Os playoffs da WNBA 2024

Lucas PachecoSetembro 26, 20248min0

Os playoffs da WNBA 2024

Lucas PachecoSetembro 26, 20248min0
Com a fase regular e 1ª volta dos playoff concluída, os playoffs da WNBA 2024 estão em grande e Lucas Pacheco explica-te o que se passou até aqui

Apenas uma semana após o fim da temporada regular da WNBA, que resultou na eliminação precoce das quatro últimas colocadas (Washington Mystics, Chicago Sky, o decepcionante Dallas Wings e Los Angeles Sparks), a primeira rodada dos playoffs da WNBA 2024 também já foi concluída. Todas as séries terminaram em 2 partidas a 0 (zero) a favor das equipes de melhor campanha; confirmando as expectativas, New York Liberty, Minnesota Lynx, Connecticut Sun e Las Vegas Aces avançaram às semi-finais, em formato melhor de cinco, com início no próximo domingo (29).

Vejamos como foram os confrontos da primeira rodada, a fim de produzir um quadro mais nítido das semis, as quais prometem muita emoção e equilíbrio.

Quartas-de-final

NY Liberty (1) x (8) Atlanta Dream

A série, em si, não oferecia muito perigo à líder da fase regular. Com mando de quadra, cada vez mais entrosado, com mais peças de reposição do banco, o Liberty não seria eliminado pelo oitavo colocado, a não ser em caso de catástrofe. Atlanta assegurou a última vaga no playoff apenas na última rodada, com duas jogadoras importantes da rotação contundidas (Cheyenne Parker-Tyus e Aerial Powers). A montagem do elenco, apostando na evolução de grande parte das reservas, dificultou a reposição, aliada ao desempenho oscilante ao longo dos 40 jogos.

A técnica de New York, Sandy Brondello, pôde assim experimentar uma mudança importante no quinteto titular, sacando a lendária armadora Courtney Vandersloot e apostando na defesa de Leonie Fiebich. A ala alemã, caloura, não somente melhorou a defesa como contribuiu com pontuação (21 pontos em 87% de aproveitamento) – mudança de impacto para a próxima fase dos playoffs. As vitórias por 83 x 69 no jogo 1 e 91 x 82 no jogo 2 (em uma partida mais equilibrada, sendo necessária uma exibição de luxo de Sabrina Ionescu, com 36 pontos e 9 assistências) recolocaram o Liberty na semi-final, onde encontrará seu algoz de 2023 pela frente.

Las Vegas Aces (4) x (5) Seattle Storm

O resultado mascara quão estranha foi essa série, principalmente o jogo 1. Esperava-se equilíbrio entre duas equipes campeãs, separadas por mínimos detalhes na classificação da fase regular, que contam com elencos experientes; não se contava com sequências tão ruins, dos dois times. O bi-campeão Aces, famoso pelo poderoso ataque, anotou míseros 9 pontos no quarto inicial, com sua grande estrela A’ja Wilson gelada; no quarto final, precisando virar o placar, converteu somente 14 pontos – e ainda assim venceu!

A’ja melhorou durante a partida (aproveitamento mediano, com 21 pontos), as reservas subiram a intensidade do conjunto (Tiffany Hayes teve 66% de quadra, com 20 pontos) e compensaram a terrível atuação de Kelsey Plum. A vitória por 78 x 67, porém, não aconteceria se o Seattle não fizesse um dos piores quartos da história dos playoffs da WNBA, tendo anotado 2 pontos nos dez minutos finais do jogo!

Noelle Quinn contou com o retorno da pivô Ezi Magbegor para o jogo 2, sem muitos outros ajustes possíveis, dada a limitação do banco. Skylar Diggins-Smith, Gabby Williams e Nneka Ogwumike produziram dentro do esperado, mas a equipe se ressentiu da má fase de sua principal jogadora: depois de uma olimpíada apagada, a ala Jewell Loyd saiu-se com 6 e 9 pontos, respectivamente, nos dois jogos. Se Loyd não conseguiu reverter a má exibição inicial, sua contraparte no Aces o fez – Plum chamou a responsabilidade no jogo 2 e terminou como cestinha, com 29 pontos. O Aces assegurou assim a vitória por 83 x 76, garantindo a vaga na semi-final.

Minnesota Lynx (2) x (7) Phoenix Mercury

Duas partidas com roteiro, placar e dinâmica muito parecidas, que podem ser resumidas à aula de basquete da ala-pivô (power forward) Napheesa Collier. Ela teve uma das melhores séries da história da liga, com média de 40 pontos por jogo! Na vitória inicial por 102 x 95, Phee fez 38 pts; no segundo triunfo, 101 x 88, 42 pontos. Se ela produziu tanto, grande parte é devida ao excelente trabalho coletivo do time comandado por Cheryl Reeve, que apostou na movimentação de bola, aproveitando-se do pick-and-roll de uma de suas pivôs, sempre marcada por uma guard adversária. A jogada foi letal para o Phoenix Mercury, sem que seu técnico Nate Tibbetts fizesse um ajuste sequer para conter o dano.

