3 Destaques da 2ª jornada do Rugby Europe Trophy Feminino 21/22

Francisco IsaacAbril 30, 20225min0

3 Destaques da 2ª jornada do Rugby Europe Trophy Feminino 21/22

Francisco IsaacAbril 30, 20225min0
Portugal somou a segunda vitória consecutiva no Rugby Europe Trophy, e contamos como foi a exibição das "Lobas" frente à Alemanha

Vitória folgada das “Lobas” de João Moura por 57-00, que solidificam o 1º lugar no grupo B do Rugby Europe Trophy feminino, derrubando facilmente a Alemanha no CAR Jamor, com vários destaques a estarem debaixo dos holofotes e a merecerem a atenção do Fair Play neste artigo de acompanhamento.

MPV:  MARTA MAGALHÃES

Um excelente passe em jogo aberto é apenas um muito pequeno aperitivo daquilo que foi a excelente exibição de Marta Magalhães, a primeira-linha do Rotterdamese RC, mostrando o porquê de poder vir a ser uma das cabeças-de-cartaz destas “Lobas” que estão dispostas a lutar pelo título do Rugby Europe Trophy 2021/2022.

Apesar de três faltas concedidas na formação-ordenada, que advieram mais por erro geral da equipa, Marta Magalhães foi um problema para a sua homónima alemã, impondo dois erros forçados através de um trabalho agressivo nesta fase-estática, o que deu outra margem de manobra ao pack português. Ultrapassando estes parâmetros mais “parados”, a pilar conseguiu um ensaio, uma quebra-de-linha, dois offloads, três tackle-busts (um detalhe interessante destas “Lobas” é a capacidade de manterem as pernas a funcionar quando entram no contacto) e 16 metros conquistados, nesta sua segunda internacionalização pelas cores nacionais.

A combinação da mobilidade e agilidade com a fisicalidade potente, somando ainda uma boa técnica de handling ofereceram ao público no CAR Jamor uma prestação meritória de MVP, em par de igualdade com Mariana Marques, Daniela Correia (aproveita bem o espaço e sabe forçar erros na oposição) ou Mariana Santos.

PONTO ALTO: BOLA VIVA É SINÓNIMO DE RUGBY POSITIVO

Velocidade, opções para o portador de bola, destreza e lucidez para soltar a oval no momento certo, foram só alguns dos ingredientes que compuseram o ramalhete da estrondosa vitória portuguesa na recepção à Alemanha nesta 2ª jornada do grupo B do Rugby Europe Trophy, oferecendo assim um jogo solto, bonito e positivo, numa clara evolução do encontro frente à Bélgica de Dezembro de 2021. Podem parecer aspectos básicos e “obrigatórios” de existir numa equipa de rugby ao nível de uma selecção nacional, mas percebendo que este grupo dedicado ao rugby de XV só foi construído nos últimos dois anos, é impressionante o crescimento genial de um elenco que sabe como pode fazer a diferença perante equipa mais pesadas: agilidade, velocidade de movimentos, aceleração no contacto, endireitar linhas de corrida, capacidade de optar/arriscar pelo offload ou o passe nas costas e um apoio sempre pronto para assumir a oval se for necessário.

A mentalidade das atletas internacionais femininas do XV de Portugal permite apostar neste tipo de jogo, desenvolvendo diretrizes mais positivas ou, se quisermos, contínuas, com a transmissão da oval a ser “viva” e lógica, onde o portador consegue andar sempre para adiante, ficando isso bem claro no jogo ao largo, destacando-se neste encontro Mariana Marques (é uma jogadora quase completa e dotada de uma visão de jogo diferente), Daniela Correia, Marta Magalhães (a pilar não se deixa prender pela sua posição), Mariana Santos ou Inês Spínola (uma finalizadora de excelsa qualidade) no dar rotação à bola e ir para cima do bloco defensivo contrário.

Os mecanismos de jogo destas “Lobas” devem servir de demonstração clara de que o rugby de XV em Portugal não só é viável, como tem uma margem de crescimento extraordinário e que deveria convencer os emblemas e agentes da modalidade a reconhecer e apostar realmente no seu futuro.

PONTO A MELHORAR: DISCIPLINA, DISCIPLINA E… DISCIPLINA

Portugal ganhou folgadamente nesta recepção à selecção alemã, mas a disciplina foi um dos poucos, raros, pontos negativos desta excelente exibição do conjunto liderado por João Moura, concedendo cerca de 16 penalidades no decorrer dos 80 minutos deste encontro. Se alguns dos erros/faltas aconteceram por mérito das adversários das “Lobas”, a verdade é que mais de metade sucederam por ligeiros desacertos da equipa da casa, principalmente quando tentaram sair fora do “guião” ou da desaceleração do primeiro apoio ao ruck, permitindo um turnover que forçou um ligeiro recuo – na maioria das ocasiões a Alemanha não aproveitou bem as vantagens, deixando a bola ficar dentro do terreno de jogo -, quando estavam perto de chegar a uma zona mais perto da área de ensaio.

Não tendo sido um problema fracturante nesta 2ª jornada do Rugby Europe Trophy, é um detalhe que terá de ser apurado no caso de virmos a ter um frente-a-frente com a Suécia (primeiro lugar no grupo B desta segunda divisão do rugby europeu, não contando para esta equação as Seis Nações), uma vez que as nórdicas já detêm outros argumentos técnicos e tácticos capazes de fazer dano quando obtêm penalidades dentro do meio-campo contrário.

De qualquer das formas, o foco mental destas “Lobas” em saber responder aos erros de disciplina é uma clara demonstração da qualidade individual e colectiva que este elenco é detentor, sendo uma das chaves-mestras para as vitórias conseguidas neste regresso ao rugby de XV ao fim de quase 27 anos.

ALGUNS DADOS

Melhor marcadora de ensaios: Inês Spínola – 3 ensaios
Melhor marcadora de pontos: Inês Spínola – 15 pontos
Atleta com mais quebras-de-linha: Mariana Santos – 3 quebras-de-linha


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