Arquivo de Vitória de Guimarães - Fair Play

Bruno Costa JesuínoSetembro 21, 201910min0

Nos últimos anos tem sido um luta constante entre clubes portugueses e russos por um lugar no top 6 entre as ligas com melhor performance nas competições europeias. E o sexto lugar está novamente bem perto… “aquele déjà vu da Rússia ali ao virar da esquina”. Dificilmente poderemos almejar a mais devido ao poderio dos cinco principais campeonatos, mas esta (re)ultrapassagem à Rússia dará novamente o acesso a três equipas na Liga dos Campeões (duas de forma directa). E todos sabemos a importância (financeira e não só) da participação na prova mais importante da Europa. Ao todo voltarão a ser seis equipas lusas nas competições europeias.

A luta “mano a mano” com a Rússia

Tem sido assim o nosso percurso ao longo dos últimos anos. Chegamos ao sexto lugar, e quando devíamos começar a consolidar a posição, os russos começam a aproximar-se e, de quando em vez, passam à frente. Isto durante um período de um ou dois anos. E ao que tudo indica será este ano que vamos recuperar a posição no top 6.

Esta permuta tem sido cíclica ao longo das últimas décadas. E acontece porque a diferença entre “ser sexto, em vez de sétimo” é de seis equipas na Europa em vez de cinco. E sendo os pontos a dividir pelo número de equipas participantes, é normal que essa “sexta equipa” (seja portuguesa ou russa) tendencialmente contribua com menos pontos. Além disso, ter dos melhores clubes do país directamente na Liga Europa ajuda a que pontuação seja superior, pois é mais “fácil” o ponto aqui em relação ao ponto na Liga dos Campeões.

Tendo a Rússia já duas equipas eliminadas das seis iniciais. Portugal continua com as mesmas cinco. Há apenas (menos de) um ponto a separar. Temos tudo para recuperar o “lugar que nos pertence” e na época 2020/21 voltar a ter três equipas na Liga do Campeões. E outras três na Liga Europa.

Fonte: Site da UEFA

Podemos sonhar com o top 5 europeu?

Resposta bem rápida. Sonhar sim, mas dificilmente lá chegaremos. Vamos por partes. Os dois primeiros lugares – Espanha e Inglaterra – estão destacadíssimos e os seus clubes são sempre os principais favoritos à conquistas das provas europeias. Na disputa pelo lugar no pódio, surge a Alemanha e a Itália, agora separadas por menos de um ponto, embora os germânicos ainda tenham a totalidade das equipas, enquanto os transalpinos já perderam uma. Isolados na quinta posição estão os franceses, a um distância idêntica tanto do quarto como do sexto e sétimo. Não se adivinham a curto-médio prazo mudanças no top 5, pelo poderio financeiro (e não só) dessas ligas, no entanto, e não assim há tanto tempo, Portugal aproximou-se dessa posição. De qualquer das formas, em termos práticos, o quinto e o sexto lugar garantem o mesmo número de equipas na Europa: seis.

Horizontes lusos nas competições europeias. Expectativas iniciais.

Será sempre pouco provável que uma equipa fora do top 4 seja considerada mais que outsider na Liga dos Campeões. Talvez com excepção do Paris SG pelo investimento que tem feito, que mesmo assim não tem conseguido mais que os quartos-de-final. Ao longo dos últimos anos tem havido algumas boas excepções, como a meia-final do Mónaco há três anos, e o Ajax, que ficou a um minuto de marcar presença na final da última edição prova.

No entanto, quando falamos em Liga Europa, as principais equipas portuguesas. serão sempre potenciais candidatas a chegar longe e a vencer. Os grandes adversários porventura serão as ‘segundas’ linhas do top 4 que não conseguiram a qualificação para a “prova milionária” ou que caiam na fase de grupos.  Nos último anos, o Porto já venceu, o Braga foi a uma final, o Benfica a duas, e o Sporting já marcou presença na meia-final. Foram algumas dessas campanhas muito positivas na prova que colocaram Portugal bem perto do top 5 no ranking das competições europeias.

