Arquivo de Marta Martins - Fair Play

FVZUdQvXoAAnAs--1280x854.jpg
José AndradeJunho 27, 20228min0

Depois do estágio em Pombal, a seleção universitária feminina partiu para Viana do Castelo onde defrontou a Finlândia por duas ocasiões triunfando de forma clara em ambos os duelos e é sobre cada um dos jogos que vamos falar hoje.

Portugal – Finlândia: Começar em grande e terminar ainda melhor

No primeiro de dois duelos em Viana do Castelo, Portugal triunfou por 68-49 frente à Finlândia. Neste segundo estágio a única alteração na convocatória passou pela entrada de Raquel Alves que se juntou a este grupo conseguindo também ela mostrar a sua imensa qualidade nestes dois jogos. No jogo um, a equipa das quinas entrou de início com, Susana Carvalheira, Mariana Silva, Sara Barata, Carolina Rodrigues e Raquel Laneiro. Portugal com um principio de encontro muito bom, onde Sara Barata assumiu um papel de destaque através da marcação de pontos, o conjunto luso começou cedo a dominar nas tabelas e a conseguir a partir da maior mobilidade e velocidade ofensiva o ascendente deste jogo. A Finlândia sentiu dificuldades, devido à transição defensiva que se juntou à perda dos duelos e da luta das tabelas que iam sendo ganhos pela seleção nacional.

Destacar a importância das ações defensivas de Raquel Laneiro e Carolina Rodrigues, as duas através da pressão alta criavam problemas às “pensadoras” de jogo da Finlândia. Parcial inicial de 7-0 favorável ao conjunto lusitano, com a resposta das visitantes a surgir por Sara Bejedi que começou também ela cedo a “carregar” a sua seleção, mas este crescimento acontece fruto do aumento da pressão destas que levou a que as portuguesas cometessem mais erros, por isso mesmo Ricardo Vasconcelos parou o jogo, corrigindo os posicionamentos que estavam a começar a falhar e a originar oportunidades para a Finlândia. As dinâmicas lusas mudam com a entrada de Luana Serranho, com a base a voltar a mexer com o jogo e a trazer aqui uma melhoria importante para o ataque português. O segundo quarto voltou a oferecer um conjunto luso superior, com Joana Alves em destaque no domínio das tabelas e com o ataque a estar mais fluído além da defesa novamente mais pressionante que ia deixando assim as finlandesas em dificuldades de novo na organização ofensiva. Realçar a boa entrada de Raquel Alves, em especial nas ações defensivas que ajudaram à melhoria lusa.

A bola voltava a circular entre todas as jogadoras da equipa das quinas, com Mariana Silva em evidência pela sua mobilidade e jogo de pés que encantava quem assistia este duelo e que permitia à turma lusa voltar a dominar este encontro. Na ida para os balneários, a desvantagem nacional era de dois pontos, 26-28. A segunda parte começa com o conjunto das quinas mais atrevido, com linhas mais subidas e, com isso, a conseguir logo vários roubos de bola com mais uma vez as ações defensivas de Raquel Laneiro e Carolina Rodrigues em destaque, duas atletas que construíam muito bem e mesmo com menos pontos brilhavam pelo trabalho que faziam.

O jogo continuava bastante disputado, assistíamos a muitos duelos e foi neste terceiro quarto que podemos ver o melhor momento da Finlândia no ataque quando optaram por circular mais a bola e, beneficiando de algum desacerto nas marcações lusas, conseguiam encontrar sempre alguma jogadora livre e dessa forma pontuar, equilibrando o jogo. O selecionador nacional olhando para o melhor período visitante lança Carolina Gonçalves, Marina Carvalho e Ana Teresa Faustino que se revelaram muito importantes para a recuperação do controlo do jogo por parte do conjunto das quinas. O quarto período deu-nos ainda mais animação, onde até foi a Finlândia a entrar melhor, mas cedo Portugal assumiu o comando do jogo conseguindo mesmo o triunfo. A solução passou pelas correções defensivas, pelo tiro exterior que começou a surgir neste derradeiro quarto, ainda o ganhar dos duelos, o maior acerto ofensivo e pressão alta, tudo isto foi a chave para esta vitória portuguesa neste primeiro jogo com a Finlândia.

