Arquivo de Roger Schmidt - Fair Play

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Fair PlayJulho 16, 20236min0

Artigo de Diogo Lopes sobre o Mercado de transferências do SL Benfica

A 11 de Maio deste ano a empresa espanhola Olocip, fundada pelo ex-madrileno Esteban Granero e dois professores catedráticos da Universidad Politécnica de Madrid, publicou um artigo onde sugeria os “substitutos perfeitos de Busquets”.

A empresa, especializada em Inteligência Artificial – premiada pela “promoção da investigação e ciência” em 2020 -, destacou 5 jogadores, entre os quais o reforço encarnado Orkun Kökcü (ex-Feyenoord) e Declan Rice (ex-West Ham), confirmado no sábado (15 de Julho) como reforço dos “Gunners” (Arsenal), que se tornou o jogador britânico mais caro a ser transferido (116M€ – o mesmo que o City pagou por Grealish – mais 6M€ em objectivos).

Os outros 3 jogadores foram Ibrahim Sangare (PSV) – talvez o jogador mais completo do lote -, Edson Alvarez (Ajax) e Martin Zubimendi (Real Sociedad), aquele que é o “mais similar” a Busquets.

Infelizmente julgo não haver dados (da Olocip), públicos, que pudessem enriquecer a nossa perspectiva entendimento face ao incremento de qualidade que Kökçü possa trazer ao Benfica, comparando-o com os préstimos – ofensivo, defensivos, e de construção de jogo – de Enzo, enquanto atuou no clube da luz, ou mesmo em Stamford Bridge.

Uma coisa é certa, o turco pode não ser tão completo, a nível defensivo, mas é um potentado que poderá não pairar muito tempo pelo clube das águias.

Os destaques “benfiquistas” não se acabam por aqui. O “radar Olocip” procurou alternativas para Grimaldo, agora no Bayer 04 Leverkusen, e via em outro jogador encarnado, esse de formação, “o complemento e alternativa ideal a Benzema”, no Real Madrid – 26/04/23. Claro, estamos a falar de Gonçalo Ramos (avaliado com a nota “Total” de 92). Portanto o futuro vislumbra-se risonho para os cofres da Catedral.

O contrato de Gonçalo Ramos acaba em 2025 – o que não convirá esquecer para que a história de Grimaldo não se repita.

A terminar contrato, em 2024, temos Rafa (de 30 anos de idade e pretendo pelo Al-Hilal de Jorge Jesus e Rubén Neves), Chiquinho (de 27 anos), e da dupla “veterana” (ambos têm 35 anos), campeã do mundo, (o “retornado”) Di Maria e Otamendi – dos quais o clube certamente não ambiciona nenhum retorno financeiro por venda – bem como do jovem Tiago Dantas (22 anos). João Mario, 30 anos, tem contrato até 2026.

Relativamente ao regresso do argentino, pessoalmente sou contra, até porque se poderia explorar uma oportunidade de do clube das águias reforçarem com quem possivelmente o substituirá (entre outros) nos anos vindouros na selecção albiceleste – Gianluca Prestianni (17 anos) seria certamente uma aposta arrojada, mas outros mereceriam também serem observados.

Roger Schmidt vocalizou publicamente a sua vontade de contar com Rafa esta temporada, a renovação deste não se avizinha, e, com todos os seus milhões, o clube saudita não parece tão interessado assim em dispor de mais 5 milhões pelo jogador português.

Ao contrário de Enzo (22) e, mesmo, Grimaldo (27), Rafa tal como João Mário (30), são jogadores maduros em fase descendente de valorização. Além disso, são jogadores que, sendo titulares, exercem um “efeito tampão”, impedindo a exposição, e constrangendo a valorização de jogadores mais jovens. Não deixam de poder ser exemplos e mentores, para estes, contribuindo, esperasse, para o seu desenvolvimento futuro. Como referi a bocado há um custo de oportunidade e uma dimensão estratégica extra-clube que se deve contemplar (a argentina vai passar por uma fase de renovação, que implica uma valorização acentuada de alguns jogadores a curto prazo), mas não existe uma só resposta correcta quando se contempla manter ou contratar jogadores em fases tardias da carreira.

Diria sim que há uma regra ou princípio que assegura um equilíbrio sensato na gestão de virtualmente qualquer plantel.

Todos os jogadores atravessam fases-tipo similares que podem variar ligeiramente de acordo com a idade, condição física, e histórico de cada jogador. As linhas são ilustrativas mas independentemente da real valorização e depreciação de qualquer jogador/ativo, devemos dela retirar algumas conclusões.

A modalidade de futebol é um jogo colectivo de 11 contra 11 pelo que um plantel equilibrado terá entre 22 e 27 jogadores.  Limitar – até 3 ou 4 jogadores – (ou preencher) o número de vagas para cada extremo – introduction (18-21) e decline (+29) representaria ou poderia representar cerca de 14% do plantel. Numa óptica de continuidade e manutenção de um determinado nível de performance convêm que essa percentagem não seja significativamente incrementada.

Ao dia de hoje, o SL Benfica cumpre este princípio, com 4 jogadores acima dos 29 anos. A potencial receita (e decréscimo salarial) resultante da eventual transferência de Rafa, bem como minimizar o “efeito tampão” na frente de ataque – precisamente o sector com grande representatividade desta “faixa etária” -, julgo que seria sensato, para não falar da hipótese de serem a alternativa (e serem eles próprios um ativo em rápida desvalorização). Claro, tomando os rumores como crédulos.

A ver vamos, com o fecho do mercado de verão muito mais será escrito sobre o tema.


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