Liga Europa

No grupo G, o Porto é o grande favorito, com Feyennord, Young Boys e Rangers a lutar pela segunda vaga para os 1/16 de final. Já o Sporting, tem no PSV o principal adversário adversário pela primeira posição do grupo D. No entanto, as equipas austríacos (13.º do ranking) tem mostrado evolução nos últimos anos, tendo o LASK, uma palavra a dizer, enquanto que o Rosenborg não deverá ter muitas esperanças na qualificação. O Braga, mesmo sendo uma equipa já com pergaminhos europeus será, pelo menos teoria, o terceiro favorito do grupo K, apenas à frente do Slovan Bratislava. Mas na prática, tendo em conta o valor do ‘guerreiros’, sabemos que pode disputar a vitória em qualquer um dos jogos que tem pela frente. Missão mais difícil terá o Vitória SC, que tem como super-favoritos o Arsenal e o Eintracht Frankfurt. A equipa da cidade de Guimarães será um outsider tal como os belgas do Standard Liège.

Liga do Campeões

O Benfica ficou no grupo mais equilibrado da prova. Aqueles grupos que não têm nenhum “tubarão europeu” (do Pote 1 saiu em sorte o Zenit), mas quaisquer das equipas têm aspirações a passar para os oitavos-de-final. Se do pote 1 terá saído adversário menos ‘poderoso’, do pote 3 calhou o experiente Lyon, e do pote 4 saiu a fava: RB Leipzig. Fava porquê? Porque nível de poderio financeiro e de qualidade de jogo, aparenta ser a equipa mais forte do grupo, apesar de ser a menos experiente (equipa tem apenas 10 anos de existência).

Primeira jornada das equipas portuguesas

O saldo das equipas portuguesas nesta primeira jornada europeia acabou por não ser positivo: duas vitórias e três derrotas. No entanto, ao ter feito melhor que a Rússia (apenas uma vitória), ficou mais perto do almejado sexto lugar.

Primeiro as vitórias. Uma já esperada e outra bem mais surpreendente. Vamos começar por esta última.

O Braga esteve irrepreensível nas pré-eliminatórias da Liga Europa afastando o Brondby e o Spartak Moscovo com brilhantismo. No entanto, a nível doméstico tem apenas um vitória e um empate as cinco jornadas realizadas. Na primeira jornada defrontou potencialmente a equipa mais forte do grupo e certamente a equipa-mais-portuguesa-de-terras-de-sua-majestade: o Wolverhampton de Nuno Espírito Santo, Rúben Neves, João Moutinho, Rui Patrício, Diogo Jota, Rúben Vinagre e, mais recentemente, de Pedro Neto e Bruno Jordão. Pois bem, os ‘guerreiros do Minho’ puseram favoritismos de lado, souberam sofrer, e nos 20 minutos finais dar a tacada final por aquele que tem sido o seu ‘soldado’ mais exemplar: Ricardo Horta. Com três pontos naquele que seria (em teoria) o jogo mais difícil desta fase, melhor entrada seria impossível para os bracarenses.

O Porto cumpriu a sua obrigação de favorito vencendo os bi-campeões suíços dos ‘Young Boys‘ por 2-1. Sérgio Conceição apresentou Soares como novidade no onze e foi o brasileiro o protagonista do encontro marcando os dois golos. Na primeira parte os dragões estiveram muito bem, e mesmo com o empate dos helvéticos, conseguiu responder com mais um golo e várias oportunidades. Na etapa complementar, ‘adormeceu’ um pouco, mas foi o suficiente para iniciar a fase de grupos com o pé direito. Será sempre apontada como uma das equipas candidatas à vitória final.

O Vitória Sport Clube, que ainda não tinha sofrido golos na Europa, não conseguiu um resultado que correspondesse à exibição. Dois erros da equipa lusa resultaram em dois golos sem resposta do Standard Liège, orientado pelo ‘nosso’ bem conhecido Michel Preud’Homme. Com este desfecho os vimaranenses tornam a sua missão ainda mais difícil, pois os dois jogos com os belgas são considerados os de menor grau de dificuldade.

