3 Destaques da 4ª Jornada do Rugby Europe Championship 2022

Francisco IsaacMarço 13, 20225min0

3 Destaques da 4ª Jornada do Rugby Europe Championship 2022

Francisco IsaacMarço 13, 20225min0
Dia amargo para os Lobos que deverão falhar o próximo Mundial de Rugby após uma derrota em Espanha frente à equipa local

Com ainda esperanças matemáticas para chegar à repescagem (que dificilmente será assim, pois a Roménia terá uma visita “fácil” aos Países Baixos), Portugal cedeu uma derrota comprometedora frente à Espanha na luta por um lugar no próximo Mundial de Rugby. A análise ao encontro segue em três pontos.

O MVP: JOSÉ MADEIRA

Entre Rodrigo Marta (tentou procurar espaços e criar brechas na linha de defesa contrária sempre que teve a bola em seu poder), Samuel Marques, Pedro Bettencourt e José Madeira, a nossa escolha recaiu no 2ª linha, que novamente foi mais certo que um “relógio suíço” de categoria, chegando ao ensaio já nos últimos suspiros de um encontro que acabou por não valer o bilhete para o Mundial de Rugby. José Madeira tem sido um dos atletas portugueses em grande crescendo nos últimos três anos, afirmando-se com poderio no alinhamento ou no jogo mais “fechado” de avançados, mas sempre com os olhos postos em conseguir ser uma solução para a sua equipa nos momentos de maior dificuldade ou pressão, como aconteceu em duas situações em que o ex-Belenenses Rugby se atirou sobre a bola quando esta parecia destinada às mãos dos seus adversários espanhóis.

Com uma frieza impressionante, uma placagem inteligente e efectiva (15 no total), o jovem avançado ainda salvou Portugal numa situação, em que impediu o ensaio de Thierry Futeeu já dentro da área de validação, numa demonstração de destreza espectacular e que, na altura, poderia colocar os “Lobos” no caminho de uma reviravolta. É uma das certezas do futuro do rugby nacional, que tem se vindo a afirmar na ProD2, tendo sido uma alma imensa nesta campanha das cores nacionais neste Rugby Europe Championship 2022.

PONTO ALTO: CRIATIVIDADE E RAÇA

Não foi o melhor jogo de Portugal neste Rugby Europe Championship, mas também não foi o mais problemático, já que o resultado foi discutido até ao apito final, com os Lobos a conceder uma derrota por 5 pontos, num encontro onde até poderiam ter saído com a vitória caso a qualidade tivesse sido melhor na placagem ou no ter lucidez quando a pressão atingiu um nível irrespirável (talvez, aqui, Portugal possa se queixar ligeiramente de algumas interpretações do trio de arbitragem, especialmente nos 15 minutos finais). Contudo, vamos ao ponto desta secção… onde estiveram os homens de Patrice Lagisquet melhor?

Na condução de bola durante a primeira-parte, altura em que realmente encontraram espaço e soluções para criar dificuldades a uma excelente exibição defensiva espanhola, com esta a subir nos tons da fisicalidade para um campo difícil, com Samuel Marques e Jerónimo Portela a inventarem ideias para abrir algum tipo de caminho em direcção aos pontos, sendo que na segunda metade deste dérbi ibérico esse pormenor eclipsou-se quase por completo, surgindo novamente em força só nos últimos 10 minutos. A formação-ordenada não cedeu perante o adversário mais “pesado” na 2ª e 3ª linha, e até respondeu com eloquência em dois momentos, isto e apesar de nos mauls a situação não ter sido positiva na defesa (só uma vez em sete situações é que foram capazes de forçar um erro no adversário).

Mesmo que o resultado final tenha sido uma derrota, a verdade é que os Lobos lutaram até ao último respirar, continuando a acreditar que era possível encontrar o caminho para aquele ensaio final e decisivo… infelizmente, não aconteceu nesta ocasião.

PONTO A MELHORAR: A EXPECTATIVA DEFENSIVA OFERECEU PRIMAZIA À ESPANHA

Como está no título, os atletas portugueses cederam demasiado espaço e tempo aos portadores de bola dos Leones, que conseguiram ganhar sistematicamente a linha-de-vantagem e assim ter uma plataforma de jogo mais credível e equilibrada durante o encontro, com isto a forçar um recuo constante aos homens de Patrice Lagisquet, apesar de algumas placagens bem armadas – caso de Steevy Cerqueira ou Pedro Bettencourt – só que estas surgiram já com Portugal a correr atrás do prejuízo.

A expectativa excessiva, a linha de pressão demasiado atrasada ou pouco pressionante e uma série de placagens menos agressivas ou “duras”, ofereceram um estímulo moral à Espanha que Portugal raramente soube controlar sem cair num erro defensivo ou penalidade – novamente, o critério da equipa da arbitragem foi ambíguo em certas ocasiões -, que acabaram por limitar ou tirar fôlego aos bons momentos ofensivos dos Lobos que se registaram nos segundos quarenta minutos.

Já no gerir a posse de bola, a verdade é que aqui também se denotou um nervosismo extremo prejudicial para o objectivo de chegar ao outro lado do campo ou mais cerca da área de validação espanhola, observando-se timings contraproducentes em certas situações, ou seja, com a oval a sair demasiado lenta quando se pedia rápida ou o contrário. A ausência de Tomás Appleton foi ligeiramente sentida no injectar mais calma na equipa – José Lima segurou bem a equipa quando parecia estarem encaminhados para serem admoestados com um amarelo -, mas as dificuldades colectivas sentidas vieram principalmente por mérito do adversário, que foi efectivamente superior neste embate.

ALGUNS DADOS

Melhor marcador de pontos: Samuel Marques – 13 pontos
Melhor marcador de ensaios: Vários – 1


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