Portugal – Finlândia: Ganhar encantando ainda mais

No dia seguinte e no segundo jogo que encerrava este último estágio da seleção universitária feminina, Portugal derrotou a Finlândia por 79-65. O cinco inicial deste duelo teve na entrada de Luana Serranho por troca com Raquel Laneiro a única alteração em relação à partida anterior. O jogo iniciou logo com as duas equipas a lutarem muito pela bola, com a equipa da casa a ter ainda no primeiro minuto uma grande contrariedade quando Mariana Silva foi forçada a abandonar o jogo. Depois de uma bola dividida a atleta portuguesa saiu a coxear e acabou por não mais voltar ao encontro, mesmo recuperada a equipa técnica não quis arriscar.

Sob a batuta de Carolina Rodrigues, o ataque luso ia brilhando, a base portuguesa dava nas vistas mais uma vez, com o destaque a ser novamente a boa circulação de bola que ocorria e a organização ofensiva que desequilibrava a seleção finlandesa. Nota muito importante para uma das alterações em relação ao duelo anterior, a pressão alta a campo inteiro que o conjunto de Ricardo Vasconcelos fazia e que levava a que a Finlândia errasse muito, principalmente na saída de jogo. Tal como no primeiro duelo, parcial inicial favorável a Portugal, desta feita de 9-0 e fruto de um começo quase perfeito da turma das quinas.

Mencionar a boa entrada de Marta Vargas, que apesar de nem ser sempre a jogadora a aparecer para marcar de pontos, foi preponderante na defesa. O conjunto visitante foi crescendo com o decorrer da partida, começaram a lidar melhor com a pressão lusa e com isso equilibraram mais este duelo, por esse motivo o refrescar da nossa seleção e com as entradas de Ana Teresa Faustino e Raquel Laneiro a serem destaques mais uma vez pela maior velocidade que ambas colocaram na partida, o que permitiu a recuperação portuguesa. Este primeiro quarto termina com Portugal por cima refletido no ataque ao cesto incrível de Marta Martins nos últimos instantes que nos deixou de novo na frente do encontro.

O segundo quarto voltou a trazer uma seleção nacional mais pressionante o que colocava a Finlândia de novo em grandes dificuldades. 39-31 ao intervalo com destaque para Susana Carvalheira que mostrava a sua muita qualidade de passe e ainda nota para a saída de Carolina Rodrigues que foi mais uma contrariedade. A Finlândia tentou no começo do terceiro período levar o duelo para a questão da estatura, mas Portugal soube dar a volta e contrariar esse jogo físico do conjunto visitante através da maior mobilidade e qualidade. No melhor período finlandês a entrada de Carolina Gonçalves foi fulcral para Portugal voltar a recuperar e a estar de novo por cima do encontro, porque com ela surgiu novamente a maior velocidade e a pressão alta lusa. Destacar a importância de Joana Lopes, mais uma atleta que não pontuou muito, mas que brilhou no “trabalho sujo”.

O terceiro quarto termina com um magnifico triplo de Raquel Laneiro, a base portuguesa que apesar de ter lutado muito, não teve muita sorte e por isso os festejos efusivos de todos neste tiro. À entrada do derradeiro quarto, Portugal estava na frente por 9 pontos e este último trecho só trouxe mais domínio luso e um conforto maior neste duelo. A dupla Raquel Laneiro e Luana Serranho colocou em água a cabeça da defesa finlandesa, Sara Barata continuou irrepreensível, Susana Carvalheira dominava nas tabelas e Mariana Carvalha era omnipresente surgindo de forma excecional dos dois lados do campo. Quarto período quase perfeito que selou este triunfo da seleção universitária feminina no segundo duelo com a Finlândia.

Por norma terminamos com alguns destaques individuais, mas vamos aproveitar para elogiar todas estas jogadoras presentes nestes dois estágios da seleção universitária feminina, primeiro porque nos fazem sonhar com algo no próximo ano nos jogos universitários, mesmo que com algumas alterações em relação a este grupo e depois porque voltaram a deixar à vista de todos a qualidade absurda que o nosso basquetebol tem, mostrando que além de jogarem bem, conseguem derrotar qualquer seleção e que só precisam de espaço e de maior reconhecimento, porque estas jogadoras são extremamente talentosas.

