Pedro Couñago, Author at Fair Play - Página 2 de 5

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Pedro CouñagoMarço 19, 20195min0

Leon Bailey tem apenas 21 anos, é ainda um jovem jogador, mas que já mostrou muito daquilo que é capaz. No entanto, a época 2018/2019 não tem sido uma à altura daquilo que se esperava do prodigioso jamaicano. Há um ano atrás, falava-se de uma possível ida do jogador para um Bayern Munique ou para um Chelsea por valores estratosféricos, mas tal não parece ser possível de acontecer no próximo verão, porque esta época simplesmente não está a ser uma que o justifique.

Muito rápido, com golo, um pé esquerdo repleto de técnica e um drible bastante apurado, Bailey é daqueles jogadores que parece predestinado a ter um lugar num grande clube mais cedo ou mais tarde, até pelo que demonstrou já em temporadas passadas, mas 2018/2019 tem sido uma viagem atribulada.

Leon Bailey ganhou destaque no futebol belga, ao serviço do Genk, rapidamente captando a atenção de outros quadrantes (Foto: Sportsnet)

Até à saída de Heiko Herrlich, a temporada estava a ser sofrível

O extremo, na primeira metade da temporada, esteve muitos furos abaixo daquilo que seria exigível, sendo públicas algumas divergências do jogador com o técnico, o seu tempo de jogo algo limitado, sendo muitas vezes apenas suplente utilizado.

Tal também certamente deriva da fraca campanha que a equipa fez na primeira metade da temporada, em que a equipa ocupava apenas o nono lugar da classificação, com 24 pontos e sete vitórias em dezassete jogos.

Em termos estatísticos, Bailey tinha apenas participação em três golos da equipa (um golo e duas assistências), números sofríveis para aquilo que o jamaicano é capaz de demonstrar. Mais do que isso, Bailey parecia um jogador descontente a jogar futebol, parecia que tinha perdido a alegria a jogar o desporto rei, algo bastante preocupante para um jovem de apenas 21 anos com o mundo pela frente.

Com Peter Bosz, a situação mudou, tanto para o Leverkusen como para Bailey

Com a chegada de Peter Bosz, técnico que esteve em Dortmund na passada temporada mas onde falhou redondamente, a situação melhorou significativamente tanto para o clube como para Bailey. A equipa apresenta um futebol mais condizente com aquele que os seus adeptos pretendem (futebol de ataque, com muitos golos), e Bailey está a beneficiar de uma segunda metade da temporada mais condizente com o seu valor. Dezoito pontos em vinte e sete colocam a equipa na luta pelos lugares europeus, da qual o clube nunca deve estar fora.

Em nove jogos, o jamaicano já faturou em quatro ocasiões, estando também, de forma consistente, a começar a regressar à sua melhor forma, e quando o jamaicano está nesse ponto, fica no “ponto de rebuçado”. Jogador conhecido por grandes golos e por ser aterrorizador no “um contra um”, nada menos de uma carreira ao mais alto nível se espera de Bailey.

Leon Bailey, aqui sem o seu cabelo característico, e Peter Bosz num cumprimento que é sinal da sintonia entre técnico e prodígio, importante para as pretensões do clube (Foto: GettyImages)

Por aqui se pode esperar que Leon queira acabar em grande esta temporada, para fazer definitivamente os seus críticos esquecer aquela que foi uma primeira parte da temporada bastante penosa. A dinâmica do 4-3-3 é uma que o beneficia, na medida em que tem quem o cubra um pouco na questão defensiva do jogo, pode fazer combinações com os médios em aproximação à área e, principalmente com Kevin Volland, pode ganhar muitas vezes as costas dos adversários em tabelinhas.

Plantel competitivo leva a que Bailey tenha de elevar o nível, isto se quiser também mostrar-se ao mundo

O plantel do Bayer é rico em soluções de qualidade, principalmente a nível ofensivo, mas não em número, o que impacta a equipa quando existem lesões ou suspensões. No eixo ofensivo, figuram jogadores como Kevin Volland e Lucas Alario, atrás de si figura a pérola Kai Havertz e, para as alas, temos jogadores como Bellarabi, Julian Brandt (que até tem jogado a médio centro) e o designado Bailey.

Na teoria, a equipa mais forte do Leverkusen tem condições para lutar pela presença na Liga dos Campeões, mas não tem sido propriamente fácil face a campanhas nas quais a equipa não passa da Liga Europa. Com equipas como o Leipzig e o Borussia Mönchengladbach mais consistentes, o desafio é grande. Com um Bailey ao seu nível, fica mais fácil ao Leverkusen subir um pouco a sua produção.

