No País Basco, Ernesto Valverde volta a realizar um excelente trabalho no futebol espanhol, desta vez ao leme de um histórico da LaLiga.
No País Basco, Ernesto Valverde volta a realizar um excelente trabalho no futebol espanhol, desta vez ao leme de um histórico da LaLiga.
Antoine Griezmann chegou finalmente ao FC Barcelona, mas as novidades do conjunto "blaugrana" prometem não ficar por aqui.
O FC Barcelona sagrou-se, novamente, campeão espanhol. No entanto, o lugar de Ernesto Valverde está claramente em risco. Vamos perceber porquê.
O futebol é feito de coisas previsíveis que não acontecem. Talvez seja isso que tenha tanta graça. O Barcelona chegava a esta nova época vindo de um campeonato perdido, sem Neymar e com um novo treinador. Adivinhava-se o piorar da situação para os culés.
Ernesto Valverde era agora o homem do leme. Perante este cenário, e fazendo desde já um balanço da temporada, o técnico txinguirri acabou por conseguir dar conta do recado. No fim de contas, o Barcelona conseguiu o doblete em Espanha. Mais. Foram campeões com grande vantagem e só um filme no terreno do Levante lhes tirou a invencibilidade. Pelo meio, foram dar 3 ao Santiago Bernabéu e, com isto, confirmaram que o Real Madrid pode bem sentir que a Champions é mais fácil de vencer que La Liga.
Mas, porém, no entanto, todavia, contudo, há outras perspectivas a ter em conta no momento de analisar a temporada dos catalães. Se em Espanha a época correu de feição, na Europa houve desastres que colocaram tudo em causa. A derrota em Roma, por 3-0, está a ser difícil de digerir em Camp Nou, isto aliado à estatística que diz que caem pela quarta vez consecutiva nos quartos da Liga dos Campeões.
Indo mais a fundo, há outro tema que vem sendo discutido na questão do Barcelona. A equipa começou também a entrar em campo no jogo do “Quem é que gasta mais?” e passou a fazer, cada vez mais frequentemente, contratações milionárias. Coutinho e Dembélé são os mais recentes exemplos, assim como, de certa forma, Paulinho e Nélson Semedo. As cogitações sobre Griezmann passar a vestir a camisola blaugrana, vêm confirmar que a política é para ser mantida.
Fica por resolver a sucessão catalã na equipa, o elefante no meio da sala por entre os adeptos do Barcelona. A pouco e pouco as referências vão desaparecendo e isso é sempre um problema. Nos últimos anos, houve vários legados a chegar ao fim. Agora saiu Iniesta, já depois de Xavi, que foi precedido de Puyol. Com Sergi Roberto ali na corda bamba entre o banco e a equipa principal, do onze inicial, só sobram Messi, Piqué e Busquets. Depois deles? Ninguém.
Os três últimos estão na casa dos 30 e parece estar a desaparecer o sangue de La Masia tão caracterizador desta equipa. Até porque, na febre de procurar os melhores talentos junto às maternidades, clubes como o Manchester City e o Dortmund, levaram de das escolinhas Éric Garcia e Sergio Goméz, respectivamente. Passando a dar exemplos práticos, a melhor prova disto do que vem acontecendo é que, na última deslocação a Vigo, o Barcelona apresentou pela primeira vez desde 2002 um onze sem qualquer jogador da formação. Para contrastar, em 2012/2013, no terreno do Levante, Tito Vilanova tinha colocado em campo onze canteranos.
Os jogadores das escolinhas do Barcelona começam a perceber que as oportunidades dadas hoje em dia na equipa principal são cada vez mais escassas e optam por ir pregar para outras freguesias. Carlos Aleña é um dos últimos grandes talentos e mesmo ele tem tido muitas dificuldades em encontrar o seu espaço. No passado recente, a inclusão de jogadores mais novos era apenas o dia-a-dia. O futebol de formação foi tão importante para o sucesso catalão da última década que, em discussões sobre qual a melhor escola de futebol do mundo, as primeiras respostas tendiam mais vezes para o Ajax, por exemplo. Por ser tão óbvio, La Masia nem contava.
Vale a pena voltar a Ernesto Valverde que, no meio deste furacão de decisões a tomar, tem feito o melhor que pode mas há sempre um mas, pois mesmo assim não chega. Em Barcelona, os adeptos verão sempre Valverde associado a uma conjunção adversativa.
Os culés viveram os últimos anos com esta exigência cruyffiana que não bastava ganhar. Era preciso ganhar com identidade. Hoje, essa cultura vai desvanecendo a pouco e pouco. O Barcelona já não é mes que un club. É cada vez mais só um clube. Como tantos outros.
Até que ponto pode um treinador mudar uma equipa? Terá Ernesto Valverde devolvido a calma ao Barcelona? Quais os segredos destes culés? Tudo no Futebol Científico