O mercado dos “3 Grandes” na janela de Inverno: o que se pode esperar?

Fair PlayDezembro 28, 20228min0

O mercado dos “3 Grandes” na janela de Inverno: o que se pode esperar?

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Quais serão as maiores preocupações dos três grandes neste mercado de Inverno de 2023? Dos problemas na defesa do FC Porto à questão de Enzo no SL Benfica

Artigo sobre o Mercado de Janeiro de 2023 e as implicações para FC Porto, Sporting CP e SL Benfica de Ricardo Lopes

O mercado de Janeiro é sempre um belo tema de análise. Na temporada “europeia”, geralmente a sua função é a de ajustes no plantel e tentar colocar excedentários que não conseguiram sair no verão transato. Raramente assistimos a inícios de revoluções em conjuntos durante este mês, ainda que possam acontecer certas entradas e saídas que indiquem o começo de um novo projeto (cujas transferências são em maior número no mercado seguinte). Uma problemática deste mês é a intransigência da maioria das instituições em deixar libertar jogadores. Afinal, o ideal é fazer pequenas mudanças sem perder peças fundamentais, já que há poucos dias para substituir quem sai e não é bom mexer nas dinâmicas da equipa (já iremos verificar um caso prático, no exemplo de Enzo Fernández). Este texto é dedicado aos “3 Grandes”, com uma breve abordagem à situação de cada um, no entanto nenhuma equipa quererá perder ativos basilares, a não ser que a condição financeira seja deficitária.

Olhemos primeiro para Alvalade. O Sporting CP é a equipa que menos tem a lutar em 2022/2023, estando fora da Taça de Portugal e arredada da luta pelo campeonato. Resta-lhe a Taça da Liga e a Liga Europa (onde haverá uma abordagem de jogo a jogo). É possivelmente o caso mais simples de analisar. Tanlongo virá cobrir a falta de elementos no meio campo (Sotiris ainda está em fase de adaptação, Essugo e Mateus Fernandes em crescimento, Bragança não deverá contar), além de ser uma bela oportunidade de mercado, podendo ser opção para substituir Ugarte e Morita. O regresso de Gonçalo Esteves dá outro ar à ala direita leonina, pois Ricardo Esgaio parece cada vez mais curto, mesmo para suplente.

Há dois problemas óbvios: a questão do ponta de lança e a de defesa central destro. No primeiro caso, ainda que Paulinho passe por uma boa fase e a tática “falso 9” se mantenha como opção viável, é necessário um outro elemento. Rodrigo Ribeiro necessita de minutos em campo e não no banco, abrindo uma vaga para a contratação de um atleta. Já no segundo caso, St. Juste tem-se afirmado como um jogador de grande qualidade, porém as lesões não o deixam afirmar-se. Nas duas circunstâncias, os jogadores a chegar serão inicialmente para alternativas, na minha opinião. Paulinho é o preferido de Amorim e a tripla de centrais Inácio, Coates e Reis está a crescer (não se pode descartar St. Juste e Marsá). A liquidez financeira não é grande pelos lados do Campo Grande, estando certamente a ser realizado um exímio trabalho de scouting para descobrir belas oportunidades de mercado. Diomandé parece o ideal para a defesa, com margem de crescimento, destro, e adaptado a Portugal.

Já no substituto de Paulinho, deverá haver uma análise a jogadores em final de contrato, de maneira a que o valor de negócio não seja tão elevado, porque os avançados estão cada vez mais caros. Há elementos válidos para representar o Sporting como Alfredo Morelos e Uros Djurdjevic (Djuka), que encaixam na ideia de uma transferência por um valor aceitável, devido a terminarem vínculo a 30 de Junho. O sonho dos adeptos, Fran Navarro, implicará um investimento forte, pois o Gil Vicente FC não quererá perder o seu melhor jogador a meio da época, no entanto não é uma hipótese a descartar.

