Arquivo de Kamilla Cardoso - Fair Play

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Lucas PachecoFevereiro 9, 20256min0

Continuamos com este power ranking da WNBA, agora para descobrir quem são os 6 que estiveram melhor durante o off season!

6 – Dallas Wings

Greg Bibb segue por lá (péssimo sinal), mas aceitou uma redução em suas funções ao contratar Curt Miller como GM. De cara, ele contratou seu antigo assistente Chris Koclanes para técnico e conseguiu um bom retorno por Sabally. O time ganhou a escolha 1 do draft e aguarda ansiosamente que Paige Bueckers resolva o velho problema na armação do time. Se Koclanes conseguir melhorar a eficiência de Arike Ogunbowale e domar seu instinto ofensivo, será um baita ganho; ao seu redor, o elenco virou do avesso e adicionou peças promissoras (NaLyssa Smith, Luisa Geiselsoder, Mai Yamamoto, DiJonai Carrington, Ty Harris e Myisha Hines-Allen).

O Dallas patina desde que chegou no Texas, ao menos esta agência livre deixou um gosto saboroso, de mudança, na torcida. Difícil prognóstico de um elenco tão alterado, mas depois de temporadas de marasmo e continuidade, pelo menos vislumbramos uma luz no fim do túnel para esta WNBA.

5 – Las Vegas Aces

A franquia pode ter dinheiro de sobra mas a falta de organização interna atrapalhou a agência livre. A franquia contratou uma GM, para demiti-la depois sem deixar legado. Becky Hammon assediou Dearica Hamby e ficou por isso mesmo. Tidas como retornos certos, as alas Alysha Clark (Seattle Storm) e Tiffany Hayes (Golden State) partiram, minando um banco já carente de opções. Até mesmo Sydney Colson preferiu a mudança (Indiana Fever)!

O resultado é, no momento, um elenco desbalanceado (das 9, 5 são pivôs, sendo a contratação de Cheyenne Parker-Tyus um dos poucos acertosda direção) e curto, curtíssimo. Bem verdade que Jewell Loyd chegou para repor a perda de Kelsey Plum, movimento que melhorará a defesa de forma imediata, mas a queda nas semis em 2024 deveria ter deixado lições. A offseason comprovou que não.

Para piorar, os dois principais assistentes técnicos de Hammon saíram para assumir como treinadores principais. O Aces saiu de um projeto de dinastia para um elenco cheio de lacunas. 2025 será um longo ano para Las Vegas.

4 – Phoenix Mercury

Muitas críticas podem ser endereçadas à franquia de Phoenix, afinal perderam um de seus esteios, a pivô Brittney Griner. Porém, não faltou ousadia: o time correu atrás de Satou Sabally, um dos principais nomes no mercado, e formou um trio com Kahleah Copper e (queixos caídos) Alyssa Thomas. Candidata perene a MVP e uma das melhores defensoras da WNBA, AT assinou com o Mercury e alçou o time no ranking. Independente do restante do elenco, o técnico Nate Tibbetts em seu segundo ano terá um trio explosivo e cascudo.

Hoje, o elenco conta com 9 jogadoras, ou seja, a agência livre está longe de encerrada. O dono, o GM, o técnico, as jogadoras, todos em Phoenix devem estar, a essa hora, ligando para Diana Taurasi e clamando por seu retorno para uma temporada de despedida. Com menos responsabilidade ofensiva, com mais defensoras de elite a seu lado, é a chance de perseguir o quarto título. Se ela voltar e concordar com um papel menor, o time ganha um dínamo para seu banco – e convem não duvidar do talento e da resiliência de Taurasi.

3 – Indiana Fever

Após um primeiro ano de caloura de Caitlin Clark já excelente, findando a seca de playoff, o time tornou-se ainda melhor. Chega a assustar o potencial do elenco, potencializado pela chegada (retorno) da técnica Stephanie White. O time acabou a conturbada relação com NaLyssa Smith e trouxe, para repor a posição 4, uma das melhores operárias da WNBA, a experiente Natasha Howard. Por melhor que seja o desenvolvimento de Lexie Hull, para a posição 3 o time incorporou a multi-campeã DeWanna Bonner, no topo de muitas estatísticas históricas da liga.

