Arquivo de CR Évora - Página 4 de 5 - Fair Play

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Francisco IsaacDezembro 27, 20186min0

O CN 1ª Divisão está cheio de jovens talentos do rugby português e fomos em busca dos 6 que se têm destacado mais na presente temporada. Podem não ser os melhores da sua geração, mas são aqueles que estão mais em “voga” e que têm dado a cara pelas suas equipas.

Nota para o facto que só é possível destacar aqueles que tivemos acesso a um mínimo de 5 jogos filmados. O artigo foi composto pré 2019, ou seja, todos os jogadores contabilizam a idade feita em 2018.

DIOGO PINA (CR SÃO MIGUEL)

O ponta de 19 anos tem sido um dos pormenores de relevo do Clube de Rugby de São Miguel, fazendo uso do seu peso e altura para ganhar espaço tanto no canal exterior, como nos momentos em que surge em acções pelo meio do terreno. Não é um ponta estático, nem fica na expectativa ou à espera que a oval venha ter calmamente ao seu posto, optando por se envolver em zonas mais intermediárias.

Possante e duro, o ponta é um jogador feito para o choque e em alguns dos jogos visualizados, é possível reparar em como desarma os seus adversários na placagem, batendo-se bem para conquistar quebras-de-linha e seguir até à área de ensaio.

O ponta conta com 5 ensaios em 9 jogos e promete continuar a sua evolução como ponta (falta-lhe mais agressividade na placagem e outra dose de trabalho no terreno de jogo), com os olhos postos a ser um dos nomes grandes do São Miguel.

JOSÉ ROQUE (RC MONTEMOR)

O 8 do Rugby Clube de Montemor tem sido um dos jogadores mais respeitados e temidos no CN1, muito devido à sua qualidade enquanto placador exímio, recuperador de bola insistente e genial atacante na saída de bola. Estreou-se pela Selecção Nacional “A” neste Inverno, sendo lançado por Martim Aguiar no Roménia-Portugal e, também, no Portugal-Namíbia, o que prova o crescimento do 3ª linha centro mouflon.

É, a par de Manuel Nunes (e já lá vamos ao asa) um dos melhores atletas na recuperação de bola no chão, com uma perspicácia total em como “roubar” a oval no momento perfeito, devolvendo opções de ataque ao Montemor em momentos críticos dos jogos. Outro pormenor é o tempo de reacção entre a placagem e o voltar a atacar o ruck, mostrando uma frescura física de qualidade e perigosa para quem está do outro lado.

Apesar do 1º lugar ter fugido aos mouflons, JoséRoque é um dos melhores avançados do campeonato e a forma como trabalha na formação-ordenada (vejam o vídeo para perceberem a qualidade do 8 na saída com bola) é um demonstrativo da qualidade imensa do internacional português.

MANUEL NUNES (RC MONTEMOR)

Já tínhamos “aberto a porta” a Manuel Nunes no texto de José Roque e é perceptível o porquê do internacional sub-20 constar nesta lista: versatilidade, exímio trabalhador nas fases estáticas e dominador no contacto.

Pode não ser o atleta fisicamente mais desenvolvido, mas não há dúvidas que é dos mais difíceis de tirar da frente, apresentando uma cultura de placagem de topo, sempre pronto a caçar qualquer que seja o adversário, independentemente do tamanho. Como José Roque, o tempo de reacção de saltar do chão para lutar no ruck é dos melhores no CN1 e não deixa de ser um pormenor curioso da 3ª linha montemorense.

A somar a estes aspectos, vem o capricho ofensivo, com Manuel Nunes a criar boas saídas de jogo, destacando-se um passe com o pé para Diogo Perto captar a oval e fazer um dos ensaios mais impressionantes do campeonato. Bom de pernas, duro dentro dos limites, com altos níveis de resistência, Manuel Nunes tem sido um dos grandes nomes do Montemor.

TOMÁS LAMBOGLIA (CALDAS RC)

O nº10 do Caldas Rugby Clube tem estado em alta, com bons pontapés atirados entre os postes e um pautar de jogo equilibrado e inteligente, proporcionando grandes momentos ao seu emblema.

