Uma longa espera – Rebekah Gardner na WNBA

Fair PlayMaio 14, 20224min0

Uma longa espera – Rebekah Gardner na WNBA

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Depois de uma carreira de sucesso na Europa, Rebekah Gardner consegue finalmente chegar à tão desejada WNBA! Conhece a sua história aqui!

Artigo escrito por Lucas Pacheco


A temporada 2022 da WNBA começou. Uma semana de ação foi suficiente para levantar algumas questões e intrigar os torcedores. A versão Becky Hammon do Las Vegas Aces está tão diferente assim dos anos anteriores – para melhor ou pior? Que diabos está se passando com o Minnesota Lynx? Podemos enfim confiar na reconstrução do Indiana Fever?

Algumas dessas questões já estavam anunciadas no nosso guia, ótima porta de entrada para a atual temporada; outras, surgiram nesse curtíssimo tempo de sete dias. Porém, como é muito cedo para prognósticos e análises, aqui vai uma história de vitória, independente do resultados final de seu time e de seu desempenho individual.

Um tópico recorrente (e necessário) sobre a WNBA é seu tamanho: uma liga profissional de basquete nos Estados Unidos com apenas 12 franquias, que geram míseras 144 vagas nos elencos. Muito pouco para um esporte tão popular, tão praticado no país; se em outras ligas o funil do universitário para o profissional é estreito, o que dizer da WNBA? Os pedidos por expansão passam muito por esse obstáculo. Do ponto de vista das atletas, a principal via de entrada é o Draft. Não a única.

Rebekah Gardner, carreira na Europa e regresso aos EUA

Rebekah Gardner fez sua estreia na liga no última dia 11, na tranquila vitória de sua equipe, o Chicago Sky, sobre o New York Liberty, por 83 x 50. A novata (rookie) teve bastante tempo de quadra e boa produção – em 27 min, anotou 14 pontos, 4 rebotes, 1 assistência e 2 roubos. Nervosismo? Não para a caloura de 31 anos.

Tendo estudado e jogado na tradicional UCLA, Gardner não foi draftada em 2012, classe da qual apenas 5 jogadoras permanecem na liga (com destaque absoluto para Nneka Ogwumike, escolha número 1). Como (praticamente única) alternativa para as jogadoras não-draftadas, resta pegar um avião e buscar a carreira profissional em outros países. Em alguns casos, o ostracismo e a invisibilidade são tão grandes, que sequer a ‘enciclopédia do nosso tempo’ sabe informar: o verbete da Gardner na Wikipedia tem um lapso entre 2012 e 2016, quando se menciona que ela jogou na Turquia.

Para mais informações, somente sites especializados em basquete e, ainda assim, as lacunas persistem. Rebekah Gardner construiu carreira profissional no overseas, por clubes de Israel, Turquia, Romênia e Espanha. A primeira vez que a vi em quadra foi no jogo (eliminatório) do qualificatório para a Euroliga de 2020-2021; ela jogava pelo clube romeno ACS Sepsi, dominante em seu país porém azarão no confronto contra o Girona, e apesar do ótimo desempenho e liderança, não saiu com a vitória.

Nem tão coincidentemente assim, Gardner foi contratada na temporada seguinte pelo Girona, estreando na Euroliga e disputando a forte liga espanhola, onde sagrou-se MVP da fase regular. Foi em razão dos compromissos com o Girona que Gardner chegou atrasada ao training camp do Chicago Sky – ela permaneceu na lista final do elenco e, com 31 anos, finalmente realizou o sonho de toda atleta saída da universidade.

Uma trajetória compartilhada por muitas outras jogadoras; na temporada 2020, por exemplo, muito se comentou da armadora Shey Peddy (escolha 23 no draft de 2012), com trajetória similar. Neste ano mesmo, o Connecticut Sun manteve em seu elenco a armadora Yvonne Anderson, não draftada em 2012, e que deve estrear nas próximas partidas. Em reportagem recente, Anderson definiu com estas palavras sua jornada: “Eu acho que meu jogo simplesmente sobreviveu”.

O jogo de Rebekah Gardner também sobreviveu, muito bem, diga-se de passagem.

PS: Rebekah Gardner, MVP da fase regular da liga espanhola, ocupou na sua estreia na WNBA a vaga da Kahleah Copper, MVP das Finais da liga espanhola. Gardner será mais uma opção ao profundo e diversificado elenco do James Wade em Chicago.


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