Será interessante acompanhar os desenvolvimentos dos próximos meses, para perceber até que ponto o Leverkusen concretiza os seus objetivos e em que medida segura todas as suas pérolas para a próxima temporada, algo bastante difícil mediante o poderio financeiro proveniente de outros destinos. No caso de Bailey, tendo em conta esta temporada que vai do 8 ao 80, seria importante ficar em Leverkusen para poder assumir-se definitivamente como um grande jogador e não como uma definitiva promessa que nunca vai conseguir dar o salto que dele se espera.

Uma coisa é certa, Leon Bailey pode ter um grande futuro se assim o quiser. Talvez o maior crescimento que tenha mesmo de fazer seja a nível mental, porque nos grandes clubes só jogam os melhores tanto a nível qualitativo como a nível humano, de concentração.

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Pedro CouñagoFevereiro 15, 20198min0

A Udinese tem sido dos clubes italianos que têm permanecido algo “debaixo dos radares”, mantendo-se na Série A há 24 anos consecutivos, mas a verdade é que o perigo de tal acabar num futuro a curto-médio prazo é real, e não é pelos sinais de alerta já não terem sido dados.

Desde 2013 que a equipa não faz melhor que o décimo terceiro lugar, e isto depois de duas épocas (2011/2012 e 2012/2013) em que a equipa fez um terceiro e um quinto lugar na Série A italiana. O clube de Udine, na primeira década do século, foi um dos mais regulares no campeonato, talvez sinónimo dos melhores anos de Antonio Di Natale, eterno capitão do clube, melhor marcador e jogador com mais jogos. No entanto, nos últimos 6 anos, a situação tem vindo a piorar de época para época.

A quantidade alucinante de trocas de treinadores nos últimos anos

Dentro do campo, os resultados não são consistentes, e talvez a principal razão seja, cada vez mais, a impaciência da direção face aos treinadores. Só nos últimos 3 anos e meio, Davide Nicola, o atual técnico da Udinese, é o 9º (!!) treinador da Udinese, sendo este um registo impensável para uma equipa que pretende recuperar o estatuto que já teve e que pretende consolidar-se como um valor seguro da Série A.

É completamente impossível a qualquer técnico conseguir conseguir potenciar totalmente os seus jogadores e os seus processos quando a média de tempo no banco de suplentes tem sido de 4/5 meses. Não há equipa que resista a trocas assim, e este é um problema bem real que se tem agravado pois os jogadores sentem falta de confiança nas suas capacidades de “segurar” qualquer que seja o treinador que esteja a comandá-los. A pressão que os técnicos têm ao comandar a equipa é muito maior e os resultados acabam por não aparecer.

Davide Nicola é mais um treinador em dificuldades numa longa lista que se vai avolumando nos últimos anos, vejamos se está seguro até ao fim de época (Fonte: La Repubblica)

Quase que se pode dizer que a Udinese acabou por virar um autêntico cemitério de treinadores, e quem sabe estes despedimentos consecutivos não levarão a um definitivo afundar do clube, visto que não existe uma identidade forte imposta por um líder na equipa.

Proprietário despreocupado, dizem os adeptos

O clube é propriedade de Giampaolo Pozzo, conhecido homem de negócios italiano, que é também o proprietário do Watford, clube da Premier League. Como tal, até têm sido bastantes os intercâmbios de jogadores entre os dois clubes, mas tal não é suficiente face ao plantel desequilibrado que a equipa vem apresentando nas últimas temporadas

Têm sido bastante recorrentes os relatos de um dono despreocupado com a situação do clube, relatos esses dados por adeptos do clube de Udine. Do lado destes adeptos, tem-se a perceção de que Pozzo está com mais atenção ao Watford e não à Udinese, muito por culpa da maior rentabilidade do clube inglês e pela maior sustentabilidade do projeto.

Já alguns diretores vieram desmentir esta visão dos adeptos, ao dizer que Pozzo tem toda uma equipa ao seu dispor para guiar os destinos da Udinese a bom porto, mas a divisão dentro das diferentes fações do clube, tanto a nível externo como interno, é bem real, e se o clube aspira a ter um futuro promissor, tem de conseguir mitigar estes problemas que acabam por afetar o clube depois nas competições em que se insere.

Plantel até tem algumas soluções, mas que têm estado aquém do exigível, tirando De Paul

O plantel não serve para mais do que lutar por um lugar a meio da tabela na Série A, algo que seria sempre o mínimo imposto à Udinese face ao seu histórico e face ao que representa em Itália, mas a verdade é que começam a faltar palavras para os fracos desempenhos da equipa e para a sua incapacidade de dar a volta ao texto, acontecendo isto talvez devido à falta de confiança, visto que a equipa perde muitos jogos pela margem mínima.

