A passagem do treinador português durou um ano, e o período mais títulos do que derrotas a frente do Flamengo. Qual o patamar que Jorge Jesus alcançou na história do Rubro-Negro e do futebol brasileiro?
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Relembre o que o Mister prometeu e cumpriu. Treinador português desembarcou no Rio de Janeiro há um ano e fez trabalho excepcional no Flamengo. O Fair Play relembra as projeções feitas pelo Mister em sua apresentação.
Antes da década de 90, as equipas brasileiras não davam a devida importância à Copa Libertadores no Brasil. Os campeonatos regionais eram os mais disputados até então. Telê Santana mudou a história. Conheça um pouco mais sobre esta verdadeira lenda do futebol brasileiro.
A Copa Libertadores surgiu pela primeira vez em 1960. Durante trinta anos, as equipas brasileiras participaram do torneio, mas não se importavam em fazer parte do mesmo. Nos anos 70 e 80, era comum uma equipa poupar seus jogadores nas partidas da Libertadores em vésperas de clássicos regionais importantes, algo inimaginável nos dias de hoje. Mas o que ocorreu para que essa mudança acontecesse? A resposta a essa pergunta tem nome e sobrenome: Telê Santana.
Telê Santana nasceu em Itabirito, Estado de Minas Gerais, em 1931. Atuou como jogador em várias equipas, tornando-se conhecido nacionalmente ao jogar com a camisa do Fluminense, seu clube de coração. Ele chegou a chorar quando marcou um golo contra o Flu no final de sua carreira, época em que jogava pelo Madureira, pequena equipa do Estado do Rio de Janeiro.
Sua carreira como treinador iniciou em 1969, no próprio Fluminense, e já em sua estreia chegou a ser campeão carioca na época. Depois disso, passou por várias equipas grandes do país, com destaque por sua passagem pelo Grêmio em 1977, quando quebrou uma hegemonia de oito anos frente ao rival Internacional no campeonato gaúcho. Em seguida, foi contratado pelo Palmeiras e até hoje é lembrado por seus adeptos pela sensacional vitória contra o Flamengo de 79, com Zico e companhia, em pleno Maracanã, por 4 a 1.
A sequência de sucessos o levou à Seleção Brasileira em 1980, porém suas passagens pelo escrete canarinho não obtiveram bons resultados. Embora tenha comandado aquela que talvez seja a melhor seleção do Brasil após a Era Pelé, a eliminação precoce frente à Itália de Paolo Rossi na Copa de 82 na Espanha marcou a sua carreira para sempre. Após a Copa, ele foi para o mundo árabe e por lá permaneceu até 1985, quando foi novamente convidado a assumir o comando do Brasil para disputar a Copa de 86 no México.
Com uma Seleção não tão brilhante quanto a de 82, pois alguns de seus jogadores já estavam em final de carreira, o Brasil caiu novamente frente à França, nos pênaltis. A perda de duas Copas seguidas foi demais para os adeptos brasileiros, e Telê ganhou injustamente a fama de azarado, que o acompanharia por alguns anos. Depois da Copa de 86, Telê treinou as equipas do Atlético Mineiro, Flamengo e Palmeiras, sem obter sucesso em nenhuma delas. O estigma de azarado crescia a cada insucesso do técnico.
E foi em outubro de 1990 que o São Paulo resolveu apostar no treinador, naquela que seria uma parceria mais que vitoriosa. Telê chegou desacreditado numa equipa ainda mais desacreditada, recém rebaixada no Campeonato Paulista (você pode ter mais detalhes desta história no podcast Ginga Canarinha #11), e transformou o São Paulo numa verdadeira máquina de jogar bola. Já no ano seguinte, o tricolor paulista faturou o Campeonato Paulista e o Campeonato Brasileiro, o que o levou à Libertadores de 1992.
