Dominic Thiem conquistou, este domingo, a mais importante vitória da sua carreira. O austríaco surpreendeu Roger Federer (3-6, 6-3 e 7-5) na final de Indian Wells, sucedendo a Del Potro. E não fez por menos. Thiem conseguiu uma vitória de virada contra Federer, que perseguia o 101º título da carreira.
O suíço entrou a pressionar muito, conseguiu quebrar o serviço a Thiem para fechar o jogo em 6-3. Só que, aos poucos, o austríaco foi-se reencontrando e foi equilibrando a partida, consumando a reviravolta que lhe garantiu o título.
Apesar de já ter vencido Federer, Nadal e Djokovic anteriormente, uma vitória como esta eleva o austríaco a outro patamar. Não só porque ascende ao 4º lugar do ranking, mas porque reforça a sua confiança e lhe garante maior estatuto. Há muito, de resto, que o austríaco perseguia uma vitória importante. No último US Open, Thiem fez um dos melhores jogos da sua carreira contra Nadal, mas acabou afastado pelo espanhol nos quartos de final.
O título coroa uma grande semana de Thiem. Deixou para trás jogadores como Jordan Thompson, Ivo Karlovic, Gael Monfils e Milos Raonic. Já Federer eliminou John Isner, Peter Gojowczyk, Stan Wawrinka, Kyle Edmund e Herbert Hurkacz.
Thiem olha para Roland Garros
Este é o 12º troféu da carreira de Thiem. Desde 2015 que o austríaco vem colecionado títulos e a galgar posições no ranking. Este foi o primeiro de 2019. Aliás, nos 19 torneios ATP realizados esta temporada todos tiveram campeões diferentes. Federer venceu em Doha. Contudo, o suíço cai agora para quinto no ranking ATP.
Dominic Thiem tem, na terra batida, o seu piso preferencial. Agora como número 4 mundial e com um Masters 1000 sobre Federer, será interessante acompanhar o que poderá fazer em Roland Garros.
Ainda não foi desta. Alexander Zverev voltou a desiludir e caiu na estreia de Indian Wells. É certo que o alemão tem toda uma carreira pela frente, mas a sua condição de número 3 mundial gera sempre expetativa em seu redor. Até porque nos últimos três anos colecionou nada menos do que 10 títulos.
Zverev parece, contudo, talhado para falhar nos grandes momentos. Tem sido assim em Grand Slam e também em Indian Wells. Desta vez foi superado por Jean-Lennard Struff. O número 55 do mundo venceu por 6-3 e 6-1. O alemão mostrou estar fora de forma, sobretudo no primeiro set. Permitiu que Struff quebrasse o seu serviço e chegasse ao 4-2. No segundo set foi ainda mais desastroso. Struff começou logo por quebrar o serviço e fechou o jogo em 6-1.
Para Struff este é um momento importante. É a primeira vez que o alemão vence três jogos seguidos em um Masters 1000. Até aqui tinha o registo de uma vitória e três derrotas. Para além de Zverev, em 2016 Struff eliminou Stan Wawrinka, então no top-10.
O alemão vai agora defrontar o canadiano Milos Raonic nos quartos de final.
Karlovic, o eterno
Também apurado para os quartos de final está Gael Monfils. O francês, que eliminou Albert Ramos Vinolas (6-0. 6-3), deverá jogar com Novak Djokovic. O sérvio é o grande favorito a repetir as vitórias de 2008, 2011, 2014, 2015 e 2016. Para atingir os quartos de final terá que vencer Philip Kohlschreiber. Interessante será também acompanhar o duelo entre Roger Federer e Stan Wawrinka. Federer está no mesmo lado da chave de Nadal e, se chegarem lá, poderão defrontar-se nas meias-finais. Para isso o espanhol terá de levar de vencido o argentino Diego Schwartzman.
Nota de destaque também para Ivo Karlovic. Perto de completar 40 anos continua em alto nível. Já eliminou Mathew Ebden, Borna Coric e Prajnesh Gunneswaren. Agora, prepara-se para jogar com o favorito Dominic Thiem.
