Arquivo de Rafael Nadal - Página 7 de 10 - Fair Play

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André Dias PereiraJaneiro 28, 20194min0

Novak Djokovic tornou-se, este domingo, o maior campeão da história do Autralian Open. Ao vencer pela sétima vez em Melbourne, o sérvio destacnou-se de Roger Federer e Roy Emerson, ambos com seis conquistas.

Nolan  não fez por menos. Diante Rafa Nadal o sérvio conquistou uma das mais consistentes vitórias da sua carreira. Com os parciais de 6-3, 6-2 e 6-4, Djokovic mostrou o porquê de ser o grande favorito e que está vários passos à frente da concorrência. Mesmo que essa concorrência seja Nadal ou Federer. Ao contrário do que aconteceu na final entre os dois em 2012, que durou quase seis horas, desta vez Djokovic precisou apenas de duas horas e quatro minutos.

Djokovic foi superior em quase todos os capítulos. Mais ases, maior percentagem de colocação de primeiro serviço ou maior percentagem de vitórias no primeiro e segundo serviços. Mas, acima de tudo, impressiona a supremacia de jogo na rede. Djokovic conquistou 89% dos pontos contra 50% de Nadal. Também em erros não forçados, o espanhol cometeu 28, contra 9 do sérvio. É certo que o maiorquino estaria reduzido físicamente, mas reconheça-se que Djokovic esteve a um nível raramente visto na história do ténis e que deixa uma pergunta no ar. Pode o sérvio tornar-se o maior de sempre?

Aos 31 anos, Djokovic soma agora 15 Grand Slam, contra 17 de Nadal e 19 de Federer. O número um mundial parece, todavia, bem à frente dos rivais, físicamente e mentalmente. Sendo mais novo dos três, é de acreditar que, talvez ainda esta temporada, se possa aproximar ainda mais do espanhol. Nadal é, contudo, o grande favorito para Roland Garros. Mas Djokovic pode também ter uma palavra a dizer. Além disso, há ainda Dominic Thiem e Alexander Zverev, cuja a terra batida, é o seu piso preferencial.

E agora, 2019?

Mas se há lição que Melbourne nos trouxe é que apesar do crescimento da NextGen, a velha escola ainda dita regras. É preciso recuar até 2005 para encontrar uma final que não inclua Federer, Nadal ou Djokovic.

Quem parece mais distante dos grandes títulos é Federer. O suíço, vencedor das últimas duas edições, caiu aos pés de Tsitsipas, na quarta ronda: 6-7, 7-6, 7-5 e 7-6. Não que o suíço tenha feito uma má partida, mas o grego mostrou ter outro andamento, sobretudo em jogos de cinco sets. Veremos o que o helvético poderá fazer, sobretudo em Wimbledon. Vencer o 20º Major parece mais improvável do que ultrapassar Jimmy Connors como o maior campeão de títulos ATP.

Da nova geração, Stefanos Tsitispas e Lucas Pouille foram os melhores, ao atingirem as meias finais. O grego parece confirmar o grande 2018, não se amedrontando com nenhum adversário. Também Frances Tiafoe atingiu pela primeira vez os quartos de final. Outros nomes, como Zverev ou Borna Coric cairam precocemente nos quartos de final. De todos, o alemão representou a maior desilusão. Porque é número 4 do mundo, mas sobretudo porque tem sentido dificuldades em progredir em Grand Slams. Os quartos de final de Roland Garros, em 2018, continua a ser o seu melhor registo.

É certo que o ano acabou de começar. Tudo está, por isso, em aberto. E há vários factores que podem influenciar como o ano vai progredir. Há um ano, por exemplo, Federer dominava o circuito e Djokovic colocava em causa a sua continuidade na competição. E, claro, há sempre o factor de lesões. Mas, em condições normais, Djokovic terá neste momento como motivação aproximar-se de Connors, Lendl, Sampras e Federer com maior número de semanas como número 1 mundial. Mas, acima de tudo, ambiciona ultrapassar Nadal e Federer como maior campeão de Grand Slams. Para já, é o tenistas que mais vezes vencer torneios Masters 1000. E, olhando o momento que atravessa, tudo dependerá das lesões e gestão que fizer de seus torneios. Aos 31 anos, Djokovic assume que esse objetivo “é muito difícil, mas não impossível”.

Veremos o que a temporada nos reserva.

André Dias PereiraJaneiro 22, 20193min0

O Australian Open, que arrancou no dia 13, avança já para os quartos de final. E do que se viu na primeira semana, surge a pergunta. Após 15 anos de hegemonia, terá finalmente chegado a oportunidade da nova geração tomar conta dos courts mundiais?

Ainda é muito cedo para tirar conclusões. É certo que Djokovic continua a ser o grande favorito para vencer Melbourne e se tornar o maior campeão do torneio. Também é certo que falta uma e decisiva semana para o fim do torneio. E há ainda uma temporada inteira pela frente.

Mas os indicadores estão aí. Stefanos Tsitsipas, 20 anos de idade, já afastou Roger Federer de Melbourne, e vai agora defrontar Baustista Agut. O grego mostra que a temporada passada não foi obra do acaso. Um dos segredos é a sua confiança. Jogou olhos nos olhos com o campeão em título, serviu com mestria e salvou os 12 break points que teve de enfrentar. Apesar da idade, parece ser um veterano em court. E isso valeu-lhe uma vitória por 6-7, 7-6, 7-5 e 7-6. Diga-se também que Tsitsipas conquistou, este ano, as primeira vitórias no Australian Open. A primeira foi com Nikolz Basilashvili: 6-3, 3-6, 7-6 e 6-4.