A História da Libertadores no Brasil muda radicalmente a partir de 1992, quando o São Paulo de Telê Santana vence os argentinos do Newell´s Old Boys nos pênaltis e ganha o Campeonato, carimbando o passaporte para a disputa da Copa Intercontinental no Japão, onde venceu o Barcelona e garantiu o primeiro título mundial da equipe do Morumbi. Na sequência, ainda faturou o Campeonato Paulista vencendo o Palmeiras (que iniciara uma vitoriosa parceria com a italiana Parmalat) na final do certame. Assim, em dezembro de 1992, Telê ganhou o título de “Melhor Técnico da América do Sul”, pelo jornal uruguaio “El País”. A fama de azarado havia acabado, definitivamente.
Em 93, novo sucesso tricolor. O bicampeonato da Libertadores veio com uma vitória sobre a Universidad Católica do Chile na final, e novamente o São Paulo foi ao Japão, desta vez para enfrentar o Milan e vencer pelo placar de 3 a 2, sagrando-se bicampeão mundial. E como se isso não bastasse, o tricolor do Morumbi ainda ganharia a Recopa contra o Cruzeiro e a Supercopa Libertadores contra o Flamengo, totalizando quatro títulos internacionais oficiais no mesmo ano, marca até hoje não superada por nenhuma outra equipa brasileira. Telê Santana ganhou o apelido de Mestre, que o acompanhou até sua morte, ocorrida em 2006.
O bicampeonato mundial do São Paulo de Telê Santana mudou o futebol brasileiro. A partir de 1994, todas as grandes equipas brasileiras passaram a olhar a Libertadores com outros olhos. A maior prova disso é o número de títulos: na fase pré-Telê: em 31 anos de competição, somente cinco Copas foram conquistadas por apenas quatro equipas brasileiras – Santos de Pelé (61 e 62), Cruzeiro (76), Flamengo (81) e Grêmio (83). Curiosamente, nenhuma equipa da capital do Estado de São Paulo.
Na era pós Telê, as equipas brasileiras conquistaram nada mais nada menos que 14 títulos (incluindo os dele), em 28 anos de competição. Chegamos até a ter, por dois anos seguidos (05 e 06), a finalíssima disputada entre duas equipas brasileiras! Conquistaram a Copa as equipas do Vasco (98), Palmeiras (99), Internacional (06 e 10), Corinthians (12) e Atlético Mineiro (13). Além destas, todas as equipas que já tinham títulos na era pré-Telê reconquistaram a Taça: Grêmio (95 e 17), Cruzeiro (97), São Paulo (05), Santos (11) e Flamengo (19).
É verdade que a Conmebol aumentou consideravelmente o número de vagas para equipas brasileiras nos últimos anos, o que matematicamente aumenta a chance dos nossos times, mas sem dúvida a sinergia do Mestre Telê com o Tricolor Paulista deixou um legado e teve papel fundamental nesta mudança de postura do futebol brasileiro na competição continental.
No final do mês de abril de 2003, a pequena e desconhecida equipa do Paysandu, de Belém do Pará, venceu o poderoso Boca Juniors em sua casa, a temida arena conhecida como “La Bombonera”.
Pra se ter uma ideia do tamanho desse feito, seria como se o Paços, ou o Moreirense, com todo o respeito devido a estas equipas, encarasse o Bayern no Allianz, em Munique, e voltasse pra casa com a vitória.
Mas essa história começa um ano antes, em 2002, quando a equipa do Paysandu Sport Club, de Belém do Pará, que em 2020 irá disputar a Série C do Brasileirão assim que a bola voltar a rolar no relvado após a pandemia, ganhou o extinto certame chamado “Copa dos Campeões”.
A Copa dos Campeões existiu somente por três temporadas – 2000, 2001 e 2002. E foi justamente na época de 2002, quando o certame teve o maior número de participantes, que o Paysandu surgiu para o cenário nacional. O torneio era composto por campeões das Copas Regionais.