Já de fora da competição está Stefanos Tsitsipas. O grego caiu na ronda inaugural perante Felix Auger Aliassime. O vice-campeão do Rio Open ganhou por 6-4 e 6-2. Tsitsipas acabou por acusar o desgaste físico, apontando o dedo à quantidade de jogos realizados esta temporada.
Roger Federer é quase uma unânimidade no desporto em geral e no ténis em particular. Numa era com Nadal e Djokovic ninguém pode colocar as mãos no fogo sobre quem terminará a carreira com mais Major, contudo, poucos se atrevem a dizer que o suíço não é hoje o maior da história.
Este final de semana, Federer voltou a fazer mais história. Ao vencer Stefanos Tsitsipas (duplo 6-4) na final do ATP Dubai, o suíço conquistou o 100º título da sua carreira. “Vale muito o sacrifício. É um sonho se tornando realidade para mim (chegar onde cheguei). Eu estou feliz que estou saudável, que tenho uma equipa maravilhosa, uma família maravilhosa, tenho que agradecer muito a eles”, explicou Federer.
Mas aos 37 anos pode ainda erguer mais Grand Slam? Pode, mas é improvável. Djokovic, líder mundial, parece hoje num nível que dificilmente o suíço poderá contrariar. Nos últimos dois anos, um dos segredos do helvético tem sido a forma como gere a temporada e os torneios. Abdicando da temporada de terra batida, Federer surge no segundo semestre do ano mais forte. Em 2017 somou sete títulos, entre eles Wimbledon e Australian Open. O ano passado venceu Melbourne pela sexta vez. Foi o seu 20º Grand Slam. Um registo impressionante para o jogador mais velho de sempre a vencer um Major. Só que esse período de novo domínio e onde voltou a ser número 1 mundial, correspondeu também à recuperação de Nadal e Djokovic. E quando o sérvio voltou às vitórias e à condição de líder do ranking, não tem tido havido para mais ninguém.
Apesar de ser hoje quatro do mundo, Federer diz que o mais importante é continuar competitivo, sobretudo contra Djokovic e Nadal. Só que isso não tem acontecido. Nolan tem não apenas dominado os Majors, como emplacado vitórias sucessivas sobre o suíço. E mesmo diante a nova geração a sua hegemonia é contrariada. No Australian Open caiu precisamente para Tsitsitas nos oitavos de final.
À espreita de Jimmy Connors
Aos 37 anos e com uma carreira tão vitoriosa há poucos objetivos por alcançar. E se aumentar o seu legado em Grand Slams parece improvável, há uma meta importante que Federer persegue em 2019. Alcançar Jimmy Connors como o maior campeão de torneios ATP. Connors conquistou nada menos que 109 troféus. Federer soma agora 100. “Eu não estou aqui para conseguir todos os recordes, eu acho que o que Jimmy (Connors) fez foi incrível e precisa ser lembrado”, explicou.
Certo é que este ano Federer vai voltar a jogar a época de terra batida. E mesmo não sendo um favorito a vencer Roland Garros, tem chances de jogar mais torneios e se aproximar do norte-americano. E por mais que Federer continue a dizer que essa meta não é prioritária, a forma como organiza o seu calendário de torneios diz o contrário.
Federer, diz o próprio, jogará enquanto se sentir competitivo e a família o permitir. Mas se ao registo de maior campeão de Grand Slam e maior tempo como líder mundial, juntar o registo de maior campeão de torneios ATP, será ainda mais incontestado como líder mundial. Mesmo que Nadal ou Djokovic o possam igualar ou ultrapassar como maior vencedor de Major.
Novak Djokovic tornou-se, este domingo, o maior campeão da história do Autralian Open. Ao vencer pela sétima vez em Melbourne, o sérvio destacnou-se de Roger Federer e Roy Emerson, ambos com seis conquistas.
Nolan não fez por menos. Diante Rafa Nadal o sérvio conquistou uma das mais consistentes vitórias da sua carreira. Com os parciais de 6-3, 6-2 e 6-4, Djokovic mostrou o porquê de ser o grande favorito e que está vários passos à frente da concorrência. Mesmo que essa concorrência seja Nadal ou Federer. Ao contrário do que aconteceu na final entre os dois em 2012, que durou quase seis horas, desta vez Djokovic precisou apenas de duas horas e quatro minutos.
Djokovic foi superior em quase todos os capítulos. Mais ases, maior percentagem de colocação de primeiro serviço ou maior percentagem de vitórias no primeiro e segundo serviços. Mas, acima de tudo, impressiona a supremacia de jogo na rede. Djokovic conquistou 89% dos pontos contra 50% de Nadal. Também em erros não forçados, o espanhol cometeu 28, contra 9 do sérvio. É certo que o maiorquino estaria reduzido físicamente, mas reconheça-se que Djokovic esteve a um nível raramente visto na história do ténis e que deixa uma pergunta no ar. Pode o sérvio tornar-se o maior de sempre?
Aos 31 anos, Djokovic soma agora 15 Grand Slam, contra 17 de Nadal e 19 de Federer. O número um mundial parece, todavia, bem à frente dos rivais, físicamente e mentalmente. Sendo mais novo dos três, é de acreditar que, talvez ainda esta temporada, se possa aproximar ainda mais do espanhol. Nadal é, contudo, o grande favorito para Roland Garros. Mas Djokovic pode também ter uma palavra a dizer. Além disso, há ainda Dominic Thiem e Alexander Zverev, cuja a terra batida, é o seu piso preferencial.
E agora, 2019?
Mas se há lição que Melbourne nos trouxe é que apesar do crescimento da NextGen, a velha escola ainda dita regras. É preciso recuar até 2005 para encontrar uma final que não inclua Federer, Nadal ou Djokovic.
Quem parece mais distante dos grandes títulos é Federer. O suíço, vencedor das últimas duas edições, caiu aos pés de Tsitsipas, na quarta ronda: 6-7, 7-6, 7-5 e 7-6. Não que o suíço tenha feito uma má partida, mas o grego mostrou ter outro andamento, sobretudo em jogos de cinco sets. Veremos o que o helvético poderá fazer, sobretudo em Wimbledon. Vencer o 20º Major parece mais improvável do que ultrapassar Jimmy Connors como o maior campeão de títulos ATP.
Da nova geração, Stefanos Tsitispas e Lucas Pouille foram os melhores, ao atingirem as meias finais. O grego parece confirmar o grande 2018, não se amedrontando com nenhum adversário. Também Frances Tiafoe atingiu pela primeira vez os quartos de final. Outros nomes, como Zverev ou Borna Coric cairam precocemente nos quartos de final. De todos, o alemão representou a maior desilusão. Porque é número 4 do mundo, mas sobretudo porque tem sentido dificuldades em progredir em Grand Slams. Os quartos de final de Roland Garros, em 2018, continua a ser o seu melhor registo.
É certo que o ano acabou de começar. Tudo está, por isso, em aberto. E há vários factores que podem influenciar como o ano vai progredir. Há um ano, por exemplo, Federer dominava o circuito e Djokovic colocava em causa a sua continuidade na competição. E, claro, há sempre o factor de lesões. Mas, em condições normais, Djokovic terá neste momento como motivação aproximar-se de Connors, Lendl, Sampras e Federer com maior número de semanas como número 1 mundial. Mas, acima de tudo, ambiciona ultrapassar Nadal e Federer como maior campeão de Grand Slams. Para já, é o tenistas que mais vezes vencer torneios Masters 1000. E, olhando o momento que atravessa, tudo dependerá das lesões e gestão que fizer de seus torneios. Aos 31 anos, Djokovic assume que esse objetivo “é muito difícil, mas não impossível”.
O Australian Open, que arrancou no dia 13, avança já para os quartos de final. E do que se viu na primeira semana, surge a pergunta. Após 15 anos de hegemonia, terá finalmente chegado a oportunidade da nova geração tomar conta dos courts mundiais?
Ainda é muito cedo para tirar conclusões. É certo que Djokovic continua a ser o grande favorito para vencer Melbourne e se tornar o maior campeão do torneio. Também é certo que falta uma e decisiva semana para o fim do torneio. E há ainda uma temporada inteira pela frente.
