Sinner: a ascensão em Austrália

André Dias PereiraJaneiro 29, 20243min0

Sinner: a ascensão em Austrália

André Dias PereiraJaneiro 29, 20243min0
Jannik Sinner conquistou pela primeira vez um Major, confirmando as altas expectativas para 2024.

Na antevisão da temporada de 2024, um dos motivos elencados para acompanhar o circuito mundial era entender até onde vai a evolução de Jannick Sinner. O italiano é não apenas um dos mais talentosos de sua geração, como parece em condições de poder atingir níveis de altíssimo grau de competitividade e com isso outros voos. Desde 2020 conquistou nada menos que 10 títulos, 4 dos quais na época passada, entre eles um ATP 1000 (Canadá). Mas faltava um Major. O título maior. O torneio que distingue os melhores dos maiores.

E esse título aconteceu logo no primeiro Grand Slam do ano. Em Melbourne, Austrália. E em grande estilo, diga-se de passagem. O italiano deixou para trás adversários como Rublev, Djokovic e Medvedev. O encontro com o russo aconteceu, aliás, na final, com um triunfo de virada: 3-6, 3-6, 6-4, 6-4 e 6-3.

Com apenas 22 anos, Sinner marca o seu nome na galeria de campeões na sua primeira final disputada. E pela sua capacidade técnica, força mental e competitividade demonstrados, é caso para dizer que, tudo indica, este poderá ser o primeiro de vários. E tendencialmente, o primeiro é o mais difícil de alcançar, como prova, por exemplo, Zverev, multicampeão do circuito, um atleta de talento ímpar, e que em 2024 volta a cair nas meias-finais, desta vez perante Medvedev (5-7, 3-6, 7-6, 7-6, 6-3). O alemão conta já com 21 títulos ATP (incluindo 2 ATP Finals) mas nunca venceu nenhum Grand Slam.

Numa final com mais de 4 horas de duração, Sinner confirmou com o título o grande torneio que vinha fazendo. Nos cinco primeiros jogos, sequer cedeu um set. Por seu lado, Medvedev passou por um caminho mais longo, incluindo o português Nuno Borges, mas também Hurkacz e Zverev. Ainda que o russo tenha repetido a final de 2023, a verdade é que voltou a não ter sucesso. E até entrou melhor na partida, com dois sets arrasadores, quebrando o serviço de Sinner no início de cada um deles. Só que depois veio ao de cima o talento e entusiasmo de Sinner, que embalado pelo público venceu de virada.

Borges como Sousa

Mas talvez um feito tão grande quanto ganhar o Australian Open terá sido eliminar Novak Djokovic num jogo a cinco sets. O sérvio buscava mais um Major, era o grande favorito no torneio, mas pela primeira vez foi afastado após alcançar as meias-finais. O resultado final foi de 6-1, 6-2, 7-6 e 6-3. Na outra meia-final, Medvedev foi melhor que Zverev: 5-7, 3-6, 7-6, 7-6 e 6-3. O alemão volta a falhar uma final de Grand Slam, mas provou estar no caminho certo e com o nível competitivo certo. E um bom exemplo foi a vitória sobre Carlos Alcaraz, segundo cabeça de série: 6-1, 6-3, 6-7 e 6-4. O espanhol reconheceu a superioridade de jogo do italiano, numa altura que procura ainda a melhor forma. Na terra batida é sem dúvida um nome forte para vencer Roland Garros, ao lado do compatriota Rafael Nadal.

Quem fez um torneio para mais tarde recordar foi o português Nuno Borges. Pela segunda vez, um tenista luso alcançou os oitavos de final do Australian Open. Borges deixou para trás nada menos que os favoritos Fokina (7-6, 6-3 e 6-3) e Grigor Dimitrov (6-7, 6-4, 6-2 e 7-6). O sonho português acabou por cair diante Medvedev (6-3, 7-6, 5-7 e 6-1). E bem se pode dizer que Borges jogou em altíssimo nível. Recorde-se que antes de Nuno Borges só João Sousa alcançou os oitavos de final, entre os tenistas portugueses. Em entrevista, Borges mostrou-se incrédulo pelo feito e pela experiência que, certamente, não vai esquecer. “Nunca pensei que pudesse chegar tão longe”, disse à chegada a Portugal, acrescentando que “jamais imaginou” jogar na Rod Laver Arena.

 

 

 

 

 


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS