Arquivo de José Paiva dos Santos - Fair Play

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Francisco IsaacMarço 4, 20243min0

Depois de um 10º lugar na etapa anterior, a selecção nacional de 7s viajou desta feita para Montevideo com vista a disputar a 2ª etapa das Challenger Series 2024, sendo necessário obter, pelo menos, um 2º para manter as esperanças em aberto quando falta só a etapa da Alemanha após a que será jogada entre os dias 8 e 10 de Março no Uruguai. Olhemos então para os adversários, convocados e possível caminho a fazer deste conjunto comandado por Frederico Sousa.

12 CONVOCADOS SEM (GRANDES NOVIDADES)

Em relação à 1ª etapa saem dos 12 convocados José Lima (está agora com o XV a preparar as final do Men’s Rugby Europe Championship 2024), José Paiva dos Santos (também com a selecção de XV) e António Cortes. Em sentido contrário, foram chamados Vasco Durão, Sebastião Stilwell e Vasco Câmara, o que significa uma descida na média de idades e número de internacionalizações, o que poderá ser um ligeiro problema quando a competição vai ser extremamente dura desde o 1º minuto.

João Vaz Antunes, Diogo Rodrigues e Vasco Leite são os principais “fantasistas” da equipa, com o trabalho árduo a ficar para Manuel Fati (é decididamente um jogador especial e que continua no seu processo de crescimento) e Frederico Couto. Contudo e apesar destes nomes, é notória a falta de alguém como José Paiva dos Santos, um jogador que tem feito a diferença nos 7s, ou António Cortes um dos melhores jogadores da 1ª etapa destas Challenger Series.

Vasco Câmara é um jogador talentoso e resiliente, que não tem problema em arregaçar as mangas e partir para cima dos adversários, não desistindo de lutar e ir em perseguição dos jogadores mais rápidos. É talvez a novidade mais interessante da lista, mas é necessário ver como se comportará dentro de campo.

CAMINHO COMPLICADO NA FASE-DE-GRUPOS

Portugal acabou por cair num grupo, infelizmente, nada positivo já que terá pela frente Quénia (vencedores da 1ª etapa), Tonga (6º classificado) e Geórgia (8º). Existe um denominador comum entre os adversários dos Lobos dos 7s: fisicalidade. Quénia é um conjunto extremamente duro e eficaz no confronto físico, criando sucessivos problemas tanto na placagem como na luta rápida do breakdown, e que impõe um choque enorme no contacto com bola. Tonga, que ganhou a Portugal no prolongamento na fase-de-grupos do Dubai, possui a mesma dose de fisicalidade que o Quénia, não sendo tão inteligente no sentido táctico ou no dar poder de aceleração quando têm a oval em seu poder.

Por fim, a Geórgia, que foi uma das grandes surpresas da fase-de-grupos da 1ª etapa, conseguindo bons resultados frente ao Uruguai (12-10) e Papua Nova Guiné (19-10), possuindo uma equipa jovem, possante e que gosta de ter a oval em seu poder. Os Lelos dos 7s podem não ser experientes na variante, mas se começam a acreditar que é possível ganhar será extremamente difícil colocar um travão, e cabe a Portugal placar bem a missão.

Portugal entra em campo no dia 8 de Março ao 12h01, seguindo-se o Tonga no meio dia mas às 16h26, e finalmente, a Geórgia, no dia 9 de Março às 11h24, com todos os encontros a serem transmitidos no Rugby Pass desta 2ª etapa das Challenger Series 2024. Portugal está obrigado a garantir um pódio ou 4º lugar, mas mesmo isso pode não bastar se a etapa de Munique não correr de feição ao conjunto treinado por Frederico Sousa.

Foto de Destaque de Rui Castro e Federação Portuguesa de Rugby.

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Francisco IsaacNovembro 7, 20215min0

Num jogo incontestado, Portugal passou às meias-finais (onde espera agora a Rússia, que teve de ir ao tempo-extra de 10 minutos para garantir a vitória) do Campeonato da Europa de sub-20 com uma vitória por 64-00 frente à Chéquia, com uma exibição de alta qualidade, frente a um adversário inferior, mas que lutou para tentar contrariar a superioridade dos lobos sub-20. A análise do Fair Play em três pontos, neste “offload do Europeu”.

O DESTAQUE: DOMINGOS CABRAL

Difícil escolher só um jogador para este destaque, já que vários atletas lusos destacaram-se a um excelente nível, seja José Paiva dos Santos (o polivalente 3/4’s foi desmontou os seus adversários directos uma e outra vez), Nuno Peixoto, Francisco Silva (o asa da Académica de Coimbra esteve intratável na ida ao contacto), João Vieira ou Diogo Salgado, com várias boas notícias a surgirem desta vitória descansada dos homens de Nuno Aguiar. Perante isto, escolhemos Domingos Cabral, o abertura, que mostrou bons detalhes tanto na condução da estratégia de ataque de Portugal, como não deixou de arriscar e liderar bem o processo de trabalho da equipa, impondo um jogo ao pé de alto perigo, que conquistou metros, espaço e tempo para os lobos sub-20 dominarem por completo os timings do encontro.

O nº10 conseguiu dar coerência à sua posição, abriu e criou as situações de jogo necessárias para que os seus centros brilhassem com total veemência, especialmente João Vieira, surgindo sempre numa segunda cortina de ataque, revelando aqui um posicionamento inteligente e que deixou a oposição perdida em como fazer pressão e defender, um elemento importante para o encontro da meia-final. Na conversão aos postes, o abertura somou 7 conversões em 9 oportunidades, alguns de difícil conversão e que apesar do desenho menos ortodoxo, a verdade é que estiveram sempre no ponto certo, permitindo a Portugal garantir a maior vitória nesta Europeu de sub-20, entre todas as participantes.

Uma exibição colectiva de grande impacto, lúcida, respeito pelo adversário e com vontade de manterem a mesma cadência de ataque constante, sem deixarem de se importar com a sua atitude e trabalho defensivo, deixando boas perspectivas para a meia-final seguinte.

O MELHOR PONTO: FIABILIDADE E CONTINUIDADE OFENSIVA

10 ensaios, 6 quebras-de-linha, constantes boas movimentações e manobras do ataque, plataformas de jogo construídas com sentido e em que os jogadores se preocuparam com o colectivo, fornecendo uma continuidade de bola ao mesmo tempo segura e agressiva, que não concedeu qualquer oportunidade para os jogador checos tentarem algo mais mais. António Campos e Domingos Cabral foram uma dupla de médios fiável, mantendo índices altos de criação de situações de ataque perfurantes, com o combo de centros a ganhar uma dimensão dominante desde o início, isto enquanto o bloco de avançados ia empurrando os seus adversários quer nos rucks, mauls, formações-ordenadas, numa simbiose bem interessante para uma equipa que não efectuou qualquer jogo de preparação oficial contra uma selecção.

A segurança nas fases foi notória, e os poucos erros de ataque que foram vislumbrados advieram de offloads ou passes feitos sem olhar, numa tentativa de manter a imprevisibilidade de ataque e a fluidez de bola veloz, com o ritmo a ser extremamente alto em certos períodos deste encontro de abertura do Europeu de sub-20, notando-se a dificuldade da Chéquia para acompanhar as sinergias conjuntas das unidades de Portugal. Pormenores ofensivos bem adornados, encontrando uma eficácia quer em fases de ataque mais simples ou complexas, com destaque ainda para como Portugal variou as suas opções e movimentações.

Olhando para o encontro que virá a seguir, será fundamental não só ter a mesma atitude defensiva – placagens de alto impacto e rápida caça à oval no breakdown ou nas fases-estáticas -, mas de meter a Rússia desconfortável no seu trabalho defensivo, na procura constante por manter uma continuidade de jogo efectiva, sem deixar cair a parte do risco e criatividade espectacular, procurando uma 4ª final consecutiva no Europeu de sub-20.

PONTO A MELHORAR: FASES-ESTÁTICAS NÃO PODEM PERDER FOCO

Nota de abertura deste terceiro e último ponto: é praticamente impossível criticar ou encontrar algum erro constante da exibição de Portugal na vitória de 64-00 frente à Chéquia, ou seja, o que iremos aqui escrever é um simples preciosismo, perante uma prestação tão contundente e dominante do primeiro ao último minuto. Que erros ou falhas podem ser encontradas? Duas formações-ordenadas perdidas e que acabaram em penalidades, alguns excessos no breakdown, ou passes esboçados à pressa quando conseguiram uma quebra-de-linha ou tirar um grupo de adversários da frente.

Porém, e apesar de termos apresentado três elementos, a verdade é que estes jovens Lobos sub-20 foram sérios, não olharam para nomes ou historial do adversário, preocuparam-se em apresentar o seu melhor rugby, conseguindo expor o seu colectivo a um nível imenso, mas que agora terá de ser realmente testado frente a uma equipa mais dura, resiliente e de capacidades superiores. Esse rival será a Rússia, e é esperar agora para ver como vão reagir os jogadores liderados por Nuno Aguiar, e capitaneados pelo asa António Cerejo, nesta meia-final do Europeu de sub-20.

PLACARD

Ensaios: José Paiva dos Santos (2), Duarte Portela (2), António Cerejo, António Campos, Nuno Peixoto (2), João Vieira e ensaio de penalidade
Conversões: Domingos Cabral (8)


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


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