Para Federer, a derrota diante o grego foi um golpe duro. O ano 2019 terminou de forma inconsistente, depois de um bom arranque com a vitória no Autralian Open. O suíço espreita Wimbledon, mas, antes disso, deverá voltar a jogar a temporada de terra batida após dois anos de interregno.

Também Francis Tiafoe, 21 anos, surge nos quartos contra Rafa Nadal. Tiafoe será, porventura, a maior promessa e esperança norte americana para voltar ao topo do ténis mundial. Os quartos de final são, para já, o seu melhor resultado em Major. Para trás deixou Andrea Seppi (6-7, 6-3, 4-6, 6-4 e 6-3) e Grigor Dimitrov (7-5, 7-6, 6-7 e 7-5).

Zverev volta a desiludir

Zverev volta a desiludir em Melbourne. Foto: Fox Sports

Mas nem tudo foram rosas para a nova geração. Os oitavos de final contaram com Deniil Medvedev, Alexander Zverev e Borna Coric, mas nenhum conseguiu passar para a fase seguinte. A maior desilusão terá sido mesmo o alemão. Outra vez, o número quatro mundial volta a cair precocemente em um Major, desta vez perante Milos Raonic: 6-1, 6-1 e 7-2. Apesar do estatuto de número 4 mundial e ser apontado como o futuro líder da hierarquia, a verdade dos Grand Slam é outra. A sua melhor prestação continua a ser os quartos de final de Roland Garros. Pouco para quem já conquistou 10 títulos ATP, entre eles um Masters Final.

Se Medvedev não era favorito diante Djokovic (4-6, 7-6, 2-6, 3-6), Borna Coric tinha boas chances diante Lucas Pouille (7-6, 6-4, 5-7, 6-7). O francês igualou o seu melhor registo em um Major, como acontecera em Wimbledon e US Open, em 2016.

Djokovic continua a ser o grande favorito para se tornar o maior campeão da história de Melbourne. Mas para isso, terá que ultrapassar Nishikori. O japonês, que eliminou João Sousa na ronda inagural (7-6, 6-1, 6-2) vem de uma autêntica maratona com Carreño Busta (6-7, 4-6, 7-6, 6-4 e 7-6). Por outro lado, Nishikori atravessa um bom momento, com a vitória em Brisbane.

Nadal, de regresso à competição desde o US Open, também é sempre um nome a ter em conta, mas o seu sucesso dependerá da sua condição física.

Até domingo tudo está em aberto. E apesar da ‘velha guarda’ ser favorita, parece cada vez maior o equilíbrio de forças da nova geração. Veremos como evolui o ano, ainda que, por agora, pareça difícil que um novo rosto vença o primeiro Major do ano.

André Dias PereiraJaneiro 14, 20194min0

Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Andy Murray. O chamado Big Four do ténis mundial está outra vez reunido em um Grand Slam. O Australian Open arrancou este domingo e o quarteto que tem dominado o ténis nos últimos 14 anos, poderá estar junto pela última vez. É que Andy Murray anunciou que este poderá ser o seu último torneio. As lesões que o têm atrapalhado no último ano e meio continuam a fazer-se sentir. De acordo com o britânico ainda é possível jogar, mas não ao nível que quer. E em função das dores que sentir poderá já nem disputar Wimbledon.

A estreia do britânico será contra Bautista Agut. O espanhol é um adversário duro que se encontra em bom momento de forma. Prova disso foi a recente vitória no Qatar. Longe da melhor forma, ainda com dores, e após longa paragem, terá Murray capacidade para progredir em Melbourne?

De qualquer forma, o torneio australiano é o primeiro grande momento do calendário do ténis em 2019. Outra vez, Novak Djokovic, Roger Federer e Rafael Nadal partem como os principais favoritos. O sérvio e o suíço têm um estímulo extra. Os dois brigam pela oportunidade de se destacar como o maior campeão do torneio, com sete títulos. Federer, recorde-se, venceu as últimas duas edições, mas Djokovic é número 1 mundial e está numa fase mais favorável da carreira, conforme mostram os últimos confrontos entre ambos.

Tudo está, contudo, em aberto. Depois dos quatro títulos em 2018, o sérvio não está ainda no pico de forma. Nem seria o desejável nesta fase. Em Doha o sérvio foi eliminado surpreendentemente nas meias-finais mas é, porventura, o grande favorito para Melbourne. Nolan arranca diante o norte-americano Mitchell Kruger, podendo jogar depois com Tsonga ou Klizan. Os talentosos Shapovalov, Goffin ou Medvedev poderão ser outros adversários incómodos a defrontar.

Já Roger Federer terá na sua chave o arqui-rival Rafa Nadal. Os dois poderão se encontrar nas meias-finais se lá chegarem. O espanhol acaba por correr por fora no favoritismo ao título. A recuperar de uma lesão, o maiorquino não joga uma partida oficial desde que foi afastado por lesão no último US Open. Nadal é, aliás, o único tenista capaz de roubar a liderança mundial a Djokovic em Melbourne. Mas isso parece bem improvável. Nadal terá que tirar uma diferença de 1.655 pontos para poder reassumir o topo da tabela, já que ele possui 7.480 pontos, e Djokovic tem 9.135. Para que tal aconteça o Toro Miura terá que vencer o torneio e esperar que o sérvio caia antes dos oitavos de final.

