Arquivo de Novak Djokovic - Fair Play

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André Dias PereiraMarço 18, 20243min0

Há pouco mais de uma semana poucos seriam os que escutaram o nome de Luca Nardi. Mas as coisas mudaram após o italiano de 20 anos vencer de forma surpreendente Novak Djokovic em Indian Wells. O sérvio era apontado como o grande favorito ao torneio, que teve novamente Carlos Alcaraz como vencedor.

O número 123 do mundo ganhou por 6-4, 3-6 e 6-3 na terceira eliminatória. Nardi é um chamado lucky looser, ou seja, alguém repescado das pré-eliminatórias. No qualifying, Nardi venceu Terence Atmane, mas foi afastado pelo belga David Goffin. Acabaria, porém, por entrar como luky looser, após o argentino Tomás Etcheverry abandonar o torneio devido a uma lesão na coxa.

Nardi é um fã confesso de Djokovic, reconhecendo até que tem forradas as paredes do seu quarto com fotos do sérvio. “Acho que antes desta noite ninguém me conhecia. Estou super feliz. Sinceramente, nem sei como isto aconteceu”, disse o italiano. Por seu lado, Djokovic lembrou que “foi uma vitória justa” do italiano. Afastado de Indian Wells, o sérvio não jogará também o Miami Open e só regressa na temporada de terra batida. Recorde-se que Nolan estava afastado do circuito há seis semanas e este ano ainda não ganhou qualquer título. Uma raridade. “Não é comum, mas faz parte, às vezes ganha-se, outras perde-se, quem sabe possa ganhar mais alguns torneios”.

O resultado de Nardi é tão mais surpreendente se considerarmos que há poucas semanas não passou da segunda rodada do Challanger indiano de Bengaluru. E se é verdade que o italiano afastou o sérvio, acabou por não ter a mesma sorte na ronda seguinte, diante Tommy Paul. O norte americano foi também uma das sensações do torneio ao atingir as meias finais.

Afinal, quem é Luca Nardi?

Nascido em Pesaro, na costa italiana, Nardi começou a jogar por influência do seu irmão mais velho, aos 7 anos de idade. Desde então, tem trabalhado com Francesco Sani, o seu técnico. Entrou para o profissional em 2020 e a sua melhor classificação é o lugar 106.

Maioritariamente, tem jogado Challangers. Já ganhou três: Forli, Lugano e Maiorca. O triunfo sobre Djokovic é, apesar de tudo e por ora, o seu resultado mais expressivo. “Jogou um ótimo ténis no terceiro set. Ele move-se bem e tem muito talento”, disse Nolan, que até aqui reconhece que também conhecia pouco do italiano.

A quarta ronda de Indian Wells é também o mais longe que já conseguiu. Em Grand Slam, a segunda ronda do Australian Open, também este ano, foi o seu melhor registo. Nardi é um jogador em evolução, tendo a partida com Djokovic sido a primeira diante de um top-10. Não será um fenómeno como Alcaraz, mas é um nome para acompanhar no futuro.

E por falar no espanhol, ele fê-lo de novo. Carlos Alcaraz repetiu o triunfo de 2023 em Indian Wells. Desta vez, levou a melhor sobre Medvedev por 7-6 e 6-1. O número 2 do mundo começou morno, mas quando tomou conta do jogo não deu chances ao russo. O espanhol mantém-se firme entre o top-3 e será muito interessante vê-lo em ação na terra batida de Roland Garros, onde há ainda Nadal e Djokovic, entre outros candidatos. Mas parece uma questão de tempo até Alcaraz dominar também Paris como sucessor do compatriota.

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André Dias PereiraAgosto 24, 20233min0

Um mês após Carlos Alcaraz ter vencido Novak Djokovic, em Wimbledon, agora foi a vez de o sérvio ter levado a melhor sobre o espanhol em Cincinnati (5-7, 7-6 e 7-6).

Todos os adjetivos são poucos para qualificar a final entre os dois melhores tenistas da atualidade. É a terceira vez que os dois jogadores se enfrentam este ano. Roland Garros, primeiro, foi como que uma falsa partida para o espetáculo que ambos podem proporcionar. E isso se deveu a uma lesão que obrigou Alcaraz a jogar de forma condicionada. Sem surpresa, Nolan levou a melhor. Mas em Wimbledon foi a vez de o espanhol dominar em um dos grandes jogos do ano, que culminou com o primeiro título do espanhol no All England Club.