O quinteto titular melhorou e adicionou experiência; o banco terá a própria Hull e Sophie Cunningham, egressa do Phoenix Mercury, reforçando as alas (principal lacuna em 2024), e trazendo flexibilidade e variedade nas formações (Bonner na 4, por ex). A defesa, penúltima em 2024, ganhou novos ingredientes para mesclar e só tende a evoluir; o vistoso ataque passará por ajustes, mas a renovação de Kelsey Mitchell garante a explosiva dupla com Clark no perímetro.

O céu é o limite para a franquia, já no segundo ano de Clark na WNBA.

2 – Minnesota Lynx

A franquia optou, depois de ficar a milímetros do título em 2024, por uma agência Livre tranquila, sem grandes movimentos. Tal qual o Liberty, o time manteve o quinteto titular e as principais peças do banco. O maior movimento foi a contratação da pivô francesa Marieme Badiane, para ocupar o lugar deixado pela partida de Myisha Hines-Allen (Dallas Wings). Badiene encaixa-se, em teoria, como uma luva na proposta: ágil, móvel, que compensa a baixa estatura com muita disposição e atenção aos detalhes.

Ela não será protagonista e poderá se dedicar aos pequenos detalhes, essenciais em uma quadra de basquete. Se Diamond Miller voltar à forma dos tempos de universidade, adicionará uma fagulha na ala na segunda unidade, fundamental para as ambições (título) do Lynx. Detalhe: o elenco conta no momento com 10 atletas e novos nomes devem chegar antes da temporada para o caldo da exigente técnica Cheryl Reeve.

1 – New York Liberty

O excelente trabalho do GM Jonathan Kolb nos anos anteriores resultou no inédito título de 2024; ele forneceu as peças para a técnica Sandy Brondello formatar um time campeão e o trabalho foi tão bem feito que ainda rende dividendos. É certo que as saídas de Kayla Thornton (Golde State Valkyries) e Courtney Vandersloot (Chicago Sky) serão sentidas, mas o time seguirá com o quinteto titular intacto, na esperança de que outras peças acessórias supram a ausência. Na ala, Rebekah Gardner e Kennedy Burke repõem as funções de Thornton; na armação da segunda unidade, aposta no desenvolvimento das jovens Jaylyn Sherrod e Markesha Davis. Brondello terá a temporada regular inteira para esse desenvolvimento e, em último caso, diminuir a rotação na armação para as titulares.

O time perdeu peças importantes do título da WNBA do ano passado – fato – mas está bem situado na busca do bicampeonato, largando a frente de todas as concorrentes mesmo com uma pacata agência livre.

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Lucas PachecoDezembro 8, 20246min0

Com quase dez jogos disputados por universidade, algumas considerações já podem ser tecidas desta NCAA. O equilíbrio deve ser a tônica da temporada universitária, diferente de anos anteriores, com claros candidatos ao título nacional. A atual campeã South Carolina começou o ano como equipe a ser batida, na primeira posição de todos os rankings; bastaram seis partidas para a invencibilidade, herdada da campanha passada, ser destroçada. 

A derrota por 62 x 77 para UCLA demonstrou, enfim, a falta de uma protagonista no time, capaz de gerar gravidade e atenção da defesa. Sem a pivô Kamilla, o profundo elenco não compensou a ausência de uma jogadora dominante ofensiva. UCLA se impôs durante os 40 min, com a pivô Lauren Betts exercendo o papel que faltou em South Carolina.

O sinal de alerta para as atuais campeãs da NCAA não diminui seu potencial e favoritismo a atingir o Final Four. Dawn Staley ainda não encontrara sua rotação, as calouras ainda tímidas e as demais buscanco o novo balanço de papéis. Já para UCLA o resultado joga luz para um programa capaz de adicionar excelentes peças no portal de transferência a um núcleo já forte. Betts ganhou mais variedade ao seu redor para disputar um inédito Final Four; contra South Carolina, a técnica Cori Close trouxe uma formação alta (Timea Gardiner e Angela Dugalic), que não perde em arremesso externo. Deu certo: o time dominou do início e fim.