Mas os indicadores estão aí. Stefanos Tsitsipas, 20 anos de idade, já afastou Roger Federer de Melbourne, e vai agora defrontar Baustista Agut. O grego mostra que a temporada passada não foi obra do acaso. Um dos segredos é a sua confiança. Jogou olhos nos olhos com o campeão em título, serviu com mestria e salvou os 12 break points que teve de enfrentar. Apesar da idade, parece ser um veterano em court. E isso valeu-lhe uma vitória por 6-7, 7-6, 7-5 e 7-6. Diga-se também que Tsitsipas conquistou, este ano, as primeira vitórias no Australian Open. A primeira foi com Nikolz Basilashvili: 6-3, 3-6, 7-6 e 6-4.
Para Federer, a derrota diante o grego foi um golpe duro. O ano 2019 terminou de forma inconsistente, depois de um bom arranque com a vitória no Autralian Open. O suíço espreita Wimbledon, mas, antes disso, deverá voltar a jogar a temporada de terra batida após dois anos de interregno.
Também Francis Tiafoe, 21 anos, surge nos quartos contra Rafa Nadal. Tiafoe será, porventura, a maior promessa e esperança norte americana para voltar ao topo do ténis mundial. Os quartos de final são, para já, o seu melhor resultado em Major. Para trás deixou Andrea Seppi (6-7, 6-3, 4-6, 6-4 e 6-3) e Grigor Dimitrov (7-5, 7-6, 6-7 e 7-5).
Zverev volta a desiludir
Zverev volta a desiludir em Melbourne. Foto: Fox Sports
Mas nem tudo foram rosas para a nova geração. Os oitavos de final contaram com Deniil Medvedev, Alexander Zverev e Borna Coric, mas nenhum conseguiu passar para a fase seguinte. A maior desilusão terá sido mesmo o alemão. Outra vez, o número quatro mundial volta a cair precocemente em um Major, desta vez perante Milos Raonic: 6-1, 6-1 e 7-2. Apesar do estatuto de número 4 mundial e ser apontado como o futuro líder da hierarquia, a verdade dos Grand Slam é outra. A sua melhor prestação continua a ser os quartos de final de Roland Garros. Pouco para quem já conquistou 10 títulos ATP, entre eles um Masters Final.
Se Medvedev não era favorito diante Djokovic (4-6, 7-6, 2-6, 3-6), Borna Coric tinha boas chances diante Lucas Pouille (7-6, 6-4, 5-7, 6-7). O francês igualou o seu melhor registo em um Major, como acontecera em Wimbledon e US Open, em 2016.
Djokovic continua a ser o grande favorito para se tornar o maior campeão da história de Melbourne. Mas para isso, terá que ultrapassar Nishikori. O japonês, que eliminou João Sousa na ronda inagural (7-6, 6-1, 6-2) vem de uma autêntica maratona com Carreño Busta (6-7, 4-6, 7-6, 6-4 e 7-6). Por outro lado, Nishikori atravessa um bom momento, com a vitória em Brisbane.
Nadal, de regresso à competição desde o US Open, também é sempre um nome a ter em conta, mas o seu sucesso dependerá da sua condição física.
Até domingo tudo está em aberto. E apesar da ‘velha guarda’ ser favorita, parece cada vez maior o equilíbrio de forças da nova geração. Veremos como evolui o ano, ainda que, por agora, pareça difícil que um novo rosto vença o primeiro Major do ano.
Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Andy Murray. O chamado Big Four do ténis mundial está outra vez reunido em um Grand Slam. O Australian Open arrancou este domingo e o quarteto que tem dominado o ténis nos últimos 14 anos, poderá estar junto pela última vez. É que Andy Murray anunciou que este poderá ser o seu último torneio. As lesões que o têm atrapalhado no último ano e meio continuam a fazer-se sentir. De acordo com o britânico ainda é possível jogar, mas não ao nível que quer. E em função das dores que sentir poderá já nem disputar Wimbledon.
A estreia do britânico será contra Bautista Agut. O espanhol é um adversário duro que se encontra em bom momento de forma. Prova disso foi a recente vitória no Qatar. Longe da melhor forma, ainda com dores, e após longa paragem, terá Murray capacidade para progredir em Melbourne?
De qualquer forma, o torneio australiano é o primeiro grande momento do calendário do ténis em 2019. Outra vez, Novak Djokovic, Roger Federer e Rafael Nadal partem como os principais favoritos. O sérvio e o suíço têm um estímulo extra. Os dois brigam pela oportunidade de se destacar como o maior campeão do torneio, com sete títulos. Federer, recorde-se, venceu as últimas duas edições, mas Djokovic é número 1 mundial e está numa fase mais favorável da carreira, conforme mostram os últimos confrontos entre ambos.