Em Cincinnati não foi diferente. Mais um grande jogo, que durou quase 4 horas (3h50). Debaixo de 33 graus, Djokovic esteve a perder por 7-5 e 4-2, mas soube levar o jogo para tie-break, onde conseguiu salvar um match point. No terceiro set, Alcaraz recupera de 3-5 para 6-5, salvou quatro match points, mas acabou por não levar a melhor sobre Djokovic.

São agora quatro títulos para Nolan em 2023 e um embalo importante para o US Open, onde volta a ser o grande favorito a par de Alcaraz. A vitória em Cincinnati foi a 39 do sérvio em Masters 1000 e 95 título ATP da carreira. Números impressionantes para aquele que é também o recordista de Grand Slams.

Caminhada imparável

Se alguém duvidava do momento de Nolan, as interrogações terminaram com o seu percurso imaculado. E a verdade é que até à final, Djokovic não cedeu qualquer set. Para trás ficaram Alejandro Fokina (6-4, RET), Gael Monfils (6-3, 6-2), Taylor Fritz (6-4, 6-0) e Alexander Zverev (7-6, 7-5).

Mas nem só de Djokovic e Alcaraz viveu Cincinnati. Zverev e Hucrkacz estiverm à porta da final, mas cairam nas semin-finais. Para Zverev isso representaria um importante capital de confiança para o US Open. O alemão não está a ter seu melhor ano e busca ainda o seu prmeiro Major. Mas olhando para 2023, é pouco provável que aconteça em Nova Iorque.

Também Max Purcell fez uma caminhada diga de reconhecimento. O australiano, 47 do mundo, caiu os quartos de final, tendo deixado para trás, entre outros, Wawrinka e Casper Ruud.

Agora, segue-se o US Open, entre 28 de agosto e 10 de setembro.

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André Dias PereiraJunho 30, 20233min0

Todos os Grand Slam são especiais. Mas o torneio de Wimbledon, até por ser o mais antigo, continua a ser a prova rainha do ténis. Aquele torneio que separa os meninos dos cavalheiros, como é habitualmente denominado. Já com Federer aposentado, a questão que se coloca é se algum tenista em atividade personifica tão bem a prova quanto o suíço o fazia.

Há Djokovic, claro, mas o sérvio é um todo o terreno, um mestre da eficácia, sem a elegância de movimentos que caracterizou Federer. E, talvez por isso, mesmo que Nolan se torne campeão e o maior vencedor do torneio com 8 troféus, porventura Federer continuará a ser a grande referência do All England Club.

Vencedor de Roland Garros e maior campeão de Majors, Djokovic é o grande favorito a vencer em Londres. Atravessa uma boa forma e já provou que nos momentos-chave não facilita.

Com Nadal afastado até final do ano, Carlos Alcaraz é, novamente, o principal rival do sérvio. Foi assim também em Roland Garros. Os dois encontram-se nas meias-finais mas o espanhol ressentiu-se de uma lesão e jogou muito condicionado. O jogo mais esperado do ano acabou por não se traduzir no que todos queriam. E sem Alcaraz, Nolan ficou com caminho aberto para novo título.

Os dois jogadores podem escrever um novo capítulo em Wimbledon. Mas poderá o menino de 20 anos tornar-se tão cedo um cavalheiro?

Essa não é um pergunta de resposta fácil. A relva não é de todo o piso mais favorável a Alcaraz. Até há pouco tempo o espanhol não tinha ganho sequer a ninguém do top-30 neste tipo de piso. Mas se há coisa que estamos a aprender com Alcaraz é a sua capacidade de evoluir. E a verdade é que chega a Wimbledon como número 1 o mundo após triunfo em Queens, uma antecâmara para o All England Club,

Carlitos, o camaleão dos courts

Em Queens, Carlitos deixou para trás adversários como Dimitrov, Korda e De Minaur. É, pelo menos um bom sinal. E também um sinal da sua facilidade de adaptação. Para termos um comparativo, em Madrid, torneio que Alcaraz também venceu, devolvia o primeiro serviço posicionado 4,8 metros atrás da linha de fundo. Mas em Queens, na relva, diminuiu essa distância em 1,4 metros.