Quem pode surpreender?

Nadal arranca o seu percurso com o australiano James Duckworth. A jogar em casa este será um momento simbólico para Duckworth. Nos últimos seis meses foi operado cinco vezes tendo caído para fora do top-1000. Agora, em 237º, o australiano conseguiu um Wild Card para participar pela sétima vez em Melbourne.

Entretanto, Roger Federer jogará com Denis Istomin. O suíço defende os últimos dois títulos e poderá ter de jogar, para além de Nadal, com nomes como Marin Cilic ou Stefanos Tsitsipas. O percurso até à final é espinhoso, mas Federer, mesmo aos 37 anos, já mostrou que pode voltar a fazê-lo. O ano, aliás, começou com a vitória na Hopman Cup, ao lado de Belinda Bencic.

Há, contudo, outros nomes que também devem ser acompanhados com atenção. O principal, Alexander Zverev. O alemão, que perdeu recentemente a final da Hopman Cup, coleciona resultados importantes, mas sempre parece falhar nos Grand Slam. A sua melhor prestação foi os quartos de final, em Roland Garros. O ano passado não passou da terceira ronda no Australian Open. Aos 21 anos de idade é número 4 do mundo e tem aqui mais uma oportunidade para tentar chegar, pelo menos, às meias-finais.

Também Kei Nishikori é um nome que não pode ser negligenciado. Com a recente vitória em Brisbane, o japonês mostrou que está outra vez no seu melhor. Foi a sua primeira vitória de um torneio nos últimos três anos. De qualquer forma, no final de 2018 já mostrara sinais de que o seu melhor ténis estava de regresso, após longa paragem por lesão e alguns resultados menos conseguidos. De resto, Medvedev, Rublev, De Minaur e Tsitsipas são nomes que ganharam grande consistência em 2018 e que poderão surpreender em Melbourne. Shapovalov e Kyrgios também não podem ser ignorados. O australiano, de resto, jogará com Milos Raonic na ronda inaugural, que representa um dos principais jogos do primeiro dia. Diga-se também que De Minaur jogará com o português Pedro Sousa. Já João Sousa defrontará o argentino Guido Pella.

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André Dias PereiraJaneiro 7, 20192min0

Ano novo vida nova para Kei Nishikori. O japonês quebrou um jejum de três anos e nove finais para voltar a erguer um troféu ATP. Aconteceu em Brisbane. Naquela que é uma antecâmera do Australian Open, o número nove mundial conquistou o seu 12º título.

O nipónico levou a melhor sobre Daniil Medvedev por 6-4, 3-6 e 6-2. E as coisas até poderiam ter sido resolvidas mais rapidamente. É que Nishikori desaproveitou nada menos que oito break points no segundo set.

Nishikori começa assim da melhor maneira o ano e confirma o crescimento de forma que havia mostrado no final de 2018. Recorde-se que o nipónico esteve, em 2017, afastado durante muito tempo dos courts e foi, aos poucos, recuperando a confiança e melhorando os seus resultados. O ano passado foi finalista vencido em Viena, Tóquio e Monte Carlo.

Com a vitória em Brisbane o japonês é o oitavo cabeça de série para o Australian Open. Isto porque Juan Martin Del Potro está afastado por lesão, contraída no final da temporada passada e que o impediu também de jogar o Masters Final.

Em Brisbane, Nishikori começou por vencer o norte americano Denis Kudla, por 7-5 e 6-2. Seguiu-se, depois, um adversário mais duro. O búlgaro Grigor Dimitrov, longe da forma patenteada no final de 2017, perdeu por duplo 7-5. Já nas meias-finais, o japonês levou a melhor sobre o francês Jeremy Chardy por duplo 6-2.

Por seu lado, Medvedev, 22 anos, deu bons sinais de que em 2019 pode continuar a ascender no circuito. Esta foi a sua quarta final no espaço de um ano. Em 2018, venceu Toquio, Winston Salem e Sydney.

Murray longe do seu melhor

O torneio de Brisbane não contou com a presença de Rafael Nadal, a contas com uma distensão na coxa esquerda, mas contou com Andy Murray. O britânico caiu 240 posições após paragem de quase dois anos por lesão. O escocês mostrou que está muito longe da sua melhor forma. Prova disso foi a eliminação precoce, na segunda ronda, precisamente frente a Medvedev (7-5 e 6-2). Também Milos Raonic, quinto cabeça de série, foi afastado pelo russo (6-7, 6-3 e 6-4).

Outros nomes que não surpreenderam foram os australianos Nick Kyrgios e Alex de Minaur. Os dois foram eliminados nos 16 anos de final. Kyrgios, vencedor de Brisbane em 2018, foi eliminado por Jeremy Chardy (6-7, 6-2 e 6-3) e De Minaur pelo compatriota Jordan Thompson (6-4 e 6-2). Veremos o que ambos podem fazer agora no primeiro Major do ano. Os dois representam as maiores esperanças dos australianos em chegar longe na prova.