A segunda grande favorita ao título da NCAA nas previsões de pré-temporada, capitaneada por uma das favoritas à jogadora do ano, também foi derrotada logo na parte inicial da tabela. A USC de JuJu Watkins não aguentou o ritmo das amadoras de Notre Dame e perdeu por 64 x 71; a dupla com Kiki Iriafen, transferida de Stanford e cotada para a loteria do draft vindouro, não se encaixou, assim como a ausência de uma armação segura pesou. JuJu precisa melhorar a eficiência, bem como a parceria com a outra estrela do elenco.

Notre Dame, tal qual UCLA, subiu nas projeções graças à vitória. Esperava-se que a dupla Hannah Hidalgo e Olivia Miles demorasse um tempo a se entrosar, expectativa que elas logo frustraram. A melhor passadora e um dos maiores QI de basquete uniu-se como água à defensora explosiva e fogosa na condução da equipe; contra USC, porém, sem a defesa impressionante de Sonia Citron sobre JuJu Watkins, o resultado poderia ser outro.

A defesa chamou atenção, vez que a universidade abandonara a tradicional a defesa zona (2-3, ou 1-losango) por uma individual sem muita troca. Niele Ivey mostrou sua genialidade com o movimento: ao liberar Hidalgo para flutuar, ela utiliza princípios de zona em um esquema primordialmente individual. A sequência da tabela tratou de esfriar o entusiasmo; as derrotas seguidas para TCU e Utah expuseram algumas fraquezas de sua defesa individual.

Particularmente a dupla Hailey Van Lith e Sedona Prince, de TCU, causou estragos no pick and roll envolvendo a (ainda lenta) pivô caloura de Notre Dame, a ucraniana Kate Koval. Sem intensidade, o time sofreu a virada no quarto final basicamente a base do pick and roll adversário.

A rotação curtíssima de Ivey, com apenas 6 jogadoras, pesou na sequência de jogos. Contusões têm seu peso, mas a técnica precisará ampliar o uso do elenco. Já TCU, com a surpreendente vitória, recolocou a combo guard Van Lith no radar do draft. Após levar Louisville ao Final Four em 2022, sua transferência para LSU mostrou-se um fracasso total, expondo suas fraquezas dentro de quadra. A ida para TCU, agora, devolve o ânimo sobre a jogadora: contra ND, ela brilhou como armadora principal, com a bola na mão (mais aos moldes de seus tempos de LSU), porém puxando e conduzindo pick and roll (diferente de LSU). Some ao talento em atuar como offball em Louisville e, com um pouco de impacto defensivo, ela se recoloca para a vitrine da WNBA.

Van Lith puxa consigo outra esquecida, a pivô Sedona Prince, outra com três transferências no currículo. O impressionante duplo-duplo de 20 pontos e 20 rebotes contra Notre Dame mostraram que ela protege o aro e pode pontuar em espaço, usando sua mobilidade para alguém tão alta.

Na partida seguinte de um calendário fortíssimo da NCAA, Notre Dame voltou à sua defesa zona no duelo contra outro favorito ao título, Texas. Times de Vic Schafer jogam com ritmo mais cadenciado, explorando o poste baixo e com armadoras que dominam a bola; a zona de Ivey desta vez surtiu efeito e devolveu a intensidade perdida nos jogos anteriores.

Ainda assim, a universidade de Indiana precisou da prorrogação para sacramentar a vitória nesta NCAA. Texas manteve-se competitivo, falhando principalmente no ataque nos 5 minutos adicionais. Madison Booker foi a cestinha de Texas – olho nela, mais esguia em relação ao ano passado e agora jogando em sua verdadeira posição. A montanha russa atravessada por Notre Dame trouxe mais estratégias ao pacote do time, capaz de vencer o título nacional. Para Texas, certa variação seria benéfica – e claramente o principal reforço, a ala Laila Phelia, ainda não se encontrou no esquema tático.

Muita coisa para acontecer, muitas equipes para manter no radar. O texto mal chegou ao fim e surge no horizonte uma continuação. Uconn invicto, as renovadas e jovens Louisville e Kentucky, o todo ataque Oklahoma, a drástica mudança(para melhor!) de Duke, uma LSU sem Angel Reese, Iowa pós Caitlin Clark: a temporada universitária já trouxe bastante assunto. Urge a parte 2 – aguardem as cenas do próximo capítulo.


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