Djokovic é o campeão em título e há 4 anos que tem sido sempre assim. Desta vez, talvez, o seu favoritismo seja ainda mais vincado. Mas não dá para descartar Alcaraz, nem Medvedev ou Sinner. O russo tem sido um dos jogadores mais consistentes da temporada, apesar de não ser tão dominante na relva. Já Jack Sinner tem sofrido com lesões o que o obrigou a desistir de Halle. Há ainda alguns ousiders como Kyrgios, Rublev, Tsitsipas ou Bublik mas tudo dependerá da forma como forem evoluindo.

O torneio prolonga-se e 3 e 16 de julho.

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André Dias PereiraMaio 16, 20233min0

Pela primeira vez desde que é profissional, Rafael Nadal está fora de Roland Garros. O tenista espanhol tem vindo a recuperar de uma lesão abdominal, contraída na Austrália. Nas últimas semanas a dúvida sobre se o El Toro Miura ia jogar Paris pairava no circuito. Agora, Nadal confirmou as piores expectativas. “A lesão não evoluiu como queríamos. O mais importante, Roland Garros, é impossível”, disse, reforçando que “foi uma decisão do corpo”.

Dos 22 Grand Slam conquistados, 14 foram em Paris. É, com sobras, o maior campeão de sempre do torneio, ao ponto de já ter uma estátua junto ao recinto principal.

Nadal não joga desde o primeiro Major do ano e a data de retorno ainda é incerta. Por enquanto, vai cair para fora do top-100. Não que isso seja relevante para o maiorquino nesta fase da carreira, onde só quer jogar e ser competitivo. E, quem sabe, tentar competir com Djokovic no duelo particular do número de Grand Slams conquistados. Também por isso, esta é uma ausência que com certeza impacta Nadal.

Na mensagem que confirma a ausência de Roland Garros, Nadal admite pela primeira vez que poderá encerrar a carreira no próximo ano. Quer isso dizer que poderemos não ter mais Nadal a competir até final de carreira? Bom, por enquanto é precoce chegar a essa conclusão. Apesar de ser incerta a sua volta, o espanhol quererá, por certo, jogar ainda mais uma edição, talvez de despedida, de Roland Garros. A ideia, por enquanto, passa por voltar ao circuito no final deste ano.

Uma carreira de títulos e lesões

A carreira de Nadal é marcada por muitos títulos. Mas também lesões. Ao longo dos últimos 19 anos somou pelo menos 14 lesões importantes, algo que pode estar relacionado a um estilo de jogo muito físico e intenso. Joelhos, pés, braços, tendões, pulsos, costas. São muitas as mazelas do espanhol, que nunca dá um desafio como perdido. Em 2022, recorde-se, um problema muscular forçou Nadal a falhar os torneios prévios de Wimbledon, e a desistir nas meias-finais do major britânico. Depois, voltou a ressentir-se no US Open. Já este ano, um problema abdominal condicionou a sua participação no Australian Open.

Mas se Nadal vai sentir falta de Roland Garros, o torneio francês também terá a sombra do espanhol. O torneio, que arrancou a 22 de maio, prolonga-se até 11 de junho. Djokovic e Alcaraz são os grandes favoritos, na ausência de Nadal. É até difícil dizer, neste momento, quem detém maior favoritismo. Certo é que o sérvio perdeu a liderança mundial para o espanhol e só a voltará a conquistar o topo da hierarquia se for finalista. E ainda assim tem que torcer contra as performas de Alcaraz e Medvedev, os dois primeiros do circuito.

Alcaraz e Djokovic, Medvedev e Ruud

Alcaraz está, de resto, em grande forma. Já venceu três títulos este ano, incluindo os Masters de Madrid e Indian Wells, e a terra batida é o seu título preferencial. O sucessor natural de Nadal, que completou recentemente 20 anos, é o maior fenómeno do ténis desde o Big-3. Depois de ganhar o US Open em 2022, vencer Roland Garros parece apenas uma questão de tempo. Mas Djokovic é Djokovic e nunca pode ser descartado, seja em que piso for. E há ainda Casper Ruud e Medvedev, ambos fortes na terra batida. O norueguês foi finalista vencido em 2022 e este ano já ganhou o Estoril Open. Já o russo atravessa um grande momento, ganhando em 2023 nada menos que cinco troféus, entre eles os Masters de Roma e Miami.

Será, pois, um torneio com vários pontos de interesse, mesmo considerando a ausência do ‘rei’ da terra batida.


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