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André Dias PereiraDezembro 13, 20187min0

Um ano que começou por ser de sonho terminou com mais interrogações do que certezas. Foi assim o 2018 de Roger Federer. Aos 37 anos, o multicampeão suíço não tem nada a provar. É o jogador com mais Grand Slam (20), o mais velho a vencer um Major e também a ser número um mundial. Mas até onde pode chegar o suíço? Tem condições para continuar a aumentar o seu legado em 2019?

Depois de um 2017 arrebatador, com sete títulos ATP, a expectativa era alta para saber se o helvético poderia recuperar a condição de número 1 mundial. Ou, pelo menos, voltar a ganhar um Grand Slam. E a resposta não poderia ter sido mais assertiva. Em Janeiro conquistou o Australian Open pela sexta vez, revalidando o título do ano anterior.  No mês seguinte regressou à condição de número 1 mundial. Tornou-se o mais velho de sempre a conseguir esse feito, após nova vitória (a terceira) em Roterdão. Federer estava em estado de graça. E as paragonas dos jornais eram retumbantes perante o crescimento da sua lenda.

Com Nadal em crescendo, mas longe do seu melhor, e Djokovic ainda há procura da melhor forma, Federer tinha em Del Potro e Cilic, nesta fase do ano, os seus grande rivais. E foi precisamente diante o argentino que perdeu o seu primeiro jogo do ano, na final de Indian Wells. Ainda assim, as 17 vitórias consecutivas em início de temporada representaram um record para o suíço. Foi, contudo, sol de pouca dura. E os primeiros sinais de que Federer já não tem o fulgor de outros tempos, deu-se em Miami. Caiu surpreendentemente na primeira ronda para Thanasi Kokkinakis.

Em boa verdade, voltar a alcançar a liderança mundial nunca foi uma obsessão para Federer. O próprio assumiu que, aos 36 anos, seria difícil consegui-lo, ou pelo menos, manter essa condição. E, talvez seja bom reconhecer que se tratou de algo circunstancial. Não que Roger Federer não o pudesse conseguir. O ano de 2018 mostrou que Federer, Nadal e Djokovic continuam dominantes no circuito. E com o espanhol ainda em fase de calibração e Djokovic a reccuperar confiança, Federer soube, com profissionalismo, gerir os torneios para reconquistar o topo da hierarquia.

A gestão na terra batida

Em 2017, a ausência na terra batida foi uma fórmula de sucesso para um retumbante segundo semestre. Só que essa fórmula não resultou em 2018, mesmo falhando Roland Garros. É certo que esse piso nunca foi o seu ponto forte, ou uma prioridade. Sobretudo depois de completar o carreer Grand Slam e se ter destacado como o maior campeão de Major. Só que essa gestão também lhe trouxe críticas. Ion Tiriac, diretor do Open de Madrid, foi um deles, comparando o suíço a Lewis Hamilton. “Ele não opta por não competir depois de disputar apenas cinco corridas de F1”.

E em boa verdade, Federer nem precisou da terra batida para voltar a ser líder mundial. O suíço não tinha qualquer ponto a defender e no regresso aos courts venceu em Roterdão e Estugarda, voltando a ser número 1. Outra vez, mais elogios. Agora de John McEnroe. “Não entendo como pode, nesta idade, jogar ainda a este nível”, disse.

Estávamos, por esta altura, a meio da temporada. Wimbledon aproximava-se e Federer era o grande favorito. Mesmo aos 36 anos. Mesmo já tendo atravessado diferentes gerações, de Sampras e Dimitrov. Mesmo, uma semana antes, ter perdido para Borna Coric a final de Halle, que lhe retirou a liderança mundial. Poucos levaram a sério esse aviso. Não que Federer tenha estado mal. Mas teve mais dificuldades em converter pontos no primeiro serviço (74) e converteu apenas um break point.

Roger Federer poderá voltar à terra batida em 2019. Foto: Independent.co.uk.

Federer cai com estrondo em Wimbledon

Uma semana depois, o choque. Roger Federer é eliminado nos quartos de final de Wimbledon perante Kevin Anderson. “Senti-me bem, mas não foi o meu dia”, justificou o octacampeão do All England Club. Como em Halle, o suíço pareceu displicente e distraído. Foi assim ao cancelar um serviço por um avião passar, ou ao falhar completamente uma direita depois de um fã ter gritado. Por algum motivo, Federer nunca esteve no total comando da partida, não dando sequência a pontos importantes.

Essa falta de consistência prolongou-se por outros torneios, já na temporada de piso rápido. Em Cincinnati perdeu a final para Djokovic. Mas a grande desilusão deu-se no US Open, onde perdeu para John Millman na quarta ronda, num jogo onde cometeu 77 erros não forçados, 10 duplas faltas e finalizando apenas 49% de primeiros serviços. Foi um dos piores registos da sua carreira, mas ainda assim, garantiu os pontos suficientes para jogar o Masters Final, onde cairia nas meias-finais diante Alexandre Zverev. Nos Masters de Shangai e Paris caiu para Borna Coric e Novak Djokovic, os carrascos de 2018. Pior que as derrotas, a forma como foram alcançadas fizeram soar os alarmes sobre o que esperar ainda de Federer.

E agora, 2019?