Tudo está, contudo, em aberto. Depois dos quatro títulos em 2018, o sérvio não está ainda no pico de forma. Nem seria o desejável nesta fase. Em Doha o sérvio foi eliminado surpreendentemente nas meias-finais mas é, porventura, o grande favorito para Melbourne. Nolan arranca diante o norte-americano Mitchell Kruger, podendo jogar depois com Tsonga ou Klizan. Os talentosos Shapovalov, Goffin ou Medvedev poderão ser outros adversários incómodos a defrontar.
Já Roger Federer terá na sua chave o arqui-rival Rafa Nadal. Os dois poderão se encontrar nas meias-finais se lá chegarem. O espanhol acaba por correr por fora no favoritismo ao título. A recuperar de uma lesão, o maiorquino não joga uma partida oficial desde que foi afastado por lesão no último US Open. Nadal é, aliás, o único tenista capaz de roubar a liderança mundial a Djokovic em Melbourne. Mas isso parece bem improvável. Nadal terá que tirar uma diferença de 1.655 pontos para poder reassumir o topo da tabela, já que ele possui 7.480 pontos, e Djokovic tem 9.135. Para que tal aconteça o Toro Miura terá que vencer o torneio e esperar que o sérvio caia antes dos oitavos de final.
Quem pode surpreender?
Nadal arranca o seu percurso com o australiano James Duckworth. A jogar em casa este será um momento simbólico para Duckworth. Nos últimos seis meses foi operado cinco vezes tendo caído para fora do top-1000. Agora, em 237º, o australiano conseguiu um Wild Card para participar pela sétima vez em Melbourne.
Entretanto, Roger Federer jogará com Denis Istomin. O suíço defende os últimos dois títulos e poderá ter de jogar, para além de Nadal, com nomes como Marin Cilic ou Stefanos Tsitsipas. O percurso até à final é espinhoso, mas Federer, mesmo aos 37 anos, já mostrou que pode voltar a fazê-lo. O ano, aliás, começou com a vitória na Hopman Cup, ao lado de Belinda Bencic.
Há, contudo, outros nomes que também devem ser acompanhados com atenção. O principal, Alexander Zverev. O alemão, que perdeu recentemente a final da Hopman Cup, coleciona resultados importantes, mas sempre parece falhar nos Grand Slam. A sua melhor prestação foi os quartos de final, em Roland Garros. O ano passado não passou da terceira ronda no Australian Open. Aos 21 anos de idade é número 4 do mundo e tem aqui mais uma oportunidade para tentar chegar, pelo menos, às meias-finais.
Também Kei Nishikori é um nome que não pode ser negligenciado. Com a recente vitória em Brisbane, o japonês mostrou que está outra vez no seu melhor. Foi a sua primeira vitória de um torneio nos últimos três anos. De qualquer forma, no final de 2018 já mostrara sinais de que o seu melhor ténis estava de regresso, após longa paragem por lesão e alguns resultados menos conseguidos. De resto, Medvedev, Rublev, De Minaur e Tsitsipas são nomes que ganharam grande consistência em 2018 e que poderão surpreender em Melbourne. Shapovalov e Kyrgios também não podem ser ignorados. O australiano, de resto, jogará com Milos Raonic na ronda inaugural, que representa um dos principais jogos do primeiro dia. Diga-se também que De Minaur jogará com o português Pedro Sousa. Já João Sousa defrontará o argentino Guido Pella.
Um ano que começou por ser de sonho terminou com mais interrogações do que certezas. Foi assim o 2018 de Roger Federer. Aos 37 anos, o multicampeão suíço não tem nada a provar. É o jogador com mais Grand Slam (20), o mais velho a vencer um Major e também a ser número um mundial. Mas até onde pode chegar o suíço? Tem condições para continuar a aumentar o seu legado em 2019?
