Moto GP: O que nos dizem os testes de Sepang?
A pré-temporada de MotoGP já começou e podemos começar a fazer algumas previsões, com base nos testes realizados nesta semana em Sepang, Malásia.
Ducati
Será, certamente, mais um ano de domínio para a construtora italiana. Todas as sessões foram lideradas por motos da mesma, sendo Martín, Bastianini e Bagnaia, respetivamente, os responsáveis por esses tempos. Alías, Martín foi mesmo o único piloto a estar presente no top-3 em todas as sessões. No rescaldo, o piloto da Pramac falou à imprensa e disse que a luta não será só entre ele e Pecco Bagnaia. Sem dizer nomes, acrescentou que a luta pelo título terá mais intervenientes. Tendo a concordar com as afirmações do piloto e avanço com dois nomes que merecem a nossa atenção em 2024 nas contas pela glória mundial. Marc Márquez e Enea Bastianini.
O caso de Márquez é dúbio, mas parece estar a adaptar-se bem à maquinaria fornecida pelos italianos. Se se sentir apto fisicamente, sabemos que o piloto espanhol tem aquilo que é necessário para ser campeão. De resto, tudo o que ele procura neste único ano de contrato com a Gresini.
Quanto a Bastianini, resta a dúvida se já está completamente recuperado dos problemas físicos e psicológicos que o “assombraram” em 2023. Se se verificar este aspeto, “La Bestia” terá todas as condições de lutar pelo título, assim como aspirou em 2022, à época, com as cores da Gresini
As restantes Ducatis provaram o alto rendimento da moto transalpina. Nos três testes, no máximo, apenas duas motos ficaram fora do top-10, no qual uma delas era a de Michelle Pirro, piloto de testes, e que normalmente marca tempos do fundo da tabela.
Aprilia
A grande mudança nas hostes da Aprilia surgiu com a troca da equipa satélite. A equipa de Miguel Oliveira passou de ser RNF para ser Trackhouse. É a aposta da já estabelecida equipa de NASCAR no MotoGP. Para já, a equipa norte-americana conseguiu igualar as condições dos seus pilotos aos da equipa de fábrica, com as mesmas motos. Ora, quanto ao rendimento, os pilotos não saíram muito satisfeitos. Foi difícil encontrarem a consistência da moto. Ou havia problemas no resfriamento do motor, ou o momento de torção não acontecia. Mas nem tudo era problema no motor, o pacote aerodinâmico também era inconsistente. Tão depressa funcionava, como não funcionava e quando funcionava numa moto, não funcionava nas outras. Espargaró alcançou o melhor resultado – quarto lugar, no segundo dia. Miguel Oliveira apenas conseguiu o 15º lugar, logo no primeiro dia. Restam semanas de intenso trabalho por parte da construtora de Noale de forma a aperfeiçoar a moto até aos testes do Qatar.
KTM
A este ponto, a KTM terá a segunda melhor moto do campeonato. Os principais destaques vão para Brad Binder e Pedro Acosta – este último da equipa secundária, a GasGas – que mantiveram uma consistência positiva para a equipa austríaca. Mas permitam-me destacar Acosta, o “diamante bruto” Acosta. Recém-chegado de Moto2 como detentor do título – e também campeão de Moto3 em 2021-, o espanhol ocupou os lugares do top-10 em todas as sessões, chegando mesmo a atingir o segundo lugar no primeiro dia. O talento nato de Acosta é nítido e sabemos que irá atingir os maiores patamares do desporto. Com a segunda mota poderá surpreender não simplesmente pelos bons resultados, mas por alcançá-los tão cedo. Agora é esperar que consiga fazê-lo assim mesmo. Seria extraordinário haver um piloto de uma equipa satélite em altos voos no campeonato. Falta agora confirmar o rendimento no Qatar.
Honda e Yamaha
Mais tempos difíceis adivinham-se na maior construtora do mundo. Apesar de alguns sorrisos com o resultado de Mir no terceiro dia – décimo lugar -, os problemas de desgaste de pneus – principalmente, no pneu traseiro – persistem e podem pôr em causa bons resultados da construtora, tanto na equipa principal como na satélite.
Na Yamaha os problemas são diferentes. Os pilotos admitiram que a moto cresceu, tanto a nível de motor, como a nível aerodinâmico, mas há o receio que haja dores de crescimento ao longo da época. Por isso, por muito boas que sejam as evoluções na construtora nipónica, é expectável que haja algum conservadorismo na abordagem aos Grandes Prémios, de forma a preservar a moto.
A próxima ronda de testes realiza-se a 20 e 21 de fevereiro no Qatar.