Federer tenta, em 2019, tornar-se o maior campeão de torneios ATP. Foto: BBC.com

Aos 37 anos parece claro que Roger Federer tem ainda capacidade para gerir o seu prestígio nos courts, vencer alguns torneios e ir longe em Grand Slam. O suíço refere que nesta idade é impossível prever o que vai acontecer dentro de dois anos, mas sente-se bem no circuito e, nesta fase da carreira, tudo depende da sua família.

Numa temporada muito pode acontecer e 2018 é uma boa prova disso mesmo. Mas a ideia que fica do ano que agora acaba é que, por exemplo, Novak Djokovic está à frente do suíço. É número 1 mundial e com o regresso do sérvio ao mais alto nível é praticamente utópico pensar que Federer poderá recuperar a liderança na hierarquia.

Tal como em 2016 e 2017 o sucesso da temporada do suíço dependerá da gestão dos torneios que fizer. E ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, tudo aponta para que o helvético volte a jogar a terra batida em 2019. “É uma hipótese em cima da mesa. Tenho avaliado e há várias ofertas, mas vamos ver”, explicou. Uma dessas hipóteses é jogar o ATP Barcelona. A prova tem sido dominada por Nadal (11 títulos) e nunca contou com a participação do suíço nos últomos 10 anos. A organização tem feito agora um esforço para recuperar a participação de Federer.

Com Djokovic ainda a um nível excepcional, Nadal intermitente devido a lesões, e com a consolidação de Zverev e Thiem, para além de outros jogadores da nova geração, é pouco provável que Federer volte a erguer Majors. Wimbledon será por certo o foco da sua temporada e a razão de toda a sua preparação. E, em boa verdade, é no All England Club que tem mais chances de ser feliz. Mas mais depressa, talvez, consiga quebrar o último recorde que lhe resta. Ultrapassar Jimmy Connors como o maior campeão de torneios ATP. Connors somou 109 e Federer está com 102.

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André Dias PereiraNovembro 5, 20182min0

Em Paris, na cidade Luz, Karen Khachanov conseguiu o título importante que lhe faltava para dar o salto na carreira. Aos 22 anos, o russo, vencedor de três títulos em 2018 alcança o 11º de um ranking agora liderado por Novak Djokovic.

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André Dias PereiraSetembro 12, 20186min0

Diz o adágio que a festa não se faz quando a temporada começa mas sim quando acaba. Que o diga Novak Djokovic, que este domingo conquistou pela terceira vez o US Open. Depois de uma longa paragem por lesão, que arrancou em Wimbledon, 2017, o sérvio regressou oficialmente à competição no Australian Open. Foi em Janeiro deste ano. Caiu na terceira ronda perante Chung Hyeon. Seguiu-se nova operação e Djokovic regressou mais cedo do que se pensava, para jogar Indian Wells e o Miami Open. Outra vez, caiu nas primeiras rondas. Seguiram-se muitas interrogações, até para o sérvio. Por esta altura, Roger Federer, vencedor do Australian Open, passeava a sua classe e aumentava a sua lenda. Ao mesmo tempo, Rafael Nadal continuava afinar a sua máquina, regressando ao seu melhor. Até vencer Roland Garros.

É por isso que a vitória de Novak Djokovic no US Open é, acima de tudo, a vitória da persistência. É, por assim dizer, o apogeu num ano com muitos baixos, no arranque da época, e grandes picos, no final. É também a consolidação do título em Wimbledon e da vitória recente em Cincinnati.

E o triunfo (6-3, 7-6 e 6-3) em Nova Iorque chegou curiosamente sobre outro jogador que entre 2014 e 2016 atravessou também o calvário de uma lesão no pulso: Juan Martin Del Potro. O argentino, que cedeu o terceiro lugar do ranking a Djokovic, chegou a questionar o seu futuro no ténis. O ano de 2018 está, no entanto, a mostrar que valeu a pena chegar até aqui. O campeão do US Open de 2009 não voltou a repetir o feito, contudo, tem-se mantido entre o top-5, conquistando os títulos de Acapulco e Indian Wells. Este domingo, não resistiu a um Djokovic que fez jus ao seu melhor período de número 1 mundial. Nolan encostou Del Potro às cordas, soube explorar a esquerda do argentino, conseguindo ainda anular o seu serviço. E com tranquilidade foi construindo a sua vantagem.

Este foi o 14º Grand Slam para o sévio, que iguala Pete Sampras. Melhor, só Rafa Nadal (17) e Roger Federer (20).

Quando passei pela cirurgia, senti o que Juan Martin (Del Potro) passou quando esteve fora. Quando ficas fora, tentas fazer as coisas darem certo, mas elas não acontecem. Foram tempos difíceis, mas aprendemos com as dificuldades, com os tempos de dúvida.

Novak Djokovic, após a vitória sobre  Del Potro, que confimou o título do US Open

Para chegar à final, Del Potro deixou para trás, nas meias-finais, nada menos que Rafael Nadal. O espanhol acabou por sair lesionado, mas garantiu a continuidade na liderança mundial. Uma dor no joelho direito precipitou a desistência do maiorquino quando perdia por 2-0 em set: 7-6 e 6-2.

Tal como no Australian Open, Nadal saiu lesionado. Uma situação à qual não será alheia o grande esforço feito nos quartos de final contra Dominic Thiem, naquele que foi um dos grandes jogos do ano. O autríaco confirmou diante o espanhol que subiu o seu ténis a outro patamar e que, em breve, repetirá o feito de Paris, onde atingiu a sua primeira final de Grand Slam. Foram mais de 5 horas de jogo, com a vitória a sorrir ao número 1 mundial pelos parciais: 0-6, 6-4, 7-5, 6-7 e 7-6. Tal como ocorrera em Roland Garros.

