Academia Pedro Leal: uma “casa” que recebe e forma bem?

Francisco IsaacJunho 25, 20195min0
É a única Academia com nome de um jogador em Portugal em funcionamento e uma que move jovens atletas de diversos clubes a participar nas 5 semanas anuais de treinos especiais. Sabe mais sobre a Academia Pedro Leal

Foi. Ainda hoje eles falam nisso. E só não voltaram porque os calendários têm andado desencontrados.

É com estas palavras que começamos a perceber o impacto da Academia Pedro Leal não só para o contexto nacional mas também internacional, uma vez que estas palavras provêm de Manuel Gaivão, pai de três rugbistas de escalões de formação, com dois a terem passado algumas semanas nesse “training camp” especial idealizado pelos irmãos Leal.

O ano 2019 marcou/marca a 7ª edição desta Academia, que começou na Páscoa 2013, tendo já passado mais de três centenas de atletas pela APL, naquilo que foi visto sempre como um investimento não num só clube de rugby, mas sim no rugby português, pois o objectivo passou sempre por ter inscritos de diversos clubes a treinar e a divertirem-se no mesmo espaço.

O impacto apesar de aparentar ser de curta distância é, na verdade, alta e basta ver quem é que passou pela Academia Pedro Leal nos últimos anos: João Fezas Vital (internacional sub-20), João Granate (internacional A), Duarte Torgal (internacional A), David Costa, Jerónimo Portela, entre atletas de outros clubes e ambientes que andaram com a oval debaixo do braço durante essas 4 ou 5 semanas anuais (normalmente duas na Páscoa e as restantes no Verão). O leitor mais conhecedor pode reparar que estes nomes aqui apresentados são todos atletas do Grupo Desportivo do Direito, mas desengane-se quem pensa que só chegam à Academia Pedro Leal jogadores ligados aos “advogados”.

Seja do CDUL, Agronomia, Belenenses, São Miguel, Pedro Arrupe, ER Galiza, ou outro clube qualquer, todos são bem-vindos e têm neste espaço um local ideal para desenvolver algumas técnicas mais específicas do rugby, seja o jogo ao pé, o offload, a postura no breakdown, a forma como se carrega na defesa, etc.

É um dos melhores locais para poder “crescer” e melhorar, mesmo que as semanas de treino sejam poucas olhando de uma perspectiva anual… contudo, o “pouco” é suficientemente bem feito e montado, e prova disso é o material inovador ou diferenciador que Miguel e Pedro Leal adquirem a cada nova edição, com o intuito de garantir uma boa experiência aos seus “academistas”.

A ajudar ao tema da diversidade clubística há ainda um factor que pode a arguir a favor da diversidade: treinadores de diferentes clubes. Caso e exemplo mais recente é o de João Bello, internacional português tanto no XV e 7’s, atleta formado no CDUP mas que tem alinhado nos últimos anos pelo CDUL, e que volta em 2019 a participar na Academia Pedro Leal como treinador.

João Bello Foto: Academia Pedro Leal

São estes pormenores que fazem deste projecto dos irmãos Leal de algo interessante, animador e que tenta quebrar com várias das barreiras do rugby nacional, que vive fustigada pelo “sistema tribal clubístico” exagerado, que muitas vezes criou sérios problemas na comunhão entre os vários emblemas nacionais.

É desta forma que se deve olhar para a APL, como uma ponte de bom relacionamento entre atletas de diferentes clubes que só querem jogar rugby em conjunto, aprender mais sobre a bola oval e desenvolver capacidades diferentes que muitas vezes o tempo curto dos treinos não permitem.

Este convívio e comunhão é similar ao que se passa (em maior dimensão) nas selecções nacionais, e este processo aplicado pelo projecto de Miguel e Pedro Leal pode servir de aproximação entre os vários jovens e de preparação para atingirem um patamar superior das suas “carreiras” enquanto atletas.

Mas recuando na intensidade do discurso, o objectivo primário da Academia Pedro Leal é de apaixonar os inscritos pela modalidade, de criar um laço mais perene e de manter os atletas alinhados com a bola oval mesmo em tempo de férias e descanso. Para perceber o porquê de levar estes “miúdos” até à APL (que fecha o seu ciclo nos campos de rugby do Grupo Desportivo de Direito e está em busca de se multiplicar em espaços diferentes por Lisboa), questionámos Manuel Gaivão as razões de ter inscrito dois dos seus filhos em edições anteriores,

“Eles foram à Academia porque no Luxemburgo não existia nada de similar. Era uma forma de trabalhar mais intensivamente durante um período alargado de tempo, muito diferente do treino semanal. Por outro lado, era também uma forma de terem contacto com um meio mais exigente e evoluído que o do Luxemburgo. Creio que ambos melhoraram os skills, aprenderam outras formas de treinar e fizeram amizades.”

Fundamentalmente, o desenvolver de certos skills, o conviver com uma exigência de treino maior e o de criar novos laços de amizade são epítetos do que a Academia Pedro Leal procura desenvolver a cada novo ano e edição que passa.

Para o Verão de 2019 a Academia Pedro Leal funcionará entre 24 de Junho a 5 de Julho, com o início dos treinos às 9, sendo que as actividades (entre treinos, exercícios, jogos, torneios, desafios, entre outras coisas) decorrem até às 17h00 de cada dia. A inscrição tem um custo que poderá ser consultado junto da gerência da Academia através do email: [email protected]

Edição de 2018 (Foto: Academia Pedro Leal)

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