3 Destaques da 2ª Jornada do Rugby Europe Championship 2022

Francisco IsaacFevereiro 12, 20225min0

3 Destaques da 2ª Jornada do Rugby Europe Championship 2022

Francisco IsaacFevereiro 12, 20225min0
Derrota ante a Roménia para o Rugby Europe Championship 2022 força Portugal a fazer contas no caminho para o Mundial 2023

Portugal esteve à beira de conquistar Bucareste, mas uns 15 minutos finais de loucura pura acabaram por significar a 1ª derrota dos comandados de Patrice Lagisquet neste Rugby Europe Championship 2022, com muito ainda por se jogar! Fica a saber o que se passou com os Lobos em três pontos.

O MVP: JOSÉ LIMA

Inesgotável, imprescindível e um exemplo total em todos os momentos neste jogo frente à Roménia, José Lima foi um dos jogadores portugueses em grande evidência, não só pelo ensaio marcado, mas por uma série de detalhes e situações que garantiram um avanço territorial a Portugal ou que impediram o surgimento de algo mais positivo para a equipa contrária, como foi o caso daquela intercepção logo ao início do encontro, sanando uma movimentação carregada de perigo para os “Carvalhos”.

O centro português do Carcassonne foi uma “montanha” na defesa, onde para além das 13 placagens realizadas somou ainda 3 placagens dominantes, fechando um canal que Jason Tomane ou Hinckley Vaovasa procuraram insistentemente durante todo este embate, apesar do 1º centro da Roménia ter conquistado a linha-de-vantagem por 8 vezes – é um dos portadores de bola mais complicados de parar neste Rugby Europe Championship. Mas não foi só no trabalho defensivo individual que José Lima foi praticamente irrepreensível, pois foi dando ferramentas e comandos essenciais aos seus parceiros de equipa para fechar o adversário longe da área de validação, algo que correu bem até aos 20 minutos finais, período do crescimento total da Roménia.

Um ensaio, 35 metros conquistados, uma quebra-de-linha realizada, cinco tackle-busts, treze placagens, um turnover, foram só alguns dos números da exibição de classe de José Lima ao serviço dos Lobos neste 2º encontro do Rugby Europe Championship, sendo um dos principais “mestres” da luta de Portugal por atingir o próximo Mundial de Rugby, fazendo uma parelha perfeita com Tomás Appleton.

PONTO ALTO: ATAQUE VIRTUOSO LEVOU A DOMÍNIO

Sim, Portugal acabou por conceder uma derrota por 27-37, perdendo o ponto de bónus defensivo no último segundo do encontro, isto depois de ter deixado cair uma vantagem de 14 pontos de diferença, mas o facto é que quando os Lobos jogaram o seu jogo, a Roménia nunca conseguiu entrar no seu e sentiu altas dificuldades para paralisar ou controlar as constantes movimentações do ataque da formação comandada por Patrice Lagisquet, apetrechando o encontro com excelentes combos entre as suas unidades.

Samuel Marques ditou bem as regras junto ao ruck e foi tentando despertar os seus colegas, algo que acabou por desencadear excelentes momentos de rugby, com uma variedade de passes e combinações, seja no jogo curto ou à ponta, com os pontas, Rodrigo Marta e Vincent Pinto, a aproveitarem bem as oportunidades para chegar à área de validação ou aproximar a selecção nacional dessa meta. Tomás Appleton e José Lima, quando tiveram espaço, criaram sucessivas dificuldades à Roménia, com Duarte Diniz (excelente jogo do talonador que saltou cedo do banco de suplentes), Rafael Simões, João Granate ou Thibault Freitas a surgirem muito activos em diversas ocasiões, dando uma dimensão de outra craveira ao ataque de Portugal.

Um ataque de elegância, de oportunismo bem trabalhado, de ideias bem claras que acabou por resultar em pontos quando fez jus ao seu tipo de jogo de maior risco, virtuosismo e versatilidade, conseguindo abrir espaços na defesa da Roménia e dar uma vantagem que parecia inabalável até surgir a reviravolta romena no último terço do encontro.

PONTO A MELHORAR: O JOGO DA PACIÊNCIA DITA O CAMINHO PARA O MUNDIAL

O cartão amarelo de Samuel Marques pode ser visto como um dos momentos decisivos do encontro, mas facilmente responderíamos que foram as substituições da Roménia, principalmente na primeira-linha, que fizeram a total diferença a partir dos 55 minutos, tornando algo “neutro” esse momento disciplinar. Então o que acabou por custar a Portugal uma vantagem de 14 pontos? Paciência, calma e foco. Os Lobos deram um espectáculo imenso nos primeiros 40 minutos, dominando por completo o encontro a partir da penalidade convertida pela Roménia, fazendo o seu adversário dançar ao sabor do seu estilo de jogo, algo que acabou por surtir em três ensaios de quase uma assentada só.

Contudo, e apesar deste domínio, era visível algum excesso de vontade por parte dos Lobos em querer acelerar constantemente a oval quando se pedia mais calma e paciência, forçando erros do outro lado a nível disciplinar, acabando por acontecer o oposto, com a Roménia a conseguir no fecho da primeira-parte a marcar um ensaio, que poderia não ter acontecido caso esses dois elementos tivessem entrado em acção, com até Samuel Marques a pedir “calma” em alguns momentos.

Após o 2º ensaio de Vincent Pinto – extraordinária intercepção de Samuel Marques e visão de jogo para colocar a bola nas mãos do ponta -, Portugal voltou a escorregar nos elementos da calma e paciência e entrou no ritmo frenético que a Roménia desesperadamente queria impor a partir da sua avançada, caindo num frenesim total, significando isto o perder da iniciativa total não só da posse de bola mas de como o “jogo deveria ser jogado”, dando primazia ao adversário de ditar as regras até ao apito final.

Nada está perdido, e não há dúvidas que os Lobos ainda estão na rota do Mundial, precisando só de garantir vitórias até ao fim com ponto de bónus, e esperar por um deslize da Roménia, isto para o 2º lugar, ou garantir uma vitória em Madrid e frente à Rússia, para estar no torneio de repescagem em Novembro deste ano.

ALGUNS DADOS

Melhor marcador de pontos: Samuel Marques – 7 pontos
Melhor marcador de ensaios: Vincent Pinto – 2
Jogador com mais placagens: José Madeira – 15


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