017).

Na época atual, o Cruzeiro está a enfrentar o desafio maior de retornar à elite do futebol brasileiro. Porém, ao contrário de seus co-irmãos, o Palestra Itália de Minas Gerais não faz uma boa campanha, e nesse momento ocupa a 17ª colocação do certame, a primeira vaga à despromoção para a Série C de 2021.

Os motivos que levaram o alviceleste de Minas Gerais a essa situação já são bastante conhecidos do público brasileiro: má gestão, troca constante de técnicos, erro nas contratações, pressão dos adeptos. Os ingredientes são sempre os mesmos, e os resultados na relva refletem a bagunça nos bastidores.

O Cruzeiro iniciou sua jornada no purgatório da Série B em 2020 em condições de desigualdade: punido pela FIFA, o Palestra de Minas entrou na competição com um débito de 6 pontos devido ao não cumprimento da ordem de pagamento referente à dívida pelo empréstimo do volante Denilson junto ao Al Wahda. Como se isso não bastasse, uma nova punição da entidade máxima do futebol mundial impediu o Cruzeiro de registrar novos jogadores, por um imbróglio judicial que envolveu a transferência do jogador Willian Bigode, hoje um ídolo do Palmeiras.

Os adeptos do Cruzeiro sofrem a cada rodada, ao ver o desespero instalado no escrete alviceleste, que não consegue reagir mesmo ao enfrentar adversários de qualidade inferior. Pra piorar a situação, a claque cruzeirense é obrigada a ver o seu maior rival, o Atlético Mineiro, num momento de graça: o Galo lidera a Série A com folga, além de contar com apoios administrativo e financeiro de parceiros endinheirados, que prometeram até a construção de uma arena moderna, prevista para inaugurar em 2022.

Claque cruzeirense no derradeiro dia da despromoção à Série B, em dez/2019 Foto: Felipe Correia/Photo Premium/Folhapress

A situação é tão caótica que, mesmo que contasse com os seis pontos que foram retirados pela punição da FIFA, a Raposa (apelido carinhoso do Cruzeiro) ocuparia apenas a décima posição no campeonato (curiosamente a mesma colocação ocupada pelo Galo após 13 rodadas na Série B em 2006 – vide quadro abaixo), uma colocação que não agrada a ninguém: nem aos dirigentes, nem aos adeptos, e muito menos aos jogadores. E aí fica a pergunta – o que dever ser feito pra salvar o Cruzeiro?

A resposta não é simples. Para Gabriela Martins, adepta fanática do Cruzeiro, “a primeira atitude a ser tomada é rapidez nas investigações (muitos ex-dirigentes da Raposa, entre eles o ex-presidente Itair Machado, estão envolvidos em denúncias de corrupção e desvios de recursos) e punição dos culpados. Além disso, é preciso fazer uma reformulação de todo o estatuto do clube, pois o atual só serve para manter o status quo, o que não muda a  situação de hoje e continua a favorecer sempre os mesmos nomes. Por fim, organizar as contas do clube e reformular o elenco. Os medalhões como Henrique e Moreno não podem mais continuar a vestir a camisa celeste.”

Organizar as contas do clube é talvez a tarefa mais difícil da atual diretoria do Cruzeiro. Sem recursos e sem poder contar com as altas cotas das transmissões televisivas (as cotas da Série B são muito inferiores às cotas pagas na Primeira Divisão), o clube recorre aos seus adeptos para buscar ajuda. Recentemente foi criado o programa “Operação FIFA”, uma espécie de crowdfunding para saldar as dívidas junto à entidade máxima do futebol e salvar a vida financeira do clube.

Operação FIFA: medida desesperada para salvar o clube. Foto: Divulgação – Cruzeiro

Para Júlio Silva, adepto que tem um podcast famoso sobre o Cruzeiro, “o clube está num buraco sem tamanho, pois o despreparo da atual diretoria é tal que até blogueiros e twitteiros estão a interferir na política.” Para ele, “o Cruzeiro precisa renascer e isso só vai acontecer com a profissionalização da gestão do clube, estratégias financeiras e afastamento dos dirigentes que utilizam o Cruzeiro como plataforma política”. Vale lembrar que este ano teremos eleições para prefeitos e vereadores nas cidades brasileiras e alguns adeptos acusam dirigentes e ex-dirigentes do Cruzeiro de usarem o nome do clube para obter vantagens de ordem política.

