Pela 4ª vez na história do rugby europeu será jogada a Taça Ibérica feminina e fomos perceber a importância deste jogo! Entrevistas com Maria Heitor e Larissa Lima neste artigo
Pela 4ª vez na história do rugby europeu será jogada a Taça Ibérica feminina e fomos perceber a importância deste jogo! Entrevistas com Maria Heitor e Larissa Lima neste artigo
Maria Heitor é uma das jogadores mais lendárias do rugby português e contou em 1ª mão como foi a preparação, jogo e festejos da conquista pela 3ª vez da Taça Ibérica.
É possível juntar treinadores e árbitros no mesmo espaço para discutir as dúvidas e questões dos jogos? Propomos um Whistle Think Tank como futuro a seguir no rugby português!
O Sporting Clube de Portugal reina na Ibérica e Maria Heitor, internacional portuguesa, fez parte da equipa vencedora da Taça Ibérica. Podcast com a 3ª linha para ouvir!
O Sporting CP XV feminino disputou a segunda edição da taça ibérica, no estádio universitário de Lisboa, frente ao Olimpico Pozuelo, tendo ganho à equipa espanhola por 26-8.
A primeira edição da prova realizou-se no ano transacto, entre as mesmas equipas, desta feita em Madrid e tendo o Pozuelo imposto uma vitória por 27-15.
As detentoras do bicampeonato nacional, da taça e da supertaça, habituadas a um modelo competitivo na variante de sevens, montaram uma equipa de XV bastante interessante, liderada por Nuno Mourão e Pedro Leal. A contratação à pouco tempo de duas neo-zelandesas do Counties Manukau para as posições de pilar e 2ª/3ª linha, foram essenciais para esta vitória. Os seus desempenhos, indo ao contacto, ganhando metros e quebrando assim a linha de vantagem, permitiram, inúmeras incursões no campo adversário, tendo sido geradoras de muito jogo ofensivo sportinguista.
As Leoas entraram com um jogo rápido e com uma estratégia clara de concentrar a defesa adversária, abrindo assim espaço ao largo para incursões das pontas de Josefa Gabriel e Thamara Rangel.
Logo ao primeiro minuto, foi mesmo isso que aconteceu com a incursão de Kate Matau, a poderosa pilar direito, com fixação, jogo rápido para a ponta esquerda e ensaio de Josefa Gabriel. Isabel Ozório não conseguiu converter este primeiro ensaio, mas o tom estava marcado para toda a primeira parte.
O Pozuelo respondeu com boas plataformas estáticas a nível dos alinhamentos e com jogo curto, tendo conseguido reduzir para 5-3.
O Sporting apresentou uma formação ordenada muito estável, a arrancar faltas e uma vez tendo a bola em seu poder, muitas vezes com turn overs e rucks rápidos, o segundo ensaio chegou por parte de Sara Saúde, uma asa muito combativa e poderosa.
Aconteceram alguns erros de handling, principalmente por parte das espanholas mas depois de 3 jogadas muito perigosas dentro dos 22 do Sporting, o ensaio espanhol surgiu com uma intercepção a um pontapé de Ozório.
Enquanto a bola se manteve viva por parte do Sporting, o perigo era eminente, pois uma vez no chão, as espanholas demonstraram ter muita experiência, talvez porque disputam em casa um campeonato a 8 mas na variante de XV, ao contrário das portuguesas.
Cate Matau ainda fez o seu ensaio antes do intervalo, depois de uma boa formação ordenada com rucks rápidos e um excelente pick and go.
As equipas foram para o intervalo com 19-8 no marcador. A segunda parte foi muito mais desinteressante, lenta e sem grande memória. Talvez o facto de a equipa treinada por Hannah Edwards ter puxado dos galões e ter combatido, obrigando o Sporting a muito trabalho defensivo.
Os três quartos do Pozuelo mexeram-se muito bem, criando boas jogadas a partir de alinhamentos, boas basculações mas sempre com grande indefinição das jogadas, caindo no erro muito perto do ensaio. Destaque-se as grandes transportadoras, as asas Cristina Blanco e Jimena Parra, a abertura Marta Ahis e a centro Eva Aguirre.
Inês Marques, a talonadora do Sporting ainda fez o 4º ensaio sportinguista aos 44 minutos e depois da conversão de Ozório, não houve mais mexidas no marcador.
De destaque todo o pack avançado do Sporting: Tânia Semedo, Inês Marques, Kate Matau, Maragarida Arriaga, Harono Iringa, Sara Saúde, Maria Heitor e Catarina Pragana. Grande jogo e faz pensar que se tivessem uma competição regular de XV, seriam muito competitivas.
Lembro que a equipa apenas treinou em XV, contra o Sevilha e contra uma Selecção de Lisboa onde participaram atletas do SLB, Cascais, Galiza e São Miguel. O ano transacto, tiveram de ir até Perpignan para o seu primeiro jogo a XV. Esta deslocalização para fora de Portugal faz estranheza.
A Antónia Braga é um motor de combatividade, uma “carraça” das boas e é sempre um gosto vê-la jogar; Isabel Ozório e Daniela Correia são de outro nível e fazem uma grande diferença; Francisca Baptista, Leonor Amaral, Josefa Gabriel e Thamara Rangel estiveram também muito bem, com a brasileira Thamara a fazer incursões ritmadas na ponta mas também com muito bom trabalho defensivo.
Não foi um jogo de muita memória mas foi muito bem disputado na primeira parte, fazendo sempre pensar o porquê de haver modalidades em 7 e 10 e não haver XV. Já houve e devia continuar a fazerem-se esforços para que volte.
O Benfica e Técnico que sempre contribuíram muito para a modalidade apresentam-se em mudança geracional e o Sporting investiu definitivamente na variante de sevens. É bom investir numa variante mas fica a pena de se ter deixado cair o XV feminino do circuito nacional.
Uma importante vitória, uma importante conquista e acima de tudo, uma prova que há boas atletas a representar os clubes portugueses.
Nuno Luís Lopes dá o ponto de situação do Rugby Feminino com um olhar já para o futuro... é a variante de X uma abertura para a de XV?