João Sousa histórico. Federer, que futuro?

João Sousa perdeu pela quarta vez para Djokovic, mas fez história para Portugal. Foto: Record

Não será atrevimento dizer que o US Open de 2018 confirmou a reabilitação de jogadores tidos como proscritos. Tal como Djokovic e Del Potro, também Kei Nishikori tem tido um ano difícil. Depois de uma paragem de 5 meses, o japonês regressou à competição, em Fevereiro, em Nova Iorque. Foi, gradualmente, aumentando a sua competitividade até alcançar os quartos de final em Wimbledon. Agora, no US Open, só caiu nas meias-finais contra Novak Djokovic: 6-3, 6-4 e 6-2. O nipónico, finalista vencido em 2014, só pode sentir-se feliz com a sua prestação este ano.

Menos feliz estará Roger Federer. O suíço, que começou o ano a ganhar em Austrália e a recuperar a liderança mundial, foi surpreendido por John Millman: 3-6, 7-5, 7-6 e 7-6. O australiano, 55 do mundo, soube tirar proveito daquele que terá sido um jogos menos conseguidos da carreira do helvético. Federer teve nada menos do que 76 erros não forçados, errando ainda 70% no primeiro serviço. A final de Wimbledon e Cincinnati já tinham demonstrado um Federer abaixo da sua real capacidade. Aos 36 anos, e com uma participação reduzia em torneios – recorde-se que falhou toda a temporada de terra batida, incluindo Roland Garros – há quem questione o futuro de Federer.

Roger Federer deve jogar mais torneios ou considerar retirar-se

Pat Cash, ex-tenista australiano, vencedor de Wimbledon em 1987

Mas se há jogador que já desafiou a história e as probabilidades, é Federer. Matts Willander, ex-tenista e comentador, refere que o suíço deverá jogar até não conseguir ganhar mais jogos. E isso, apesar de tudo, parece estar longe de acontecer. Agora, ameaçado no ranking por Djokovic, Federer é ainda número dois mundial.

E por falar em história, João Sousa escreveu mais uma página dourada para o ténis luso. Ao atingir os oitavos de final, o Conquistador tornou-se o primeiro português a alcançar esse patamar em um Grand Slam. “Resultados como este ajudam a que a modalidade se torne maior no nosso país”, admitiu Sousa, que arrecadou 230 mil euros de prize money. Os 180 pontos averbados no US Open permitiram-lhe subir 19 lugares na hierarquia, regressando ao top-50. É agora 49º.

Por tudo isto (mas não só) a edição deste ano do US Open deixará saudade. Consagra campeões como Djokovic ou Del Potro, relança Nishikori, eleva Thiem a outro nível e vê Portugal entrar nas história dos Major. Mas também lança dúvidas sobre o futuro de Federer e Nadal. Apesar de campeoníssimos, até quando terão fulgor físico para se manter na disputa de Major? Pode Djokovic, agora numa nova fase, ultrapassar Sampras, ou Nadal e aproximar-se de Federer? E a nova geração? Thiem e Isner, nos quartos de final, foram os melhores, mas continuam longe das lendas que ainda predominam no circuito. A John Millman coube a surpresa, que também caiu nos quartos de final. O momento Andy Warholiano que, com 29 anos, dificilmente se repetirá. O que não nos importamos que se repita são torneios jogados a este nível.

Foi assim que Novak Djokovic venceu pela terceira vez o US Open

André Dias PereiraSetembro 6, 20182min0

O ano era o de 1881. Ainda no século XIX. Foi o ano do nascimento, por exemplo, de Pablo Picasso. No desporto, o ano fica também marcado pelo nascimento de um torneio em cuja final, no próximo domingo se joga pela 127º vez. O US Open.

Mas nesse período a competição ainda não tinha essa nomenclatura. Era o US National Championships. Uma competição nacional jogada em singulares e pares masculinos. Disputado entre 31 de Agosto e 7 de Setembro, a prova começou por ser jogado em relva. Bem diferente do piso rápido em que se joga desde 1978.

Naquela época, apenas membros da Associação de Ténis dos EUA (actualmente, USTA) poderiam jogar a prova. E apenas em 1887 as mulheres começaram a participar. Dois anos depois, a competição foi aberta a pares femininos e em 1892, a pares mistos.

A primeira edição do que viria a ser o US Open jogou-se em Newport. Richard Sears foi o primeiro campeão numa final contra William E. Glyn (6-0, 6-3 e 6-2).

Isto, claro, numa época totalmente amadora. O norte-americano venceu, de resto, as sete primeiras edições da prova. Importa dizer, contudo, que naquela época o campeão apurava-se automaticamente para a final da edição seguinte. Sears começou por jogar ténis dois anos antes, em 1979. E ainda era estudante de Harvard quando venceu a primeira edição do US National Championships. Entre 1881 e 1987, ano em que se retirou, Richard Sears esteve 18 jogos sem perder.

Em pares, a dupla Clarance Clark e Fred Taylor levou a melhor sobre Arthur Newbold e Alexander Van Rensselaer (6-5, 6-4 e 6-5).

