Fórmula 1 2020- O Que Esperar?
Iniciou-se ontem oficialmente a temporada de 2020 de Fórmula 1, e como tem mandado a tradição, foi o Circuito de Barcelona a receber as 10 equipas para os primeiros testes aos novos carros. É nesta altura que as equipas aproveitam para dar rodagem aos seus novos monolugares, recolher dados e jogar também nos bastidores, sendo a época de testes muito famosa pelo famoso “sandbanging” (termo usado para quando se pensa que uma equipa não está a apresentar o real valor do seu carro, colocando “sacos de areia” para diminuir a velocidade). Mas como vai ser o ano de 2020?
É importante referir que se trata de um ano de transição, pois como é sabido 2021 vai trazer uma nova era na rainha dos desportos motorizados, com alteração dos regulamentos e dos carros, sendo uma incógnita perceber que equipas vão conseguir apresentar os melhor carros na próxima época. Certamente muitas equipas já estarão em estudos com 2021 no horizonte, mas é também certo que nenhuma das 10 equipas vai descurar a época de 2020, quando se sabe ainda que há a possibilidade de uma ou outra vir mesmo a abandonar a grelha no ano que vem, como a Mercedes ou a Haas.
Calendário e Regulamentos
Um calendário alongado para este ano, com 22 grandes prémios. Em relação ao ano passado, regresso do Grande Prémio da Holanda, no circuito de Zandvoort, e estreia do novo circuito do Vietname. Em sentido contrário, desaparece do calendário em 2020 o Grande Prémio da Alemanha, que se vinha dividindo pelos circuitos de Hockenheimring e Nurburgring. Há ainda a questão do Grande Prémio da China, que devido ao surto de Coronavirus foi adiado, não se sabendo ainda qual a data para a realização do mesmo.
Quanto aos regulamentos, a FIA acedeu aos pedidos das equipas e concedeu a utilização de mais uma unidade de potência ao longo da época, passando de 3 para 4, algo que se deve devido ao aumento do numero de corridas. As asas dianteiras não poderão ter material metálico nos 50 milímetros da extremidade, para assim diminuir os furos nos pneus, enquanto a reserva de combustível que os carros possuem fora do tanque passou de 2 litros para 250 mililitros.
Equipas e Pilotos
Mercedes
A crónica campeã de pilotos e construtores apresenta-se em 2020 com o mesmo figurino dos últimos três anos, com o 6 vezes campeão Lewis Hamilton e o finlandês Valtteri Bottas ao volante do novo W11 EQ Performance, o carro construído pela equipa alemã para atacar esta época.
Os germânicos partem naturalmente como principais favoritos à conquista de mais um titulo, no entanto será curioso perceber a forma como a equipa vai abordar um ano em que o seu melhor piloto pode alcançar Michael Schumacher no número de títulos, porque, Valtteri Bottas vê este ano como a sua última grande chance de chegar a um titulo mundial com a Mercedes. O finlandês de 30 anos diz ter um plano para bater Hamilton, e os mais atentos lembrar-se-ão de um discurso semelhante de Nico Rosberg em 2016, que terminou com a conquista do título por parte do alemão. O que terá Bottas na manga?
Ferrari
Mais um ano em que os Tiffosi imploram por uma Scuderia Ferrari que seja realmente uma ameaça para a Mercedes. Em celebração dos 1000 grande prémios disputados pela gigante italiana na F1 (o milésimo será disputado este ano na Áustria), nasceu o SF1000, um carro que é aparentemente uma evolução do SF90, mantendo muitas características mas mais focado aerodinâmica e nas mudanças na asa dianteira.
Ao volante do novo Ferrari estará a mesma dupla de 2019, Sebastian Vettel e Charles Leclerc. Depois de um ano de estreia em grande, Leclerc quererá certamente fazer melhor, mas também é sabido que Vettel não é propriamente alguém que aceite de bom grado ser número 2, ainda mais num ano em que o alemão terá de fazer pela vida, pois o seu contrato expira no final do ano. A relação entre os dois nunca pareceu a melhor, com o clímax desta rivalidade a suceder no Brasil quando ambos ficaram fora da corrida devido a um toque entre os dois. Quem dará mais luta aos Mercedes?
Red Bull
A formação austríaca parte para mais um ano em que o objetivo é claro: Rivalizar de igual para igual com Mercedes e Ferrari. Será descabido incluir os touros vermelhos na luta pelo titulo? Talvez não. O ano de estreia da parceria com a Honda foi extremamente positivo, tendo a equipa apresentado um carro de topo em várias pistas, e apresentando ritmo de corrida semelhante à Mercedes e muitas vezes superior à Ferrari. Ora, é de esperar que este segundo ano seja de afirmação dos potentes motores japoneses, que aliados à qualidade do chassis da Red Bull pode fazer as equipas mais fortes suar.
Max Verstappen tem este ano a ultima hipótese de se tornar o mais jovem campeão do mundo, e terá ao seu lado Alexander Albon, que chegou a meio da época passada e impressionou com a sua capacidade de ultrapassagem e com a sua gestão dos pneus. Será o RB16 um candidato ao título?
McLaren
A lendária equipa britânica mostrou o ano passado que está de volta, e em 2020 espera-se que o MCL35 se consiga aproximar mais vezes do pódio. Com a mesma dupla do ano passado, Carlos Sainz e Lando Norris (a prova viva que dois colegas de equipa podem ser realmente amigos e manter a competitividade da equipa) a McLaren vê 2020 como uma antecâmara de um possível regresso triunfante em 2021, onde os homens de Zak Brown prometem investir fortemente.
Mas ainda há um longo ano de 2020 pela frente, e não será permitido a Sainz e Norris algo abaixo do quarto lugar.
Renault
A marca francesa teve em 2019 um ano de aprendizagem, tendo claramente ficado para trás na luta pelo titulo de “best of the rest” luta que deixa de fora as três grandes equipas, e que em 2019 foi claramente ganha pela McLaren. Era de esperar um ano de aproximação à Red Bull, mas apesar do carro ter demonstrado grande potencia em algumas corridas, Daniel Ricciardo e Nico Hulkenberg não conseguiram manter-se no topo, devido à grande instabilidade do RS19.
Será o RS20 um carro mais competitivo? Aparentemente sim. A asa dianteira apresenta claras diferenças em relação ao ano passado, e o investimento realizado foi grande. Ao volante também existem mudanças, pois o talentoso Daniel Ricciardo deixará de ter como companheiro Nico Hulkenberg para ter o jovem francês Esteban Ocon, regressado à grelha depois de um ano como piloto de testes da Mercedes.
Alpha-Tauri
Não, não leu mal, e não, não é uma equipa nova. A Alpha-Tauri é a antiga Toro Rosso, sendo o novo nome escolhido a partir da marca de moda da Red Bull. O nome mudou, o figurino e as cores também, mas é de esperar que o novo AT01 mantenha a competitividade do ano passado, que deixou a equipa a apenas 5 pontos do 5º lugar da Renault.
Pierre Gasly, que começou a época passada ao volante de um Red Bull, regressou a meio da época à casa de partida por troca com Albon, algo que não o impediu de garantir o seu primeiro pódio no Brasil. Ao seu lado terá Daniil Kvyat, russo que vem de uma excelente época em 2019, que marcou o seu regresso à F1. Com uma dupla telentosa e ambiciosa, é de esperar que a Alpha Tauri tenha uma época tranquila, com várias presenças no top 10.
Racing Point
A equipa britânica parte para 2020 com o orgulho ferido após o fraco sétimo lugar em 2019. O novo carro, o RP20, é apontado por muitos como uma cópia do W10, carro da Mercedes em 2019, havendo ainda comentários a referir que a Racing Point apenas pintou o W10 de branco e rosa. Independentemente disso, é de esperar uma Racing Point bem mais competitiva que em 2019, mantendo a dupla de pilotos da época passada, formada pelo experiente mexicano Sergio Pérez e pelo jovem canadiano Lance Stroll.
O objetivo é claro, ficar em quarto lugar. Conseguirão bater a McLaren e a Renault?
Alfa Romeo
Nãp confundir com a Alpha-Tauri. A antiga Sauber mantém a dupla de pilotos do ano passadp, com o veterano Kimi Raikkonen (estreou-se na Fórmula 1 há 19 anos!!) ao lado do italiano Antonio Giovinazzi. A equipa suíça teve um inicio de 2019 impressionante, mas perdeu gás na segunda metade da época, o que culminou num desapontante 8º lugar no campeonato de construtores.
Para a nova época, o C39 promete competitividade e maior adaptabilidade, permitindo aos seus pilotos lutar por pontos independentemente do figurino dos circuitos. Na antecâmara de 2021, curiosidade para acompanhar aquela que pode ser a última época do quarentão Kimi, e para analisar a possível afirmação de Giovinazzi, um dos candidatos a mudar-se para a Ferrari em 2021.
Haas
Uma das desilusões maiores de 2019, a equipa norte-americana ficou apenas em 9º lugar, a pior classificação da formação de Gene Haas desde que entrou para a F1 em 2016. Uma época atribulada, com divergências com o principal patrocinador, e um carro que ou era muito rápido, ou apenas era melhor que os Williams. A relação entre os dois pilotos também nunca foi a melhor, e os maus resultados faziam antever que pelo menos o inconstante e acidentado Romain Grosjean iria abandonar a equipa.
No entanto, o francês ficou, Kevin Magnussen também, e nem a possibilidade de contratar o desempregado Hulkenberg fez a Haas mudar de ideias. O VF20 voltou ao figurino antigo, privilegiando o preto e o branco, e o nome da equipa a vermelho, um carro quase igual ao de 2018. Um bom prenuncio para a época de aí vem?
Williams
Uma sombra da equipa que ganhou títulos de pilotos e construtores, a formação Britânica vem do pior ano da sua histórias recente, onde apenas conseguiu um ponto, ganho por Kubica no acidentado Grande Prémio da Alemanha.
O novo FW43 (que volta a ter o vermelho em algumas zonas) parece ter dado alguns passos no caminho da competitividade, mas é necessário esperar pela Austrália para perceber se realmente iremos ter uma Williams a conseguir pelo menos lutar pela Q2 de forma recorrente. George Russell, um dos pilotos mais promissores da grelha mantém-se na equipa, certamente à espera da aguardada chamada da Mercedes caso continue a melhorar. Ao seu lado já não estará o polaco Robert Kubica, que é agora piloto de testes da Alfa Romeo. Para o seu lugar sobe o jovem Nicholas Latifi, canadiano de 24 anos que no ano passado, para além de ser piloto de testes da equipa, pilotava na Formula 2, onde foi segundo classificado atrás de Nick De Vries.
Previsões Fair Play
Campeão de Condutores: Lewis Hamilton
Campeão de Construtores: Mercedes
Maiores Surpresas: Alpha-Tauri e Lando Norris
Maiores Desilusões: Williams e Esteban Ocon