O internacional sub-20 português pode não ser dos aberturas fisicamente mais desenvolvidos (uma pecha a resolver no futuro próximo, até porque depende de um apoio de qualidade do 1º centro e da 3ª linha), mas é munido de um “tango” muito difícil de ler no momento da placagem.

Tem dos pés mais eficazes do CN1, atrás das lendas Manuel Murteira, Pedro Silva ou dos efectivos André Lemos e Rafael Morales, e esse apontamento é importante para algumas das últimas vitórias dos “pelicanos” nesta temporada.

Delicado com a oval nas mãos, rápido a decidir o melhor set-piece do Caldas RC (a maioria das opções de ataque rápido passa por envolver Oscar D’Amato e Cláudio França), é dos 10’s a ter em consideração e uma à Selecção Nacional sub-20 poderá estar no horizonte.

FRANCISCO SILVA (CR ÉVORA)

Apesar de estar neste momento lesionado, Francisco Condeço Silva tem dado o corpo-às-balas no Clube Rugby de Évora, não na sua posição original de nº8, mas de 1º centro, tendo feito uma parelha rápida e intensa com Manuel Murteira.

Enquanto o ex-Agronomia apresenta-se como um segundo médio-abertura entre os centros, Francisco Silva opta por fazer o trabalho pesado, com constantes entradas no contacto, garantindo novas plataformas de ataque aos eborenses.

Agressivo na placagem e focado em parar o adversário são outras duas características do 3ªlinha/centro que demonstrou-se como um dos melhores atletas da formação liderada por Miguel Avó durante a 1ª volta.

Não sendo fulcral, sentiu-se a falta do internacional sub-18 nos jogos contra o Guimarães RUFC e SL Benfica, exactamente no ponto que falámos: defesa. Ágil, boa leitura defensiva e uma entrega soberba, são aspectos que se podem esperar deste atleta com só 17 anos… conseguirá voltar à sua forma antes de se ter lesionado?

RUI SANTOS (SL BENFICA)

É outro médio-de-abertura a conseguir marcar presença nesta lista e merece-o pela qualidade que tem demonstrado no CN1: bom de mãos e dotado em fazer jogar os seus colegas; pé normalmente bem afinado e eficiente, que garante metros ou pontos ao SL Benfica; e inteligente na leitura de jogo e de dar expressão do domínio territorial das “águias”.

Com 20 anos nas “pernas”, Rui Santos tem operado com qualidade na estratégia encetada por Francisco Aguiar e Carlos Castro, surgindo bem no controlar do avanço dos seus avançados para depois lançar acções de ataque em Francisco Bessa ou António Ventosa. Não sendo internacional português sub-20, não deixa de ser um dos 3/4’s mais versáteis e interessantes de ver jogar.

A sua ausência da posição de nº10 no SL Benfica rugby traz sérios problemas ao emblema “encarnado”, que precisa de Rui Santos para ter um sentido de jogo profundo, sério e bem coordenado.

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Francisco IsaacNovembro 1, 20189min0

O Fair Play fará um acompanhamento semanal ao Campeonato Nacional 1, divisão onde habitam CRAV, Guimarães RUFC, RC Santarém, Caldas RC, RC Lousã, CR São Miguel, SL Benfica Rugby, Rugby Vila da Moita, RC Montemor e CR Évora. A liga já está em funcionamento mas só agora é que conseguimos fazer um acompanhamento sustentado ao CN1.

Os melhores momentos, ensaios, equipas e factos desta divisão!

LÍDER É LÍDER E NADA MUDA ISSO!

RC Montemor e RC Lousã têm dominado o CN1 desde o primeiro momento e ao fim de quatro jornadas, já conquistaram quatro vitórias ocupando o 1º e 2º lugar do campeonato, respectivamente. No caso dos mouflons, nova vitória por números “gordos” com um 66-10 na casa emprestada do Guimarães RUFC em Arcos de Valdevez.

A formação treinada por João Baptista (recorda o podcast com o treinador aqui: podcast João Baptista) entrou a matar com uma sequência de ensaios que lhes possibilitou chegar ao intervalo no controlo do resultado.

Os vimaranenses sentiram dificuldades para segurar o aspecto físico do Montemor, que voltou a fazer uso da sua pesada mas móvel avançada para chegar à área de ensaio, com de novo Luan Almeida (o brasileiro tem feito um arranque de temporada irrepreensível) a fazer estragos a partir do maul e piques.

