Djokovic e um jardim chamado Wimbledon

André Dias PereiraJulho 13, 20223min0

Djokovic e um jardim chamado Wimbledon

André Dias PereiraJulho 13, 20223min0

Se há jogador que nunca pode ser descartado é Novak Djokovic. O sérvio tem passado uma temporada difícil, com ausência em torneios importantes, afastando-se da liderança mundial. Chegou a dizer que o ténis não era mais a sua prioridade e que queria passar mais tempo com a família. Mas na hora da verdade, quando entra em court é para ganhar. E voltou a fazê-lo em Wimbledon. O torneio mais importante da temporada de relva foi como um jardim que viu o sérvio renascer na temporada para o mais alto patamar do ténis.

Djokovic não está na sua melhor forma mas ainda assim foi suficiente para levar o seu sétimo título no All England Club. E o 21 major da sua carreira. Pela primeira vez, Djokovic ultrapassou Roger Federer em títulos de Grand Slam e está apenas a um de Rafael Nadal. Contudo, a sua presença no US Open não está garantida por não se encontrar vacinado. E mesmo no Australian Open, em 2023, a sua presença não está confirmada, embora notícias circulem no Reino Unido a dizer que Djokovic poderá jogar em Melbourne, ao contrário do que aconteceu este ano.

Essa incerteza dá alguma vantagem a Rafael Nadal no que diz respeito à luta pelo maior número de Major. O espanhol caiu nas meias-finais por desistência, após afastar nos quartos de final Taylor Fritz. O maiorquino venceu por 3-6, 7-5, 3-6, 7-5 e 7-6, num jogo épico, em que esteve em grande inferioridade física. Nadal já não disputou as meias finais diante Kyrgios, que seguiu assim para a final.

E na final, Djokovic fez valer a sua superioridade. Ganhou por 4-6, 6-3, 6-4 e 7-6. O sérvio foi amplamente superior ao australiano, que jogou pela primeira vez uma final de Grand Slam. Kyrgios voltou a mostrar a irregularidade que tem pautado a sua carreira. Embora, reconheça-se, que tem vindo a melhorar nestes últimos dois anos. Kyrgios é indubitavelmente um dos mais talentosos do circuito, mas os altos e baixos têm marcado  sua carreira. É hoje 45 do ranking mundial. Ainda assim, soma seis títulos, o último dos quais em 2019.

As lágrimas de Djokovic

Este não foi um torneio fácil para Djokovic. Já se sabia. Até pela sua forma física e técnica em função da limitação de torneios em que pode participar. Ainda assim, entrou de forma tranquila diante Thanasi Kokkinakis (6-1, 6-4 e 6-2) e Miomir Kecmanovic (6-0, 6-3 e 6-4). Seguiram-se Tim Van Rijthoven (6-2, 4-6, 6-1 e 6-2), Jannik Sinner (5-7, 2-6, 6-3, 6-2, 6-2) e, nas meias-finais Cameron Norrie (2-6, 6-3, 6-2 e 6-4).

O sérvio não foi tão imponente quanto em outros títulos, mas este teve seguramente um sabor especial. E não por acaso, não evitou as lágrimas na hora de erguer o troféu. “Ganhar este troféu depois do que aconteceu em Austrália. Lembrar-me de todos os momentos maus”, começou por explicar. “Senti um alívio” disse, lembrando que é “um ser humano”.

Apesar do título, o sérvio cai quatro posições no ranking ATP. Isto porque o torneio não contou para os pontos, pois os tenistas russos e bielorrusso não puderam participar.

Apesar do continuo domínio do big-3 em Wimbledon, Cameron Norrie e Nick Kyrgios aproveitaram para mostrar o bom momento que atravessam. Esta foi, de resto, a primeira vez  que o britânico alcançou as semi-finais de Wimbledon. Atualmente no 12 lugar do ranking ele é hoje a maior esperança britânica para vencer em casa, depois do sucesso de Andy Murray.

Ainda assim, e apesar da idade, Nadal e Djokovic prometem continuar a dividir os maiores troféus de ténis. Federer também esteve no All England Club – e foi ovacionado – mas por enquanto continuará só na bancada.


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