Sergio “anti-chuva” Pérez encanta em Singapura

Nuno CanossaOutubro 4, 20226min0

Sergio “anti-chuva” Pérez encanta em Singapura

Nuno CanossaOutubro 4, 20226min0
Nem Max Verstappen, nem Charles Leclerc, o 1º lugar de Singapura foi Sergio Pérez que brilhou nesta corrida como conta Nuno Canossa

Pela primeira vez esta temporada, um dos pilotos entrava em acção com a possibilidade de se sagrar campeão. Sendo o nome em questão, obviamente, o de Max Verstappen, que caso vencesse o Grande Prémio da Singapura, aliado a hipotéticas más prestações de Charles Leclerc e Sérgio Perez que rondassem, pelo menos, o fundo dos lugares pontuáveis, renovaria o seu estatuto como dono e senhor do campeonato de pilotos.

No entanto, a decisão ficará adiada para, pelo menos, o próximo GP (em Susuka, Japão), já que Max não foi além do 7º lugar, tendo visto o seu colega de equipa Sérgio Perez assinalar o seu 2º triunfo da temporada, com os dois Ferraris – primeiro Leclerc, depois Sainz – a completarem o pódio.

O DERRAPAR DE MAX E A FESTA DE PÉREZ

A derrota, ou melhor: a não-vitória de Max teve início na qualificação de sábado, quando o piloto neerlandês, que vinha na volta mais rápida de toda a Q3, foi chamado às boxes, travando a fundo aquela que seria a sua 5ª pole position da temporada. Assim sendo, e devido à falta de combustível no seu monolugar, Verstappen partiu apenas da 8ª posição, complicando as suas probabilidades de vencer o GP da Singapura pela 1ª vez na carreira. É que, apesar do actual campeão do mundo ter vencido 3 das últimas 4 corridas tendo partido de 7º ou pior, o circuito citadino nocturno de Singapura é considerado, a par do GP do Mónaco, o mais complicado de se ultrapassar.

A isto, juntaram-se o clima tropical do sudeste asiático cuja intensa precipitação atrasou a corrida por 1 hora, para além do péssimo arranque do piloto que celebrou os seus 25 anos no dia dos treinos livres (sexta-feira).

Quanto ao outro condutor do RB18, Sergio Pérez beneficiou de uma excelente reação aos semáforos, que o projectou para a frente de todo o pelotão, sem nunca ser ameaçado pelo original líder e detentor da pole, Charles Leclerc. Contudo, e apesar de uma corrida exímia por parte do mexicano, a sua vitória só foi verdadeiramente confirmada após o final da mesma, uma vez que o piloto da Red Bull fora sujeito a uma investigação por incumprimento da distância para o safety car em múltiplas ocasiões. No fim, Pérez acabou por ser mesmo penalizado – em 5 segundos -, mas com a equipa a ter conhecimento de tal possibilidade ainda na corrida, o piloto foi alertado da mesma, abrindo uma vantagem de +7,5 segundos para os homens da Ferrari.

Na realidade, a corrida de domingo foi das mais agitadas da temporada, sendo mesmo a que conteve o maior número de desistências (6), resultando na saída do safety car ou na activação do virtual safety car por diversas vezes.

Entre os pilotos que abandonaram a corrida: os dois da Alpine que viriam a perder uma posição no campeonato de construtores; os dois da Williams, Albon contra o muro, Latifi que atirou Zhou (Alfa Romeo) para fora da corrida; e Yuki Tsunoda da AlphaTauri. De forma a cumprir a velocidade delta ou a respeitar a fila atrás do safety car em boa parte das voltas, a direção da corrida foi obrigada a accionar o cronómetro das duas horas, com a mesma a ser finalizada em 59 voltas ao invés das 61 programadas.

MERCEDES COM UM FIM-DE-SEMANA PARA ESQUECER

Apesar de ambos os seus pilotos terem terminado a corrida, o fim-de-semana foi desanimador para a Mercedes. George Russell falhou o acesso à Q3 pela primeira vez desde o novo GP de Miami, com a equipa a optar por mudar a PU do seu W13, resultando num arranque a partir da pitlane para o piloto britânico. Servindo de cobaia para o resto da grelha, Russell foi o primeiro a mudar dos intermédios para os slicks, mas a decisão foi tomada demasiado cedo num piso ainda demasiado húmido, com Russell a ficar cada vez mais para trás, e com disputas com Schumacher e Bottas a não beneficiarem na tentativa do piloto da Mercedes em chegar aos pontos. Uma corrida em que a Mercedes arrecadou um total de 2 pontos por intermédio de Lewis Hamilton, ficando a uns distantes 66 pontos da Ferrari no campeonato de construtores.

O 7x campeão mundial foi pressionando Carlos Sainz por um lugar no pódio até á 33ª volta, em que, perdendo o controlo do seu monolugar, embateu de forma violenta contra as barreiras. Obrigado a trocar a asa dianteira, Lewis conseguiu, ainda assim, regressar à pista e conseguir um 9º lugar, após ter sido o piloto com pior abordagem a uma curva protagonizada pelos campeões Verstappen, Vettel e o próprio Hamilton.

E aproveitando a menção a Sebastian Vettel, o merecido destaque às provas de Aston Martin e McLaren. Os primeiros, que haviam começado em 11º e 13º, capitalizaram as várias desistências e safety cars para se catapultarem para os lugares mais cimeiros da grelha, com Lance Stroll a conseguir o melhor resultado da época (P6 e 8 pontos), e o germânico Vettel, que se encontra a realizar a sua última temporada na F1, a chegar aos pontos pela 7ª vez em 2022. No entanto, a surpresa (positiva) da corrida foi mesmo a performance da McLaren.

O 4º lugar de Lando Norris foi o 2º melhor resultado da época (um pódio em Emilia-Romagna), mas o destaque máximo vai para Daniel Ricciardo que, tendo partido da 17ª posição, conseguiu o melhor resultado da temporada (5º lugar, 10 pontos) e foi fundamental para que a McLaren, não só ultrapassasse a Alpine no 4º lugar do campeonato de construtores, como construísse uma vantagem de 4 pontos para a equipa francesa.

No próximo Grande Prémio do Japão (7-9 Outubro), Max Verstappen voltará a beneficiar de uma oportunidade de se sagrar bicampeão, mas com muitas outras contas ainda em aberto.


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