Depois de um 2017 arrebatador, com sete títulos ATP, a expectativa era alta para saber se o helvético poderia recuperar a condição de número 1 mundial. Ou, pelo menos, voltar a ganhar um Grand Slam. E a resposta não poderia ter sido mais assertiva. Em Janeiro conquistou o Australian Open pela sexta vez, revalidando o título do ano anterior. No mês seguinte regressou à condição de número 1 mundial. Tornou-se o mais velho de sempre a conseguir esse feito, após nova vitória (a terceira) em Roterdão. Federer estava em estado de graça. E as paragonas dos jornais eram retumbantes perante o crescimento da sua lenda.
Com Nadal em crescendo, mas longe do seu melhor, e Djokovic ainda há procura da melhor forma, Federer tinha em Del Potro e Cilic, nesta fase do ano, os seus grande rivais. E foi precisamente diante o argentino que perdeu o seu primeiro jogo do ano, na final de Indian Wells. Ainda assim, as 17 vitórias consecutivas em início de temporada representaram um record para o suíço. Foi, contudo, sol de pouca dura. E os primeiros sinais de que Federer já não tem o fulgor de outros tempos, deu-se em Miami. Caiu surpreendentemente na primeira ronda para Thanasi Kokkinakis.
Em boa verdade, voltar a alcançar a liderança mundial nunca foi uma obsessão para Federer. O próprio assumiu que, aos 36 anos, seria difícil consegui-lo, ou pelo menos, manter essa condição. E, talvez seja bom reconhecer que se tratou de algo circunstancial. Não que Roger Federer não o pudesse conseguir. O ano de 2018 mostrou que Federer, Nadal e Djokovic continuam dominantes no circuito. E com o espanhol ainda em fase de calibração e Djokovic a reccuperar confiança, Federer soube, com profissionalismo, gerir os torneios para reconquistar o topo da hierarquia.
A gestão na terra batida
Em 2017, a ausência na terra batida foi uma fórmula de sucesso para um retumbante segundo semestre. Só que essa fórmula não resultou em 2018, mesmo falhando Roland Garros. É certo que esse piso nunca foi o seu ponto forte, ou uma prioridade. Sobretudo depois de completar o carreer Grand Slam e se ter destacado como o maior campeão de Major. Só que essa gestão também lhe trouxe críticas. Ion Tiriac, diretor do Open de Madrid, foi um deles, comparando o suíço a Lewis Hamilton. “Ele não opta por não competir depois de disputar apenas cinco corridas de F1”.
E em boa verdade, Federer nem precisou da terra batida para voltar a ser líder mundial. O suíço não tinha qualquer ponto a defender e no regresso aos courts venceu em Roterdão e Estugarda, voltando a ser número 1. Outra vez, mais elogios. Agora de John McEnroe. “Não entendo como pode, nesta idade, jogar ainda a este nível”, disse.
Estávamos, por esta altura, a meio da temporada. Wimbledon aproximava-se e Federer era o grande favorito. Mesmo aos 36 anos. Mesmo já tendo atravessado diferentes gerações, de Sampras e Dimitrov. Mesmo, uma semana antes, ter perdido para Borna Coric a final de Halle, que lhe retirou a liderança mundial. Poucos levaram a sério esse aviso. Não que Federer tenha estado mal. Mas teve mais dificuldades em converter pontos no primeiro serviço (74) e converteu apenas um break point.
Roger Federer poderá voltar à terra batida em 2019. Foto: Independent.co.uk.
Federer cai com estrondo em Wimbledon
Uma semana depois, o choque. Roger Federer é eliminado nos quartos de final de Wimbledon perante Kevin Anderson. “Senti-me bem, mas não foi o meu dia”, justificou o octacampeão do All England Club. Como em Halle, o suíço pareceu displicente e distraído. Foi assim ao cancelar um serviço por um avião passar, ou ao falhar completamente uma direita depois de um fã ter gritado. Por algum motivo, Federer nunca esteve no total comando da partida, não dando sequência a pontos importantes.