Muito talento, enormes jogadoras e dois triunfos importantes nestes duelos em Viana do Castelo que coroou dois estágios excecionais da nossa seleção universitária feminina.

martsss20_20211116_3.jpg
José AndradeNovembro 17, 20218min0

Esta semana regressamos para falar sobre a seleção nacional de Portugal, o conjunto de Ricardo Vasconcelos iniciou a qualificação para o Campeonato da Europa de 2023 com uma vitória frente à Estônia e um desaire frente à seleção grega, mas duas exibições que deixaram bem evidente que o lugar da nossa seleção é entre as melhores.

Portugal – Estónia: Triunfo esclarecedor

No primeiro destes dois jogos, Portugal venceu a Estónia por 62-43, uma adversária já bem conhecida da nossa seleção visto que desde 2006 que a enfrentamos nas qualificações, nessa ocasião na qualificação para o Campeonato Europeu de 2007, mas desde lá já foram 10 confrontos num total de 10 triunfos em 11 duelos frente a este adversário. Neste jogo, uma vitória de muita classe e que deixou logo à vista aquilo que seria o constante nesta dupla jornada, a muita qualidade e a capacidade de lutar até ao último segundo.

Em Matosinhos, Portugal teve que suar para vencer no primeiro quarto frente à Estónia, aqui a equipa visitante conseguiu criar mais problemas e discutir o jogo, muito pelos confrontos físicos e aí tivemos, mais uma vez, Maria Koustorkova em grande desde o começo e num duelo com Kadri-Ann Lass nas tabelas, um duelo que vem da Liga espanhola. Depois de um primeiro quarto mais equilibrado, Portugal conseguiu superiorizar-se e dominar este encontro, além de Maria Kostourkova, Laura Ferreira esteve como sempre muito bem, foi dos elementos mais regulares e que menos errou, foi preponderante na defesa e no ataque.

O maior destaque foi Maria João Correia, mas é preciso também referir a grande exibição de Carolina Rodrigues, tal como na Liga Betclic, a jogadora do SL Benfica entrou muito bem e fez a diferença neste primeiro jogo. Portugal geriu, viu a vantagem que chegou a ser de 28 pontos ser reduzida no último quarto, quando o ritmo era mais baixo e a seleção da Estónia aproveitou para aproximar, mas em momento algum o triunfo português esteve em causa, deu para ver mais de alguns elementos e deu para gerir as nossas atletas, mas vitória categórica e com dedo de Ricardo Vasconcelos que souber ler bem o encontro e mudar, para que Portugal se superioriza e triunfasse iniciando da melhor forma a qualificação para o Europeu de 2023 que se vai realizar em Israel e na Eslovénia.

Portugal – Grécia: Por pouco não se fez história, mas qualidade que faz sonhar ainda mais!

Na Philippos Amoridis Arena, Portugal perdeu por 64-57 frente ao conjunto helênico, num jogo repleto de emoção do principio ao fim e onde a selecção das Quinas deixou evidente que pertence à elite do basquetebol, mesmo somando um desaire e num jogo difícil, nunca baixou os braços e conseguiu mesmo colocar uma das seleções europeias mais fortes em dificuldades. A seleção grega está em 9ª no ranking europeu e em 15ª no ranking FIBA mundial, algo que demonstra bem o poderio deste conjunto que conta com jogadoras experientes, de muita qualidade e que jogam nas melhores ligas, isto tudo são sinais do crescimento do nosso basquetebol, de como as nossas jogadoras são de grande qualidade e de como estamos cada vez mais perto de chegar onde merecemos.

Este duelo foi o sexto frente à Grécia, ainda não foi desta que conseguimos triunfar e fazer história, o primeiro duelo remonta a 1989 numa equipa comandada por Eliseu Beja e com nomes históricos como Ana Oliveira, Carla Esteves ou Vera Jardim, depois disso seguiram-se os desaires em 1991, 1993 num grande jogo em Tondela numa altura que a nossa seleção contava com Ticha Penicheiro ou Mery Andrade; depois seguiu-se a derrota de 2017 num elenco onde estava Michelle Brandão, uma das nossas convidadas no último Sixth Woman além de 2017 também em 2018 fomos derrotados pela Grécia. Neste jogo, foi onde estivemos mais perto de conseguir “matar o borrego”, Portugal entrou menos bem e sentiu muitos problemas, a desvantagem chegou mesmo a ser de 20 pontos.