Os recordistas nas Eras Amadora e Open

Ao longo dos anos muitas foram as adaptações até se transformar no US Open. Apenas em 1978 se mudou para Flushing Meadows, onde ainda hoje se joga. De resto, a competição já foi jogada em todas as superfícies. Entre 1881 e 1974, na relva, entre 1975 e 1977, na terra batida, e desde 1978, em piso rápido.

Em 1968, Arthur Ashe consagrou-se como o primeiro campeão do US Open na era Open. O finalista vencido foi o holandês Tom Okker (14–12, 5–7, 6–3, 3–6, 6–3). Na Era Amadora, os norte-americanos William Larned, Richard Sears e Bill Tilden são os recordistas de vitórias, somando sete títulos cada. Na Era Open, Jimmy Connors, Pete Sampras e Roger Federer, são os maiores campeões, com cinco troféus cada. Mas o suíço já está fora de prova. Conseguirá Rafael Nadal, com três títulos, aproximar-se do trio? Até domingo saber-se-à a resposta.

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André Dias PereiraSetembro 4, 20184min0

O futuro dirá o legado que João Sousa deixa ao ténis português. Não será agora e também não será quando se aposentar. O impacto do “conquistador” estará, com toda a certeza, na influência que deixa aos que hoje o vêem brilhar e ambicionam repetir as suas proezas.

No US Open Sousa voltou a abrir caminhos e fazer história para o ténis português. Pela primeira vez, um tenista luso atingiu os oitavos de final de um Grand Slam.

João Sousa começou por vencer o espanhol Marcel Grannolers (6-2, 6-2 e 6-3). Seguiu-se outro espanhol, Pablo Carreño Busta: 4-6, 6-3, 5-7, 6-2 e 2-0. Busta acabou se afastar do jogo por lesão, permitindo a Sousa alcançar pela terceira vez a terceira ronda da prova. Esta foi também a terceira vez que os dois tenistas se enfrentaram. Na primeira, em 2014, Sousa venceu no Masters de Miami. No ano seguinte, foi o espanhol a levar a melhor em Winston, também nos EUA.

Para garantir um lugar na história do ténis luso, João Sousa precisou de levar a melhor sobre o luxamburguês Lucas Pouille. O Conquistador venceu em quatro sets: 7-6, 4-6, 7-6 e 7-6. “Sabia que tinha que jogar bem e foi perfeito”, declarou Sousa, naturalmente feliz por voltar a escrever uma página de ouro no ténis português.

Já nos oitavos de final, Sousa acabou por cair perante o favoritismo de Novak Djokovic. Foi a quarta vez que ambos se enfrentaram, sempre com vitória do sérvio. Esta segunda-feira, Nolan venceu por 6-3, 6-4 e 6-3. Ainda assim, Djokovic salientou que “o resultado não espelha a dificuldade do jogo”, sublinhando a qualidade do português e as dificuldades que este lhe impôs.

João Sousa, recorde-se, tornou-se em 2013 o primeiro jogador português a entrar no top-50. No ano seguinte foi o primeiro tenista luso a jogar exclusivamente no ATP World Tour durante uma temporada. Ainda em 2014, foi o primeiro português a ser cabeça de série num Grand Slam, precisamente o US Open. É o jogador português com maior número de vitórias em Grand Slam, maior prize money e o tenista luso com mais títulos ATP: Kuala Lumpur (2013), Valência (2015) e Estoril (2018). A vitória no Estoril Open foi também a primeira de um português na única prova nacional incluída no calendário ATP. Por tudo isto, João Sousa é, pelo menos, o tenista português mais bem sucedido.

John Millman espanta o mundo

Nadal precisa de atingir as meias-finais para manter a liderança mundial.

O US Open chega agora aos quartos de final. E pode-se dizer que tudo está em aberto, com os quase todos os favoritos em acção. Quase, porque Roger Federer caiu com estrondo perante John Millman. O australiano fez um jogo muito assertivo e beneficiou dos 76 (!!!) erros não forçados por parte do suíço, que se despede precocemente dos EUA. Millman, 29 anos de idade, atinge pela primeira vez este patamar em um Grand Slam. Pela frente terá agora outro peso pesado: Novak Djokovic.

Roger Federer tinha deixado para trás Yoshihito Nishioka (6-2, 6-2 e 6-4), Benoit Paire (7-5, 6-4 e 6-4) e Nick Kyrgios (6-4, 6-1 e 7-5). Ainda não foi desta que o Kyrgios conseguiu brilhar em um Grand Slam. Os oitavos de final são agora o seu melhor registo no US Open. Melhor que isso, só os quartos de final em Wimbledon (2014) e Roland Garros (2015).

E há que lembrar também que Rafa Nadal está em prova. O espanhol jogará com Dominic Thiem. O maiorquino precisou de quatro sets na ronda anterior para vencer Nikoloz Basilashvili (6-3, 6-3, 6-7 e 6-4). O georgiano está a ter um ano de sonho. Em Hamburgo venceu não só o seu primeiro título ATP, como esse foi também o primeiro troféu para o seu país.

Nadal é claramente favorito contra Thiem, numa reedição da final de Roland Garros deste ano. Dos restantes jogos, Del Potro (3) detém algum favoritismo face a John Isner (11), enquanto Marin Cilic (7) e Kei Nishikori jogam também por um lugar nas meias-finais.

