O impacto dos jogadores portugueses na ProD2 (e Top 14) 24/25

Francisco IsaacMaio 25, 20255min0

O impacto dos jogadores portugueses na ProD2 (e Top 14) 24/25

Francisco IsaacMaio 25, 20255min0
De ensaios marcados a número recorde de jogadores a actuar na Pro D2 ficam aqui alguns números da temporada 2025/2026

Este artigo sobre os atletas portugueses na Pro D2 ou Top14 (quer tenham jogado na selecção nacional ou que já foram convocados para os treinos dos Lobos seja séniores, sub-20 ou sub-18) foi escrito antes da meia-final entre FC Grenoble vs Provence, que pode afectar ligeiramente os dados aqui apresentados.

Mais uma temporada, mais uma série de metas alcançadas pelos atletas portugueses a actuar em França, que por entre ensaios, vitórias, estreias e exibições deixaram uma marca profunda na Pro D2 e até Top 14, apesar de Nicolás Martins e Raffaele Storti terem tido poucas oportunidades para brilhar na principal divisão do rugby gaulês.

Começamos logo pela métrica que todos os adeptos gostam de saber: ensaios. Ao todo tivemos, até este momento, 55 ensaios portugueses entre Top 14 (1 de Raffaele Storti) e Pro D2, com o talonador Lucas da Silva a ter somado 15 na fase regular da segunda divisão do rugby francês. Rodrigo Marta, que apesar das duas lesões graves que sofreu, chegou aos 7 ensaios numa temporada em que alinhou em 16 encontros pelo Colomiers. E por falar neste clube, Vincent Pinto cruzou a linha-de-ensaio em seis ocasiões, tendo sido um dos melhores jogadores desta Pro D2.

Já no Stade Montois, Simão Bento e Pierre Sayerse terminaram com seis ensaios cada, um dado principalmente espetacular para o ex-Técnico Rugby já que pouco jogou na primeira fase da época, tendo regressado em grande a partir de Janeiro. Bento foi uma das chaves para a salvação da formação do Mont-de-Marsan, que até meados de Fevereiro estava em perigo de descida, garantindo a manutenção em Abril.

Joris Moura (o jogador com mais metros conquistados nesta temporada) e Lucas Martins conseguiram cinco toques-de-meta cada, seguindo-se Cody Thomas e Luka Begic com dois ensaios.

Posto isto, ainda há que adicionar Samuel Marques, que apesar de não ter marcado qualquer ensaio, converteu 179 pontos ao pé até se lesionar, seguindo-se Hugo Aubry que somou 10 na sua estreia a titular pelo AS Béziers-Hérault na última jornada da Pro D2.

Bem, outro ponto importante foi o número de portugueses que jogaram nesta segunda divisão do rugby francês ascendendo aos 17, muito por conta da estreia absoluta de Martim Souto pelo Aurillac na última jornada da fase regular (e que estreia do pilar português). Diogo Hasse Ferreira, Anthony Alves, José Madeira, Hugo Camacho e Francisco Fernandes (que se retirou dos relvados) foram jogadores com bandeira nacional a alinhar na Pro D2, demonstrando que os atletas de marca portuguesa são reconhecidos e respeitados.

Em relação a outros dados para além de ensaios e pontos, em que outras métricas os atletas portugueses se destacaram? Ficam aqui alguns dados:

– Joris Moura com 2050 metros conquistados (3º lugar na geral);
– Lucas Martins com 19 quebras-de-linha (15º lugar na geral);
– Defesas batidos com 59 (15º lugar na geral);
– José Madeira com 190 placagens efectivas (30º na geral);

Posto isto, qual é o XV da temporada para o Fair Play? Ficam aqui as nossas escolhas com a ajuda de alguns jogadores a alinhar na Nationale 1 e 2!

Francisco Fernandes (AS Béziers-Hérault), Lucas da Silva (CA Brive) e Cody Thomas (FC Grenoble); José Madeira (FC Grenoble) e Steevy Cerqueira (Orléans); Diego Pinheiro-Ruiz (RC Massy), Nicolás Martins (Montpellier) e Luigi Dias (Saint Jean de Luz); Samuel Marques (AS Béziers-Hérault) e Joris Moura (Valence Romans); Gabriel Aviragnet (Albi) e Rodrigo Marta (Colomiers); Simão Bento (Stade Montois), Pierre Sayerse (Stade Montois) e Vincent Pinto (Colomiers).

Com o pano da temporada a cair, podendo ainda um português (ou até dois/três) chegarem ao Top 14, a verdade é que Portugal teve mais uma época cheia e extremamente positiva, que deverá orgulhar os adeptos nacionais. Que 2025/2026 seja ainda melhor e mais positivo para o rugby nacional, que tem crescido e aumentado a sua pegada internacional.

E, no meio disto tudo, continua a surgir a conversa de que os Lobos não precisam destes atletas ou que convocá-los vai descaracterizar a selecção nacional portuguesa de alguma forma. Aos que pensam desta forma, o único que posso dizer é que parem de engolir as pílulas envenenadas do populismo barato e de um nacionalismo falso que tem ganho força em Portugal (e no Mundo inteiro). Portugal é muito mais do que os 10 milhões que vivem em território nacional, sendo isto já uma conversa repetida uma e outra vez neste site. Lucas da Silva é tão português como quem nasceu no Porto, Lisboa, Cascais, Faro ou Évora. Francisco Fernandes é tão lenda como Vasco Uva, independentemente do segundo ter conquistado uma série de títulos ao serviço do GD Direito, enquanto o primeiro tratou de ter uma espetacular carreira em França. Portugal nos dois últimos anos caiu de forma, sofrendo alguns desaires questionáveis, com algumas convocatórias a serem regadas de decisões também elas questionáveis. Não querendo entrar nesta discussão, o ponto aqui a fazer é um: só com todos podem os Lobos (e Lobas) conquistar novas metas e chegar mais longe. Andar a querer defender o ‘produto nacional’ a todo o custo, terá consequências graves e para isso já chegaram os anos entre 2012 e 2018.


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