Essa bagunça total reflete no relvado. Para efeito de comparação, veja na tabela abaixo a classificação das equipas consideradas grandes na 13ª jornada do Brasileirão Série B em suas respectivas épocas:

Tabela comparativa situação do Cruzeiro x outros grandes na Série B após 13 jornadas
*Palmeiras 2003 e Grêmio 2005 jogaram a Série B com outra fórmula de disputa
Arte: Adalberto Antunes

Enquanto os rivais já estavam todos bem encaminhados em suas respectivas participações, com exceção do Galo em 2006, que ocupava a décima colocação, todos os outros grandes ocupavam a zona de acesso ao final de 13 rodadas. O Cruzeiro está na contra mão das equipas grandes.

Ainda teremos 25 jornadas pela frente. Há tempo hábil para a mudança. Pelo bem do futebol tupiniquim, torcemos para os dirigentes criarem vergonha e tomarem as decisões que precisam ser tomadas, para que possamos contar com a participação cruzeirense nos grandes clássicos locais e regionais em 2021. Caso contrário, o Palestra de Minas pode seguir o triste caminho percorrido pela Portuguesa de Desportos, que praticamente sumiu do cenário futebolístico brasileiro.

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Renato SalgadoMarço 25, 20207min0

Assim que a pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil, uma das primeiras medidas de combate adotadas pelas autoridades foi recomendar a paralisação do futebol. Capazes de atrair multidões semanalmente em várias regiões do país, os eventos esportivos logo foram suspensos com o intuito de evitar aglomerações. Os campeonatos paulista e carioca, os mais populares do país, tiveram sua última rodada disputada no fim de semana dos dias 14 e 15 – a maioria dos jogos de portões fechados. Desde então, os clubes envolvidos dispensaram atletas de todas as categorias e boa parte dos funcionários, desocupando estádios e centros de treinamento. Em uma situação de calamidade pública, algumas estruturas esportivas que estão vazias foram colocadas pelos responsáveis a serviço das autoridades públicas em diferentes Estados “para aquilo que for necessário”, de postos de vacina a recepções de doentes, enquanto durar a pandemia.

O primeiro da lista a agir foi o Athletico Paranaense. Curitiba está num dos Estados com 25 casos confirmados até sábado, e Athletico soltou um comunicado na hora do almoço de quinta-feira (19) informando que coloca à disposição das autoridades de saúde do Estado e do município o Centro Administrativo de Treinamentos Alfredo Gottardi, conhecido como CAT do Caju, e o Estádio Joaquim Américo Guimarães, a popular Arena da Baixada, que foi sede da Copa do Mundo de 2014, “para o uso que entenderem necessário, visando a vacinação e/ou tratamento de pessoas acometidas pelo Covid-19”.

Foto: ORLANDO KISSNER/AFP via Getty Images

A atitude foi seguida pelo São Paulo, clube que fica no epicentro da epidemia do novo coronavírus no Brasil. Na capital paulista, até esta sábado foram registrados 459 casos, e 15 mortes, o epicentro da crise. Poucas horas após o Athletico, o São Paulo divulgou uma nota oficial assinada pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva “assumindo a responsabilidade social (…) em disponibilizar toda a infraestrutura do São Paulo Futebol Clube para aquilo que for necessário, inclusive o Estádio Cícero Pompeu de Toledo”. Conhecido como Morumbi, o estádio, que tem um clube e um complexo social alocado a ele, pode desempenhar uma função estratégica por ficar localizado nos arredores do Hospital Albert Einstein, um dos mais importantes no combate contra a doença na capital. Os responsáveis pelo clube sugerem usar o estádio como local para coleta de sangue ou alojamento dos pacientes. A assessoria da Secretaria de Saúde do Estado confirmou ao jornal Folha de S. Paulo que recebeu o comunicado e avaliará as opções disponíveis.