Se entrarmos no campo dos rumores de transferência, é necessário já ter dois ou três atletas localizados/analisados para suceder a Pedro Porro, cada vez mais cobiçado. Olhando para Norte, o FC Porto apresenta algumas debilidades, porém relacionadas com a equipa titular e com questões contratuais. A equipa do Dragão ainda pode ganhar tudo e Sérgio Conceição deverá ter direito a algumas prendas de Natal. O grande problema é a lateral direita. A este dia, João Mário, Wilson Manafá, Nanú e Rodrigo Conceição são as opções que existem. É a prova que quantidade não é qualidade. Se João Mário já provou que no mínimo é um bom suplente (tem margem de progressão), os três que restam estão longe de ter a capacidade de representar o FC Porto. Cada ano que passa, o mercado das laterais fica mais “complicado”, faltando qualidade e os que a possuem são caros. Aparenta ser missão complexa contratar um atleta para a posição por menos de 7/8 milhões de euros, com as características desejadas: grande capacidade de participação ofensiva e competente a defender. O FC Porto tem acumulado erros de casting na posição e não pode falhar na próxima tentativa (o meu conselho pessoal seria Óscar Gil).

Pepe, Marcano e Uribe estão em fim de contrato, sendo o português e o colombiano titulares absolutos (quando em condições para tal). A renovação de Pepe acabará por acontecer, no entanto a sua sucessão terá de estar a ser trabalhada, podendo chegar um elemento ainda este mercado. Uribe tem recusado todas as propostas para se manter, sendo ideal contratar alguém em Janeiro, já que com Sérgio Conceição, os reforços demoram a entrar. A situação financeira do FC Porto também está longe de ser a ideal, ainda que a porta de saída de elementos fundamentais aparenta estar fechada. Se sair algum jogador vital (Otávio, Taremi ou Diogo Costa), ficará mais complicado a conquista de troféus, estando ainda presente em todas as frentes possíveis, ao contrário dos rivais. Pinto da Costa terá que abrir os cordões à bolsa, numa altura em que a sua direção está a ser cada vez mais posta em causa.

Voltando a Lisboa, a presença do SL Benfica no mercado de Janeiro, deverá estar concentrada na colocação de excedentários. Embora um plantel não possa ser constituído apenas por titulares absolutos, certas alternativas dos “encarnados” estão abaixo do patamar: Gil Dias, André Almeida, Rodrigo Pinho (em vias de assinar pelo Coritiba FC), Diogo Gonçalves ou Chiquinho. Considerar o empréstimo de Paulo Bernardo seria algo a ter em conta. O excesso de centrais poderá levar à saída de um (Brooks não sendo um mau jogador, pode ser o elo mais fraco). Com estas mexidas, Rui Costa deverá ser obrigado a ir ao mercado para procurar um ou dois jogadores, dando-se enfâse a um extremo que possa mexer com o jogo, necessário mesmo que não existam saídas.

O grande “medo” é a saída de Enzo Fernández. Depois de meia temporada extraordinária e um Mundial 2022 onde fora fundamental, o médio argentino está a ser cobiçado para sair num futuro próximo. Com o CA River Plate a ter direito de 25% de uma futura transferência, é natural que se aponte para a cláusula de 120 milhões. No entanto a opção lançada da entrada de um valor mais baixo, com a manutenção por empréstimo do jogador deve ter-se em conta:

1. Enzo é fundamental para o jogo de Roger Schmidt e a sua perda em Janeiro poderia causar danos graves (ainda que haja Aursnes).
2. Jamais o SL Benfica irá encontrar em pouco tempo um sucessor que não faça a equipa perder qualidade. Janeiro é um mês em que ninguém quer perder jogadores importantes. Mantendo-se o argentino até ao Verão haverá mais seis meses para se procurar uma opção válida, com menos pressão para o scouting.

Apesar de as equipas de observação e análise terem já formadas “equipas sombra”, com potenciais sucessores para todas as posições, oriundos dos mais diversos mercados, trabalhar sobre ativos fundamentais nesta fase não é confortável para nenhum departamento. Podemos concluir que as três equipas terão que atuar no mercado, uns mais concentrados em saídas e outros em entradas. No entanto, em todos os casos, os treinadores serão fundamentais para o processo. Amorim, Conceição e Schmidt são pedras basilares nos projetos das respetivas equipas e todas as decisões importantes terão os respetivos cunhos. Uma coisa é certa: sem a aprovação dos timoneiros, nenhum negócio se fará.


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