Essencialmente, nos dias de hoje, a equipa baseia-se em Rodrigo de Paul + 10, sendo este o elemento que poderá dar uma importante almofada financeira no futuro ao clube, falando-se do interesse do Inter e do Nápoles no criativo argentino. Em Udine, num local de menos exigência, encontrou o conforto de poder pegar na “batuta” da equipa, servindo Ignacio Pussetto e Kevin Lasagna, sendo que estes três jogadores representam 12 golos dos 18 (apenas 18!) marcados pela equipa em toda a Série A em 23 jogos, sendo o segundo pior ataque da prova. Só Rodrigo de Paul tem mão sua em metade dos golos da equipa, com 6 marcados e 3 assistidos. Mesmo assim, o argentino já esteve também em melhor forma, começando a ter algumas dificuldades face ao terrível momento da equipa, desde o fim de novembro que assim é, e isto a fazer quase sempre os 90 minutos.

Rodrigo de Paul é a principal figura da Udinese, mas tem estado em baixo de forma nos últimos meses, talvez seja hora de mirar outros voos (Fonte: Mundo Albiceleste)

A nível defensivo, a equipa até nem sofre uma quantidade anormal de golos (31), sendo apenas a nona pior defesa da Série A, algo que se pode justificar devido à imponência física no seu meio campo, com Mandragora e Fofana a serem jogadores que são fortes na proteção à sua defesa e que lhe conferem alguma confiança. Ainda assim, estes dois jogadores do centro do meio campo têm estado num nível aquém do exigível nos restantes momentos de jogo, sendo também por aí que a Udinese muito se ressente.

Este plantel é também uma autêntica sociedade das nações, com apenas 5 italianos em 26 jogadores, existindo uma falta de liderança evidente que jogadores como Antonio Di Natale e Giampiero Pinzi, por exemplo, traziam até há alguns anos. Pode-se afirmar que este tipo de jogadores seguravam os “arames” do plantel e, após a sua saída definitiva e a sua menor influência dentro de campo devido à idade, a Udinese ressentiu-se.

Os resultados e o percurso até maio indicam que deve haver alertas ligados em Udine

Esta foi uma equipa que até começou bem esta temporada, com 8 pontos ganhos nos primeiros 5 jogos, algo que fazia indiciar que poderíamos ter uma “temporada 0” no clube, uma espécie de reboot face àquilo que vem acontecido de forma sucessiva nos últimos anos.

Desde aí, apenas 11 pontos em 18 jogos, um registo absolutamente medonho para um clube como a Udinese. Em quase meia volta de campeonato, fazer apenas 11 pontos é simplesmente insuficiente para uma equipa com quaisquer objetivos reais.

É certo que muitas derrotas foram pela margem mínima (8 das 13 derrotas), mas mesmo assim não chega afirmar que “estivemos quase a conseguir, com outro treinador é que vai resultar”. O quase não chega e, num campeonato competitivo como o da Série A, a falta de ação e de luta por inverter os acontecimentos paga-se caro.

A equipa ainda não venceu este ano, vindo mal da paragem de inverno, este período que poderia trazer melhorias ao clube mas que parece que não foi bem aproveitado pelos jogadores e toda a restante estrutura para recarregar baterias e focar naquilo que é uma tarefa que se pensaria impensável há alguns anos.

O único ponto positivo dos últimos tempos

A única real melhoria nestes últimos anos terá sido o estádio, que é agora muito mais moderno face às necessidades do clube e que tem agora uma capacidade a rondar os 25 mil lugares. O Friuli é um estádio histórico que dura já desde 1976, tendo sido reestruturado para o Mundial de 1990 e, agora, melhorado, durante 2013 e 2015.

Este era um estádio que já estava a ser afetado pela passagem do tempo e, agora, é uma arena mais moderna, servindo agora os diferentes propósitos. Em média, a Udinese leva mais de 16 mil adeptos ao estádio, que não estarão, certamente, agradados com os desempenhos que a equipa lhes tem proporcionado, com apenas 12 pontos ganhos em 12 jogos nesta temporada em pleno Friuli.

Um Friuli cheio para receber a Squadra Azzurra. O estádio está agora no mapa dos estádios a usar pela seleção, esperemos que não sejam os únicos jogos internacionais a acontecer nos próximos anos (Fonte: GettyImages)

Vejamos se em maio não teremos uma confirmação do momento complicado que o clube atravessa. Esperemos que tal não aconteça, pois a Udinese é um clube de tradição que merece mais.


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