Estádio Allianz Parque que está sendo usado de posto de saúde para campanha de vacinação contra H1N1. Foto: blogspot.com

Corinthians, Palmeiras e Santos seguiram o exemplo pouco tempo depois. Corinthianos deixaram à disposição do Governo a Arena Corinthians em Itaquera, o Centro de Treinamento Joaquim Grava e o Parque São Jorge, enquanto santistas disponibilizaram “todas as suas dependências para que sejam utilizadas pela Secretaria de Saúde do município”, que incluem o estádio Vila Belmiro e o CT Rei Pelé. O Palmeiras autorizou sua arena, o Allianz Parque, a receber a campanha de vacinação contra a gripe influenza, que começa no próximo dia 23 para idosos com mais de 60 anos e profissionais de saúde. As autoridades confiam que a campanha pode ser fundamental por diferenciar os pacientes da gripe dos que sofrem de coronavírus e diminuir a possível sobrecarga do sistema de saúde. Palmeirenses disseram que seus “recursos” estão “a serviço da sociedade”.

Foto do hospital de campanha no Estádio do Pacaembu começou a ser construído no domingo(22). Serão 202 leitos com objetivo de liberar espaço nas unidades municipais e aumentar a capacidade dos hospitais de atender pacientes com Covid-19. FOTO: FELIPE RAU/ESTADAO

Ainda em São Paulo, a Prefeitura anunciou na manhã desta última sexta-feira que o estádio do Pacaembu receberá 200 leitos de baixa complexidade para atender pacientes com suspeita de infecção pelo novo coronavírus. Outros 1.800 leitos serão colocados no sambódromo do Anhembi, que também pertence à Prefeitura. “Nesses espaços nós podemos fazer o acompanhamento da população que não se encontra numa situação de alto risco, mas precisa de uma atenção do poder público”, afirmou o prefeito Bruno Covas.

Outros Estados tiveram exemplos de solidariedade vindos de dentro do campo. No Rio de Janeiro, onde três mortes pelo novo coronavírus foram divulgadas até sábado, o Botafogo deixou seu estádio Nilton Santos à disposição do Governo “no que for necessário no período da pandemia”. O mesmo fez o Cruzeiro em Belo Horizonte com seus dois clubes sociais, sede campestre e parque esportivo no bairro do Barro Preto. Bahia e Fortaleza também agiram, oferecendo os CTS Fazendão e Ribamar Bezerra, respectivamente. A estrutura baiana foi inspecionada pela Secretaria de Saúde do Estado e já foi aprovada para a recepção de pacientes da Covid-19.

Assim como o Palmeiras, o Goiás se comprometeu a ajudar na campanha da vacina contra a gripe influenza. A partir do dia 23, o estádio Serrinha, localizado em Goiânia, será um posto de vacinação para idosos e profissionais de saúde. Longe do epicentro brasileiro da Covid-19 e das estruturas mais ricas do futebol nacional, o Juventude de Caxias do Sul deixou seu ginásio coberto, localizado no centro de treinamento, à disposição da Prefeitura, e o Náutico de Recife colocou seu CT a serviço do Governo pernambucano. O Rio Grande do Sul tem, por enquanto, 60 casos confirmados, enquanto Pernambuco tem 30. “O mundo precisa ganhar essa”, resumiu a diretoria do Náutico através de comunicado. “E somos todos do mesmo time, porque a luta pela vida está em jogo”.

A concessionária Arena BSB, que administra o Estádio Nacional de Brasília, mais conhecido como Mané Garrincha, colocou a arena mais cara da Copa do Mundo de 2014 à disposição do governo do Distrito Federal para o combate à pandemia do novo coronavírus. O estádio poderá ser utilizado como centro de triagem ou hospital de campanha pela Secretaria de Saúde. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, sinalizou apoio à medida. “Já vistoriamos e é um bom local”, afirmou. De acordo com a gestora do Mané Garrincha, a localização central do estádio pode aliviar a rede hospitalar para pacientes com maiores gravidades. “Entendemos que disponibilizar a estrutura do estádio é assumir uma cota de responsabilidade social neste momento tão crítico. Estamos dispostos a colaborar em todas as ações necessárias para a minimização da epidemia e suas consequências”, afirmou o diretor presidente da Arena BSB, Richard Dubois, em nota.

Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press
Estádio Mané Garrincha, em Brasília

Agora, é esperar que o povo brasileiro tenha a noção da importância de ficar em quarentena em casa para impedir o contágio e a contaminação do coronavirus como vem ocorrendo em diversos países na Europa, Ásia e agora nos EUA. E apesar de toda essa situação caótica que estamos vivendo, vale ver a solidariedade das pessoas e dos clubes de futebol para impedir uma tragédia maior!


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