Nesta fase de mudanças, o Sporting tinha uma estreia fora de casa e logo diante do adversário mais difícil do grupo. Os holandeses, eliminados da fase de grupo da Liga dos Campeões pelos suíços do Basileia, tem estado muito forte a nível interno. Perdeu dois dos seus melhores jogadores – Lozano e De Jong – mas abriu espaço para dois jovens da casa que tem brilhado – Ihattaren e Malen, com 17 e 20 anos, respectivamente – a juntar à contratação do virtuoso Bruma. Leonel Pontes, fez mudanças na equipa apresentando um novo sistema táctico com um meio campo em losangulo. Doumbia ficou com a missão mais defensiva, Bruno Fernandes no vértice mais ofensivo, e com Wendel e Miguel Luís com interiores. Na frente, Bolasie e Vietto jogaram com avançados soltos. Mesmo com as melhoria exibicional os holandeses conseguiram superiorizar-se e impuseram-se por 3-2. Os próximos dois jogos do Sporting esperam-se a conquista de seis pontos para os leões colocar na rota certa.

A jornada das competições europeias iniciou-se com derrota do Benfica diante do RB Leipzig. Num jogo que já se esperava de grau dificuldade elevado, os alemães foram mais fortes, principalmente no início da segunda parte. Os encarnados bateram-se bem e em oportunidades de golo dividiram encontro, mas os germânicos nesta altura demonstraram ser mais equipa, e justificaram o porquê do recente empate frente ao Bayern Munique que os manteve na liderança da Bundesliga. Nos próximos dois jogos, Zenit fora e recepção ao Lyon, o Benfica terá que conquistar pontos para manter viva a chama do apuramento, num grupo onde todos podem perder pontos com todos.

1X2 do apuramento ou melhor… alguns bitaites

Não passando de uma mera previsão, deixamos aqui algumas opiniões tendo em conta a performance actual e esperada das equipas e adversários. Vale o que vale.

  • O Porto ficará em primeiro lugar no grupo;
  • O Braga irá garantir um dos dois primeiros do grupo;
  • O Vitória ficará pelo menos no terceiro lugar do grupo;
  • O Sporting acabará por garantir um dos dois primeiros lugares do grupo;
  • O Benfica ficará pelo menos em terceiro lugar no grupo.
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Nélson SilvaJulho 24, 20186min0

A batalha de 2017/2018 deixou exposto um exército vitoriano aquém daquele que brilhou há duas épocas atrás com o quarto lugar. O Vitória de Guimarães volta agora com a alma renovada. Uma revolução que incluiu a chegada de um novo treinador e várias caras novas no plantel.

Luís Castro foi o escolhido para reerguer o orgulho de uma equipa que teima em infiltrar-se na luta pelos quatro primeiros lugares da tabela. O técnico não perdeu tempo e recrutou uma série de jogadores que se enquadram naquilo que será a sua proposta de jogo para a temporada que se avizinha. Entre os reforços e a prata da casa, é já possível começar a desenhar uma ideia daquilo que será o onze base dos conquistadores para o arranque do campeonato.

A muralha defensiva

Na baliza tudo indica que a disputa se fará novamente entre Douglas e Miguel Silva. A experiência de Douglas tem vindo a equilibrar com o talento e juventude de Miguel. Pedro Martins foi mostrando alguma preferência pela experiência de Douglas, que vai cumprindo embora nem sempre com a regularidade desejada. Sempre que Miguel Silva é chamado, seja por lesão do brasileiro ou opção técnica, acaba por mostrar qualidade para assumir a titularidade, pecando apenas por alguns momentos de menor concentração próprios da aprendizagem que vai acumulando. Tudo indica que Douglas partirá na frente, mas em nada seria surpreendente se Luís Castro apostasse em Miguel Silva.

Na defesa, perante a saída de Konan e as debilidades evidentes nas restantes posições, o Vitória já se adiantou e apresenta reforços capazes de colmatar algumas lacunas. Com o capitão Pedro Henrique em boa condição física, este terá como principal candidato a seu parceiro o reforço Frederico Venâncio. O ex-Vitória de Setúbal que esteve emprestado ao Sheffield Wednesday deve ganhar a corrida pela posição a Osório (empréstimo do FC Porto) e a João Afonso. Osório esteve longe de impressionar frente ao Santa Clara e João Afonso vem a não convencer há bastante tempo depois de um empréstimo ao Estoril onde se destacou. Na ala esquerda surgem dois reforços: Florent Hanin (ex-Belenenses) e Rafa Soares (ex-Portimonense). O arranque de Florent tem deixado água na boca aos adeptos vitorianos e tudo indica que este será uma das boas surpresas do novo Vitória. Do outro lado, Victor Garcia vai vendo o lugar destinado apenas e só a si, uma vez que Falaye Sacko apresenta limitações insustentáveis para a exigência de um Vitória de Guimarães. Luís Castro continua a dar a entender que podem chegar mais reforços e é na lateral direita que mais se suspeita que haverá novidades.