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André Dias PereiraAgosto 27, 20185min0

Arranca esta segunda-feira a 138º edição do US Open. A pergunta que uma vez mais se coloca é se haverá alguém capaz de se intrometer entre a troika do ténis: Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

Tem sido assim nos últimos anos. Os três grandes do ténis mundial têm se apresentado, repetidamente, como os maiores favoritos. Nos últimos anos Stan Wawrinka (2016) e Marin Cilic (2014) intormeteram-se na lista de vencedores. Desde 2004 só por uma ocasião (2014) pelo menos um dos três não atingiu a final. É preciso, claro, lembrar Andy Murray. Só que o vencedor de 2012 está muito longe da sua melhor forma e não é expectável que progrida muito na prova. É o próprio quem admite que “pensar em ganhar o US Open é irrealista”. Em 2018, o britânico realizou apenas sete jogos, tendo vencido quatro.

E por falar nesta temporada, Federer, Nadal e Djokovic surgem nos EUA ainda mais dominadores. Apesar de todos terem ultrapassado os 30 anos de idade, não parece haver quem possa verdadeiramente surgir como favorito num confronto contra qualquer um deles. De resto, os três dividiram os Major já disputados. O suíço levou o Australian Open, o espanhol, Roland Garros, e mais recentemente Djokovic conquistou Wimbledon.

A vitória de Djokovic foi também uma vitória para o ténis. Depois de uma longa paragem por lesão e um início de 2018 intermitente, que gerou mais interrogações que certezas, Nolan deu uma resposta dominadora. Não apenas venceu Wimbledon como venceu Roger Federer na final de Cincinnati. O sérvio tema vantagem psicológica e isso  coloca-o uns furos à frente de Federer no favoritismo para este torneio.

Federer, o eterno, Nadal, o líder

Apesar da idade, Djokovic, Nadal e Federer ainda dominam o circuito. Foto: Tennis World

Roger Federer, por seu lado, continua a surpreender aos 37 anos de idade. O suíço já não tem o fulgor de outros tempos, mas continua fiável. Este ano voltou a abdicar de toda a temporada de terra batida (incluindo Roland Garros) e joga um número reduzido de torneios. Só que, em Cincinnati, cometeu demasiados erros e revelou-se mais lento que o habitual. O suíço não estará no seu melhor momento, mas ninguém dúvida que tem condições para continuar a fazer história.

Rafael Nadal é o número 1 do mundo e para manter essa condição terá que chegar às meias-finais de Nova Iorque. É certo que o piso rápido não é a preferência do espanhol, mas ainda assim é o campeão em título. El Toro Miura já venceu o US Open por três ocasiões (2010, 2013 e 2017) e é um dos grandes favoritos. Mas, sobretudo este ano, está tudo em aberto e é muito difícil assumir um favorito claro. De resto, Nadal terá o compatriota e o incómodo David Ferrer como primeiro adversário.

Del Potro, Anderson e a nova geração

Entre a restante armada do ténis será interessante acompanhar a evolução de Stan Wawrinka. Campeão em 2016, o suíço teve uma longa paragem por lesão e a sua recuperação está a ser gradual. Em Cincinnati já atingiu os quartos de final, onde perdeu para Federer. Tal como Murray, é difícil de imaginar que possa atingir esse registo no US Open, mas num dia bom pode vencer qualquer um. E Wawrinka também tem no piso rápido um ponto forte.

Juan Martin Del Potro, campeão em 2009, tem feito uma grande temporada e é igualmente um nome importante. É um dos mais populares jogadores do circuito, é hoje número 3 do mundo e venceu, em 2018, em Acapulco e Indian Wells. As lesões parecem ter ficado para trás, passando a ideia de que  o argentino está de volta aos melhores tempos. Também Kevin Anderson, finalista vencido o ano passado e este ano em Wimbledon, parece já estar em outro patamar. Isso nem sempre lhe é reconhecido, mas o sul-africano joga o ténis mais consistente de sua carreira. Este ano já venceu o ATP Nova Iorque e tem justificado ser número 5 do mundo.

Obviamente, é preciso olhar com atenção para os jogadores da nova geração. Alexander Zverev e Nick Kyrgios têm recebido maiores atenções nos últimos anos, mas 2018 tem confirmado Stefanos Tsitsipas como valor emergente. O grego, 20 anos de idade, não venceu ainda qualquer torneio mas foi finalista de Barcelona e do Masters 1000 do Canadá.

Nick Kyrgios parece um caso perdido para o ténis, mas Alexander Zverev tem tudo para dar certo. Aos 21 anos, o alemão é número 4 do mundo e venceu, nos últimos três anos, nove títulos ATP. Três dos quais este ano: Washington, Madrid e Munique. Contudo, o alemão não se tem dado bem em Grand Slam caindo quase sempre de forma precoce. Em Roland Garros, este ano, já conseguiu atingir os quartos de final, o seu melhor registo. Apesar das críticas da qual é alvo, é importante lembrar que Zverev tem apenas 21 anos. E ninguém duvida que o futuro do ténis passa por ele. E, porventura, é o jogador que melhor se perfila para dar sequência à hegemonia da troika do ténis. Só que, a avaliar por 2018, Federer, Nadal e Djokovic ainda estão para durar.

US Open 2018 (trailer)


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