Por outro lado, as linhas atrasadas deram um autêntico show no que toca à pontaria e aceleração na linha de vantagem, com Pedro Jaleco a realizar nova exibição de categoria, desta feita a partir da posição de defesa (Luís Vacas de Almeida regressou de lesão e entrou directamente para o XV, na posição de médio de abertura), com boas decisões no que toca aos aproveitamentos das falhas dos seus adversários.

José Leal da Costa terminou o encontro com 21 pontos, com oito pontapés certeiros nas conversões. Vitória merecida do Montemor, que aproveitou para voltar a fazer uma demonstração de “força”, sendo este o 4º jogo com uma vitória acima dos 30 pontos.

João Baptista, treinador do RC Montemor, prestou algumas declarações pós-jogo,

João Baptista, esperavas uma vitória tão alargada frente ao Guimarães RUFC? Onde foram mais fortes?

JB. Esperávamos um jogo difícil se as coisas não nos saíssem, mas felizmente tivemos alguns bons momentos que nos permitiram vencer um adversário que tem momentos bons. Conseguimos ser mais fortes quando jogámos em coletivo e conseguimos encadear algumas fases com bom ritmo.

Estás satisfeito com a qualidade exibicional da tua equipa até ao momento?

JB. Começo a estar mais satisfeito com as exibições da equipa, mas estamos ainda a uma certa distância daquilo que julgo podermos fazer!

No Campo José Redondo, a equipa local também não permitiu surpresas ante um RC Santarém “renovado” e com algumas peças bem interessantes de ver jogo. Os lousanenses que também não desarmam da luta pelo primeiro posto, realizaram nova exibição convincente com a capacidade de explosão da avançada a fazer a diferença contra os escalabitanos.

De nada valeu a capacidade defensiva dos cavaleiros de Luís Monteiro que ainda procuram atingir o seu melhor patamar, mas que possuem capacidade para surpreender durante este campeonato.

FEZ-SE HISTÓRIA NO INATEL, APESAR DA LEI DO AMARELO

SL Benfica e CR São Miguel realizaram uma inversão de jornada, com as “águias” a receberem os “bulldogues” no seu novo recinto do Inatel, que curiosamente é ainda o campo do emblema de Alvalade até que as instalações do novo complexo estejam concluídas. Rui Carvoeira contou com o seu melhor XV, enquanto que o SL Benfica não contou com António Ventosa e José Trindade não foram opções.

Os encarnados começaram melhor o encontro, com um ensaio de Pedro Bilro fruto de uma entrada explosiva de Urryel Torres pelo meio da defesa dos bulldogues… Rui Santos não foi capaz de transformar. Até ao final dos primeiros 40 minutos, Diogo Pina fez o “empate” em ensaios e André Lemos a partir de uma conversão e duas penalidade subiu a contagem para 13-05.

O SL Benfica voltaria a marcar um ensaio, graças a uma boa arrancada o seu nº8 Matt Ritani (um dos destaques, senão o destaque, deste Benfica de Francisco Aguiar e Carlos Castro), com Rui Santos a converter para o 13-12.

Quando o encontro se encontrava numa toada equilibrada, Gonçalo Melo, nº8 do CR São Miguel, aproveitou uma rodagem de uma formação-ordenada nos 10 metros finais para ir até à linha de ensaio… 20-12.

O ensaio “picou” a formação das “águias” que foram em busca da recuperação. Os dois amarelos dados por faltas anti-desportivas dos “bulldogues” conferiram espaço de manobra para o SL Benfica chegar ao ensaio por mais uma ocasião, novamente pela passada de Pedro Bilro.

Rui Santos completou a conversão e somaria nova penalidade… 22-20 e a equipa da casa estava na frente do resultado, sendo que só precisavam de aguentar os minutos finais para garantir a vitória. Porém, um erro defensivo concedeu uma última oportunidade a André Lemos de devolver a vantagem… pontapé bem armado, 23-22 e o São Miguel fez História ao derrotar o SL Benfica pela primeira vez na sua História.

André Lemos, capitão do CR São Miguel, explicou como atingiram este marco,

André, vitória histórica no Inatel frente ao SL Benfica… foi difícil bater aquele último pontapé? Qual foi a sensação imediata?