A luta das tabelas fazia a diferença, como esperado, com as gregas a controlar aspecto e conseguiam dai dominar o encontro, com Maria Fasoula a brilhar, ela que é uma das estrelas do basquetebol europeu e um jogadora de classe mundial, ia fazendo a diferença e sendo a jogadora mais para o lado grego. Portugal melhorou ao intervalo, conseguiu ter mais Márcia da Costa Robalo em jogo e isso fazia a diferença, com também grande participação de Sofia da Silva, que começou a surgir mais nesta partida e ainda Marta Martins. Outro dos destaques foi novamente, Laura Ferreira, voltou a ser das melhores jogadoras lusas e voltou a ser preponderante.

Portugal conseguiu equilibrar, dividir o jogo com as gregas e discutir o resultado levando para o último quarto tudo em aberto. A verdade é que a seleção grega voltou a ser mais forte na altura decisiva, Portugal ainda conseguiu estar na frente do encontro no 50-49, mas a equipa da casa não acusou a desvantagem e acabaram mesmo por conseguir vencer num jogo insano, de alta intensidade e onde o elenco português mostrou que a distância para estas seleções é cada vez menor. Um grande jogo de basquetebol, onde a experiência pesou, mas onde as nossas jogadoras orgulharam o nosso país e mostraram que vão ter de contar connosco na altura das decisões. O crescimento de Portugal é notório, este embate serviu para mostrar isso mesmo e que as jogadoras portuguesas pertencem à elite do basquetebol!

MVPs – Craques de luxo

Laura Ferreira – Não sabe jogar mal

Um dos maiores destaques lusitanos foi Laura Ferreira, além de figurar entre as melhores jogadoras no Grupo G e do lance que correu mundo, Laura Ferreira a jogadora mais regular, esteve muito bem nos dois jogos e tal como muitas vezes friso nos textos da Liga Betclic, mesmo não sendo a jogadora mais exuberante é das melhores e das que menos erra no basquetebol nacional. Nestes dois jogos, Portugal teve em Laura Ferreira uma das jogadoras mais preponderantes, voltou a destacar-se nos dois lados do campo, assumindo um peso no jogo de Portugal que mais nenhuma outra assumiu. Segurança, regularidade e muita qualidade fazem de Laura Ferreira uma jogadora de altíssimo nível e uma das peças mais imprescindíveis para Ricardo Vasconcelos.

Sofia da Silva – Incansável batalhadora

O nosso segundo destaque vai para Sofia da Silva, a jogadora do Ensino Lugo voltou a exibir-se ao nível que nos tem habituada nesta temporada e ao longo da sua carreira. Dois jogos que exigiram muito das nossas atletas e Sofia da Silva mostrou-se a nível excelente tanto na defesa, como na luta das tabelas e mesmo no ataque, a atleta que começou aos 13 anos no Clube Académico de Coimbra voltou a mostrar o porquê de ser um dos destaques do Lugo neste início de temporada e o porquê de brilhar numa das melhores ligas do basquetebol europeu. A capitã nacional jogou sempre bem, em alta intensidade e perante todas as adversidades conseguiu sempre estar em evidência na nossa seleção, principalmente no período de domínio português na Grécia onde os seus pontos foram importantes para o crescimento luso.

Marta Martins – Entradas diferenciadas

Por fim, o nosso terceiro destaque vai para Marta Martins, a base do Benfica não foi titular e nem somou os minutos das jogadoras anteriores, mas a verdade é que sempre que entrou fez a diferença. No jogo com a Estónia, Marta Martins entrou muito bem ao lado de Carolina Rodrigues e no jogo com a Grécia foi ainda mais preponderante. Foram 11 pontos, 1 ressalto em 23 minutos nos dois jogos, mas além destas estatísticas a jogadora scalabitana entrou sempre muito bem, em todas as ocasiões mudou o jogo luso e conseguiu fazer o que Ricardo Vasconcelos pretendia, agitar e alterar o decorrer das partidas. A jovem portuguesa tem vindo em crescendo ao longo da temporada e a assumir cada vez mais protagonismo no Benfica e mesmo na seleção, a verdade é que como se viu nesta dupla jornada de qualificação para o Campeonato da Europa, Marta Martins não precisa de muito tempo nem de muito espaço para brilhar.

Por esta semana é tudo, ficaram as duas ótimas exibições da nossa seleção que provou a toda a Europa que o nosso talento é gigante e que vamos discutir o lugar no Campeonato da Europa até ao fim com todas as possibilidades de sonhar com uma presença em Israel e na Eslovénia em 2023.


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS