Fórmula 1 de regresso com os testes de Sakhir

Luís MouraMarço 1, 20236min0

Fórmula 1 de regresso com os testes de Sakhir

Luís MouraMarço 1, 20236min0
Luís Moura olhou e analisou os testes dos bólides da Fórmula 1 e diz-nos quem está na frente para começar melhor o campeonato

Red Bull domina nos testes de pré-temporada no Bahrein e é a principal candidata a conquistar o título de Fórmula 1 em 2023. Aston Martin surpreende, enquanto, Mercedes e Ferrari ficam aquém do esperado.

Dia 1

O primeiro dia de testes de pré-temporada de fórmula 1 ficou marcado, por uma mudança na estratégia da Ferrari. Inaki Rueda deixa de estar no muro das boxes e passa a desempenhar funções em Maranello, dando lugar a Ravin Jain. Os erros estratégicos da época passada são o principal motivo da alteração.

No que à atividade em pista diz respeito, Max Verstappen foi o mais rápido. Acabou o dia com 157 voltas, o que equivale a cerca de três grandes prémios, e com a marca de 1:38.827. Com um carro equilibrado e rápido o campeão do mundo rodou com grande consistência num patamar distante dos outros. Nenhum dos Ferrari consegui bater o tempo do neerlandês, num total de 136 voltas completadas. O Ferrari pilotado por Carlos Sainz, no turno da manhã, teve um problema na asa dianteira, que se deformava na reta da meta e voltava ao normal no ponto de travagem da curva 1.

A Aston Martin começou os testes com um problema elétrico que forçou Felipe Drugovich a parar o carro na sua primeira saída para pista. De tarde, com Fernando Alonso a equipa de Silverstone alcançou o segundo lugar na tabela de tempos, com um carro, aparentemente, leve e com pneus macios.

A McLaren, à semelhança do ano passado, teve problemas nos travões. Ainda que com menor gravidade, impossibilitou aos pilotos rodarem e adaptarem-se ao carro. Foi a equipa que menos rodou, com um total de 92 voltas. Para além dos problemas de fiabilidade, pareceu um carro pouco equilibrado e difícil de guiar. Por outro lado, a Williams foi a equipa que mais rodou no primeiro dia de testes. Com 149 voltas realizadas, teve um dia constante e positivo.

Dia 2

O segundo dia de testes ficou marcado por uma surpresa na tabela de tempos. Zhou foi o mais rápido do dia. Com 133 voltas realizadas, chegou ao 1:31.610 com C5. Uma volta rápida, contudo, realizada com os pneus mais macios disponíveis e com um carro leve. Mais do que pura competitividade, foi uma volta para mostrar serviço aos patrocinadores. Max Verstappen ficou na segunda posição a 40 milésimos.

O destaque do dia vai para a Aston Martin e para Fernando Alonso. Impressionaram pelo número de voltas, pelo tempo (1:32.205 com C3) e pela consistência das simulações de corrida. Apesar de não ser possível precisar a quantidade de combustível que Alonso tinha no carro quando fez a volta que lhe deu a terceira posição, é certo que a Aston Martin está competitiva e fiável. É a principal candidata a liderar o segundo pelotão, que está mais próximo que nunca.

A Mercedes destacou-se pela negativa. George Russel foi forçado a parar na curva 10 com um problema hidráulico, que o afastou do resto da sessão.

Dia 3

No derradeiro dia dos testes de pré-temporada, Sergio Pérez foi o piloto mais rápido com 1:30.305 de C4. Completou também 133 voltas ao circuito, numa demonstração de consistência e rapidez. Com C5, que não vai ser utilizado no GP do Bahrain, Lewis Hamilton colocou o W14 na segunda posição. Uma volta de performance que esconde os problemas de afinação do Mercedes.

Ferrari com muitas voltas (143), mas sem um tempo baixo. O programa da equipa focou-se, novamente, em testar afinações. Com o final das sessões, é possível concluir que as equipas rodaram bastante e com uma fiabilidade acima do esperado.

O que esperar da temporada?

A interpretação dos resultados dos testes da Fórmula 1 é sempre um exercício especulativo. O mais importante é a fiabilidade e a descoberta da afinação ideal para começar a temporada. No fundo, testar o limite do monolugar.

A Red Bull está num nível à parte. Exceção feita no último dia, não teve nenhum problema de fiabilidade e esteve sempre com um ritmo forte, quer nas simulações de performance, quer nas de corrida. Vai ser a equipa mais forte no início da temporada.

A Ferrari focou-se mais na descoberta do carro do que na performance. Não teve uma pura simulação de qualificação. Nas simulações de corrida teve problemas na gestão de pneus. É crucial que a equipa de Maranello melhore a gestão dos Pirelli, caso contrário, terá dificuldades em acompanhar a Red Bull. Também livre dos problemas de fiabilidade no seu carro, tem uma boa base para desenvolvimento, e continuará a ser a mais forte perseguidora da Red Bull.

A grande surpresa desta pré-temporada foi a Aston Martin. Começou da pior forma com um problema na primeira saída, mas depois foi sempre em crescendo. Forte em corrida e em qualificação. Não há grandes dúvidas que vai começar bem a temporada, mas o grande desafio será acompanhar o desenvolvimento ao longo da época.

O porpoising foi resolvido pela Mercedes. É a grande mudança do W13 para o W14. Teve dificuldades em estar no topo da tabela dos tempos e perdeu a tarde de sexta-feira com um problema hidráulico no carro de Russel. Está ao nível da Aston Martin, não muito longe da Ferrari, mas distante da Red Bull. 398 voltas que, certamente, ajudarão a marca germânica a dar um passo em frente na competitividade do carro para esta época da Fórmula 1.

O “segundo pelotão” está bastante equilibrado. A Alpine, Haas e Alfa Romeo estão muito próximas. As três equipas tiveram testes positivos, sem problemas e com muitas voltas. Só no terceiro dia, é que o motor Ferrari da Alfa Romeo “entregou a alma ao criador”.

A McLaren está a passar por um período complicado. Parece uma cópia do início da época passada. Problemas nos travões e falta de competitividade. Lando Norris e Oscar Piastri vão ter de aceitar um carro pouco competitivo no início da temporada. Também a Alpha Tauri demonstra pouca performance, apesar de, ter sido a equipa com mais voltas realizadas.

Com 439 voltas a Williams destacou-se pela fiabilidade. Tem sido um claro problema da equipa nas últimas temporadas. É um ponto positivo a destacar, no entanto, vai começar a época na cauda do pelotão.


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