As Copas Regionais foram uma tentativa de substituição dos campeonatos estaduais. O país foi dividido em regiões, da seguinte forma: Torneio Rio-SP, Copa Sul-Minas, Copa Nordeste, Copa Norte (também conhecida como Copa Verde por causa da Amazônia) e Copa Centro-Oeste. Alguns destes torneios obtiveram sucesso absoluto, como a Copa Nordeste e a Copa Verde, que são disputadas até os dias atuais, e outros foram definitivamente eliminados do calendário do futebol brasileiro.
A Copa dos Campeões fazia parte do calendário oficial da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e o título dava ao campeão uma vaga na Copa Libertadores do ano seguinte. E foi aí que o pequeno Paysandu fez bonito. Na primeira fase, a equipa brigou com Corinthians, Fluminense e Náutico, obtendo o primeiro lugar em seu grupo. Logo em seguida, eliminou o Bahia nas quartas de final, o Palmeiras na semifinal e conquistou o título na finalíssima contra o Cruzeiro, embrião da super equipa de Vanderlei Luxemburgo que ganharia todos os títulos no ano seguinte em 2003.
Na Libertadores da América, o Paysandu continuou firme no caminho das vitórias. Num grupo que contava com Cerro Porteño (PAR), Sporting Cristal (PER) e a poderosa Universidad Católica (CHI), o “azarão” paraense ficou em primeiro lugar, com uma campanha fantástica: abriu seis pontos de vantagem sobre o segundo colocado Cerro Porteño, com quatro vitórias e dois empates, incluindo uma goleada por 6 a 2 na casa do time paraguaio. O Paysandu classificou-se para as oitavas de final de modo invicto.
E foi aí que as coisas se complicaram. Ou não, como diria Caetano Veloso. Pelo sorteio das oitavas de final, o Paysandu teria que enfrentar o Boca Juniors. Primeiro jogo no temido estádio “La Bombonera”, em Buenos Aires, e jogo da segunda mão em sua casa, Belém do Pará.
Dia 24 de abril de 2003. Estádio La Bombonera. Boca Juniors (ARG) x Paysandu (BRA). O jogo corre tenso, como todo jogo decisivo de uma copa continental. Aos 21 minutos do primeiro tempo, uma disputa de bola causa uma dupla expulsão e elimina um jogador de cada lado: Robgol pelo Paysandu e Clemente Rodriguez pelo Boca Juniors. O primeiro tempo termina zero a zero.
Na segunda etapa, outro baque contra o “Papão da Curuzu”, como é conhecido o Paysandu em Belém do Pará: aos 10 minutos, o jogador Vanderson é expulso após uma cotovelada criminosa no jogador Schelotto do Boca. Paysandu com nove jogadores em campo, contra o Boca com 10 e jogando na Bombonera. Um cenário típico para uma goleada argentina…
Mas é nesse momento que o futebol mostra porque é considerado o esporte rei: contra todas as estatísticas e análises lógicas possíveis, aos 23 minutos, o Papão faz o seu gol com o craque do time, Iarley: Paysandu 1 x 0 Boca Juniors.
O técnico do Boca, Carlos Bianchi, ainda tentou colocar um jovem jogador que estava no banco de reservas, um tal de Carlitos Tevez, mas mesmo assim não adiantou. Quando o árbitro apitou o final da partida, a equipa do Paysandu entrava para a História, igualando um feito que somente o Santos de Pelé e o Cruzeiro de Ronaldo Fenômeno conseguira até então – ganhar do Boca na Bombonera.
Alguns dias depois, no jogo de volta, a lógica prevaleceu e o Paysandu caiu em casa, bravamente, pelo placar de 4 a 2. O time, mesmo derrotado, foi aplaudido de pé por 60 mil pessoas. A equipa do Boca Juniors seguiu até o final da competição, sagrando-se campeã, enquanto que ao Paysandu restou guardar o seu nome na história do futebol brasileiro. Destaque para o autor do gol da equipa paraense, Iarley, que foi contratado pelo Boca Juniors e sagrou-se campeão mundial no mesmo ano, desta vez vestindo a camisa dos argentinos.
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