Em jeito de crónica e testemunho, Luís Moura conta como a cidade do Porto parou para fazer uma última homenagem a Jorge Nuno Pinto da Costa
Em jeito de crónica e testemunho, Luís Moura conta como a cidade do Porto parou para fazer uma última homenagem a Jorge Nuno Pinto da Costa
Faleceu Jorge Nuno Pinto da Costa, símbolo máximo do Futebol Clube do Porto e um dos maiores nomes do desporto português. Amado pelos portistas, odiados pelos rivais, Pinto da Costa deixa um legado muito difícil de ser igualado no desporto mundial, vencendo milhares de títulos desde o futebol às modalidades de pavilhão, passando pelo atletismo, ciclismo, enfim, em todos desportos em que envolveu o clube, venceu e venceu muito.
Nascido no Porto, em 28 de dezembro de 1937, desde muito cedo se envolveu no clube, através da paixão que o movia, mas só anos mais tarde se torna vogal da secção de hóquei em patins. Em 1962, torna-se chefe de secção da mesma modalidade.
Em 1976, a convite do então presidente Américo Sá, Pinto da Costa torna-se diretor do departamento de futebol, tendo contratado José Maria Pedroto para treinar a equipa principal do clube. Com “Mestre Pedroto” ao leme, o Porto conquistou o título em 1978, terminando assim o jejum de 19 anos sem ser campeão nacional. Dois anos depois, durante o ‘verão quente”, saiu do clube, juntamente com o treinador.
Esta saída abriu caminho para a sua candidatura à presidência, que se consumou em 1982, vencendo-as e iniciando a “era dourada” no FC Porto. Os “dragões”, como intitulou os simpatizantes do clube – fazendo até esquecer o nome de “andrades” – tinham 16 títulos no seu currículo de futebol, hoje são 86, 68 deles com o histórico presidente. Juntamente com os títulos das modalidades, são mais de dois milhares as conquistas do “Eterno Presidente”.
Foi tão bem sucedido quanto polémico, quer em casos de justiça, quer na defesa dos valores do Norte contra o centralismo de Lisboa, quer no futebol, quer na política. Mas também um homem culto, inteligente, amante da poesia de José Régio e de Fernando Pessoa. Foi tudo e mais alguma coisa na vida, o que o faz ser amado e odiado, no entanto, é sem dúvida, o maior nome da cidade do Porto. Muito maior que qualquer político, futebolista ou outra personalidade “tripeira”.
Saiu do clube com uma derrota pesada, reflexo das debilidades na sua gestão – e também por se rodear de oportunistas “leais” – mas não saiu pela porta pequena, saiu com obra feita de pegar num clube regional e torná-lo internacional, com obra social realizada em prol da cidade, como quando doou fundos e equipamento hospitalar para a ala pediátrica “Joãozinho” do Hospital de São João.
Jorge Nuno Pinto da Costa não foi um santo, nem um anjo – mas também nunca foi anjinho, segundo ele – mas é uma das maiores figuras mediáticas de Portugal, maior até que alguns grandes políticos, futebolistas e artistas que envergam o orgulho português, e a sua personalidade única deve sempre ser admirada e respeitada por todos, independentemente da cor clubística. O Futebol Clube do Porto nunca terá ninguém igual, o futebol nunca terá ninguém como ele, nem voltarão a aparecer personalidades como a dele no país. Tenho a impressão de que se alguma vez tivesse avançado para a Presidência da República, teria ganho na primeira volta.
Até Sempre, Caríssimo Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa.
Os meus sentimentos à família, aos amigos e ao universo azul e branco.
Tantas formas de dizer o mesmo: OBRIGADO 💙 pic.twitter.com/C6QmyBYRWU
— FC Porto (@FCPorto) February 16, 2025
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