AL. Não foi difícil. Tenho treinado bastante (2 ou 3 vez por semana) e sinto-me confiante nos pontapés

Estiveram durante largos períodos do jogo a jogar com 14… como conseguiram sair com a vitória?

AL. Um ponto que temos de melhor, não podemos ter 3 amarelos num jogo. Acho que o jogo foi ganho pelo carácter da equipa, não desistimos nunca e acreditamos sempre que era possível. Foi um jogo bastante intenso de início ao fim mas conseguimos impor o nosso jogo e felizmente a vitoria pingou para o nosso lado.

EMPATE COM SABOR A POUCO PARA AMBAS AS FORMAÇÕES

O CR Évora só se pode queixar de si mesmo, pois saiu para a segunda-parte na frente do resultado com um até confortável 14-00. Mas viajemos até ao início para nos apercebermos de como se desenrolou o encontro.

Os eborenses deram as boas-vindas a um novo super-reforço: José Leal da Costa. O pilar jogou as últimas temporadas pela AEIS Agronomia, mas regressa agora à casa-mãe e adiciona ao plantel de Miguel Avó uma excelente opção tanto ao nível da formação-ordenada, como de liderança e exemplo. Nesse sentido, foi o Évora a entrar melhor no encontro, com uma “agressividade” dos avançados de qualidade.

Este factor tornou a vida dos “pelicanos” desconfortável, pois tiveram de defender dentro dos seus 22 minutos durante largos minutos inicias. Ao fim de 8 minutos, a formação visitante chegou ao ensaio, com Frederico Couto a concluir um avanço constante do maul dinâmico da equipa alentejana. Diogo Appleton aproveitou o vento para transformar e dar o avanço inicial.

Patricio “Pato” Lamboglia tentou corrigir alguns erros de apoio e de handling da equipa mas sem resultado. Cláudio França ou Tomás Lamboglia apareceram em duas ocasiões bem lançados, faltando o apoio ideal para dar outra forma a este avanço interessante da equipa da casa. Os erros acumularam-se e o Évora, que defendia bem no contacto directo, esperou pelo melhor momento para chegar ao 14-00. António Fonseca completou uma boa movimentação geral dos visitantes e garantiu uma margem confortável à sua equipa.

Contudo, a segunda-parte seria de outro “tom”, pois os da casa acertaram “agulhas” e começaram a apresentar um rugby mais seguro e consolidado… Salvador Camburnac ia agitando a sua avançada a trabalhar mais, o que começou a colocar dificuldades a um Évora demasiado estático… o vento contra também começou a complicar com consecutivos pontapés a serem disparados para as costas da linha-de-defesa eborense.

Tomás Lamboglia deu “esperança” e com três pontapés de penalidade deu um novo balão de oxigénio, com o Évora a ter mais dificuldades em sair bem na condução de bola (montavam duas ou três fases, perdendo o controlo da oval logo de seguida). A 15 minutos do fim do encontro, o Caldas iria empatar o jogo com um ensaio de Alexandre Vieira à ponta… mesmo com o vento a soprar pelas costas, não houve conversão do médio-de-abertura dos “pelicanos”.

Até ao final do encontro, tanto visitados como visitantes desperdiçara uma boa ocasião cada para desbloquear a igualdade, mas nem a movimentação ofensiva do Caldas ou o maul do Évora surtiram efeito. Empate a 14 pontos, justo, num jogo muito equilibrado.

Por fim, CRAV e Vila da Moita assinaram o encontro menos “expedito” do fim-de-semana com um 17-12, a favorecer os campeões nacionais do CN1 em título. A formação de Arcos de Valdevez está a tentar voltar ao seu melhor rugby, mas faltam opções de qualidade ao bloco avançado arcuense. O RV Moita por sua vez continua com um elenco interessante, mas que sucumbe sempre nos 2ºs 40 minutos de jogo, muito devido também há falta de opções.

O Campeonato está alinhado da seguinte forma: RC Montemor 20 pontos; RC Lousã 19 pontos; CR São Miguel 13 pontos; Caldas RC 11 pontos; SL Benfica 10 pontos; CRAV 9 pontos; CR Évora 8 pontos; RC Santarém 5 pontos; RV Moita 1 ponto; Guimarães RUFC 0 pontos;


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