Foto: SAPO

Onde se ganham os grandes duelos

Chegamos a uma parte cada vez mais apetecível deste novo Vitória. O regresso de André André deve significar que o ex-Porto será a figura mais incontestável do miolo vitoriano. Experiência, agressividade e autoconfiança são pontos fundamentais num médio dotado de uma técnica que Luís Castro certamente não prescindirá. Na retaguarda, há já vários candidatos a assumir o “trinco” da equipa. Apesar da chegada de Pepê Rodrigues para a posição, é Wakaso quem mais se tem chegado à frente para servir de escudo do castelo vitoriano. Trata-se de um recuperador de bolas que Pepê não conseguirá ser. Nesta ótica, Celis pode ser também uma alternativa viável de forma a incluir Pepê no onze. Um pouco à imagem do que acontecera no Sporting com William (jogador semelhante a Pepê pela qualidade de construção, um jogador de posse mas de menor disponibilidade física para recuperar bolas), que foi fazendo parelha ora com Adrien, ora com Battaglia.

Há vários médios de características defensivas, ao passo que será interessante perceber ainda a importância de Francisco Ramos no presente plantel. Como alternativa na zona de criatividade, surge Tozé. O médio português tem tido dificuldade em impor-se em Guimarães e surge agora uma oportunidade de ouro para mostrar aquilo que de melhor pode dar ao jogo. Ainda assim, tarefa difícil e que pode ainda ver o extremo Tyler Boyd a surgir por zonas interiores.

Lanças apontadas

Versatilidade, agilidade, muita técnica. São inúmeras as opções para este ataque do Vitória. Será possivelmente a melhor dor de cabeça para Luís Castro. Tyler Boyd parece finalmente adaptado à realidade do campeonato português e tem deixado excelentes indicações neste arranque de temporada. Para melhorar, chegaram dois nomes de peso. Ola John, extremo holandês ex-Benfica, chega para tentar relançar a carreira, depois de uma temporada praticamente nula em termos de futebol. O holandês criou expectativas elevadas na chegada ao Benfica, chegou a deliciar os adeptos com algumas exibições muito positivas e iniciativas individuais só ao alcance dos melhores. Bem aberto pela esquerda, não se priva de partir para cima do adversário. Ficou conhecido pela capacidade de drible com sucessivas simulações e boa capacidade de cruzamento, mas é tanto ou mais um jogador de procurar o jogo interior entregando entrelinhas. Se se mostrar ambicioso, tem todas as condições para triunfar. A virtuosidade não se fica pelo holandês e para melhorar há um jogador sob o qual recai grande expectativa para colmatar a saída de Raphinha: Davidson. O extremo foi uma das figuras maiores de Luís Castro no Chaves e por isso mesmo segue na lista de exigências do técnico. Forte, ágil, boa técnica e faro de golo de um jogador sobre quem recaem também grandes expectativas.

Uns excelentes apoios nas alas para oferecer golos ao artilheiro escolhido, que provavelmente passará por Alexandre Guedes ou Welthon. Guedes é o homem de quem se fala. O jovem avançado português que se mantinha escondido dos holofotes acabou por ser o rosto da conquista da Taça de Portugal pelo Aves. Veloz, bom tecnicamente e fundamentalmente perspicaz na forma de se posicionar. Pelo que se tem visto neste arranque, Guedes parece partir em vantagem para Welthon. Ainda assim, o avançado brasileiro terá uma palavra a dizer pois regressou de lesão e pretende demonstrar todo o potencial evidenciado ao serviço do Paços de Ferreira. Uma arma que certamente fará muita falta a Luís Castro até a sair do banco se assim entender. Deste leque há ainda que considerar Junior Tallo e Oscar Estupinan, que estiveram na sombra de Rafael Oliveira na temporada passada. Fora das contas está Paolo Hurtado, avançado peruano que está a ser negociado para garantir um encaixe financeiro ao clube da cidade berço.

O Vitória de Luís Castro dá já uma ideia bem clara do modelo de jogo que quer apresentar e as primeiras notas levam a crer que este será certamente um dos principais candidatos aos lugares europeus na presente temporada.


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