FC Porto e umas eleições decisivas

Francisco IsaacAbril 7, 20246min0

FC Porto e umas eleições decisivas

Francisco IsaacAbril 7, 20246min0
Francisco Isaac dá a sua opinião em relação ao FC Porto e umas eleições decisivas que podem mudar o clube nos próximos anos

Eleições. Um termo que no FC Porto nos últimos 40 anos não tem sido motivo de grande interesse, muito por conta da competência, excelência – no geral – e desenvolvimento da actual direcção do clube, com Jorge Nuno Pinto da Costa a ter conseguido levar os dragões a diversos títulos e façanhas em todas as modalidades, tanto no masculino ou feminino. Porém, em Abril de 2024, o líder de 86 anos está refém das eleições mais competitivas de sempre, muito por conta não só do momento crítico que o clube vive em diferentes frentes, como pela qualidade do candidato, com André Villas Boas a ser um adversário à altura.

Eleições são símbolo de uma democracia saudável, especialmente aquelas em que as ideias são debatidas contida e distante das linhas extremistas, algo que não se tem passado no FC Porto, já que a actual direcção do clube tem apostado numa onda de ataques nada felizes e que tentam capotear o momento delicado do clube.

Porém, é importante reter que o FC Porto vive dias complicados e que as críticas realizadas por André Villas Boas têm todas validade, desde o facto do clube ter optado por trabalhar com certos agentes que ofereciam/oferecem comissões mais sumarentas à direcção, ao fracasso em nunca ter sido idealizada uma academia, passando pela fraca aposta real da formação. Olhemos para a Academia do Dragão que parecia estar a ganhar forma, quando o clube decidiu realizar o projecto na Maia. Depois de décadas a discutir este desenvolvimento e a ficar largamente atrás dos seus mais directos rivais, o FC Porto finalmente se decidiu pela construção da academia na Maia, com a alocação da obra a cair num oceano de polémicas devido às ligações com membros da direcção do passado e actuais. O pior acabou por vir na primeira semana de Abril quando foi anunciado que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e Instituto do Património Cultural efectuaram um pedido de suspensão da obra, isto devido aos achados arqueológicos e ao facto de estes poderem estarem em risco. Depois de anos a discutir, a mastigar e a dialogar, o primeiro local em que o clube aposta a 100% acaba por ficar em dúvida e isto ajuda a demonstrar o desnorte da direcção dos azuis-e-brancos.

Não sequer olhando para os resultados desportivos intermitentes dos últimos dez anos, em que o FC Porto começou a somar resultados negativos e a perder parte da sua identidade ao ponto que teve de voltar ao passado e trazer o mantra de “Nós contra o Sul”, com Sérgio Conceição a ser o líder dessa revolta, o facto do clube ter tido dificuldades para explicar certos negócios como o de Vitinha ou Fábio Vieira, deixado sair a custo-zero mais de duas dezenas de jogadores que tiveram custos médio-altos para o clube, demonstra que a inoperância da direcção não é algo fantasioso mas real e preocupante.

A somar a isto tudo, é olhar para as críticas de Jorge Nuno Pinto da Costa e restantes membros da candidatura do actual presidente do clube e SAD, a André Villas Boas, atirando ideias como que o antigo treinador está a ser apoiado pelos rivais do SL Benfica e Sporting CP, até a criar dúvidas do seu portismo e dedicação ao clube, passando ainda pelo facto de poder ter ligações a Antero Henriques, não conseguindo tecer uma linha de ideias minimamente razoável no ataque a este candidato. Nesta campanha também ficou bem patenteado que quem não está com o líder do clube é inimigo, com críticas impensáveis à família Pedroto, Jorge Costa e afins, tentando os diminuir na sua ligação ao FC Porto e se realmente são adeptos dos azuis-e-brancos.

Que podem existir várias dúvidas em relação ao facto de Villas Boas ter ou não as competências para ser o dirigente máximo de um clube, há, e é normal que haja, mas Jorge Nuno Pinto da Costa foi incapaz de construir uma campanha saudável, inteligível e coerente,  optando pelo caminho dos ataques baixos e sem nexo, algo que não é de todo aceitável para um dirigente tão emblemático e reconhecido no desporto mundial. Mas se continuam a imperar dúvidas que Villas Boas não é o problema, basta olhar para as últimas assembleias do clube e perceber que uma secção de certos associados está excessivamente confortável para ditar a sua lei quando há manifestações contra a actual direcção, com Fernando Madureira e vários dos Super Dragões a servirem de guarda pretoriana para silenciar quem tem críticas a fazer. O ainda líder da principal claque do clube está neste momento detido e acusado de crimes minimamente problemáticos e que podem ter ligação ao clube, algo nada positivo para o futuro democrático dos azuis-e-brancos.

Há ideias dos dois lados de se louvar, desde a vontade em finalmente apostar no futebol feminino e futsal, à reestruturação do clube e reformulação dos quadros, mas a verdade é que Jorge Nuno Pinto da Costa prometeu mudanças em 2016 e 2020 e nada de relevante foi alcançado. O clube voltou a enfrentar dificuldades económicas, vários e diversos negócios complicados foram realizados e nunca explicados e as modalidades têm perdido qualidade, apesar do andebol e hóquei terem se aguentado de certa forma, muito por conta dos jogadores e treinadores que aguentaram o barco.

Por fim, e se o leitor acha que isto é uma cabala contra Jorge Nuno Pinto da Costa, basta perceber que quem faz teorias da conspiração em campanha eleitoral é alguém desesperado por querer manter o status quo e falamos da ideia lançada pelo presidente de que as arbitragens pioraram de propósito para complicar a sua vida… basta regressar aos últimos meses de 2023 e ver que o líder dos dragões já andava a atacar as arbitragens e a tecer várias críticas aos juízes de jogo.

Pede-se a Jorge N. Pinto da Costa e os seus membros de direcção que apresentem ideias concretas e sérias, e lutem por efectivamente quererem não ganhar as eleições, mas mudar o clube e actualizá-lo, antes que o dano seja irreparável, e respeitem o adversário eleitoral que está a ganhar tração em certos bastiões do clube.


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