Essa falta de consistência prolongou-se por outros torneios, já na temporada de piso rápido. Em Cincinnati perdeu a final para Djokovic. Mas a grande desilusão deu-se no US Open, onde perdeu para John Millman na quarta ronda, num jogo onde cometeu 77 erros não forçados, 10 duplas faltas e finalizando apenas 49% de primeiros serviços. Foi um dos piores registos da sua carreira, mas ainda assim, garantiu os pontos suficientes para jogar o Masters Final, onde cairia nas meias-finais diante Alexandre Zverev. Nos Masters de Shangai e Paris caiu para Borna Coric e Novak Djokovic, os carrascos de 2018. Pior que as derrotas, a forma como foram alcançadas fizeram soar os alarmes sobre o que esperar ainda de Federer.
E agora, 2019?
Federer tenta, em 2019, tornar-se o maior campeão de torneios ATP. Foto: BBC.com
Aos 37 anos parece claro que Roger Federer tem ainda capacidade para gerir o seu prestígio nos courts, vencer alguns torneios e ir longe em Grand Slam. O suíço refere que nesta idade é impossível prever o que vai acontecer dentro de dois anos, mas sente-se bem no circuito e, nesta fase da carreira, tudo depende da sua família.
Numa temporada muito pode acontecer e 2018 é uma boa prova disso mesmo. Mas a ideia que fica do ano que agora acaba é que, por exemplo, Novak Djokovic está à frente do suíço. É número 1 mundial e com o regresso do sérvio ao mais alto nível é praticamente utópico pensar que Federer poderá recuperar a liderança na hierarquia.
Tal como em 2016 e 2017 o sucesso da temporada do suíço dependerá da gestão dos torneios que fizer. E ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, tudo aponta para que o helvético volte a jogar a terra batida em 2019. “É uma hipótese em cima da mesa. Tenho avaliado e há várias ofertas, mas vamos ver”, explicou. Uma dessas hipóteses é jogar o ATP Barcelona. A prova tem sido dominada por Nadal (11 títulos) e nunca contou com a participação do suíço nos últomos 10 anos. A organização tem feito agora um esforço para recuperar a participação de Federer.
Com Djokovic ainda a um nível excepcional, Nadal intermitente devido a lesões, e com a consolidação de Zverev e Thiem, para além de outros jogadores da nova geração, é pouco provável que Federer volte a erguer Majors. Wimbledon será por certo o foco da sua temporada e a razão de toda a sua preparação. E, em boa verdade, é no All England Club que tem mais chances de ser feliz. Mas mais depressa, talvez, consiga quebrar o último recorde que lhe resta. Ultrapassar Jimmy Connors como o maior campeão de torneios ATP. Connors somou 109 e Federer está com 102.
Aos 21 anos de idade Alexander Zverev já tem muitos títulos para contar um dia aos seus netos. Desde que começou, em 2016, com uma vitória na Russia, em São Petersburgo, não mais parou. O ano passado venceu 5 (Canadá, Washington, Roma e Montpellier) e este ano venceu três. De todos, nenhum foi tão relevante quanto o Masters Final conquistado este domingo.
No torneio que reúne os oito melhores tenistas do ano, e entre algumas polémicas pelo meio, Zverev venceu Novak Djokovic por 6-4 e 6-3, tornando-se o terceiro alemão a conseguir essa proeza. Os outros foram Michael Stich (1993) e Boris Becker (1995).
Zverev mostrou-se muito sólido, confirmando todos os seus serviços no primeiro set. O alemão aproveitou o único break point cedido pelo sérvio para fazer o 5-4 e depois servir para o 6-4.
No segundo set o alemão quebrou o serviço a Djokovic logo no início por mais de uma vez, mas o sérvio respondeu bem. Só que Zverev soube manter Nolan encostado às cordas levando-o a cometer erros suficientes para consolidar a vitória final.
A precocidade de Zverev torna-o o mais jovem a vencer o ATP Finals desde, precisamente, Novak Djokovic. O sérvio também venceu a prova pela primeira vez com 21 anos de idade. Aliás, Nolan, hoje com 31 anos, falhou a possibilidade de igualar Federer com seis títulos.
Zverev, o maior da nova geração
Não é por acaso que Zverev é o nome maior da nova geração. Com 10 títulos já conquistados leva vantagem de sobra, nesse capítulo, sobre os jogadores com idade até 21 anos. Stefanos Tsitsipas, que na semana passada venceu a Next Gen Finals, é segundo classificado com dois títulos. Zverev passa também a integrar o restrito lote de jogadores que conseguiu eliminar nas meias-finais e final Roger Federer e Novak Djokovic. Os outros são Rafael Nadal, Andy Murray e David Nalbandian. De resto, diga-se que o alemão leva vantagem de 2-1 nos confrontos diretos com Djokovic.