A relação entre assistências e arremessos convertidos beirou a perfeição para o Lynx (30 ast para 34 arremessos convertidos no jogo 1, 28 ast para 34 arremessos convertidos no jogo 2). Do outro lado, uma formação que privilegiou o ataque, caracterizado por velocidade e baixa estatura. O Lynx soube atacar as vantagens de Phee (e Allana Smith) sobre suas defensoras mais baixas. No que pode ter sido a despedida da lenda Diana Taurasi das quadras (ainda não confirmou os rumores), o Phoenix despediu-se da temporada 2024 com saldo duvidoso.

Connecticut Sun (3) x (6) Indiana Fever

Playoff significa momentos grandes e decisivos; no duelo da experiência (Sun) contra a inexperiência (Fever), o resultado não podia ser outro que a vitória de Connecticut. Figurinha carimbada na etapa semi-final desde 2019, o Sun venceu 7 dos 8 quartos disputados contra o Fever; nem mesmo o grande momento das oponentes foi suficiente.

Marina Mabrey e DiJonai Carrington que foram de inimigas a BFFs.

Elas não sabiam que só precisam jogar no mesmo time. 😂❤️

— NBA das Mina (@nbadasmina.bsky.social) September 26, 2024 at 2:44 PM

Indiana Fever sentiu o peso da estreia na pós-temporada e teve atuação bem abaixo. Em nenhum momento o time encontrou o ritmo ofensivo (apenas 21% de três pontos) e suas principais pontuadoras (Kelsey Mitchell e Caitlin Clark) ficaram abaixo de suas médias. A inconteste derrota por 93 x 69 viu a explosão da ala-armadora Marina Mabrey (que saindo do banco converteu 27 pontos) e o contumaz triplo-duplo de Alyssa Thomas (12+10+13). O jogo 2 começou diferente, com o Fever acelerando o ritmo e encontrando pontos na transição ofensiva. Logo, porém, Connecticut encontrou o antídoto, muito em função das boas entradas das reservas Veronica Burton e Olivia Nelson-Ododa, que estabilizaram a defesa.

Clark e Mitchell melhoraram, não na medida necessária para compensar outro baixo aproveitamento das bolas de três (26,7%, contra a média de 35% na temporada regular). Aliyah Boston mostrou-se a jogadora mais confiável do Fever, com dois duplo-duplos, mas a equipe demorou a achar sua jogadora de confiança no garrafão. No final, vitória do Sun por 87 x 81, recolocando a equipe na semi-final.

Semi-Finais

No que era apontada como a possível final da temporada, New York Liberty e Las Vegas Aces voltam a se confrontar, desta vez com mando de quadra e favoritismo do lado do Liberty. New York ampliou opções táticas em relação à final de 2023 (quando perdeu para o Aces por 3×1), entrosou mais seu núcleo central e fez uma campanha dominante. Não por acaso, varreu o Aces na temporada regular, cujo desempenho até a semana final daquela fase deixou a desejar.

Desde então, entretanto, a fase mudou e o Aces reencontrou seu melhor basquete. Em atitude de playoff, a equipe não mais perdeu e deu mostras que todas as suas estrelas voltaram à forma anterior, inclusive com melhora significativa no lado defensivo, onde a equipe não se encontrara. Aguardemos como o Liberty tentará esconder Ionescu na defesa (a mudança promovida por Brondello, efetivando Fiebich de titular, pode ter papel determinante na série), assim como o Aces será explorado por aquela defendida por Plum. Testemunharemos mais uma disputa entre A’ja Wilson e Breanna Stewart.

Costumeiramente, a luta dos rebotes tende para o Liberty, com uma dupla de garrafão respeitável; já o Aces aposta no small ball como coringa, formação que deve explodir de minutagem na série. A bem da verdade, o elenco atual possui até mais opções do banco. Confronto grande, onde tudo pode acontecer; certeza tão somente de uma grande série.

Assim como o outro duelo, que colocará frente a frente as duas melhores defesas e 2 dos 3 menores paces da temporada regular. Esperemos intenso jogo de meia quadra. Dois times muito bem treinados, cuja principal força reside na coletividade. Nem mesmo o retrospecto, ou o mando de quadra, devem pesar demasiado, uma vez que dos 3 jogos, 2 foram vencidas pelas visitantes; Connecticut venceu dois, com uma mínima margem somada de pontos (+4), embora Minnesota tenha saído vitorioso do último duelo. As duas grandes estrelas devem se marcar (Napheesa Collier e Alyssa Thomas) e não esperemos defesas tão soltas quanto as que ambas enfrentaram na rodada inicial. Tudo isso leva à incerteza sobre essa série, que promete basquete de altíssima voltagem.

As partidas serão disputadas em 29/09 (domingo), 01/10 (terça), 04 (sexta), 06 (domingo) e 08 (terça). Os jogos 4 e 5 dependem do andamento das séries; se tudo correr como imaginado, veremos cinco jogos em cada série para definição das finalistas da temporada 2024 da WNBA.


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