Integrado num grupo com Djokovic, Cilic e Isner, o alemão perdeu apenas para Djokovic (6-4 e 6-1). Diante Isner ganhou (7-6, 6-3), repetindo o feito com Marin Cilic (7-6, 7-6). Por seu lado, o sérvio venceu os três jogos, confirmando ser o grande favorito à vitória final.
No outro grupo, Roger Federer e Kevin Anderson dominaram Dominic Thiem e Kei Nishikori. Federer confirmou, contudo, que não está no seu melhor, perdendo o jogo inaugural para o japonês (7-6 e 6-3). O suíço acabou por se redimir com Thiem (6-2 e 6-3) e Anderson (6-4 e 6-3).
Nas meias-finais, Zverev acabou por cravar o fim do percurso do suíço (7-5 e 7-6). Mas não sem polémica. No segundo set, quando Fed vencia o tie-break por 4-3, na sequência de uma troca de bolas, o alemão desistiu de um ponto, alegando que havia uma bola solta por um dos apanha-bolas. O juíz acabaria por devolver o ponto a Zverer, para irritação de Federer e do público que começou a vaiar. Zverev venceria por 7-5.
Na outra meia-final, Djokovic não teve dificuldade para ultrapassar Anderson por duplo 6-2. A derrota do sérvio, contudo, não apaga a grande temporada que fez e que o deixa como número 1 mundial.
Com o final do ATP Finals, chega também ao fim os grandes torneios de ténis. Com os títulos já alcançados e o estatuto de top-5 mundial, será importante acompanhar a evolução de Zverev em Grand Slam, onde até aqui não tem convencido. Por todos os motivos e mais alguns é um jogador de quem é esperado que um dia atinja a liderança mundial. Alia uma grande capacidade técnica a pujança física, sendo forte em todos os pisos de jogo. Até onde poderá ir?
Em Paris, na cidade Luz, Karen Khachanov conseguiu o título importante que lhe faltava para dar o salto na carreira. Aos 22 anos, o russo, vencedor de três títulos em 2018 alcança o 11º de um ranking agora liderado por Novak Djokovic.
O ano pode não ter corrido assim tão bem. A forma pode não ser a melhor. O fulgor pode não ser o de outros tempos. Aconteça o que acontecer Roger Federer será sempre o filho de Basileia. Dentro e fora dos courts. Este domingo o helvético venceu pela nona vez o ATP Basileia (2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2014, 2015 e 2017), naquela que foi a sua 14ª final da competição. O suíço acumula agora 71 vitórias e nove derrotas em casa, sendo o maior campeão em Basileia.
Este foi ainda o seu 99º título da carreira e o quarto título de 2018. Aos 37 anos, o suíço aproxima-se do recorde de títulos de Jimmy Connors (109).
Federer levou 1h36 minutos para vencer Marius Copil, a sensação do torneio, por 7-6 (7-5) e 6-4. A jogar em casa e embalado pelo público, o número 3 mundial não foi brilhante – como não o tem sido neste segundo semestre do ano – mas conseguiu cumprir o objetivo de ganhar.
O romeno, diga-se, fez o que pode. E ter chegado à final já foi impressionante. Para trás deixou Ryan Harrison, Marin Cilic Bautista Agut e Alexandre Zverev. Aos 28 anos, Copil ainda não conquistou qualquer título ATP, tendo chegado a duas finais, ambas em 2018: Sofia e Basileia. Com este resultado deve subir 20 posições no ranking ATP, passando a ser 73 do mundo.
“Esta foi uma semana mágica”, reconheceu Federer no final do jogo. O suíço, recorde-se, foi o vencedor do Australian Open e finalista vencido em Wimbledon. O segundo semestre de 2018 não tem sido o melhor, acumulando muitos erros não forçados que lhe têm custado algumas derrotas e deixado muitas interrogações. Ainda assim, o suíço prepara-se para o ATP Finals que tem lugar em Dezembro e representa a oportunidade de ainda fechar bem o ano.
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